Assunto central para entender a menopausa e o climatério na visão da psicanalise.

Climatério e Menopausa: a Sexualidade feminina

Publicado em Publicado em Psicanálise e Saúde

Climatério e menopausa representam uma fase significativa na vida das mulheres, marcando a transição do período reprodutivo para o não reprodutivo. Essa etapa é acompanhada por mudanças fisiológicas, hormonais e emocionais que podem impactar profundamente a sexualidade feminina.

Do ponto de vista psicanalítico, essas mudanças são frequentemente carregadas de simbolismos que influenciam a identidade, o desejo e a relação com o corpo e o parceiro. Esse período da vida, por vezes desafiador, pode ser compreendido sob diversas perspectivas, incluindo a médica, a psicológica e a sociocultural.

Do ponto de vista biológico, a menopausa é caracterizada pelo fim definitivo da menstruação, causada pela redução na produção de hormônios como o estrogênio e a progesterona. Essas alterações hormonais geram uma série de sintomas físicos, como ondas de calor, insônia, ressecamento vaginal e redução da libido.

Definição de climatério e menopausa

O climatério é o período de transição entre a fase reprodutiva e a fase não reprodutiva da mulher.

É caracterizado por alterações hormonais que podem causar sintomas como ondas de calor, insônia e mudanças de humor, processo biopsicossocial que pode durar anos e ocorre geralmente entre os 40 e 55 anos.

Já a menopausa é um evento específico dentro do climatério, marcado pela interrupção definitiva da menstruação. A menopausa é confirmada após 12 meses consecutivos sem ciclo menstrual, o que costuma ocorrer por volta dos 50 anos, mas sua idade pode variar.

Portanto:

  • o climatério é um processo gradual,
  • a menopausa é um marco biológico pontual e definitivo.

O acompanhamento médico, psicológico/psicanalítico e a prática de hábitos saudáveis ajudam a minimizar os efeitos dessa transição natural.

Sexualidade, climatério e menopausa

Esses fatores podem influenciar diretamente a experiência sexual, muitas vezes levando à dificuldade ou ao desconforto durante as relações. Além disso, a diminuição do equilíbrio hormonal também pode afetar a sensibilidade da pele e das mucosas, interferindo no prazer e na resposta sexual.

Contudo, é importante notar que os impactos na sexualidade não se restringem ao plano físico, mas se juntam com aspectos psicológicos e socioculturais. No quesito psicológico, a menopausa pode trazer à tona questões relacionadas à autoestima, à imagem corporal e ao envelhecimento.

Muitas mulheres sentem-se desconectadas de seu corpo ou enfrentam inseguranças quanto à sua atratividade sexual. Freud, ao abordar as fases da sexualidade ao longo da vida, reconheceu que a sexualidade não se extingue com a idade, mas passa por transformações.

No entanto, o confronto com a menopausa pode reativar conflitos inconscientes, especialmente aqueles relacionados à feminilidade e ao papel materno, já que o fim da fertilidade pode ser vivenciado como uma “perda” de uma parte essencial da identidade feminina.

Além do mais, a sociedade desempenha um papel crucial na maneira como as mulheres percebem essa fase de climatério e menopausa.

Aspectos socioculturais dessa fase da vida

Vivemos em uma cultura que frequentemente associa juventude à beleza e à sexualidade, o que pode levar muitas mulheres a internalizarem narrativas que as colocam em um lugar de invisibilidade ou desvalorização após a menopausa.

Esse pensamento pode reforçar sentimentos de inadequação e impactar a forma como as mulheres vivenciam sua sexualidade, seja em relações com parceiros ou consigo mesmas.

A ausência de representatividade da mulher madura como ser sexual ativo também contribui para que algumas se sintam excluídas em relação ao prazer e ao desejo.

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Do ponto de vista psicanalítico, é possível compreender essas vivências à luz do conceito de castração simbólica. A menopausa pode ser interpretada como uma perda simbólica, mas também como uma oportunidade de ressignificação.

Se por um lado ela marca o fim da capacidade reprodutiva, por outro, pode libertar a mulher de papéis e expectativas ligados à maternidade e à reprodução, abrindo espaço para uma sexualidade mais livre e desassociada de obrigações sociais.

Compreendendo uma nova sexualidade

Em muitos casos, essa liberdade é acompanhada por uma nova percepção do desejo e da intimidade, favorecendo um relacionamento mais profundo e satisfatório com o próprio corpo e com o parceiro.

Além disso, é fundamental destacar que o impacto do climatério e da menopausa na sexualidade não é uniforme e depende de fatores individuais, como histórico de vida, qualidade das relações afetivas e capacidade de lidar com as mudanças.

Mulheres que mantêm uma comunicação aberta com seus parceiros e possuem uma visão mais positiva do envelhecimento tendem a enfrentar essa fase com maior resiliência.

A terapia psicanalítica pode ser uma aliada nesse processo, ajudando as mulheres a elaborar os lutos simbólicos e explorar novas formas de prazer e satisfação.

É importante também abordar as estratégias terapêuticas que podem minimizar os efeitos físicos e psicológicos dessa fase. Intervenções médicas, como a terapia de reposição hormonal, podem ajudar a aliviar os sintomas do climatério.

Paralelamente, práticas físicas como a fisioterapia pélvica e o uso de lubrificantes podem melhorar o conforto durante as relações sexuais.

Mudanças psíquicas e emocionais

No campo emocional, grupos de apoio e terapias individuais ou de casal podem proporcionar um espaço para que as mulheres expressem suas angústias e reformulem suas narrativas sobre a sexualidade.

Apesar dos desafios, muitas mulheres relatam que a menopausa é um período de redescoberta.

Sem a preocupação com contraceptivos ou as demandas da maternidade, elas podem explorar uma sexualidade mais voltada para o próprio prazer e para o autoconhecimento.

Essa fase pode ser vista como uma oportunidade de reconexão consigo mesma, ressignificando o corpo e os desejos de maneira mais autônoma.

Concluindo: sobre climatério e menopausa

O climatério e a menopausa têm um impacto significativo na sexualidade feminina, mas não devem ser encarados exclusivamente como uma perda.

A etapa de climatério e menopausa representa uma transformação, marcada por desafios físicos e emocionais, mas também por possibilidades de crescimento e ressignificação.

Sob a perspectiva psicanalítica, é possível interpretar a menopausa como um momento de transição simbólica, em que a mulher pode revisitar seus desejos, redefinir sua identidade e encontrar novas formas de vivenciar a sexualidade.

Assim, o acompanhamento terapêutico, aliado a uma visão mais ampla e positiva no climatério e menopausa, pode contribuir para que as mulheres vivam esse período de maneira mais plena e satisfatória.

2 thoughts on “Climatério e Menopausa: a Sexualidade feminina

  1. Viviane Stenzowski disse:

    Parabéns pelo artigo, muito bacana, me deixou mais leve pois eu estou nessa fase e até agora eu só via esse periodo de climatério e a menopausa como perda de vitalidade, oportunidades, eu só via como idade avançada e inutilidade. Gratidão pela clareza que me trouxe com esse artigo !

    1. Equipe Psicanálise Clínica disse:

      Que bom que o artigo te fez bem, esse é nosso objetivo, passar informação de forma mais leve e acolhedora.

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