E depois de concluir Curso de Psicanálise?

Campinas (SP), agosto de 2020.

Se você já é formado em Psicanálise, este resumo é para você. Muitas dúvidas surgem sobre o que fazer depois de formado, especialmente se o interesse for atuar como Psicanalista.

No caso dos concluintes em nosso Curso de Formação, já foram enviados a você o certificado, o histórico escolar e a carteirinha de associação ao IBPC, via correio (ou estão em processo de envio, se você tiver concluído no último semestre).

Aproveitamos para fazer, abaixo, um resumo sobre as melhores práticas dos profissionais de psicanálise (apesar de não haver, no momento, lei no Brasil ou no mundo obrigando nada disso). Leia com bastante atenção.

– No Brasil e no mundo, não há conselho ou ordem de registro de psicanalistas, em razão de a Psicanálise ser (desde Freud) um campo do saber chamado “leigo” ou “laico”, não institucionalizado, conforme vimos durante o Curso;

– Permanecer-se em Supervisão (levando os casos que estiver atendendo para debate junto a outros psicanalistas) e Análise (sendo analisado por outro psicanalista) é imprescindível para quem quer atuar como psicanalista, isto é, aqueles que se sentirem chamados a atenderem pessoas no setting psicanalítico;

– Existem muitas razões que trazem alunos até nós, como: autoconhecimento, conhecer a teoria, melhorar relacionamentos, ajudar pessoas próprias (família etc.), potencializar a profissão atual e atuar com atendimentos. Apenas no último caso (atendimentos) é que a Supervisão é recomendada. A Análise, por sua vez, é recomendada a todos (para fins de autodesenvolvimento, claro), mas o é, ainda mais fortemente, a quem queira atender como psicanalista.

– A Supervisão e a Análise para os formados que queiram atuar como psicanalistas não está prevista em lei (não há nenhuma lei que obrigue isso no Brasil e, pelo que sabemos, também não há no restante do mundo), mas é uma recomendação dos principais institutos internacionais de formação de psicanalistas, que seguimos no nosso Instituto. Durante o curso, vimos que a formação se baseia no tripé: teoria, supervisão e análise (isso não acaba com o fim do Curso de Formação).

– Conforme instruções no Certificado e no Histórico de conclusão do Curso, nosso Instituto vê como fundamental que o profissional tenha uma atuação responsável, o que, a nosso ver, passa por (1) seguir rigorosamente o método psicanalítico (não misturando com outras correntes de atendimento, a menos que o profissional também seja formado nela), (2) ser supervisionado, (3) ser analisado e, é claro, (4) aprofundar-se na teoria (contemplado o tripé psicanalítico, de maneira permanente);

– Não há estágio em Psicanálise, exatamente porque para a Psicanálise não há como obrigar o formando a atuar, já que é uma decisão muito particular de cada um decidir se vai ou não (e quando) atuar;

– Não há estágio, mas há um equivalente, a Supervisão, conforme vimos durante o Curso. Durante o Curso, a Supervisão correspondeu a estudos de casos trazidos pelo professor psicanalista. Agora (terminado o Curso), a Supervisão que você fará será dos casos que você estiver atendendo, se você optar por atuar na área. Mesmo psicanalistas com décadas de atuação seguem supervisionados por outros psicanalistas, porque é fundamental este olhar de fora da relação transferencial e de fora do arcabouço pessoal/cultural do analista.

– Se você decidir atuar e começar a atender os primeiros casos, deverá se inscrever em algum instituto, sociedade ou associação com psicanalistas formados e com mais experiência, para guiá-lo nos seus atendimentos. Estamos formando um grupo de supervisão para este semestre, com vinculação anual, solicite informações em [email protected].

– É recomendado que o aluno que queira atuar como psicanalista prossiga sendo analisado de outro profissional psicanalista, para fins de abordar suas questões pessoais (o aluno é livre para fazer a escolha de qual profissional procurar, não precisa ser vinculado a nosso Instituto ou a qualquer instituto ou sociedade psicanalítica, o importante é que seja um psicanalista competente).

– A Análise e a Supervisão do Formado que for atuar como psicanalista não precisam ser comprovadas junto a nenhum órgão público, nem mesmo junto a nós do Instituto. Mas, é procedimento que é levado bastante a sério pelos psicanalistas mais responsáveis.

– Nosso Instituto não se responsabiliza por atuação de nenhum profissional, ainda que formado conosco. Especialmente, não legitima nenhum profissional que:

(a) fuja de técnicas e métodos da psicanálise, debatidos durante o Curso, especialmente na parte de Supervisão;

(b) não esteja em PERMANENTE supervisão junto a nós ou a outro instituto, associação ou sociedade psicanalítica;

(c) não esteja em PERMANENTE análise pessoal junto a outro psicanalista;

(d) não esteja em PERMANENTE aprofundamento quanto aos estudos teóricos sobre as técnicas psicanalíticas.

Por isso, inserimos no Certificado e no Histórico a informação acerca da necessidade de seguir em constante aprofundamento teórico, além de ser supervisionado e analisado enquanto o profissional estiver atendendo, pois assim é o recomendado pelos principais institutos do mundo. Para nós, isso é importante exatamente para garantirmos que pessoas com autêntico compromisso com a psicanálise estejam atuando.

– Caso você queira se vincular a outro instituto, associação ou sociedade, terá de consultar as regras que este instituto ou sociedade estipular, já que são organizações privadas, que criam suas próprias normas. Via de regra, esses grupos exigem que você apresente certificado de formação em psicanálise com carga horária acima de X horas (1.000 horas, por exemplo, como é o caso do nosso certificado), dentre outras exigências que podem ser feitas (como pagamento de taxas e outras comprovações). Há grupos que só aceitam psicólogos ou médicos, há outros que só aceitam adeptos de determinada linha teórica (Jung, Lacan etc.), há outros que só aceitam pessoas previamente escolhidas mediante entrevista etc., mas, via de regra, a maioria desses grupos é bastante aberta a novos membros e com nosso certificado você já estará apto a participar. Não temos uma lista de institutos ou sociedades a recomendar, nem podemos prever todas as regras estipuladas por eles (pois são grupos privados, legitimados a criar suas regras). Você poderá procurar na internet e ver com qual você se identifica e qual tem as regras que permitam sua admissão (você pode, inclusive, vincular-se a instituto ou sociedade que não seja de sua cidade).

– Ficaremos felizes se sua escolha for permanecer vinculado ao nosso Instituto:

(a) na parte teórica, realizando os cursos avançados que oferecemos a cada semestre;

(b) na parte de supervisão, fazendo parte de nossa turma de supervisão, cujas vagas são restritas e abertas a cada semestre (envie-nos uma mensagem, consultando a disponibilidade);

(c) na parte de análise, realizando análise com um professor de nosso quadro.

– É importante que você se engaje na defesa da Psicanálise, para defender que o ofício psicanalítico prossiga como é hoje no Brasil e no mundo: laico/leigo, fonte de reflexão sobre mente/comportamento/sociedade e não institucionalizado a barreiras governamentais excessivas.

– Você pode abrir empresa ou MEI como “terapeuta”, não há ramo de atividade específico de psicanalista. Recomendamos você conversar com seu contador de confiança. Se for abrir CNPJ como MEI, não requer contador (procure no Google por Portal do Empreendedor abertura de MEI).

– Se você for emitir recibo ou nota fiscal, acrescente texto (ou carimbo) informando: “Não é válido como despesa dedutível do IRPF”. Isso é importante para seu cliente não declarar como despesa dedutível e depois ter problema com o Fisco. De acordo com a Receita Federal, somente gastos com médicos, dentistas, fisioterapeutas, psicólogos e terapeutas ocupacionais são dedutíveis, outras formas de terapia e saúde (incluindo psicanálise) não são dedutíveis.

– Uma das formas de você seguir atuante, permanecer se aprimorando e construir a autoridade de seu nome é publicando artigos. Nós convidamos você a escrever em nosso blog (clique no link, abrirá em outra janela do seu navegador).

 

Em síntese

Se você não estiver atuando no momento especificamente como psicanalista, você não precisa fazer Supervisão. Claro, ainda assim você pode/deve fazer Análise (para seu autodesenvolvimento) e fazer parte de um instituto, sociedade ou grupo de estudos (para fins de network e aprofundamento, mesmo ainda não tendo casos a serem supervisionados).

Se você estiver atuando como psicanalista, entendemos como necessário que você prossiga estudando (teoria) e sendo Analisado e Supervisionado (além de redobrar sua dedicação com leituras teóricas).