Neste artigo vamos refletir sobre o papel da dança na educação infantil como prática fundamental para o desenvolvimento integral das crianças. Através do movimento livre, da consciência corporal e da expressão artística, a dança favorece o desenvolvimento motor e amplia o repertório sensível, cultural e social dos pequenos desde os primeiros anos de vida.
A dança como ferramenta de expressão e desenvolvimento
É papel da Educação Infantil ampliar as relações sociais das crianças com outras crianças e adultos, fazer com que a criança conheça o seu próprio corpo, brinque e se expresse de diferentes formas, além de utilizar diferentes linguagens para se comunicar. Essa etapa da educação pode ser considerada como fonte para se descobrir, descobrir o mundo e o outro.
A dança, nessa etapa, é uma maneira de incentivar a criança a expressar seus sentimentos através dos movimentos, desenvolvendo nela o conhecimento corporal e o entendimento do seu corpo em relação a si, ao outro e ao espaço.
A criança, através da dança, cuidará do seu corpo como se fosse a sua “casa”, tratando do corpo e do movimento de maneira livre e criativa, sem formatos fechados ou restritos, sem separá-las por gêneros ou diferenças. Assim, crescerão capazes de se expressar, de se movimentar livremente e de respeitar as diferenças.
Dança, corpo e sociedade na primeira infância
A dança pode auxiliar a criança a compreender, revelar, desconstruir e transformar as relações entre o corpo, a arte e a sociedade. Essa arte contribui para que o aluno tenha consciência das suas potencialidades, aumentando sua capacidade de comunicação e conscientização com suas posturas, gestos, atitudes e ações cotidianas, bem como interagir com a sociedade em que vivemos.
Ela também auxilia no desenvolvimento psicomotor e das habilidades motoras. Serve como um despertar da criatividade, trabalhando com a atenção e a concentração.
A dança desenvolve os movimentos da criança e faz com que ela conheça seu corpo e seus limites. Assim, poderá se desenvolver e conquistar mais experiências, além de se conhecer por fora e por dentro, através das expressões e emoções despertadas durante as aulas. As duplas, trios e círculos formados durante as aulas são as primeiras experiências de coletividade e exploração de espaço e limites que as crianças têm em relação ao mundo.
Respeito, cultura e diversidade através da dança
As diferenças de gostos, culturas e estilos musicais existirão ao longo da trajetória da criança na educação e na vida. Ao dar a oportunidade de conhecer diferentes culturas, estilos e limites, ela crescerá capaz de respeitar o gosto do outro e desenvolver consciência para fazer suas próprias escolhas.
Segundo Nanni (2001), tanto a maturação quanto a qualidade de experiências motoras influenciam significativamente no desenvolvimento. No entanto, a escola ainda tende a entender disciplina como “não movimento”. Crianças educadas são aquelas que permanecem sentadas e quietas, enquanto o movimento corporal é restrito a momentos como Educação Física e recreio (Strazzacappa, 2001).
Scarpato (2001) aponta que privilegiar apenas a mente e relegar o corpo pode empobrecer a aprendizagem. Gallahue e Ozmun (2001) reforçam que o movimento contribui para um autoconceito positivo e para um desenvolvimento saudável, sendo essencial respeitar o nível de habilidade de cada criança.
Movimento, prazer e conexão emocional
De acordo com Wosien (2000), a dança oferece um campo pedagógico funcional, recolocando o ser humano em contato com suas necessidades, impulsos e desejos. Ela permite que a criança se organize emocionalmente.
Verderi (2000) destaca que a dança envolve ritmo, som, prazer, harmonia, intelecto, descoberta e formação pessoal. Ela favorece o conhecimento corporal, a autoestima e o conforto com a própria imagem.
Também incentiva a exploração de formas de expressão, especialmente em crianças com deficiências ou dificuldades emocionais. Além disso, melhora a socialização, a comunicação, o trabalho em equipe e a cooperação. Apresentar-se em público também estimula a confiança.
Expressão cultural e desenvolvimento físico
Conhecer diferentes danças amplia o repertório cultural. A atividade também favorece o condicionamento físico, aumentando a flexibilidade, o equilíbrio, a coordenação e a saúde cardiovascular. É uma atividade recomendada inclusive para crianças acima do peso.
Segundo Laban (1990), os movimentos do dia a dia estão carregados de qualidades distintas: fortes, leves, lentos, diretos, livres. Por isso, a dança na educação infantil promove liberdade de expressão e descoberta corporal.
Consciência corporal, identidade e vivências integradas
Ao praticar dança, a criança aprende a lidar com erros, a pedir ajuda e a tentar de novo. Desenvolve disciplina, foco, criatividade e apreciação estética. Bregolato (2007) afirma que, com liberdade, o aluno busca em si a fonte de sua movimentação, liberando sentimentos através do corpo.
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Para Nanni (2008), a dança deve promover autoconhecimento e harmonia entre razão e emoção. Já Marques (2005) destaca que a prática favorece a autonomia, a expressão inteligente e o entendimento do corpo como meio de comunicação.
De acordo com Almeida (2011), a dança também desenvolve a imagem corporal e amplia o repertório motor. O reconhecimento do próprio corpo começa logo nos primeiros anos, por meio de interações sociais e brincadeiras com espelhos (Brasil, 1998).
Inteligência integrada e benefícios emocionais
Mallmann e Barreto (2012) defendem que a dança ativa diversas formas de inteligência: tátil, auditiva, afetiva, visual, cognitiva e motora. Também pode ser aliada no desenvolvimento emocional e no apoio a dificuldades de aprendizagem.
Estudos mostram que práticas com expressão corporal geram benefícios profundos tanto em crianças quanto em adultos, fortalecendo a autoestima, a integração social e a sensibilidade.
Conclusão
Considerando a dança como forma de expressão livre, prazerosa e educativa, cabe ao professor propor vivências que despertem autoconhecimento, criatividade e comunicação corporal. A dança na educação infantil promove exploração lúdica do corpo, construção da identidade e integração social, contribuindo para o desenvolvimento pleno da criança.
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Este artigo foi escrito por Antonia Girlene de Lima, exclusivamente para o blog Psicanálise Clínica.