formação do Ego

O indivíduo e o impacto das ações na formação do Ego e Superego

Publicado em Publicado em Teoria Psicanalítica

Hoje falaremos sobre a formação do Ego. Vilão de muitos, o ego nos coloca frente a situações embaraçosas e muitas vezes implica no resultado negativo de atitudes impensadas, regidas pelo pré-consciente abstrato de paradoxos mal elaborados.

Incitado pelo desejo e ponderado pela realidade, quando desregulado, nos leva a desequilibrar toda estrutura, gerando uma visão deturpada do que de fato a realidade traduz.

A estrutura e a formação do Ego

Ao observarmos um indivíduo que possui autoconhecimento, que tem sua personalidade consciente, equilibrada e bem estruturada nas bases dos desejos primários (ID), e os valores morais, princípios religiosos e culturais, regras e condutas (Superego) pré-estabelecidas na formação psíquica nos primeiros dois setênios do desenvolvimento humano, onde pais e familiares passam suas crenças e sabedorias.

Além das demais influências do convívio social que imprimem regras e valores morais; percebemos uma estrutura regulada pelo ego, onde seu comportamento e atuação consciente se manifestam de forma empática, serena e equilibrada.

Quando não há uma estrutura bem elaborada na fase do complexo de Édipo, há uma tendência desse indivíduo ter um superego fragilizado, ou seja, um indivíduo que busca no outro suas satisfações e aprovações.

A formação do Ego e as contradições

Já na estrutura onde o superego foi constituído de forma rígida, o indivíduo tende a se colocar em um pedestal, a fim de suprimir suas questões de baixa autoestima, a busca pela perfeição, a depreciação do outro, diversas formas de contradição à diversidade, autopunição etc.

Esse último é o que leva ao que denominamos de um indivíduo egocêntrico, que tem por definição “alguém preocupado apenas consigo mesmo e indiferente aos problemas do outro, mas não necessariamente egoísta”.

Se pensarmos em elaborar esses conceitos, percebemos de diversas maneiras aspectos relevantes e consistentes na forma como um indivíduo adulto maneja sua vida.

Influências e Traumas

É relevante considerar que, um indivíduo adulto tem milhares de vivências, experiências, memórias e traumas que não tem consciência, e que todo esse emaranhado de informações traduz comportamentos, reações, atitudes (ou a falta delas) e toda forma de comunicação que se pode ter.

Se um indivíduo criança, no primeiro setênio, tem como influência pais omissos, que não imprimem regras, valores e princípios, estarão formando um Ser com falhas no processo do Superego, o que resultará em um indivíduo adulto sem uma base sólida, influenciável e, por vezes, com parâmetros deturpados da realidade, ocasionando instabilidade, e forte impacto na formação do caráter, apesar de não ser o único na sua construção.

Da mesma forma, o Ego sofre impactos decorrentes da falha de caráter, vulnerabilizando a formação da Personalidade do indivíduo, gerando instabilidade na regulação entre o Superego e o ID (desejos).

O Ego “Ferido”

De forma prática, como case ilustrativo desse cenário, imaginemos um indivíduo adulto que teve em sua infância um caso de abandono não consciente. Quando tinha 2 anos e seu irmão mais novo nasceu com problema no braço, seus pais precisaram dar toda atenção para o cuidado do irmão, levando-o em médicos, fisioterapias etc. Essa criança, por sua vez, ficou à cargo dos cuidados de sua irmã mais velha, que tinha apenas 7 anos.

Em decorrência desse cenário, essa criança cresce com um trauma de abandono e rejeição inconscientes, que ocasionam falhas no processo primário do ID, onde seus desejos básicos não foram atendidos, pela ausência de atenção e amor dos pais necessários para seu desenvolvimento, e por consequência, seu ego regulador fica em desequilíbrio.

Esse indivíduo cresce, e já no segundo setênio, na adolescência, reage ao sentimento inconsciente do abandono saindo de casa aos 13 anos. Ele buscará muitas formas de suprir essa falta inconsciente, promovendo plateias não declaradas sendo o centro das atenções, se colocando sempre em evidência em qualquer trabalho que faça, canalizando sua energia no servir, sendo o melhor amigo, aquele que sempre ajuda quem o solicita e buscando esse reconhecimento que lhe falta internamente.

A formação do Ego e a carência

Esse indivíduo cresce carente, inseguro, com fortes apegos emocionais e dificuldade em elaborar o que sente, suprimindo seus desejos em prol do outro na ânsia de garantir que está sendo amado.

Nesse contexto pode-se perceber claramente o impacto que um evento não consciente pode ocasionar no desequilíbrio de um processo de desenvolvimento do Ser Humano.

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Passado e Futuro

Com isso, fica eminente a prerrogativa da necessidade de olhar para essa criança ferida, a fim de resgatar de forma consciente e transformar essa dor impressa em elaborada, reimprimindo de forma consciente esse evento e resgatando elementos do Superego, para com isso promover o equilíbrio do Ego, libertando-o assim, das necessidades do outro e aprendendo a se ver, se amar, compreender e refletir sobre cada situação, sem se apegar pela falta e tendo autonomia decisória consciente dos seus desejos e realizações, agora não mais pautados em seus sentimentos inconscientes.

Cada sentimento gerado a partir de um evento, consciente ou inconsciente, tem impacto profundo na formação de um indivíduo.

Nos primeiros 7 anos, mas precisamente na formação do seu caráter, onde há uma prerrogativa de que a influência primária dos pais e suas ações são responsáveis por grande parte desses traumas inconscientes, percebe-se uma necessidade urgente de se atuar na educação preventiva.

Conclusão

Seja alertando pais da importância de alguns pontos serem olhados com mais atenção e interesse na formação do indivíduo do qual são guardiões, seja nas escolas, capacitando professores no olhar mais acurado em perceber e acolher cada indivíduo na sua necessidade, e assim poder trabalhar alinhados com os pais nessa etapa tão importante que terá impactos profundos para a vida toda desse Ser Humano.

Artigo “O indivíduo e o impacto das ações na formação do Ego e Superego”, escito por Isis Gabriela Mousquer, Psicanalista (em formação), Empresária, Professora de Graduação em Criatividade e Learnability, Palestrante, além de atuar como Coach e Mentora, e Consultora Empresarial. Possui especialização em Altas Habilidades/Superdotação, MBA em Comportamento e Desenvolvimento Humano, e Graduação em Gestão Comercial e Marketing. Isis é reconhecida por sua habilidade em desenvolver potenciais e promover o crescimento pessoal e profissional de seus mentorados e clientes empresariais. Para contato, acesse https://www.linkedin.com/in/isisgabriela/.

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