Nesse texto trataremos dos conceitos de Aparelho Psíquico. Focaremos, por enquanto, na definição freudiana do conceito.
Índice de Conteúdos
Aparelho Psíquico para Freud
O conceito freudiano de aparelho psíquico designa uma organização psíquica que é divida em instâncias. Essas instâncias – ou sistemas – são interligadas entre si, mas possuem funções distintas. A partir desse conceito Freud apresentou dois modelos: a divisão topográfica e a divisão estrutural da mente.
Podemos recorrer a outros autores, comentadores de Freud, para compreender melhor o conceito. Segundo Laplanche, o conceito de aparelho psíquico de Freud seria uma expressão que ressalta as características que a teoria freudiana atribui à psique. Essas características seriam a sua capacidade de transmitir ou transformar uma energia determinada, e a sua diferenciação em instâncias ou sistemas.
Laplanche coloca ainda que quando se refere à questão do aparelho psíquico, Freud sugere uma ideia organizacional. Mas ainda que trate da disposição interna das partes mentais, e ainda que trate da ligação entre determinada função com um lugar psíquico específico, ele não se limita a isso. Freud indica ainda a existência de uma ordem temporal a essas partes e funções.
É importante compreendermos com isso que as divisões mentais que Freud indica não têm caráter de divisão anatômica. Não há no cérebro compartimentos fixos e bem delimitados como indicam as teorias de localização cerebral. O que Freud indica, principalmente, é que as excitações seguem uma determinada ordem, e essa ordem se relaciona aos sistemas do aparelho psíquico.
RETOMANDO – Consciente, Pré-consciente e Inconsciente
Como vimos nos textos que postei anteriormente, a mente humana não é formada apenas por sua parte consciente. Sua inconsciente seria, para Freud, mais determinante na formação da personalidade, inclusive. Nesse sentido, a vida psíquica poderia ser medida de acordo com o grau de consciência do indivíduo em relação ao fenômeno.
Caso você não se lembre ou não tenha compreendido o que são os níveis consciente, pré-consciente e inconsciente da mente humana, aqui vai um resuminho:
- O Consciente se relaciona com os fenômenos dos quais nos damos conta, aqueles em que podemos pensar através da razão, aqueles cuja existência atual é clara para nós.
- O Pré-consciente é o ambiente daqueles fenômenos que não estão “na nossa cara” em determinado momento, mas que não são inacessíveis à nossa razão. Os fenômenos pré-conscientes são aqueles que estão prestes a chegar a consciência, a transitar para o nível consciente.
- O Inconsciente é o terreno dos fenômenos obscuros. Medos, desejos, pulsões… Tudo que a mente evita para não sofrer, habita o inconsciente. Temos acesso a esses fenômenos apenas por meio dos atos falhos, dos sonhos ou da análise psicanalítica.
É importante, enfim, compreender que existe uma certa fluidez entre esses três domínios: um conteúdo pode se tornar consciente, assim como pode ser expulso para a inconsciência.
Para uma explicação mais aprofundada do que são Consciente, Pré-consciente e Inconsciente, clique aqui.
Já publicamos um texto tratando da divisão do Id, Ego e Superego. Para completar a explicação do que seria o Aparelho Psíquico para Freud, relacionaremos esses três níveis com os níveis consciente, pré-consciente e inconsciente. Por isso, caso não tenha lido o texto anterior, recomendo que leia.
RETOMANDO – Id, Ego e Superego
Os autores Hall, Lindzey e Campbell, seguindo a tradição freudiana, indicam que a personalidade é constituída por esses três sistemas: Id, Ego e Superego. Id, a parte biológica, seria o sistema original da personalidade. Dela teriam derivado Ego e Superego.
O Id foi chamado por Freud, inclusive, de “a verdadeira realidade psíquica”. Isso porque ele representa a experiência subjetiva individual, o mundo interno que não conhece as regras e imposições da realidade objetiva. O Id é regido pelo Princípio de Prazer. Teremos um texto específico para tratar desse conceito em breve. Por enquanto, basta compreender que seu objetivo é sempre satisfazer as pulsões, aliviar a tensão.
ID
No Id não estão gravadas apenas as representações inconscientes, mas representações inatas, transmitidas filogeneticamente e pertencentes à espécie humana.
EGO
O Ego, por sua vez, tem a função de realizar os desejos do Id. Mas para satisfazê-los, precisa adaptá-los à realidade, às regras sociais e às demandas do Superego. Enquanto o Id é guiado pelo Princípio de Prazer, o Ego segue o Princípio de Realidade (que explicaremos em breve).
SUPEREGO
O Superego pode ser entendido, basicamente, como o ramo da moral, da culpa e da autocensura.
Prosseguindo, podemos dizer que o Eu (Ego) provem do Id, mas que emerge a partir de um processo de diferenciação. Um indivíduo é composto, então, por um “isso” psíquico, o Id, que é desconhecido e inconsciente. Sobre esse Id e a partir dele, na superfície, se constitui o Eu (Ego). O Eu (Ego), portanto, advém do Id mas só pode ser visível pois passa pela influência do mundo exterior. Influência essa que se dá por intermédio dos sistemas Pré-consciente e Inconsciente.
O Eu marca um limite entre o dentro e o fora, que se identifica com os próprios limites do corpo físico. O Eu seria derivado das sensações corporais cuja principal origem é a superfície do corpo. Por isso, Freud o considerava como a superfície do aparelho mental.
O Superego, por fim, é uma instância responsável por várias funções. Elas seriam: auto-observação, consciência moral e base de apoio dos ideais. Ele seria como uma parte deparada do Ego, que sobre ele exerce vigilância. Por isso sua dimensão persecutória é tão destacada por Freud.
CONCLUSÃO
Essa detalhada explicação visa demonstrar que o conceito de Aparelho Psíquico em Freud designa o conjunto de todas as partes da mente humana: Consciente, Inconsciente e Pré-consciente; Id, Ego e Superego. A totalidade desses sistemas, que trabalham de forma integrada na composição do indivíduo, é o que Freud denomina de Aparelho Psíquico ou simplesmente Psique.
(Créditos da imagem destacada: https://www.emaze.com/@AOTZZWQI/A-Mente—Psicologia)
One thought on “Aparelho Psíquico para Freud”
Muito bom artigo! Parabéns!