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Conceito de justiça: ser justo para Platão e Aristóteles

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Quando pensamos em justiça, logo vem à mente a imagem de um tribunal, um juiz, talvez até a figura simbólica da deusa grega Têmis com seus olhos vendados. Mas será que esse conceito de justiça complexo e intrincado se restringe apenas às instituições legais?

Para filósofos como Platão e Aristóteles, a resposta é um retumbante “não”. Afinal, como podemos entender a justiça de forma ampla e profunda sem mergulhar nas raízes filosóficas que a sustentam?

Neste artigo, vamos desvendar os conceitos de justiça segundo Platão e Aristóteles. Estes filósofos da Antiguidade nos legaram tesouros intelectuais, onde a justiça é um dos tópicos de relevância. Mas prepare-se, porque o entendimento deles sobre o que é ser justo vai muito além do simples ato de dar a cada um o que é seu.

O que é justiça?

A justiça é um conceito multifacetado, com várias abordagens em diversas disciplinas como direito, filosofia e ética. De modo geral, trata-se de um princípio que busca a igualdade e a equidade nas relações sociais, regulando as interações entre indivíduos e instituições. Ela pode ser vista como a busca pelo equilíbrio entre direitos e deveres, visando ao bem comum.

No âmbito legal, a justiça envolve a aplicação imparcial das leis. No campo moral, relaciona-se com a noção de bem e mal. Não é apenas uma ideia abstrata, mas uma prática cotidiana que influencia a qualidade da vida em sociedade.

conceito de justiça resumo

Qual o conceito de justiça para Platão?

Para Platão, a justiça é um conceito intrinsecamente ligado à ordem e à harmonia, tanto da cidade-estado (polis) quanto da alma humana. Em sua obra A República, ele estabelece a justiça como a virtude suprema, a base para a construção de uma sociedade ideal.

Platão divide a alma humana em três partes: razão, coragem e apetite. Cada uma dessas partes tem uma função específica e, quando todas trabalham em harmonia, a pessoa é considerada justa.

O filósofo estende essa visão tripartida ao funcionamento da polis. Para ele, uma cidade-estado justa é aquela em que os filósofos governam, os guerreiros protegem e os produtores (artesãos, agricultores etc.) provêm as necessidades materiais.

Cada classe social deve se ater à sua função específica para que a cidade como um todo funcione de maneira harmônica e justa. Portanto, a justiça para Platão é a condição de equilíbrio e de perfeito funcionamento tanto do indivíduo quanto da sociedade.

O ponto crucial é que, para Platão, a justiça não é uma mera convenção social, mas um princípio universal e absoluto, enraizado na estrutura mesma da realidade e do ser humano.

  • A justiça é a virtude suprema para Platão, ligada à ordem e à harmonia.
  • A alma humana é tripartida em razão, coragem e apetite. A harmonia entre elas resulta em uma pessoa justa.
  • A cidade-estado (polis) também deve ser organizada de forma tripartida: filósofos para governar, guerreiros para proteger e produtores para suprir necessidades materiais.
  • A justiça é um princípio universal e absoluto, não uma convenção social.

Qual o conceito de justiça para Aristóteles?

Para Aristóteles, a justiça é uma virtude, mas não qualquer virtude. Ela é, nas palavras do próprio filósofo, a virtude completa, o alicerce que sustenta a harmonia em qualquer comunidade. Em sua obra Ética a Nicômaco, Aristóteles aborda a justiça sob diversas perspectivas, dividindo-a principalmente em justiça distributiva e justiça corretiva.

A justiça distributiva refere-se à distribuição equitativa de recursos, honras e outros bens sociais entre os membros de uma comunidade. Esta forma de justiça se pauta pelo mérito de cada indivíduo, isto é, cada um deve receber uma parte proporcional ao seu mérito ou sua contribuição para a sociedade.

Já a justiça corretiva tem o papel de restaurar um equilíbrio rompido. Se alguém comete um ato injusto, prejudicando outrem, a justiça corretiva entra em cena para reequilibrar as escalas, por meio de punições ou compensações.

Para Aristóteles, a justiça também é uma questão de meio-termo, de encontrar a justa medida entre os excessos e as deficiências, como acontece com todas as virtudes em sua ética. A justiça, nesse sentido, age como um tipo de equilíbrio moral, permitindo a convivência harmoniosa entre os cidadãos.

  • A justiça é a virtude completa para Aristóteles.
  • Dividida em justiça distributiva e justiça corretiva.
  • Justiça Distributiva: divisão de recursos com base no mérito.
  • Justiça Corretiva: restaura equilíbrio após um ato injusto.
  • É uma virtude do meio-termo, buscando o equilíbrio nas relações sociais.

Qual a diferença do conceito de justiça de Platão e Aristóteles?

Embora ambos os filósofos considerem a justiça uma virtude fundamental para o bem-estar da sociedade, Platão e Aristóteles têm abordagens distintas sobre o que ela realmente significa e como deve ser aplicada.

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    Platão, em A República, aborda a justiça como harmonia. Para ele, uma sociedade justa é aquela em que cada classe social (governantes, guerreiros e produtores) cumpre seu papel específico de forma harmônica, sem interferir nas funções das outras.

    Essa ideia é um reflexo microcósmico da justiça no indivíduo, onde a razão, a coragem e o apetite também devem agir em harmonia. Platão enfoca a justiça como um ideal, quase uma forma transcendente que devemos aspirar alcançar.

    Portanto, em resumo:

    • Platão: Justiça como harmonia e ideal transcendente.
    • Foco: Equilíbrio entre classes sociais e partes da alma.
    • Abordagem: Mais teórica e idealista.

    Aristóteles, por outro lado, é mais prático e terreno em sua abordagem. Como mencionado, ele divide a justiça em distributiva e corretiva. A primeira é focada na distribuição equitativa de bens e honras, com base no mérito individual.

    A segunda é centrada em reequilibrar relações sociais quando houver algum tipo de transgressão. Aristóteles vê a justiça como algo inerentemente ligado às ações e escolhas humanas, mais do que a um ideal platônico.

    Portanto:

    • Aristóteles: Justiça como virtude prática, ligada ao mérito e ação.
    • Foco Aristotélico: Distribuição equitativa de recursos e correção de desequilíbrios.
    • Abordagem de Aristóteles: Mais prática e terrena.

    Resumindo, enquanto Platão enxerga a justiça como uma espécie de equilíbrio ideal e transcendente, tanto na sociedade como no indivíduo, Aristóteles a percebe como uma prática cotidiana, relacionada diretamente com nossas ações e decisões.

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    Considerações finais sobre o conceito de justiça

    Enfim, a complexidade do conceito de justiça não permite um entendimento raso. Os filósofos Platão e Aristóteles nos oferecem visões profundas e complementares sobre o que significa ser justo.

    Para Platão, a justiça está na harmonia do coletivo e na correta função de cada indivíduo na sociedade. Aristóteles, por sua vez, vê a justiça como uma virtude a ser cultivada, um meio-termo entre os excessos.

    Se a justiça é um tema tão antigo e ainda assim tão atual, é porque suas raízes filosóficas continuam a alimentar nossas mais fervorosas discussões éticas e sociais. E, nesse diálogo milenar, ainda temos muito o que aprender.

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