Todos nós, em nossas vivências podemos ter inúmeras relações conflitivas; o conflito é de longe uma das maiores evidências que dentro de cada um de nós há diversas lutas, combates que são travados entre a nossa realidade, o meio onde vivemos e as coisas que temos dentro de nós.
Coisas aqui podem ser classificadas como situações materiais, que acabam por trazer diversos questionamentos se aquilo que estamos passando naquele momento é justo ou é válido, do outro, manifestações do nosso interior, do nosso inconsciente vindo à tona e deixando claro que sem uma forte presença de tratamento ou pensamento a respeito de como mudar, tal ou tais situações, o quadro conflitivo pode tender a não ter melhora.
Entendendo sobre as relações conflitivas
Ao contrário, alinha-se a desencadear diversas sujeições do que está em cada um de nós e dos conflitos do nosso próprio existir. Padre Sérgio é um dos muitos escritos de Leon Tolstói, que foi um escritor Russo que viveu entre os séculos XIX e XX.
A abordagem que será tratada neste artigo é justamente fazer comparativos como de um todo dessa obra de Tolstoi, às situações conflitivas em cada um de nós e também ser uma espécie de repositório no contributo às realidades psicanalíticas.
Durante o cenário literário traçado por Tolstói, fica evidente que Sérgio busca se refugiar na religião, se tornando sacerdote da Igreja Ortodoxa e pondo um certo “fim” ao problema que estava vivendo de paixões e desejos, mas no fundo a ida à vida religiosa estava envolta em uma decepção.
As relações conflitivas e indesejáveis
Um ponto a ser levado em consideração é que, ao tratar da ideia conflitiva, temos que ter em mente que podemos criar uma série de fugas para tentar responder aos dilemas que trazemos em nós, muitas das vezes quer apontar uma solução para algo que de fato pode não ser tão fácil de resolver.
Por exemplo, se a pessoa tem um problema com dívidas, ao invés de buscar uma solução pautada em resolver a tal pendência, busca-se afundar em situações indesejáveis como o alcoolismo ou até criar mais dívidas para tentar afagar o ego, e seus conflitos.
Geralmente é comum não nos darmos conta de que a nossa vida não pode estar a mercê dos caprichos que temos em nós devido às dicotomias da vida, aos sofrimentos, que podemos infligir ou ser atacados pelo mesmo.
Lidando com as situações
Saber lidar com as situações mais complexas em nós certamente faz com que tenhamos a coragem de enfrentar os conflitos de frente, sem perder tempo com desculpas ou mergulhar em traumas que muitas das vezes inviabilizam a saída de tais realidades conflitivas.
A obra vem por isso nos levar a reflexão de que todos nós podemos criar subterfúgios para tentar mesclar realidades que estão em certo acerto com a nossa vida, com aquilo que anda em conflito, que está mergulhado em desacertos ou medos que deixamos alojar em nós. Em dados momentos fica evidente, durante a trama, que Padre Sérgio parece estar evoluindo, através de uma vida austera, com muita oração e dedicação a Deus, mas durante esses períodos de busca do Sagrado, os conflitos voltam à tona principalmente no campo da sexualidade.
É o caso do Padre Sérgio que não deixou bem resolvido sua situação com um antigo relacionamento que volta à tona, devido às necessidades pessoais, suas dificuldades em lidar com o celibato, por exemplo, pois é a partir dessa situação celibatária que outras situações similares começam a desencadear.
As relações conflitivas e válvulas de escape
Geralmente os conflitos que nos vem, são formas que não enfrentamos de fato situações não resolvidas, ou que estão guardadas para em dados momentos serem válvulas de escape formando assim como uma espécie de ‘proteção’ para modos que não conseguimos ver ou encarar as aflições que nos cercam.
Com isso vai se formando na pessoa neuroses, bloqueios, traumas, percorrendo também a situação de medos, enfim toda ação conflitiva em cada pessoa, sempre estará imersa nessas condições; os patamares são muitos e diversos a respeito.
Como padre Sérgio se vê em dado momento tentado, chega a decepar parte do seu corpo, no intuito de refrear sua paixão sensual, porém não o corte em si, que vai trazer alívio a ele, pois há um demonstrativo de que quanto mais se tenta eliminar algo apenas artificialmente as cargas emocionais em mais ou menos tempo podem voltar a tona e impactar o desenvolvimento como pessoa.
O caso de Tolstói
O caso que Tolstói faz de padre Sérgio é uma panorâmica bem comum, onde se faz uma privação, mas ela de fato não está ligada ao meu inconsciente, ou seja, apenas quero aparentar que tudo foi ou está resolvido, mas o caso em questão continua vivo e latente em mim prejudicando um prosseguimento seguro de minha vida.
Quanto mais decepções não resolvidas em nós, mais estaremos propensos ou correndo riscos de termos enormes cargas de conflitos, o que pode impactar decisivamente no tipo ou nível de vida que queremos para nós, não se pode deixar que as decepções, sejam quais forem, tomem a condução de nossas vidas.
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Sérgio acaba por fugir da vida monástica em que vivia para tentar encontrar com o antigo amor, se refugiando em questões mal resolvidas tenta dar um impulso a sua vida ‘nova’, mas de fato deixa claro que uma problemática não resolvida pode abrir novos problemas, mais conflitos e mais ensaios para se ter uma vida em dados momentos mergulhada no caos e na falta de ideais sólidos.
Conclusão sobre as relações conflitivas
Logo, podemos desenhar que a ideia que Tolstói embasa em Padre Sérgio é o percorrer que todos fazemos com nossos conflitos não resolvidos, mas que precisam ser, caso contrário podem acarretar mais e mais desilusões ou decepções com aquilo que deveria ser de fato o grande motivo de se continuar a seguir a existência, ter metas, ter ideais, ter equilíbrio na nossa vida pessoal e também emocional.
Este artigo sobre as relações conflitivas na obra “Padre Sérgio” (de Tolstói) foi escrito por foi escrito por Anderson Oliveira ([email protected]), professor da Rede Pública Estadual, formado em Filosofia e Ciências Sociais, também realiza palestras e é escritor.