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10 mecanismos de defesa que profissionais de saúde devem conhecer

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Freud menciona 10 mecanismos de defesa, usados por seus pacientes em psicoterapias e prática clínica. Mostraremos que essas defesas são recursos recorrentes também de pacientes em outras áreas de saúde e terapias.

Neste artigo, vamos entender por que a psique, então, coloca barreiras ou defesas que dificultam o acesso ao id ou ao inconsciente. São mecanismos de defesa que, em outras áreas, são entraves para os pacientes promoverem mudanças de atitude.

Essas defesas não são conscientes: o paciente age para evitar mudar e para evitar encarar seu lado mais sombrio, quase sempre sem perceber que está fazendo isso.

A mesma ideia de bloqueio ou “zona de conforto” pode ser usada ou adaptada por profissionais de prática clínica de outras áreas: educadores físicos, fisioterapeutas, nutricionistas etc. Esses mecanismos de defesa ajudam a entender por que é tão difícil mudar hábitos e padrões mentais de pacientes, de diversas áreas.

Sem dúvidas, promover mudanças de atitude é aquilo que mais valoriza um profissional da área clínica ou de outras terapias.

Então, se você é um profissional da área de saúde ou terapias, sem dúvida irá perceber que Estudar Psicanálise (conheça nosso Curso de Formação On-Line em Psicanálise) é fundamental para compreender melhor seu paciente, seu mindset, seus mecanismos de defesa.

Trocando o Direito pela Medicina

Freud foi um dos autores modernos que melhor conciliou a teoria e a prática clínica. Sua obra é uma síntese de sua prática clínica.

Freud nasceu em 1856 e traria consigo uma relação conturbada com seu pai. Veria em sua mãe uma afetuosidade sensual, o que, mais tarde, contribuiria para a teoria freudiana de que o seio familiar tem influência na formação do indivíduo.

Em 1873, Freud ingressa na Universidade de Viena para cursar Direito, entretanto acaba estudando medicina, no ímpeto de adquirir conhecimentos e realizar uma descoberta impactante.

Para tanto, Freud estudaria os órgãos sexuais das enguias, anatomia, histologia do cérebro humano e as teorias de Charles Darwin.

O início da prática clínica de Freud

Em 1885, Freud é convidado pelo médico Charcot para ir à Paris para ser seu assistente regular em sua clínica e, assim, ele começa a sua prática clínica.

Durante sua estadia em Paris, Freud elaborou três lições que lhe acompanhariam em sua história:

  • Que Charcot não acreditava que a histeria era proveniente da imaginação ou uma irritação do útero, teoria que influenciou Freud a refutar, erroneamente, qualquer etiologia ou origem sexual para neuroses;
  • Que as histéricas não tinham sintomas delimitados pelo sistema nervoso, segundo Charcot;
  • Que haveria uma relação entre histeria e hipnotismo, também segundo Charcot.

A gênese da Psicanálise

De volta à Viena, Freud monta uma clínica de doenças nervosas, onde adotava métodos como hidroterapia, eletroterapia, massagens, etc. Entretanto, o que dera certo realmente no tratamento da histeria fora o hipnotismo.

No decorrer dos seus trabalhos, Freud se alia ao médico Josef Breuer, com quem publicaria inúmeros trabalhos, entretanto, os estudos não avançaram. De todo modo, esta parceria não fora falível, já que a gênese da psicanálise se forma com a obra intitulada “Estudos Sobre a Histeria”.

A histeria foi o primeiro transtorno aprofundado por Freud. Foi nesses estudos que Freud primeiro começou a identificar os mecanismos de defesa que faziam com que os pacientes neuróticos não se curassem.

Em seu “esplêndido isolamento”, Freud sistematiza a psicanálise e, através da autoanálise, desenvolve conceitos como o inconsciente, o complexo de édipo, a associação livre, entre outros (FINE, 1981).

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    O início do uso do hipnotismo e o surgimento de novos conceitos

    Em sua trajetória como neurologista Freud adota o hipnotismo como forma de tratamento. Isto posto, nos anos 1890, Freud propõe dois conceitos:

    • Neuroses atuais – como patologias referentes à frustração sexual, e;
    • Psiconeuroses – como afecções patologias com origem em traumas sexuais na infância.

    Os conflitos inconscientes infantis

    Em 1895, Freud Contribui para a criação de um livro que foi publicado posteriormente chamado: “Projeto para uma psicologia científica”, que trataria de conceitos a partir do tratamento dos pacientes em sua clínica.

    Freud entende, a partir da análise do caso de Anna O., que o fenômeno da transferência é um limitante ao tratamento analítico. Essa transferência ocorre em função de conflitos inconscientes infantis.

    O complexo de Édipo

    Além desta descoberta, Freud compreende a importância da sexualidade infantil na formação psíquica do indivíduo. Assim, a teoria do trauma cairia por terra em alguns anos.

    Após esta mudança, começa-se a levar em consideração a experiência subjetiva do paciente. Neste mesmo contexto de descobertas, Freud constata e elabora o conceito do Complexo de Édipo.

    A prática clínica de Freud com a interpretação dos sonhos

    Adiante, Freud começa a interpretar os sonhos, e então publica seu livro “A Interpretação dos Sonhos”. Surge então, a primeira tópica freudiana: o modelo topográfico de funcionamento da mente.

    Como evidencia Wollhein, os sonhos são “a estrada real para um conhecimento das atividades inconscientes da mente” (WOLLHEIN, 1972, p. 72). Para Freud, a formação dos sonhos se estabeleceria por três formas diferentes: estímulos sensoriais, restos diurnos e conteúdos inconscientes reprimidos.

    De acordo com Freud, o funcionamento dos sonhos pode ter dois tipos de conteúdo: o manifesto e o latente.

    No sonho, os mecanismos de defesa estão fragilizados. Isso permite ao sujeito e ao analista identificarem insights para acessar questões recalcadas, geradoras de sintomas.

    Mas esse acesso não é direto: o sonho tem uma linguagem própria, típica do inconsciente, que precisa ser interpretada pelo analista.

    A existência do inconsciente

    Para que os pensamentos oníricos possam se manifestar de forma consciente existem alguns dispositivos, que são: descolamento, condensação e simbolização ou representação. Em suma, os sonhos seriam o caminho para acessar o inconsciente.

    Em determinado momento da concepção de suas teorias, Freud entende que sua teoria do trauma não seria capaz de explicar os desdobramentos da psicanálise. Então Freud elabora os princípios da multideterminação e a existência do inconsciente.

    Partindo daí, Freud nos apresenta os conceitos de pulsão de autoconservação e pulsões sexuais. Esta ligada às zonas erógenas e aquela aos instintos.

    A Primeira Tópica e a Prática Clínica

    Em seu livro “A interpretação dos sonhos” (1900), Freud nos apresenta o modelo topográfico do aparelho psíquico, este organizado em três instâncias: o inconsciente (Ics), o pré-consciente (Pcs) e os consciente (Cs).

    De forma geral, é no inconsciente que se imprimem a nossa relação com o mundo por meio dos órgãos do sentido, sendo regido pelo princípio do prazer. Já o pré-consciente, detém a instância da linguagem, que contém a representação das palavras.

    Ao final, o consciente se dá pela junção da “representação da coisa” e da “representação da palavra”, portanto, o consciente estabelece linhas de raciocínio, apresenta percepções e ponderações, tudo de acordo com o princípio da realidade.

    A primeira tópica modifica a forma de pensar a prática clínica em psicoterapia, por conceber o ser humano como um ser dividido, dono de um inconsciente de difícil acesso, fonte de nossos sintomas nos transtornos psíquicos.

    As pulsões

    Essas instâncias se relacionam de forma a proporcionar que as pulsões as visitem. Freud nomeia a linha tênue entre o Pcs – Cs como repressão, sendo este o mecanismo ao qual o indivíduo se vale para existir de maneira satisfatória.

    Quando uma pulsão se encontra no Psc e aflora ao Cs dá-se o nome de retorno do recalcado, esse mecanismo de afloramento transparece em sintomas físicos pelo corpo do paciente.

    Então, criar mecanismos de defesa faz com que o inconsciente preserve as causas dos transtornos.

    Essas causas viriam à tona indiretamente, na forma de sintomas de angústia e ansiedade.

    A Segunda Tópica

    No avanço de suas pesquisas, já em 1923, Freud desenvolve o segundo modelo do aparelho psíquico, composto por:

    • ID
    • EGO
    • SUPEREGO

    Em suma, o EGO, localizado em maior parte no inconsciente, relaciona-se e é responsável pela mediação entre ID e SUPEREGO. A forma como esses elementos se relacionam um com o outro dá cabo à teoria da personalidade.

    O ID está inteiriço no inconsciente e é regido pelo princípio do prazer, sem considerar a racionalidade, moralidade ou sociabilidade. O SUPEREGO, por sua vez, opostamente ao ID, é regido pelos padrões e normas.

    O SUPEREGO tenta interagir e controlar o ID através do EGO. O EGO intermedia a interação entre os outros dois elementos integrando, mediando e harmonizando constantemente as pulsões do ID e as exigências do SUPEREGO.

    10 principais Mecanismos de Defesa da psique

    Nessa intermediação entre os três elementos do aparelho psíquico, o EGO desenvolveu alguns mecanismos de defesa a fim de evitar o colapso.

    A ideia de mecanismos de defesa também modifica a prática clínica. Não haveria um real interesse do sujeito em resolver seus problemas. O ego já estaria acostumado a trabalhar como trabalha.

    Os 10 principais mecanismos de defesa mais abordados por Freud são:

    1. Repressão: conteúdos intoleráveis ou nocivos são inconscientemente reprimido;
    2. Negação: nega a realidade exterior e dá lugar à uma realidade ficcional;
    3. Recusa: a negação ocorre de forma parcial e menos agressiva;
    4. Regressão: remete o sujeito a um ponto de referência infantil;
    5. Conversão Orgânica: converte a pulsão reprimida em fatores físicos no corpo;
    6. Projeção: projeta as pulsões indesejáveis a outras pessoas e/ou coisas;
    7. Descolamento: semelhante à projeção, mas as pulsões são deslocadas de uma pessoa a outra;
    8. Racionalização:dar vazão racional aos eventos que não são compreendidos;
    9. Formação Reativa: substituição de um evento repressivo por uma reação oposta;
    10. Sublimação: as pulsões destrutivas são modificadas de modo a serem socialmente aceitáveis.

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