Nossos ímpetos de explosão emocional podem se tornar intensamente nocivos à nossa saúde física, emocional e social. Até que ponto somos responsáveis pelo nosso equilíbrio emocional? Em alguns contextos, é necessário reconhecer que a culpa é sua sim! Nossas emoções estão mais sob nosso controle do que podemos imaginar.
Obviamente não podemos controlar pessoas, situações ou circunstâncias, mas podemos controlar nossas respostas. Assim, tudo depende de como assimilamos nossa realidade.
O mundo à nossa volta está repleto de informações e costumeiramente perdemos o foco da realidade que nos cerca. Com isso, diante do clímax de determinadas condições onde provamos dissabor, direcionamos de forma extrema nossas emoções.
No entanto, comprovadamente, o controle deste mecanismo pode ser conquistado. Afinal, o processo fisiológico de descontrole emotivo está submetido à sua impressão pessoal de fatos. Sabendo-se responsável por alguma situação, manter o controle antes de disparar se torna algo mais praticável.
A culpa é sua…e dos nossos ancestrais
Sentimentos como a raiva têm em sua base a nossa origem primitiva. Expressões raivosas eram elementos de sobrevivência em épocas remotas onde vantagens eram conquistadas pela superioridade imposta. Trouxemos isto para nosso momento presente, mas de fato é uma herança um tanto quanto duvidosa.
Quase sempre, quando despertada, nos exige uma ação impulsiva que pode nos causar arrependimentos depois. Todo um processo fisiológico acompanha a reatividade, predominantemente hormonal. É um start para “luta ou fuga”; é a identificação de um perigo iminente.
Com isso, nota-se a evidência de sua origem na evolução humana em conexão com o funcionamento cerebral. Diante da raiva alteram-se os batimentos cardíacos, a respiração acelera e aumenta o pulso de hormônios. É o corpo respondendo a um estado crítico de conformação, e sofremos com isso.
Contudo, a evolução das relações sociais ao longo do tempo nos coloca em condicionamento comportamental. E assim, ceder aos impulsos da raiva nem sempre nos parece aceitável em determinadas condições. Daí decorrem os males causados pela repressão do sentimento, como a somatização.
De quem é a culpa pelo descontrole?
Mas se a culpa é sua, porque costuma responsabilizar os outros pelo seu estado de descontrole? Por conta do modo como você entende aquilo que chega até você. E isso é relativo, basta conceber que uma pessoa pode julgar uma declaração ofensiva enquanto outra pode achar simplesmente bem-humorada.
Ninguém terá maior controle sobre você do que aquela pessoa ou circunstância que possa te tirar do sério. Assim, quanto mais suscetível você for ao descontrole emocional, mais afetada a sua vida estará. Isto pode se refletir de forma negativa em sua vida pessoal e profissional.
Um belo dia você passa pelo seu vizinho e lhe diz bom dia. Contudo, por algum motivo ele não te responde, e isso já é motivo para você se inflamar. Assim, você vai se dirigir no mesmo momento ao vizinho para “tirar satisfações”. Ou ainda, reprimir o sentimento, mas de modo que a lembrança do momento ocupe todo o seu dia. Você permanece pensando em como foi destratado.
A culpa é do vizinho que com certeza foi um mal-educado? Não! A culpa é sua. por ter interpretado a coisa da pior maneira possível. Portanto, antes de disparar se coloque numa situação à frente daquela que foi vivida. Procure imaginar a situação sendo resolvida de forma branda e inteligente.
Por quais motivos o vizinho pode não lhe ter respondido?
- O mais óbvio, ele não te escutou. As pessoas andam distraídas.
- Estava chateado por conta de algum problema pessoal, pensando absorto em uma solução;
- Ok. Pode ser também. Ele te ouviu e optou por não responder. Ah, então a culpa é dele neste caso? Não novamente, a culpa é sua ainda, pois você decide o que fazer com o que sente. Pode assimilar o acontecido de forma positiva ou não.
A culpa é sua pois o controle é seu
Uma vez que a culpa é sua apenas você pode fazer algo a respeito. Com isso, é ideal que você identifique precisamente as emoções que desencadeiam seu descontrole. Raiva, ódio, inveja, tristeza, o que fez você sair do seu eixo? Com a resposta, torna-se mais fácil manipular a fonte do problema.
Alguém fecha você no trânsito, sua encomenda chega quebrada, o pedido vem errado, o descrédito numa discussão… Qual o seu limite? Em condições assim tendemos a nos sentir inferiorizados, desrespeitados e a primeira intenção é explodir. Porém, é justamente esse momento que merece sua atenção.
Entenda porque se sente daquela forma e externe isso de maneira branda. Mostre como se sente de forma explícita aos envolvidos, a comunicação assertiva origina bons resultados. Afinal, sentir raiva todos sentimos, mas a questão é não permitir que sejamos afetados negativamente pelo sentimento.
Na maioria das vezes fazemos da questão uma disputa de poder e influência. Contudo, a condição de “vencedor” e “perdedor” são aqui totalmente relativas. Um sentimento por meio do qual sejamos levados a desfigurar nossa persona nos torna facilmente manipuláveis.
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Conclusão
É evidente que quanto mais sabemos sobre o funcionamento do corpo mais podemos nos manter a salvo de problemas.Quando se trata de emoções,, elas não ficam fora da lista de ameaças que podem comprometer nossa saúde. Portanto, gerenciar o emocional é uma questão vital, antes mesmo de ser algo importante em termos existenciais.
Não saber como lidar com sentimentos e frustrações fez da depressão o mal do século. Com isso, nota-se o quão importante é entender que podemos e devemos trabalhar nosso controle emocional. Hoje em dia, a questão emocional já é debatida e trabalhada em escolas e espaços corporativos.
Onde houver humanos haverá a relatividade e a pessoalidade de visões que a vida determinou. Com isso, falamos de cultura, educação doméstica e formal, tendências, o indivíduo é o conjunto de tudo isso. Portanto, é de se esperar que seja conflitante esse convívio, para quem não está no controle.
Contudo, apenas trabalhando as emoções é que podemos mitigar os efeitos de experiências danosas. Sejam elas pessoais ou de trabalho, coletivas ou íntimas, a nossa expressão fala por nós. Assim, é por meio delas que sentimentos explosivos se materializam e nos deixam suscetíveis.
Considerações finais para quem reconhece que a culpa é sua
Respire fundo, pense nas consequências de sua atitude, como poderia resolver a questão. Você tem chance de pensar antes de explodir. Ao fazer isso, seu raciocínio e poder de julgamento voltam ao estado natural e você lida melhor com qualquer situação adversa.
Entretanto, entenda que manter o controle diante de situações conflitantes não tem a ver com se tornar passivo. Não se trata de se permitir qualquer tipo de tratamento ou estar inerte ao desrespeito, por exemplo. Manter o controle emocional é dominar sua reatividade e conduzi-la de forma inteligente e saudável.
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