A Lei da Atração: verdade ou exagero para a Psicanálise?

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Você já deve ter ouvido falar sobre a lei da atração. Afinal, esse é um assunto que ocupou espaço em muitas discussões a pouco tempo. Porém, de acordo com a psicanálise, ela é verdade ou um exagero?

Nesse artigo, vamos falar um pouco sobre isso. Além disso, vamos discutir sobre o que é a a lei da atração, fora entender suas bases e sua história também.

O que é a Lei da Atração

Primeiramente, a lei da atração não é a mesma coisa que a psicologia da atração. Esta última é focada nos relacionamentos a dois. Já a primeira, foca no campo do desenvolvimento pessoal. Ela tem, inclusive, obtido muito sucesso nos últimos anos. A lei da atração foca na possibilidade de alcançar algo através do desejo.

Esse desejo tem que ser entrelaçado ao otimismo, confiança e esperança. Os objetivos devem ser expressos do modo mais simples possível. Só assim eles dariam forma ao conceito tão conhecido da “lei da atração”. Pois, segundo ela, determinadas ondas de energia articulam sua influência para nos beneficiar.

Segundo essa teoria, nós “somos o que pensamos”. Nós seremos capazes de desenvolver um estado mental através de vibrações afinadas e harmoniosas. Assim, um cenário em que os próprios pensamentos são a causa e o modo de conseguir as coisas é configurado.

A base da lei da atração

Mas no que a a lei da atração é baseada?

Antes de tudo, esse não é um conceito novo. Ele possui suas raízes na clássica teosofia e no movimento “new age”. Nessas teorias, o campo das energias e das forças que tecem o universo de forma invisível e contribuem com certo “substrato”. Vamos tratar no próximo tópico a história dessa teoria de forma cronológica para uma melhor compreensão:

A História da Lei da Atração

Uma “lei da atração oculta” (1879)

O New York Times foi o primeiro grande jornal a usar a expressão “lei da atração”. Isso ocorreu na edição de 6 de abril de 1879. Nela, descreveu-se os vagões de trens da corrida do ouro do Colorado como: se movendo em obediência a alguma lei da atração oculta que sobrepuja todos obstáculos enquanto progridem em direção ao destino.

Uma “energia de atração” física (1902)

Desde 1902 podem ser encontradas referências a algo similar à lei da atração. Em particular, elas aparecem em discussões sobre a formação da matéria. John Ambrose Fleming, um engenheiro eletricista e físico da virada do século descreveu: “toda manifestação completa, de qualquer tipo e em qualquer escala” como uma “irresistível energia de atração“.

Assim, ela faz com que os objetos “aumentem em poder e definição de objetivo até que o processo de crescimento seja completo e a forma madura surja como um fato realizado

O Movimento Novo Pensamento (1904 – 1907)

Thomas Troward, que teve forte influência sobre o Movimento do Novo Pensamento, alegou que o pensamento precede a forma física. Ele ainda diz que “a ação da Mente planta o núcleo que, se puder crescer sem interferência, eventualmente irá atrair para si todas as condições necessárias para sua manifestação em uma forma visível“.

Em 1906, William Walker Atkinson (1862 – 1932) usou a frase em seu livro Movimento do Novo Pensamento. No ano seguinte, Elizabeth Towne, editor do “The Nautilus Magazine, a Journal of New Thought”, publicou o livro de Bruce MacLelland: “Prosperidade pela Força do Pensamento”. Nele, este resumiu o princípio: “Você é o que você pensa, não o que você pensa que é“.

A “Lei da Atração” na Teosofia (1915 – 1919)

A expressão “lei da atração” aparece nos escritos dos autores teosóficos Willian Quan Judge em 1915, e Annie Besant em 1919.

Dos anos 1950 a 2000

No meio do século XX, vários autores abordaram o tópico e ideias relacionadas em uma grande variedade de termos: religiosos, ocultos e seculares.

São abordagens como:

  • “pensamento positivo”;
  • “ciência da mente”;
  • “cristianismo pragmático”;
  • “Novo Pensamento”;
  • “metafísica prática”;
  • “Ciência da Mente”/”Ciência Religiosa”;
  • “Ciência Divina”.

Entre os vários autores que usaram tais termos destacam-se Florence Scovel Shinn (1925), Sri K. Parvathi Kumar, (1942), entre outros.

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    A “lei da atração” no século XXI

    O filme O Segredo, de 2006 e do diretor Drew Heriot, tem como base a “lei da atração”. Ele deu origem a um livro com o mesmo título em 2007. Eles receberam ampla atenção da mídia, como em:

    • Saturday Night Live para o The Oprah Winfrey Show nos Estados Unidos;
    • o livro de Hickses “The Law of Attraction” esteve na lista dos mais vendidos do New York Times.

    Repercussão da “lei atração” na mídia

    O sucesso do filme e vários livros levou a um aumento da cobertura da mídia. Oprah Winfrey dedicou dois episódios de seu show à discussão do filme e também sobre a lei da atração. Larry King também discutiu sobre em seu show, mas criticou a a lei da atração por várias razões.

    Ele apontou o sofrimento no mundo e perguntou “se o Universo manifesta abundância a um mero pensamento, por que há tanta pobreza, fome e morte?

    Em agosto de 2008, o livro de Esther e Jerry Hickses (Dinheiro e a Lei da Atração: Aprendendo a Atrair Saúde, Riqueza e Alegria) apareceu na lista de mais vendidos do New York Times. Esse burburinho deixa evidente o quanto as pessoas ficaram interessadas mesmo que o tema desse o que falar.

    Crítica: Atração e Ação

    Porém, a crítica objetiva que podemos fazer à lei da atração é que ela se baseia demais no campo das energias. Dessa forma, acaba focando na ideia essencial de que, para conseguirmos algo, precisamos “pedir”, isto é, pensar apenas.

    Esse pedido pode ser direcionado ao universo ou a essa força maior ou invisível que possivelmente nos cerca. No entanto, como já sabemos, não basta somente pedir.

    Não nos serve de nada solicitar com humildade que as metas em nossa vida sejam cumpridas se não fizermos a nossa parte. Sempre será melhor e necessário manter uma atitude positiva desde cedo, mas esse positivismo deve ser razoável e lógico.

    Saiba mais…

    Afinal, se uma casa estiver pegando fogo e você não ligar para o bombeiro, o fogo só aumentará. As soluções em nossa vida não acontecem somente com pensamento, desejo e esperança.

    Devemos aceitar a lei da atração como um primeiro estímulo diante de uma mudança de atitude. No entanto, é preciso pensar e entender o que devo mudar e me esforçar para conseguir.

    Defendemos portanto, a necessidade de complementar isso com a “lei da ação”. Ou seja, começar nos abrindo para a esperança sem deixar de agir. Não pense apenas que as energias vão atuar sozinhas para lhe dar o que mais anseia. É preciso usar seus próprios meios, estratégias, e construir seu próprio caminho diariamente.

    Comentários finais: a Lei da Atração

    A lei da atração é uma forte fonte de motivação, mas não pode ser tudo em nossas vidas. Como vimos, há outras teorias que pensam na importância da nossa mente. A psicanálise é uma das áreas que sempre deixou claro como nossa mente é fundamentais para a compreensão dos nossos comportamentos.

    Assim, não podemos afirmar que pensar em algo não ajuda, mas não podemos ficar só pensando.

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    4 thoughts on “A Lei da Atração: verdade ou exagero para a Psicanálise?

    1. Cláudio Schmitt disse:

      Olá. Eu tenho uma dúvida que me surgiu na leitura desse excelente artigo: Lei da Atração é a mesma coisa que: Lei da Ação e Reação ou Lei do Retorno?

    2. Ângela Christina disse:

      gostaria de saber mais sobre a Psicanálise X Lei da atração, pois achei bem explicado o que é a lei da atração mas não o posicionamento da Psicanálise quanto ao assunto. Creio que possa gerar muitos conflitos no ser humano, pois mesmo pedindo e fazendo por onde, e não conseguindo vai se sentir culpado e achando que se não conseguiu foi porque não pediu devidamente ao universo. isso deve gerar angústia e frustração.

      1. Psicanálise Clínica disse:

        Angela, tudo bem? A psicanálise não tem uma visão mística sobre as relações humanas, embora uma pessoa mística possa estudar psicanálise. Então, entendemos que lei da atração não teria uma comprovação científica na visão da psicanálise. Há uma certa semelhança com a ideia do inconsciente: uma pessoa pode ter uma tendência a “atrair” coisas não por uma razão mística, mas por está se comportando (mesmo sem o saber) para tal.

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