A Grande Muralha: 5 ideias psicanalíticas do filme

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A grande muralha é uma super produção do cinema lançada em 2016. Ambientada inteiramente na China, ela nos leva de encontro à densidade da cultura local. No elenco, ocidente e oriente se mesclam para contar a narrativa por trás da construção da muralha.

A narrativa trata da ida de dois mercenários à China a fim de conquistarem a posse do “pó negro”, pólvora. Entretanto, serão capturados pelos chineses, que por sua vez, estão empenhados na construção da grande muralha. É a motivação da construção que desvia os dois homens de seu intento inicial.

Eles vão se deparar com a materialidade da mitologia chinesa ameaçando o destino da humanidade. Com isso, juntam-se ao disciplinado e corajoso exército chinês a fim de livrar a raça humana da extinção. Acompanhe 5 ideias psicanalíticas presentes na narrativa.

A ganância e a ambição em A grande muralha

Claramente a dupla mercenária é movida pela ganância de ascensão pessoal. Não pela ambição, mas pela ganância. Ou seja, um sentimento de ganho de vantagens que os deixem acima dos demais. Com isso, notamos o fundo de insatisfação que ronda suas vidas errantes sempre em busca da próxima parada.

O ser humano é movido pela insatisfação, e nossas conquistas tendem a se tornar obsoletas facilmente. Basta observar desde a mais jovem criança, um brinquedo querido aqui se torna relegado acolá. É o desejo constante do novo, da mudança, de novas descobertas e possibilidades.

Contudo, este é um processo natural humano e mais que necessário para a busca da própria evolução. Estar insatisfeito com o seu momento, seja ele físico ou emocional o leva a ambicionar coisas melhores. Assim, seria mesmo um instrumento de sobrevivência humana.

Por outro lado, a ganância, que é o querer para si apenas, desponta como algo extremamente negativo. Algo que “anula” o outro a fim de que sejamos beneficiados. E é assim que William e Tovar quase perdem a vida, ambicionando a pólvora que não lhes pertence e está sob domínio chinês.

A ganância humana representa aqui a decorrada da natureza primordial, movida por motivações efêmeras. Enquanto não se encontra propósito que se eleve ante a insignificância dos desejos passageiros se desconhece o sentido da vida. Em A grande muralha isso fica evidente.

A culpa e a abnegação em A grande muralha

William e Tovar são mercenários, logicamente, estão abertos a todo tipo de trabalho que lhes traga recompensa financeira. Porém, diante da magnitude do império que encontram, bem como seus valores, suas visões se transformam. William ainda mais por conta do sentimento que passa a nutrir por Lin.

Sendo assim, fica notório que a única direção que os dois amigos podiam tomar era da redenção. O sentimento de culpa diante de suas intenções iniciais os desorienta em suas condições de sujeitos no mundo. Eles questionam a si mesmos e aos traços da ética e da moral em seus atos.

A grande muralha tratará da redenção dos personagens por meio da renúncia a seus propósitos. Assim, uma vez cientes da ameaça devastadora, oferecem suas habilidades para o combate. Integrando o exército chinês eles lutarão contra os Tao Tei, feras devoradoras sazonais, para proteger a muralha.

Desta forma, deixam para trás o passado calculista e se entregam à redenção de suas vidas. É por meio da oferta de ajuda despretensiosa que o personagem principal encontrará sentido para lutar.

O medo e a ansiedade em A grande muralha

A grande muralha traz em sua narrativa a exploração e a representação clara do conceito de medo. Na psicanálise, se conhece o primitivismo desta emoção que é inteiramente psicofísica. Assim, o medo é uma relação visceral e involuntária, movida ou não por experiências reais.

Os Tao Tei, que são as criaturas que ameaçam a humanidade, aparecem a cada ciclo de 60 anos. Durante este tempo permanecem hibernando, para então despertarem para se alimentar de carne humana. É a este fim que o monumento se propõe, impedir que eles ultrapassem.

Entretanto, há de se supor que boa parte dos integrantes do exército chinês jamais viu a espécie. Visto que o intervalo de tempo da aparição é de seis décadas, isso poderia contemplar duas ou três gerações. No entanto, o medo está impresso nas expressões dos soldados aguardando a batalha.

O medo do que nunca se viu, a ansiedade. Os soldados são treinados desde sempre para o combate, mesmo sem jamais terem visto as criaturas. Desta forma, alimentam no íntimo a ansiedade do que estar por vir, aspecto este tão comum em nosso momento.

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    Estamos tão temerosos quanto ao que estar por vir que não vivemos o agora. Vislumbrando a próxima desgraça, o próximo desmando, a próxima ofensa. O medo das coisas visíveis nos enche, das que não vemos nos transborda. Não estamos, como os soldados, preparados para enfrentar nosso cotidiano.

    O destino da humanidade em A grande muralha

    O destino foi algo que sempre perseguiu a humanidade. A humanidade sempre esteve às voltas com a incerteza de seu futuro estar ou não previamente definido. Porém, nunca deixou de se questionar se poderia alterá-lo de alguma forma. A grande muralha, dentro da temática mitológica, não deixaria de tratar do mesmo.

    O enredo conta com atos de batalhas, evidenciando as constantes lutas travadas para manutenção da ordem. É a partir dessas batalhas que o destino da humanidade será definido. E é assim que ocorre em boa parte dos épicos que narram confrontos entre a humanidade e criaturas.

    O futuro é tenebroso e quase sempre está atrelado à condição humana de resiliência e redenção. O papel dos Tao Tei seria relembrar aos homens sua vulnerabilidade e pequeneza. Com isso, eles seriam ensinados da lição de permanecerem diligentes e humildes diante de sua condição.

    O destino é algo que nos preocupa, ainda que de forma branda. O futuro que nos estará reservado ou será traçado por nossos atos? O limite do livre arbítrio e as consequências de suas escolhas são o meio termo? Foi por meio das religiões e do pensamento filosófico que se tentou mensurá-lo.

    Amor e amizade em A grande muralha

    Elementos indispensáveis a toda e qualquer narrativa, o amor e a amizade estão representados em A grande muralha. William e Tovar, ainda que com divergências, simbolizam o conforto que uma amizade é capaz de fornecer. A amizade é aqui o elo forte que os mantém uníssonos no mesmo propósito.

    Contudo, mesmo esse elo não impede que haja confronto entre os mesmos. Divergências de opiniões e princípios sem, contudo, ultrapassar os limites do respeito, tão primordial à manutenção de toda amizade. Confidência, lealdade e parceria permeiam este tipo de relação.

    Por outro lado, o amor também se apresenta na narrativa. Capaz de modificar paradigmas e inverter caminhos ele se manifesta no personagem de William, encantado pela bela e destemida Lin. Ela, inclusive, é uma das motivações para que ele se uma ao exército chinês em combate.

    Não seria suportável ao homem enfrentar a complexidade existencial sem usufruir de sentimentos como o amor e a amizade. São eles que atenuam e abrilhantam os caminhos a serem percorridos. Da mesma forma, nos dão força e impulsos para enfrentarmos as vicissitudes de nossos destinos.

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    Não se trata de aprender mais sobre A grande muralha, mas de se tornar sensível a tudo o que retrata o comportamento humano.Lembre-se que este tipo de análise é útil para seu crescimento indicvidual, mas não só. É possível aplicá-lo a qualquer área com que você trabalhe profissionalmente, o que é uma habilidade altamente desejável.

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