Caverna Interior: Entendendo este Mito Através da Psicanálise

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O mito da caverna de Platão nos leva a refletir sobre as nossas próprias sombras psíquicas. Em uma metáfora bastante realista, podemos considerar os territórios desconhecidos da psique. Um desses territórios é a famosa caverna interior do discípulo de Sócrates.

O homem, ainda hoje, age consoante as provocações do mundo exterior e, raras vezes, assume a condução da própria vida. Desse modo, ele se revela como um refém das suas próprias emoções.

O homem se perde em sua caverna interior

Como um náufrago no oceano da vida humana, o homem vai sendo lançado de um lado para o outro ao sabor das suas reações. Por estar mergulhado nos mais intrincados conflitos psicológicos, ele se confunde nos pensamentos primitivos que o assolam.

Além disso, confunde-se, também, nos voos fugazes dos sentimentos nobres. Sem dúvida alguma, podemos dizer que viver é experimentar constantemente contradições desafiadoras.

Em alguns momentos, o homem se revela como senhor de sua própria vida. Ademais, não raras vezes é tragado pelos conflitos que surgem em sua caverna interior.

Freud foi um explorador de cavernas interiores

Sigmund Freud revelou-se para o mundo como o grande explorador da “caverna psíquica”, a qual, até então, era pouco explorada pelos estudiosos da época.

Após um estágio de grande e instigante aprendizado junto ao médico francês, Jean-Martin Charcot, no Hospital Salpêtriere em Paris, Freud retornou modificado em suas perquirições.

A construção do conhecimento humano e as grandes descobertas da humanidade necessitam de cooperadores. Assim como Charcot contribuiu para o desenvolvimento e o aprendizado de Freud, Josef Breuer, médico austríaco, foi seu parceiro no alargamento da sua compreensão da mente humana.

Freud e sua experiência com a paciente Anna O

Por meio dos ensinamentos de Breuer, Freud teve a fascinante experiência com a paciente Bertha Pappenheim, a qual ficou conhecida com o pseudônimo de Anna O.

A paciente de Breuer manifestava vários sintomas e revelava duas personalidades ao longo de seu tratamento, habilmente conduzido por Breuer.

A enfermidade de Anna O começou com uma tosse intensa. Em seguida, outros sintomas físicos se evidenciaram, tais como distúrbios da visão, da audição e da fala, dificuldade em ingerir alimentos, lapsos de consciência e alucinações.

Sob tratamento, Anna O revelara que havia cuidado com extrema dedicação de seu pai, que faleceu vítima de tuberculose. Breuer percebeu que as experiências afetivas de sua paciente com o pai, quando rememoradas fizeram com que os sintomas desaparecessem.

A própria Anna O referiu-se ao inusitado desaparecimento dos sintomas como uma “limpeza de chaminé” promovida pela fala, pelo esvaziamento de suas dores emocionais, contadas por ela mesma.

O início da Psicanálise com Freud

Na sequência das experiências de Breuer, Freud foi observando e aprendendo. Ele detectou que, na cura pela fala, se encontrava o poderoso instrumento de exploração da “caverna interior”, que é a mente humana.

Portanto, era preciso ouvir para se investigar e descobrir o caminho da cura. O psiquiatra foi observando e ouvindo. Além disso, ele prestava atenção nas dores e avaliava os sintomas de seus pacientes.

Desse modo, Sigmund Freud tornou-se, para a posteridade, o pai da Psicanálise.

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    A necessidade de ir a fundo nos conhecimentos da psicanálise

    Os grandes reformadores do pensamento humano não se limitam a ficar apenas com o conhecimento superficial das informações que recebem nem mesmo dos aprendizados conquistados.

    Freud, com sua perspicácia e capacidade de observação, sabia que entrava em um continente inexplorado. Para penetrar com segurança o novo território que se avizinhava, delineou, de maneira lúcida, o mapa das instâncias psíquicas.

    Ele precisava andar com segurança na “caverna da mente humana” e a divisão dessas instâncias lhe traria fundamentos seguros para entrar nas questões aflitivas das distonias emocionais.

    ID, Ego e Superego na exploração da caverna interior

    Então, o explorador Sigmund Freud propôs à sociedade científica de sua época o “mapa” que é estudado ainda hoje: o aparelho psíquico. Esse era o seu método estrutural para iniciar a exploração da psique humana.

    Primeiramente, ele dividiu esse aparelho em inconsciente, pré-consciente e consciente. Porém, depois reclassificou essas instâncias, a fim de explorar melhor as ações e reações emocionais da criatura humana. Deu os nomes de: ID, EGO e SUPEREGO.

    • O ID, segundo Freud, é o instinto primitivo em que as reações e as ações são espontâneas e se expressam sem um senso de racionalização.

    Essa manifestação se encontra naturalmente no comportamento infantil. No entanto, são muitos os adultos que agem de forma impulsiva quando são contrariados em suas aspirações. Eles agem primeiro e, só depois, pensam nas consequências de suas ações.

    • Já o EGO cumpre o papel de juiz, pois age sempre pressionado pelo ID e o SUPEREGO. Cabe a ele a intermediação dos anseios exagerados das outras duas instâncias.
    • O SUPEREGO é a manifestação de todos os conceitos éticos morais apreendidos em vida. Sendo assim, revela todo o aprendizado que exprime a herança educativa, seja no aspecto moralista ou do intelecto.

    Com a força de sua influência atua como freio psicológico para que o ID não se expresse precipitadamente na base de suas ações e reações. Sendo assim, todo aquele que se dispõe a “explorar” a mente humana deve exercitar a sua capacidade de ouvir as dores alheias.


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    Freud abriu o caminho para o nosso conhecimento atual

    Portanto, como vimos, devemos a Freud o caminho para o conhecimento de parte da mente humana e de suas instâncias psíquicas. Desse modo, podemos gradativamente abandonar as sombras as quais se encontram em nossa “caverna interior”.

    Você ficou curioso para saber mais sobre o assunto? Então faça a sua matrícula no curso de Psicanálise Clínica. Além disso, queremos ouvir a sua opinião sobre o assunto. Deixe um comentário aqui embaixo sobre o seu entendimento de ID, Ego e Superego.

    Se tiver alguma dúvida, pergunte. Nós teremos prazer em lhe responder. Até o próximo artigo!

    Este artigo presente foi produzido pelo Aluno do Curso Adeilson Salles, exclusivamente para nosso Blog Psicanálise Clínica.

    12 thoughts on “Caverna Interior: Entendendo este Mito Através da Psicanálise

    1. Texto incrível, fundamento e gostoso de ler. Parabéns!

        1. Rosalba Rocha disse:

          Muito interessante! O ser humano é uma caixa de surpresas mesmo.

    2. Freud foi extremamente importante no desenvolvimento humano, suas teorias foram fundamentais para a partir dai nascerem novas abordagens com novos pensamento e conceitos. Nossos sinceros agradecimentos Freud!

    3. Francisco José Ferreira de Souza disse:

      Muito bom o texto e o esclarecimento que transmite.

    4. MARIA TERESA VASQUES AYRES disse:

      Bom texto. Nossa caverna interior que muitas vezes deixa suas sombras aparecerem. Muito trabalho para identificá-las, aceitá-las e compreendê-las.

    5. Socorro Mendes disse:

      Linguagem clara, conteúdo abordado num texto objetivo e esclarecedor.

    6. Cláudia Ventura disse:

      Gostei muito!! Foi bem enriquecedor!! Fiquei com gostinho de quero mais!!

    7. Rogério de Brito Santos disse:

      “Caverna Interior” Um tema bem conflitante mesmo para quem possue uma estrutura “considerada” normal. Se para cada um de nós, o entrar em nossa própria Caverna Interior já é complicado, imagina entrar nos segredos das Cavernas alheia? Eu gostaria muito de poder ajudar com algum adicional no sentido de utilidade, mas creio que para o final do Curso poderei pelo menos comentar a altura do que já esta concluido no conhecimento universal da Psicanálise, o que admiro muito e sei que será de grande valia para mim. Obrigado pela oportunidade.

    8. ANTÔNIO GERALDO COELHO disse:

      Certamente, a psicanálise criada por Freud é o caminho mais útil para adentramos em nossa caverna interior, e reconhecer as sombras que nos confundem e inquetam.

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