Hoje falaremos da farmácia ao divã. Os psicofármacos utilizados em uma escala mundial adquiriram nos últimos anos, uma grande eficiência colaborativa para o tratamento de diversos transtornos mentais e comportamentais.
Da farmácia ao divã
Quando são bem receitados por um psiquiatra e bem utilizados por um paciente, a medicação pode promover muitos benefícios para o tratamento de um indivíduo, uma importante função da medicação deve ser possibilitar ao paciente auxílio para que inicie a psicoterapia.
Quando o uso da medicação está aliado à terapia, que pode ser oferecida em diversas abordagens, dentre elas a psicanálise, as chances de eficiência de um tratamento são expressivamente maiores.
No entanto, quando os psicofármacos são utilizados como remédios para todos os problemas da vida cotidiana, acaba-se por conduzir a um uso deliberado e excessivo dessas substâncias, o que amplia ainda mais os problemas que buscamos evitar.
Da farmácia ao divã e antidepressivos
Pensar que precisamos buscar uma resposta farmacêutica para cada uma das experiências conflituosas que vivemos, ou para a inerente angústia da condição humana é um dos motivos de encontrarmos dados estatísticos tão altos e tristes sobre a quantidade de mortes diárias que são causadas pela superdosagem de antidepressivos.
Por mais eficientes que os psicofármacos tenham se tornado nos últimos anos em alterar o funcionamento químico do nosso cérebro, eles são ineficazes para tratar ou curar sozinhos nosso sofrimento e mal-estar psíquico ou social, quando esse não é meramente derivado de um desequilíbrio hormonal, mas se desenvolve a partir dos significados da nossa individualidade e das diversas experiências que vão se elaborando em nós e se incorporando a estrutura do nosso caráter.
Por isso, é necessário que não tenhamos ilusões farmacêuticas de uma vida sem conflitos.
Conclusão
A psicanálise considera que na medida em que nos relacionamos com os outros e com as ideias, conscientes e inconscientes que mantemos sobre nós mesmos também aprendemos com as frustrações, tristezas, erros e perdas de maneira significativa para o desenvolvimento das nossas vidas.
Este artigo foi escrito por Pedro Sá (Instagram: __pedro.sa) é psicanalista clínico com experiência em casos de depressão, ansiedade, ideação suicida, luto e conflitos amorosos. Realiza atendimentos em modalidade presencial e on-line e ministra palestras empresariais sobre saúde mental e supervisão para psicanalistas recém formados.