fase anal

Fase anal segundo Freud e a Psicanálise

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O desenvolvimento cerebral de uma criança começa já na sua segunda semana de gestação. Ao longo de sua vida esse ciclo se completa, de modo a fechar sequencialmente toda a sua estruturação psíquica e comportamental. No texto de hoje tratamentos a respeito da fase anal e como esta impacta o crescimento humano.

No período de 1900 a 1915, temos a chamada fase clássica da criação de Sigmund Freud. O autor trouxe conceitos importantes neste período, como o complexo de Édipo, a transferência, a contratransferência e a resistência. Além disso, aperfeiçoou sua técnica analítica, que passou a incluir a livre associação, a atenção flutuante e a interpretação dos sonhos.

Nesta época, um dos trabalhos essencias de Freud é “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade” (1905), em que Freud propõe que:

  • a sexualidade infantil é parte fundamental do desenvolvimento humano;
  • desde a vida infantil, há os elementos de uma vida sexual ainda difusa mais bastante intensa;
  • esta sexualidade em desenvolvimento vai do nascimento até o final da puberdade e é dividida em fases, a depender da região do corpo mais sensibilizada (fase oral, fase anal, fase fálica, fase de latência e fase genital).
  • há uma conexão entre problemas psicológicos da vida adulto, as experiências de vida da infância e a forma como as crianças passam por cada fase.

A fase anal

A fase anal corresponde à parte do desenvolvimento da criança envolvendo o controle do próprio ânus. Esse momento nada mais é que a construção de sua segurança psíquica e a criação dos seus valores pessoais. O momento acontece entre os 18 meses de idade e 2 anos e vai até os 4 anos de idade.

Nesse período, ocorre a afloração de suas tendências ao sadismo, bem como suas características defensivas. Isso é um processo natural a qualquer ser humano e se direciona para a nossa sobrevivência. Por isso que se torna mais corriqueiro a percepção da posse, agressividade, egoísmo e dominação vindas da criança.

Embora se mostrem como sinais negativos, esses laços são importantes ao desenvolvimento do pequeno. Tudo acontece para que ele tenha um desenvolvimento saudável e cresça de forma adequada e sadia. A segunda fase da evolução libidinal se conecta com o trato intestinal e com o sistema urinário.

Compreensão à realidade

Um dos fatos mais marcantes da fase anal é o da compreensão que a criança começa a alimentar sobre si. Em suma, ela vai entendendo que não é o centro do universo e que existe o Outro. Com isso, percebe que precisa seguir regras e obedecer os adultos ao seu redor.

Neste ponto se constrói o chamado Ego ideal, sendo tudo aquilo passado por nossos ancestrais. Com isso, é preciso prestar atenção a alguns pontos:

É o momento em que ela aprende as bases éticas de sua vida

A criança já possui discernimento o suficiente para entender os valores que lhes são passados. Por exemplo, ela pode compreender que não deve correr dentro de casa. De forma bruta, começa a alimentar o que ela mesma conseguirá expandir mais à frente.

Compreensão literal das coisas

Existe um certo cuidado a transmitir qualquer mensagem em direção à criança nesta fase. Sua mente não possui os mecanismos necessários para que possa avaliar uma situação nas entrelinhas. Assim, ela acaba entendendo o que é dito e feito na sua frente de forma literal e fixa isso.

A incompreensão pode gerar angústia

Você, como educador, precisa ser paciente para trabalhar o ponto anterior mencionado. A exemplo, se chegar em uma criança nesta fase e disser que vai deixar ela onde está, ela se sentirá solitária. Tenha em mente que você e o parceiro são as pontes que levam esse pequeno e o apresentam ao mundo.

“Não, é meu”

É também na fase anal que começamos a observar um mantra da criança: “Não, é meu”, evidenciando um egocentrismo, apesar de ser construtivo. No momento em que um adulto passa a interromper nesse egocentrismo, ordenando que divida suas coisas, acaba interferindo gravemente em seu desenvolvimento.

Isso porque ocorre uma interferência em seu sistema límbico que aciona um mecanismo de raiva. Esse é o ponto em que muitos pais apontam os próprios filhos como sem educação ou de personalidade forte. Entretanto, aguentar essa raiva criada pela criança impedida do seu prazer é um passo importante na sua jornada.

Tal contato é importante porque o ciclo do sistema límbico quando chega ao fim a ajuda a se dobrar à vontade do cuidador. Neste ponto se origina a autoestima, o amor por ela mesma. Nisso, ela compreenderá que não pode ser um dependente emocional de terceiros, sendo um indivíduo mais confiante em si mesmo.

Começo da fase anal

A entrada da fase anal começa a partir do interesse do pequeno em suas fezes e urina. Muitas crianças reagem de forma diferente a esses elementos, tanto por sua curiosidade, como também por sua educação. Enquanto alguns conseguem expelir resíduos de forma tranquila, outros, graças aos pais, crescem com nojo da situação.

Na sua precoce mentalidade, o pequeno consegue compreender que as fezes se tratam de sua primeira produção. A partir disso, iniciará o trabalho nisso como um objeto simbólico do seu desenvolvimento. Trata-se de alcançar segurança por meio da dominação e posse conseguidos pela retenção ou expelimento das fezes pelo seu controle.

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    É aqui que a criança tem manifestado sua vontade própria e autônoma por meio de uma agressividade. Com isso, se instala um mecanismo de defesa abraçado com a raiva até que aprenda outro. Explicando melhor, para defender algo seu, morderá outra criança sem culpa e com toda a certeza do que faz.

    Sadismo saudável

    Expulsar as fezes do seu sistema intestinal faz a representação do sadismo saudável na criança. É por meio desse processo da fase anal que ela aprenderá a como se livrar do que não fará falta a ela quando adulta. nesse caminho, uma criança bem construída saberá como:

    Desprender-se de algo

    Uma educação e crescimento bem condicionados garantem frutos necessários quando está na fase adulta, por exemplo. Imagine uma criança que não consegue se desprender de um objeto ou de um relacionamento abusivo. A tendência é que o apego a faça refém de uma situação bastante desconfortável.

    Tomar iniciativa

    Além de se desprender de algo, será ela a tomar a iniciativa para tal. Note que muitas pessoas são passivas em uma situação ruim com medo do que pode acontecer. Ao invés disso, uma criança bem educada na fase anal terá autonomia para seguir em frente.

    Ensine a criança a lidar com suas fezes

    O processo da fase anal ajuda a criança a compreender autonomia e certa aproximação com suas fezes. Por isso, você como mãe ou pai precisa ensinar cuidados de higiene ao pequeno logo cedo. Contudo, não deve evidenciar que se trata de algo nojento, sujo e que preciso de cuidados cavalares para tal.

    Muitos adultos cometem o erro de afirmarem que o cocô da criança é fedido ou fazem careta e evidenciam isso. Ainda que você não goste, é preciso ter em mente que se trata da criação do pequeno e que ele já entende isso.

    Assim, você precisa “valorizar” essa criação, e não demonizá-la. Por exemplo, quando a criança terminar e você a limpar, a faça dar o famoso “tchauzinho” para as fezes na descarga. Isso tornará a situação mais tranquila e o momento de construção em si mais prazeroso.

    A retenção das fezes

    A retenção de fezes iniciada na fase anal indica diretamente que tipo de adulto a criança se tornará. Esse tipo de retenção e também o controle dos esfíncteres indica saber cuidar das coisas, guardar ou poupar. Fazendo isso, seu filho vai se tornar uma pessoa zelosa e responsável por sua vida.

    Nisso, a boa fase desse processo criará uma pessoa que sabe se expor e botar para fora. Que não se apega ao que não é útil para ela e a seguir em frente de forma segura. Isso acabará refletindo em sua capacidade de guardar ao amanhã e poupar o que é preciso.

    Por outro lado, a má formação pode resultar em uma pessoa reprimida, egoísta, irritada e excessivamente escrupulosa. Nisso, pode se tornar um adulto preconceituoso com o que acha “sujo” em sua vida e na dos outros. O medo criado ainda menor resulta em uma pessoa que acha normal sofrer ou fazer os outros sofrerem na vida.

    Considerações finais sobre a fase anal

    Vimos que a fase anal é um momento de descoberta à criança e por isso deve ser valorizada. Muitos adultos não compreendem a magnitude do processo envolvendo o simples ato de defecar. Com isso, alimentam a imagem de um processo errado, desconfortável e doloroso, imagem essa que reflete na educação da criança.

    Se a sua criança está nessa fase, se mantenha próxima a ela para ensiná-la o suficiente sobre o evento. Lembre-se de que estará ajudando um futuro adulto a selecionar o que é positivo e se desprender do que não ajuda em sua construção emocional.

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    15 thoughts on “Fase anal segundo Freud e a Psicanálise

    1. Minha filha tem 2a6m e está retendo o cocô desde 1a8m mais ou menos! Já entendi sobre a fase anal, que é a única explicação mais compatível ao que ela está passando… mas a pergunta é: o que podemos fazer nessa situação?

      1. Gostaria de entender como ajudar meu filho que está fazendo coco na varanda e quando as portas estão fechadas faz pelo quarto dele todo .
        Já montei um banheiro todo adaptado e nada .

      2. Andressa mãe disse:

        Fazer com que ela beba água ou suco, além de, dar verduras na comida e faça com q ela coma frutas

    2. josenice Sousa disse:

      meu filho tem 5 anos. e sempre q vem a vontade de fazer cruza as pernas,, isso passa semanas assim e tá ficando mais preocupante, ele não tem dicção de tudo q se dialoga com ele.

      1. Daniela R. de Albuquerque Trindade disse:

        ele precisa fazer terapia, e você também, para compreender melhor como ajudá-lo

    3. Priscila Nunes Membribes disse:

      Meu filho tem 17 anos e rrtem as fezes, cruza as pernas e tdo mais. Levo ao pronto Socorro que solicita lavagem intestinal e ele se recusa, o hospital nao faz se ele nao querer. Não sei mais o q fazer

      1. Isis S. Petry disse:

        Terapia, Priscila!
        Recomendo fortemente levá-lo a um profissional psicólogo ou psicanalista!

    4. Desnecessário disse:

      Sobre A retenção das fezes, o texto faz a dualidades equivocadas, principalmente na fase “negativa”. Chega ser ridículo o texto afirmar que a criança desenvolverá de maneira negativa. Equivocado e tenho experiências para afirmar que simplesmente um preenchimento de texto desnecessário.

    5. Desnecessário disse:

      A retenção das fezes: nós próprios comentários há relatos de mães que sofrem por seus filhos não conseguirem expelir fezes. O que torna a compreensão mais complexa do que apenas “negativa” como a dualidade equívocada do texto afirma. Quanto mais negatividade os parentais expressam neste caso, mas traumas biopsicossociais são desenvolvidos. Então, compreendam de fato que o aprendizado, amor a expressão do amor é um dos fatores dos quais parentais são responsáveis e estimuladores de atos saudáveis para sobrevivência do afetado.

    6. Nunca imaginei que fazer côco fosse tão complexo!

    7. Muito bom o texto, na medida que vamos compreendendo os processos na infância, curamos nossos traumas na vida adulta. Eu sempre tive prisão de ventre, e algumas características acompanhavam minha personalidade, tais como: dificuldade em gastar meu dinheiro, possessividade, apego a coisas que me faziam mal, e canalização libidinal em coisas sem valor significativo para mim. Quando trabalhei todas essas questões em mim, o ato de defecar deixou de ser um “evento formal” e passou a ser natural, assim como tinha que ser…

    8. Renata dos Reis Nunes de Arruda disse:

      Meu filho está com 10a, e tem mania de ir ao banheiro fazer e demorar muito tempo se limpando.
      Já passei ele na médica gastroinfantl… Porque tinha fezes duras e soltava na roupa antes. Fez tratamento com remédios , frutas, verduras e iourgute.
      O que faço pra ele não tornar o cocô em um evento?!?

    9. Mizael Carvalho disse:

      Assunto importantíssimo! Mas em relação aos comentários, penso que os problemas serão solucionados com os profissionais de saúde (nutricionista e psicólogo ou psicanalista). Obrigado por compartilhar seus conhecimentos!

    10. Elizabete Carvalho disse:

      Muito bom estudo bem
      Explicado. Obrigada!

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