inteligência vegetal

As plantas falam: inteligência vegetal x inteligência humana

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Hoje falaremos sobre a inteligência vegetal. Você sabia que as plantas falam e têm uma inteligência superior a inteligência humana?

Neste artigo, o Dr. Bonatti, PhD em Psicologia e Psicanalista Clínico tenta definir o que é inteligência partindo dos limites da linguagem humana em definir e desvendar a verdade, em nomear as coisas, os objetos animados e inanimados, apresentando às grandes descobertas da Neurobiologia Vegetal, uma nova ciências que põe ao centro a vida “tout court” e que visa a superação da prisão mental do antropocentrismo.

Entenda o tema: inteligência vegetal

A pergunta de partida desta investigação é se as árvores têm apenas um corpo físico e uma alma vegetal como dizia Aristóteles, ou seja, não tem uma razão, uma capacidade racional e/ou elas têm sentidos e sentimentos e, por último uma inteligência capaz de orientar suas escolhas e tomar decisões? A resposta da ciência moderna é clara: as plantas são seres inferiores, sem inteligência racional, sem sistema nervoso e princípios lógicos.

E, se por acaso a razão, que hoje assumimos como algo superior, tivesse em si algo de errado, um projeto perverso e manipulado, que nos leva a conclusões diametralmente opostas à verdade? Como pode o conhecimento racional, limitado e contingente, descobrir a verdade? Afirmar que o Ser humano é superior ao Ser Vegetal, o primeiro inteligente e o segundo, apenas vivente?

O Dr. Bonatti pergunta se uma árvore pode chorar ao ser destruída pelo homem, se é capaz de experimentar amor e dor, ou simplesmente se pode ouvir, falar, enxergar, sentir, ou seja, tenha os sentidos sensoriais? O homem é o único ser pensante e inteligente que habita nosso planeta, capaz de livre escolha, que tem vontade própria e razão? O Ser Vegetal, tem emoções e uma alma afetiva?

Para compreender e interpretar sobre o tema: inteligência vegetal

Ao longo deste artigo o Dr. Bonatti tenta se posicionar e responder a todas estas interrogações, mostrando uma possível resposta e saída para salvar o planeta e o homem de si mesmo. A Psicanálise pode compreender e interpretar diversas formas de linguagens e responder a algumas interrogações.

De fato, o trabalho de um Psicanalista é fazer aflorar o submerso, que é invisível e inconsciente, decifrar aquilo que não é dito, interpretar silêncios, omissões, lapsos e atos falhos, ler entre as linhas, analisar os sintomas para descobrir as causas ocultas. A Psicanálise interpreta a linguagem hermenêutica da alma e da mente, ou seja, aquilo que existe mesmo sendo invisível aos olhos e perceptível aos ouvidos.

Se duvidar é conhecer (duvido, logo penso, logo conheço) este artigo procura trazer novos questionamentos e dúvidas acerca do que é permitido conhecer ao homem e, portanto às ciências, e que será fundamental para uma nova relação do homem consigo mesmo e com a natureza, assim como para o mundo acadêmico, científico e para a formação de uma nova consciência individual, coletiva e social. Se você ficou interessado(a), continue a leitura e descubra o mistério da alquimia e a brilhante inteligência da natureza e dos seres vegetais.

Introdução sobre a  inteligência vegetal

Este artigo é uma breve síntese de uma investigação aprofundada do Dr. Bonatti, cujo objetivo específico era mostrar que o finalismo da natureza é a própria natureza, sua conservação e seu equilíbrio e, em última análise a sua própria vida e não simplesmente, (sicet simpliciter) o próprio homem que dela depende, se alimenta, sobrevive e propaga a sua espécie. A natureza precede o homem e, ao final, é responsável pela formação do gênero humano e não o contrário. O homo sapiens é o resultado mais alto e sublime da própria natureza.

O homem moderno subestima o valor da natureza. Nela se concentram todas as energias, forças e substâncias do Universo. Ela é a síntese da ideia de perfeição, beleza, harmonia e equilíbrio do universo. A natureza tem vida e, portanto, nous, uma inteligência que pode ser compreendida somente através de uma revolução ecológica que rompa com os paradigmas e as categorias dominantes.

Segundo o Dr. Stefano Mancuso, a inteligência biológica é a “capacidade de resolver os problemas que naturalmente se apresentam a qualquer ser vivente na luta pela sobrevivência”. Entretanto, muitos prejuízos, culturais e religiosos condicionam nossa forma de pensar e de agir em relação ao Ser Vegetal.

Sensibilidade do mundo vegetal

“A diferença de um animal, as árvores são seres estáticos e vivem radicadas na terra. Para sobreviver neste estado, evoluíram para nutrir-se, reproduzir-se e defender-se de um jeito diferente dos animais e estruturam o próprio corpo de forma modular para poder defender-se dos atos externos. Através desta estrutura a predação de um animal não é um problema grave. Em uma árvore não estão presentes órgãos individuais como um cérebro, um coração, os pulmões ou o estômago: isso porque a sua lesão e a sua exportação prejudicaria a sobrevivência do inteiro organismo. Nas árvores nenhuma parte é essencial, as partes individuais interagem para que possam sobreviver autonomamente.” (MANCUSO; VIOLA, Sensibilidade e inteligência do mundo vegetal, p. 106).

Segundo a opinião comum, as árvores são seres inanimados, sem movimento, com a ausência dos sentidos próprios dos seres humanos: audição, olfato, paladar, tacto e visão. O problema é saber se um Ser Vegetal, pelo simples fato de não possuir um órgão, por exemplo o cérebro, não possua a função relativa, ou seja, a inteligência?

Sem inteligência não existiria vida, nem seres viventes e o simples fato de um Ser vivente existir comprova a sua inteligência evolutiva. Qualquer ser vivente tem livre arbítrio, capacidade de tomar decisões, de escolher, com o concurso da própria vontade, e não por simples determinismo, aquilo que é melhor e pior para si mesmo.

Entre o bem e o mal

Escolher, entre o bem e o mal, seria impossível sem o concurso da inteligência. Charles Darwin, o famosos biólogo da origem das espécies e da seleção natural, admitiu a existência da inteligência vegetal:

“Não é exagero dizer que a ponta da raiz de uma árvore é dotada de sensibilidade, tem o poder de dirigir a movimentação das regiões adjacentes, atua como o cérebro de um animal, sendo situado na parte anterior do corpo, recebe os impressões dos órgãos de sentido e dirige a movimentação”. DARWIN, apud MANCUSO.

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Portanto, o ápice radical, representa o centro de comando e de decisão de um Ser Vegetal. Na ponta da raiz encontra-se a inteligência de qualquer Ser Vivente, desde o mono-celular até os organismos mais complexos. Segundo o cientista Stefano Mancuso, a neurobiologia vegetal é uma nova “disciplina científica que estuda a estrutura, função, genética, bioquímica, fisiologia, farmacologia que regulamenta a resposta das árvores aos estímulos externos e internos”.

Um ápice radical

Em outras palavras, estuda-se todos os mecanismos que determinam o comportamento das árvores em respostas ao ambiente e aos sujeitos que se relacionam com elas. Ora, se estes estímulos-respostas não são determinísticos, mas são o resultado de decisões próprias do ápice radical, o centro de comando, podemos afirmar que estamos diante de um comportamento inteligente.

Portanto, saber se o Ser Vegetal é inteligente é apenas uma questão de conceito, de definir e compreender o que é inteligência.

Afinal de contas, todos os conceitos, são conceito desde um ponto de vista e este ponto de vista somos nós, o sujeito que interroga, que pode estar certo, mas que muitas vezes, como a história ensina, pode estar errado, limitado e contingente.

Criacionistas e/ou evolucionistas

Segundo o Dr. Mancuso o homem desde sempre, ocupa a posição de Ser Supremo e, para ser a imagem de Deus, está acima das outras criaturas, acima de todos os seres.

Em princípio foi o verde: uma confusão de células vegetais. Depois Deus criou os animais, e no último o supremo dos seres: o Homem. Na Bíblia, […] o homem é o resultado do supremo esforço divino, o escolhido. Ele faz a sua aparição no final da criação, quando tudo é preparado para ser submetido e governado por ele […] as primeiras células vivente capazes de fazer a fotossíntese apareceram no planeta mais de três mil milhões de anos enquanto o Homo Sapiens, o homem moderno, apareceu a duzentos mil anos. (MANCUSO; VIOLA, Sensibilidade e inteligência do mundo vegetal, p. 9).

Entretanto, o fato que as primeiras células vivente capazes de fazer a fotossíntese apareceram no planeta mais de três mil milhões de anos, não foi suficiente para resgatar a dignidade do Ser Vegetal e no antigo testamento oculta-se a sua existência:

O ser vegetal

Então Deus disse a Noé: “Para mim, chegou o fim de todos os homens, porque a terra está cheia de violência por causa deles. Vou destruí-los junto com a terra. Faça para você uma arca de madeira resinosa […] Eu vou mandar o dilúvio sobre a terra, para exterminar todo ser vivo que respira debaixo do céu: tudo o que há na terra vai perecer […] Tome um casal de cada ser vivo, isto é um macho e uma fêmea e coloque-os na arca […] De cada espécie de aves, de cada espécie de animais, de cada espécie de todos os répteis da terra, tome com você um casal, para os conservar vivos. (Gênesis 6, 13-21) […] Noé soltou a pomba que estava com ele, para ver se as águas tinham secado sobre a terra […] ao entardecer a pomba voltou para Noé trazendo no bico um ramo de oliveira. (GÊNESE 8, 6-12). Segundo Mancuso, para os criacionistas o Ser Vegetal não foi considerado um Ser vivente e, portanto, não foi convidado a entrar na arca da aliança.

Entretanto, o primeiro ato da pomba para conferir a existência da vida na terra é trazer um ramo novo de oliveira. Isto é, sem o Ser Vegetal não pode existir vida na terra.

Em época moderna, irrompe o pensamento Cartesiano que coloca o homem no centro do universo e a existência é medida e subordinada ao critério do cogito, ou seja, do pensamento racional do homem, identificando no homem, o único Ser do universo, inteligente e pensante.

A evolução das espécies e a inteligência vegetal

O De Rerum Natura de Lucrécio (98 a.C – 55 a.C) é considerado uma surpreendente antecipação da teoria evolucionista de Darwin e considera a Natureza como derivado de uma outra coisa da mesma Natureza que lhe dá a vida.

Segundo Lucrécio, acreditamos muito mais nas coisas que vemos do que percebemos, mesmo que muitas das coisas que acreditamos vem de como as percebemos. Os sopros do vento são como as ondas de um rio em plena. Estas destroem tudo aquilo que encontram, capturam e raptam. Portanto, o vento é um rio invisível que atua como um rio invisível. Também cheiramos os odores das coisas, mas não as vemos chegar.

E com os olhos não sentimos o frio e o calor e também não vemos a música. E, todavia, acreditamos em tudo aquilo que percebemos e, não tão somente naquilo que vemos, porque sabemos que somente as coisas materiais se podem tocar, ou ser tocadas por nós. […] Com o olho nu nos damos conta que as coisas se dissolvem pouco a pouco, mas a visão nos impede de perceber as simples partículas que se vão.

A inteligência vegetal e a natureza

As mudanças que o tempo e a Natureza acumulam lentamente nas coisas que crescem, não são observáveis nem com o olho mais agudo […] Portanto, a Natureza age mediante corpos invisíveis, mas reais. (LUCRECIO apud ODIFREDDI, Come stanno le cose, p.40-41). A conclusão de Lucrécio é surpreendente, aquilo que é real é invisível aos olhos. Ele refere-se particularmente à Natureza.

Entretanto, segundo a cultura moderna, o real foi definido através dos cincos sentidos humanos e, isso nos fez acreditar que é real apenas aquilo que tocamos, vemos, sentimos, escutamos, ou no caso de Descartes que pensamos.

Hoje, por exemplo, precisamos da tecnologia para perceber a existência das partículas que movimentam tudo, enquanto na época de Lucrécio, era bem diferente, a inspiração e a percepção determinavam que o invisível era real.

Aristóteles: alma vegetal vs alma racional

Segundo Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), no De Alma, uma alma é simplesmente um princípio de vida: é a fonte das atividades próprias de cada ser vivo. Aristóteles, afirma que os homens não são os únicos seres que possuem alma ou psique; todos os seres vivos a possuem, desde uma pequena flor até uma grande castanheira, ou seja, desde os seres simples até os seres mais complexos.

Entretanto, específica Aristóteles, somente os homens têm uma alma racional, os animais têm alma sensitiva e as árvores têm uma alma vegetativa. Em definitiva, Aristóteles negou ao Ser Vegetal o status de Ser inteligente, com capacidade limitada, apenas para reprodução.

Aristóteles acreditava que uma árvore por falta de movimento, fosse inorgânica e por esta razão atribui-lhe uma alma vegetativa, tendo conotação negativa. Ora todo o pensamento moderno é resumido na pirâmide dos viventes Charles de Bovelles (1479 d.C -1576 d.C).

A pirâmide dos viventes

Na pirâmide dos viventes, o Ser Vegetal é um pouco mais importante do Ser Mineral sendo inferior ao Ser Equino. Todos os seres obedecem e estão subordinados ao Ser Homo, que é existente, vivente, sensível e inteligente, portanto racional e virtuoso. Somente a chegada de Darwin, que confirmará a teoria atomística de Demócrito e Lucrécio, inverterá este quadro e reconhecerá capacidade e, portanto inteligência ao Ser Vegetal, colocando-o justamente, juntos ao homem e a todos os outros seres, no ápice da pirâmide evolutiva.

Isto é, se imaginarmos um planeta sem plantas em pouquíssimas décadas o homem desapareceria porque ele seria privado do seu sustento principal. Toda a existência e a vida humana gira ao redor da natureza, desde o ar que respiramos, os alimentos que comemos, até a roupa que vestimos, são extraídos da natureza.

Em sentido contrário, se o homem desaparecesse do planeta, as plantas, hoje ameaçadas e destruídas pelo próprio homem voltariam a se multiplicar e a repopular o planeta. De fato, as árvores podem viver sem o homem, mas o homem não pode viver sem as árvores.

O experimento da máquina da verdade de Cleve Backster

Em 1966 Cleve Backster (1924-2013), considerado o maior experto na aplicação da máquina da verdade, decidiu aplicá-la não a um ser humano ou a um delinquente de um processo penal, para apurar um crime, mas a uma planta. Segundo Backster, a máquina da verdade é capaz de relevar as emoções do homem e as emoções de um Ser Vegetal.

O galvanômetro é aquela parte do polígrafo revelador que, quando o ser humano é atravessado por uma débil corrente elétrica, move um indicador sobre um gráfico, como reação à imagem mental ou a mais leve emoção […] Em outras palavras, o diagrama evidencia o potencial elétrico do corpo humano e a sua possibilidade de ser mensurado quando é atravessado por um pensamento ou uma emoção.

O processo policial consiste em fazer perguntas detalhadas ao indiciado e em observar quais perguntas causam as reações no diagrama. (P. TOMPKINS ; C. BIRD. La vita segreta delle piante. p.18). O experimento do laboratório de Backster foi de aplicar os eletrodos da máquina da verdade a uma planta do seu escritório. […] Então o autor concebeu um experimento mais radical, ou seja, quis queimar a mesma folha que estava presa aos eletrodos da máquina da verdade.

A inteligência vegetal e a imagem mental

No mesmo momento que teve a imagem mental da chama, e antes de se mover para pegar o fósforo, o diagrama registrou uma mudança repentina e, o indicador, disparou para o alto. Backster não havia feito o menor gesto, nem em direção da planta, nem na direção da máquina da verdade. Era possível que a planta leu no seu pensamento? (P. TOMPKINS ; C. BIRD. La vita segreta delle piante. p.18.)

Backster, algum tempo depois, ideou um segundo experimento. A sua interrogação era a seguinte: se uma árvore é um ser vivo, ela poderia falar, ouvir, sofrer e amar? Para responder a esta pergunta Backster escolheu duas plantas e seis pessoas aleatoriamente.

Uma planta foi colocada aos eletrodos da máquina da verdade enquanto a um dos seis indivíduos, foi dada a tarefa de inferir, violentamente e fisicamente sobre a segunda planta, até a sua destruição. A planta sobrevivente, registrou o acontecimento que tinha presenciado. Em seguida Backster perguntou-se: uma planta tem memória?

Um ser inteligente

Depois de um tempo, os indivíduos do primeiro experimento foram convidados a entrar um por vez no laboratório, aproximando-se a planta cujas emoções deveriam ser relevadas pela máquina da verdade. O galvanômetro, não oscilou na presença dos primeiros cincos indivíduos, mas ao entrar o último sujeito, disparou. Pois, a planta sobrevivente, que foi testemunha da destruição da primeira planta, tinha reconhecido o assassino, reagindo diante de uma ameaça potencial e de um perigo iminente.

Backster, demonstrou que uma planta tem memória, e portanto é um Ser inteligente. Em síntese, o conhecimento científico, não pode ser amarrado aos limites da técnica e ao pensamento racional do homem, mas precisa resgatar a intuição e a consciência fenomenológica de Husserl, questionando e suspendendo o juízo sobre aquilo que pensamos ser inabalável, deixando aberta, sem prejudiciais de métodos ou de conceitos, qualquer pesquisa científica movida por curiosidade e não simplesmente descartada pelo senso comum ou por não ser alinhada aos paradigmas dominantes.

As descobertas do professor Mancuso

O Dr. Mancuso é professor de agrária na Universidade de Florência, diretor do Laboratório Internacional de Neurobiologia Vegetal (LINV) e membro fundador da International Society for Plant Signaling & Behavior.

Mancuso no livro Verde Brillante, sobre a sensibilidade e a inteligência do mundo vegetal, defende a tese de que as plantas possuem todos os sentidos humanos: visão, escuta, tacto, gosto, olfato, mas por causa da evolução da espécie, foram desenvolvidos segundo características próprias dos Seres Vegetais.

O homem, como qualquer animal, possui órgãos específicos e portanto é um Ser indivisível. As árvores, pelo contrário, são organismos estáticos e por esta razão evoluíram de uma forma diferente, construindo um corpo modular, sem órgãos específicos. O motivo desta diferença é óbvio: um predador herbívoro que mutilasse um órgão, cuja função não pudesse ser desenvolvida em outro lugar, produziria a morte da inteira árvore. (MANCUSO; VIOLA, Sensibilidade e inteligência do mundo vegetal, p. 6). Em outras palavras, Mancuso levanta um problema de fundamental relevância:

É mais importante a função ou o órgão?

Uma árvore que está provida do simples órgão, por exemplo o cérebro, mas desenvolveu a função correspondente, isto é a inteligência, pode ser considerada diferente e inferior ao ponto de negar a sua própria inteligência?

É dizer, o fato de que o homem negou a inteligência das árvores, pela simples ausência dos principais órgãos, não é devida a motivações científicas, mas a uma perspectiva antropocêntrica, que desde a revolução cartesiana colocou o homem no centro do universo.

Na sua brilhante investigação, o Dr. Mancuso demonstrou que as plantas possuem todos os cincos sentidos, mais outros quinze sentidos próprios delas e que apenas através da aceitação de uma nova ciência, a neurobiologia vegetal, é possível uma nova definição de inteligência.

Definição de inteligência

Se elegemos a definição de inteligência escolhida pelo Dr. Mancuso, “inteligente é aquele ser vivente capaz de resolver problemas”, descobriremos que as árvores têm uma inteligência bem mais aguçada que qualquer outro ser humano. Portanto, resulta difícil e perigoso, definir exclusivamente a inteligência pelo viés racional do homem o limite a partir do qual uma coisa vivente pode ser definida inteligente ou não inteligente. Tudo isso demanda a escolha de valores e de definições.

Em outras palavras, a definição de inteligência demanda a escolha de uma crença. O que é real e o que não é real, depende da crença, dos conceitos e dos valores que aceitamos como predominantes para a constituição de um paradigma científico. Portanto, uma crença depende da perspectiva do sujeito que postula a pergunta e consequentemente, da aceitação de um tipo de definição em detrimento ou menosprezo de outra.

Entretanto, a ideia de que as plantas sejam seres passíveis, insensíveis e privados de capacidade de comunicação, comportamento e escolhas, é o resultado de uma perspectiva errada da comunidade científica. O mesmo Darwin, provou contra qualquer racional dúvida, que a questão não é assim, enquanto não existem organismos mais ou menos evoluídos: em uma perspectiva darwiniana, todos os seres viventes que habitam a Terra estão no ápice do próprio ramo evolutivo, caso contrário, estariam extintos. (MANCUSO; VIOLA, Sensibilidade e inteligência do mundo vegetal, p. 17).

A inteligência vegetal e Darwin

Segundo Charles Darwin (1809-1882) qualquer Ser vivente está no ápice da própria evolução, é dizer que foi extraordinariamente capaz, ou seja, demonstrou a capacidade de resolver problemas, que como vimos, é o fundamento da definição de inteligência. Portanto, as árvores, pela teoria da evolução darwiniana, tem capacidade de sobrevivência e adaptação ao ambiente, durante milhões de anos, são seres inteligentes.

Darwin, não tem dúvidas, e no livro publicado em 1980 The power of movement in plants, confirma que as árvores são seres de extraordinária inteligência.

Não é uma exageração afirmar que a ponta de uma raiz, assim dotada [de sensibilidade] tem o poder de dirigir a movimentação das regiões adjacentes, atuando como o cérebro de um animal; o cérebro estando localizado na parte anterior do corpo, recebe as solicitações dos órgãos dos sentidos e dirige os diferentes movimentos.(DARWIN, apud, MANCUSO, 2013 p. 112). Darwin ao experimentar a amputação cirúrgica da raiz, observou que a planta perde a sua capacidade sensorial e de movimentação, e portanto, em 1860 chegou à conclusão que na raíz, o ápice radical, é responsável pela movimentação da inteira planta, dirigindo o movimento, sendo sensível aos estímulos ambientais e reagindo a eles.

Estímulos e respostas

Em outras palavras, as árvores têm a capacidade de tomar uma decisão, de escolher e de perceber os estímulos e de dar respostas.

Infelizmente, a opinião pública, o senso comum e, a maior parte da Academia, identifica a função inteligência com o órgão correspondente responsável. Portanto, visto que uma árvore não possui um cérebro, a conclusão é que a árvore não possui a função relativa, a inteligência.

É mais importante o órgão ou a função?

A teoria da evolução, é a demonstração clara de como as árvores sejam seres inteligente e por causa da sobrevivência, não desenvolveram um órgão, mas uma estrutura modular (como as folhas, os ramos e as raízes) em que as diferentes partes, à exceção do ápices radical, não são indispensáveis para a vida do Ser Vegetal.

Em uma planta, as funções não estão relacionadas aos órgãos. Isso significa que os vegetais respiram sem ter os pulmões, se alimentam sem ter uma boca ou um estômago, ficam em pé sem ter uma coluna vertebral ou um esqueleto e são capazes de tomar decisões sem ter um cérebro. (MANCUSO; VIOLA, Sensibilidade e inteligência do mundo vegetal, p. 31).

Em definitiva, para a Neurobiologia Vegetal, as árvores respiram, se alimentam, se movimentam, são capazes de tomar decisões, tem uma alma inteligente e possuem todos os sentidos.

O primeiro sentido: a visão

Segundo o Dr. Mancuso, o ponto de partida é que a visão não necessita de um órgão específico, para poder exercer a sua função. Em outras palavras, uma árvore pode ver sem ter olhos predispostos para a visão. É dizer, a definição de vista é um conceito restrito dentro dos paradigmas dos seres humanos. Ou seja, uma definição é um conceito que depende do sujeito que postula a questão.

Por exemplo, uma definição que partisse da condição de existência dos olhos poderia incluir todos os sujeitos animados que possuem este órgão, excluindo aqueles que não tem olhos; enquanto outra definição poderia partir da função e definir visão através da função. O novo Dicionário Aurélio da língua portuguesa define a visão partindo de duas perspectivas opostas.

A primeira, diz que a visão é “órgão visual; os olhos”, ou seja, faz depender a definição de um órgão específico, portanto aquilo que tem olhos é, enquanto aquilo que não tem olhos não é. A segunda definição faz depender a definição de outro ponto de vista, “faculdade de ver, de perceber, a forma, a cor, o relevo das coisas materiais; visão”.

Pensamentos de Mancuso

Esta segunda definição é muito ampla e cabe perfeitamente para as árvores.

Segundo Mancuso todos os Seres Vegetais desenvolveram amplamente a função de perceber a luz através da fotossíntese. As árvores, obviamente, são capazes de interceptar a luz, de usá-la e de reconhecer tanto a quantidade, quanto a qualidade da mesma, tendo potenciado esta função pelo simples motivo de que a luz é o alimento principal da dieta energética de um Ser Vegetal, baseada na fotossíntese. (MANCUSO; VIOLA, Sensibilidade e inteligência do mundo vegetal, p. 41).

Em outras palavras, para uma árvore é uma questão de sobrevivência a busca da luz, sendo um alimento, uma fonte energética indispensável para sua existência. Portanto, um Ser Vegetal desenvolveu a função da visão, que por definição “é a faculdade de perceber a luz, lutando para a conquista do espaço luminoso vital, na evolução das espécies”.

A inteligência vegetal e o Ser vegetal

No estado de natureza, entre as árvores, trava-se uma luta diária, que levará à sobrevivência do Ser Vegetal, mais apto e rico de luz para a espécie. Segundo Mancuso o investimento energético de uma árvore na busca da luz é o típico comportamento inteligente de um Ser que encontra-se na condição de escolher entre a vida e a morte, através uma espécie de um livre arbítrio biológico.

Uma árvore deve fazer um cálculo, uma escolha de oportunidade entre sobreviver com os recursos energéticos que dispõe e/ou investir a mesma energia em busca de um espaço luminoso vital incerto. A escolha errada, levará a morte certa.

[…] como uma árvore sente e percebe a luz? No seu interior, umas moléculas químicas, agem de foto receptores, que têm a capacidade de receber e transmitir informações sobre a direção dos raios luminosos e a sua qualidade. […] No mundo vegetal todas as faculdades estão localizadas em todas as partes, nenhuma indispensável […] é como se toda a árvore fosse coberta de pequenos olhos. (MANCUSO; VIOLA, Sensibilidade e inteligência do mundo vegetal, p. 43-44).

Uma função vital

Em definitiva, uma árvore não poderia depender apenas de um par de olhos, enquanto qualquer herbívoro, poderia amputar sua função vital, mas milhares de pequenos “olhos receptores de luz” estão espalhados no seu corpo, sobretudo nas folhas.

Portanto, uma árvore, através da visão, direcionada para a fotossíntese e, o comportamento inteligente do livre arbítrio biológico, garante a sua sobrevivência e a evolução da espécie.

De acordo com Darwin “A evolução é a única revolução” (possível). Evolução, não apenas biológica, mas psico-socio-espiritual.

O segundo sentido: o olfato

No mundo vegetal o sentido do olfato é fundamental para a sobrevivência da espécie e às árvores desenvolveram esta função em forma surpreendente. Segundo o Novo Dicionário Aurélio da língua portuguesa o olfato é o “sentido com que se percebem os odores”.

A definição do Aurélio, não fala de órgão, ou seja, o nariz, mas sim da função, a sensibilidade de perceber odores. Em outras palavras, a percepção de sentir odores determina o sentido do olfato.

As plantas usam os “odores” e mais precisamente as moléculas chamadas BVOC (Biogenic Volatile Organic Compounds, Compostos Orgânicos Voadores de Origine Biogênica) para receber informações do ambiente e para comunicar entre eles e os insetos, isto acontece em continuação. […] Todos os odores produzidos pelos vegetais, por exemplo, aqueles produzidos pelo alecrim e pelo limão correspondem a mensagens específicas: são as “palavras” das árvores, seu dicionário. (MANCUSO; VIOLA, Sensibilidade e inteligência do mundo vegetal, p. 47).

Mensagem olfativa

Segundo o Dr. Mancuso, as plantas utilizam milhares de células, presentes e espalhadas na superfície, como receptores de substâncias voadoras, capazes de detectar os odores, sob forma de sinais e transmitir as informações a todo o organismo. As informações, em forma de moléculas olfativas, constituem uma verdadeira linguagem, um código de sinais, e portanto uma comunicação cujo fim específico é a proteção do Ser Vegetal de qualquer ameaça, sob forma de atração ou de repulsão.

Por exemplo, uma árvore pode enviar uma mensagem olfativa de repulsão, afastando a ameaça de um herbívoro que está atentando sua vida, mas também, pode mandar uma mensagem olfativa de atração do inimigo do Ser que está ameaçando a sua sobrevivência, que neste caso torna-se seu melhor amigo.

Em outras palavras, existe entre as árvores uma espécie de linguagem universal perfumada, que em um futuro próximo poderia ser codificada através de um símbolo para cada emissão olfativa produzida.

A inteligência vegetal e a linguagem ecológica

É dizer, o homem poderia entender a linguagem de um ser vegetal, por exemplo, se uma emissão olfativa de tipo A corresponda a um estado de tristeza, uma emissão de tipo A1 a um estado de dor, uma de tipo A2 de pedido de socorro, ou simplesmente uma emissão B a um estado de felicidade, ect.

Isto é bastante promissor, o início de uma revolução da linguagem ecológica, o alicerce de uma espécie de Código Morse olfativo, entre mundo animal-humano e mundo vegetal. Luther Burbank (1849-1926), é o primeiro botânico moderno, que testou com as árvores uma inovadora técnica de comunicação: o amor.

Um sentido especial: o amor

A hipótese de Burbank era que as árvores entendiam e que se podia eficazmente falar com elas. O caso mais famoso é aquele da árvore: Opuntia sem espinhos.

A Opuntia é uma espécie de cactus que foi objeto do “experimento de amor” de Burbank. Todos os dias, desde o nascimento, o botânico repetia para o cactus, que não precisava ter medo, infundindo segurança e proteção para ele. A relação que se estabeleceu entre Burbank e a Opuntia, foi a mesma dos pais com o próprio filho (a). O resultado surpreendente desta linguagem de amor é típica de uma relação paterna e materna.

O pai e a mãe são responsáveis pelo cuidado e a proteção dos filhos e a Opuntia cresceu sem ameaças externas e sem desenvolver as defesas. A Opuntia, este especial captus, através da linguagem do Amor, cresceu sem espinhas.

Terceiro sentido: o gosto

Segundo o Dr. Mancuso, nos vegetais e nos animais, a função gustativa e olfativa, são relacionadas. Em particular às árvores, através de receptores de substâncias químicas presentes nas raízes exploram o terreno em busca de alimentos.

[…] a habilidade das raízes de reconhecer quantidades infinitesimais de sais minerais, escondidas em muitos metros cubos de terra. […] Percebendo as infinitesimais substancias químicas presentes no terreno, as raízes demonstram de ter um paladar muito superior a qualquer animal. As raízes degustam em continuação o terreno em busca de nutrientes “gostosos” como nitratos, fosfatos ou potássio, que conseguem localizar com extrema precisão, inclusive quando sua presença é limitada. (MANCUSO; VIOLA, Sensibilidade e inteligência do mundo vegetal, p. 49).

Segundo o Aurélio, o gosto é definido como o “sentido pelo qual se percebe o sabor das coisas; paladar, sabor”. Mas gosto é também a “faculdade de julgar os valores estéticos segundo critérios subjetivos, sem levar em conta normas preestabelecidas: gosto requintado, falta de gosto”. De fato, o Dr. Mancuso acabava de descobrir outro comportamento inteligente, uma árvore que, através do livre arbítrio biológico, tem capacidade de escolha, orientando as próprias raízes em direção à fonte nutriente.

A neurobiologia vegetal

Entretanto, o fato de pensar que um Ser Vegetal possa ter gosto ao ponto de comer os nutrientes necessários para sua sobrevivência, tais como os minerais, parece bastante natural e lógico, uma função relacionada às leis da natureza de que propriamente a um comportamento inteligente da Neurobiologia Vegetal.

Desde outra perspectiva, resulta difícil, imaginar ou simplesmente pensar que uma árvore possa ter este sentido, o gosto, sem possuir uma boca ou um paladar, ou seja, um órgão específico. Darwin em 1875, demonstrou a existência de árvore insetívoras, ou seja, árvores que se alimentam de insetos, porque são predadores e carnívoras.

[…] a Nepenthes, é capaz de caçar e matar pequenos mamíferos. A ideia de que existiam árvores que se alimentavam com carne, no final do século passado, era ainda impensável. O motivo, como sempre, é de tipo evolutivo. A um milhão de anos que essas espécies evoluíram em ambientes húmidos, em que o azoto, necessário para a vida, constituinte fundamental para a produção de proteínas, era insuficiente […]. A solução ao problema chegou pela parte superior: com o passar do tempo, estas árvores modificaram a forma das folhas, transformando-as em predadoras de azoto líquido, ou seja, de insetos. (MANCUSO; VIOLA, Sensibilidade e inteligência do mundo vegetal, p. 54).

Um processo digestivo

Segundo o Prof. Mancuso existe um processo digestivo que através da produção de enzimas é transformado em alimentos. Ora, o fato que um Ser Vegetal, seja capaz de se alimentar através de um inseto, e não tão somente de sais minerais, é a demonstração de que existe capacidade de escolha e, portanto, liberdade entre os nutrientes disponíveis na Natureza.

Em definitiva, o Ser Vegetal se alimenta daquilo que é mais gostoso: tem o paladar requintado de um chef do gosto.

Quarto sentido: o tacto

A pergunta é se uma árvore tem sensibilidade: é sensível ao tacto? A definição de tacto é “o sentido através do qual se percebem as sensações mecânicas, dolorosas, térmicas, de contato”. Este é o caso da mimosa pudica, chamada “a sensitiva”.

[…] a mimosa pudica é um particular tipo de mimosa – chamada “sensitiva” – que ao ser levemente tocada, recua as folhas, como se fosse tímida (esta sua atitude origina o nome). […] não é um reflexo condicionado, mas um verdadeiro comportamento da árvore […] parece ser uma estratégia defensiva […] inclusive, é capaz de distinguir os estímulos e de mudar o próprio comportamento, não se fechando mais, após ter aprendido que um estímulo não é perigoso. (MANCUSO; VIOLA, Sensibilidade e inteligência do mundo vegetal, p. 57-58).

O caso da mimosa pudica, não é um típico caso de behaviorismo , ou seja, de ação-reação, é dizer de estímulo-resposta automática e previsível. Estamos diante de um comportamento inteligente, de analisar o tipo de ação e de escolher o tipo de resposta. Isto é, a resposta não é predeterminada, mas é o resultado da capacidade de livre escolha.

O caso da mimosa não é único

Pois, na natureza existem outras espécies com esta função e sensibilidade, é o caso das plantas carnívoras, que sentem os insetos e os capturam, mas também é o caso do ápice radical que testa o terreno em busca de água e sais minerais.

Segundo o Prof. Mancuso, a Ipomea Purpurea, uma planta rampante, representa um evidente caso de tacto de um Ser Vegetal, que evita os objetos direcionando seu crescimento.

O quinto sentido: o ouvido

Ora bem, para que exista uma comunicação entre as árvores seria necessária uma função específica, o ouvido.

Segundo o Aurélio, para ouvido entende-se a “faculdade de ouvir, de perceber os sons; a audição” e para ouvido absoluto, a “capacidade, adquirida mediante o aperfeiçoamento de uma disposição congênita, para classificar um intervalo entre dois sons, identificar um som único, e até distinguir os sons que constituem um acorde”.

De fato, um Ser Vegetal sabe fazer tudo isso, mas a maioria nega ou desconhece esta importante função. Assim como os outros sentidos, estamos acostumados a associar o real, a um órgão, as orelhas.

[…] os sons são em realidade vibrações, que em formas de ondas sonoras se movem no ar e são captadas pelas membranas auriculares. […] o tímpano traduz as ondas sonoras em um sinal elétrico, que através do nervo auditivo transporta a informação ao cérebro. (MANCUSO; VIOLA, Sensibilidade e inteligência do mundo vegetal, p. 62).

Transmissão sonora

Segundo Mancuso, o ar é o meio de transmissão sonora fundamental, sem ar não haveria comunicação. No caso dos Seres Vegetais, o meio de transmissão das mensagens é a terra. Isto é, as ondas sonoras fazem vibrar a terra e chegam a milhões de pequenos receptores capazes de perceber o som.

É o caso da “vinha de Mozart” na Toscana, onde um agricultor decidiu cultivar a própria vinha com um ingrediente especial, a música de Mozart.

Os resultados são surpreendentes: as uvas que receberam o tratamento musical, não apenas cresceram mais, mas também conseguiram uma maturação plena antes do tempo. Através da música às vinícolas produziram uma uva mais saborosa e colorida. […] iniciou-se uma nova revolução no campo da agricultura biológica: a agricultura fonobiológica. (MANCUSO; VIOLA, Sensibilidade e inteligência do mundo vegetal, p. 63-64). A música é uma forma de comunicação. A comunicação é uma forma de linguagem. Ergo, pelo silogismo lógico a música é uma forma de linguagem, porque fala para o corpo, a pele, o metabolismo e a sensibilidade emocional do indivíduo e de qualquer outro ser no planeta.

A inteligência vegetal e música

A música não tem a ver apenas com aquilo que se escuta, mas também com aquilo que interfere com o pensamento, o raciocínio e a capacidade de medição integral do homem. A música utiliza símbolos e códigos, ou seja, uma forma para representar um tipo particular de discurso. As notas musicais utilizam símbolos que constituem as sete notas musicais: DO, RE, MI, FA, SOL, LA, SI. A cada nota musical pode se correlacionar também um signo.

Talvez exista uma íntima relação entre as tonalidades das notas e o alfabeto, entre determinado som percebido pelos ouvidos e determinada vogal ou consoante associada pelos ouvintes, ou simplesmente, poderia ser pensada e estudada uma associação entre as notas e o alfabeto. As vibrações musicais, podem ser representadas por uma escala de diferentes graus e intensidade.

A música é movimento, é propagação de vibrações, ondas sonoras em graus e tons diferentes. Sua intensidade pode ser percebida pelo homem e representada por um número matemático. Segundo Mancuso aquilo que favorece a germinação das sementes e uma certa maturação da uva na Toscana, não é seu gênero musical, mas sim as frequências sonoras.

A agricultura biológica

Em um futuro próximo poderão ser abertos e explorados novos horizontes no campo da agricultura biológica, sem venenos e substâncias químicas.

[…] algumas frequências, sobretudo aquelas baixas (entre 100-500 Hz) favorecem a germinação das sementes, o crescimento das plantas e o alongamento da raiz; enquanto outras frequências, mais altas, produzem um efeito inibitório. (MANCUSO; VIOLA, Sensibilidade e inteligência do mundo vegetal, p. 64).

Neste caso existe a capacidade passiva das árvores de ouvir a música, mas também existe a capacidade ativa de se comunicar através das raízes com uma técnica que é conhecida com o nome de “clicking”. Esta descoberta, abre horizontes totalmente novos sobre a comunicação vegetal: o fato que as raízes emitam sons e que sejam inclusive capazes de percebê-los, parece configurar a existência de uma verdadeira e específica nova comunicação subterrânea. (MANCUSO; VIOLA, Sensibilidade e inteligência do mundo vegetal, p. 65).

A linguagem das árvores

Em outras palavras, estamos diante de uma forma especial de linguagem, que utiliza um canal sonoro. Talvez no futuro a humanidade possa descobrir um sistema de códigos, uma técnica ou um instrumento para uma verdadeira comunicação com o Ser Vegetal, como por exemplo aquela de associar a cada vibração, a cada som, um símbolo, um alfabeto que nos permita decifrar a linguagem das árvores e vice-versa.

Talvez, a descoberta mais surpreendente e revolucionária do século XXI seja admitir que as árvores são inteligentes e falam, mas a limitada capacidade de escuta do homem, não possa ou não queira compreendê-las.

A comunicação na natureza

Segundo o Aurélio comunicação é “ato ou efeito de emitir, transmitir e receber mensagens por meio de métodos e/ou processos convencionados, quer através da linguagem falada ou escrita, quer de outros sinais, signos e/ou símbolos, quer de aparelhamento técnico especializado, sonoro e/ou visual”.

As árvores possuem uma sensibilidade extra sensorial superior aos homens e comunicam através da emissão, não de palavras, mas de notas olfativas, de moléculas químicas, que o homem com seus limitados sentidos não pode captá-las e decifrá-las.

A existência da comunicação vegetal não pode ser relegada à capacidade de entendê-la do homem ou ao reconhecimento da comunidade científica ou, simplesmente, a qualquer descoberta tecnologia capaz de decodificar um sinal olfativo e traduzi-lo. A comunicação na Natureza acontece o tempo todo, sem que o homem possa percebê-la.

A inteligência vegetal e as células vegetais

Para Massimo Maffei, professor da Universidade de Turim na Itália, o silêncio das plantas é somente aparente e isso depende do fato que o homem ainda não conseguiu decifrá-la e, portanto, entendê-la. As árvores se comunicam entre elas através da emissão de moléculas que representam um código de comunicação que adverte um perigo iminente, podendo reconhecer um dano natural produzido por outro herbívoro.

Neste caso, explica Maffei, as folhas enviam uma mensagem, um sinal, um aviso de potencial ameaça ao resto da planta. As células vegetais podem receber, transmitir e elaborar estímulos externos e processá-los. Ora bem, as moléculas emitidas funcionam como palavras e símbolos que agrupadas formam um discurso.

No dicionário Aurélio, amplia-se o significado de linguagem:

“Tudo quanto serve para expressar ideias, sentimentos, modos de comportamentos” […] Todo sistema de signos serve de meio de comunicação entre indivíduos e pode ser percebido pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva a distinguir-se uma linguagem visual, tátil, ect. (Afetiva, articulada, auditiva, cognitiva, mecânica, figurada, lúdica, referencial ou simbólica), ou, ainda, outras mais complexas, constituídas, ao mesmo tempo, de elementos diversos”.

(AURÉLIO. Novo dicionário da língua portuguesa, p. 1035). Segundo o Aurélio, tudo aquilo que serve para comunicar é linguagem, mas ele mantém uma posição conservadora, porque restringe a linguagem à “comunicação entre indivíduos e pode ser percebido pelos diversos órgãos dos sentidos”.

Tudo isso, na terminologia Popperiana é uma verdade falseável, ou seja, uma verdade que admite uma prova contrária, porque, como vimos, as árvores podem ouvir (função) sem ter orelhas (órgãos) e podem falar (função) sem ter uma boca (órgão).

A linguagem inconsciente

A Psicanálise descobriu que a linguagem pode constituir-se indiretamente, como linguagem inconsciente.

Segundo Jacques Lacan, o maior psicanalista contemporâneo, propôs a ideia de que o inconsciente é estruturado como uma linguagem, o que significa que a estrutura do inconsciente é a mesma da linguagem. Ele expressou essa ideia por meio das fórmulas. O inconsciente é estruturado como uma linguagem e A linguagem é condição do inconsciente.

Na perspectiva Psicanalítica, os sintomas tornam visível aquilo que é invisível. Quando a voz cala, o corpo grita.

Comunicar é vital (essencial) para cada ser vivente: permite evitar os perigos, permite acumular experiências, conhecer o próprio corpo e o ambiente. Por qual motivo, este simples mecanismo deveria ser excluído para as árvores? Simplesmente porque não possuem um cérebro?

Transmissor de mensagens

Na realidade não existe nenhuma razão pela qual um organismo privado de cérebro não possa ser capaz de transmitir mensagens […] Para transportar informações de um lado a outro do próprio corpo, um vegetal utiliza signos não somente elétricos, mas também hidráulicos e químicos. (MANCUSO; VIOLA, Sensibilidade e inteligência do mundo vegetal, p. 72-73).

Segundo Mancuso, a principal forma de linguagem vegetal é de tipo elétrico e utiliza a comunicação entre as células. Entretanto, quando as distâncias são maiores, os vegetais utilizam o sistema vascular, isto é, um sistema hidráulico, sem necessidade de um coração para a drenagem.

O motivo desta circulação interna […] é que a água é absorvida pelas raízes é perdida por transpiração das folhas em grande quantidade, e tem que ser continuamente integrada, enquanto os açúcares produzidos pela fotossínteses – que representam a principal fonte de energia da planta – devem ser transferidos de contínuo do local de produção (as folhas) as outras partes do organismo. (MANCUSO; VIOLA, Sensibilidade e inteligência do mundo vegetal, p. 74).

A comunicação verbal e a inteligência vegetal

A linguagem, não é apenas a comunicação verbal geralmente conhecida, mas qualquer forma de comunicação que vise expandir, transmitir e elaborar conhecimento, transmitir experiências, emoções. Maffei, examina o caso particular dos danos abióticos de uma planta que está sendo atacada pelo herbívoro. A planta emite uma mensagem química sob forma de cheiro, ou seja, pede ajuda ao inimigo do inimigo. Ora, o inimigo do inimigo, torna-se o amigo da mesma planta ameaçada.

Portanto, a planta ameaçada recorre a uma interessante forma de comunicação e de comportamento inteligente para se proteger do herbívoro, atraindo o inimigo do seu inimigo.

O principal objetivo da vida é a defesa do patrimônio genético, ou seja, a defesa de si mesmo e dos próprios consanguíneos: pais, irmãos e filhos. […] Uma árvore, portanto, antes de atacar ou de se defender, faz uma avaliação do potencial inimigo, e se encontra nele uma afinidade de tipo genético, em vez de competir, busca cooperar. (MANCUSO; VIOLA, Sensibilidade e inteligência do mundo vegetal, p. 79-81). Segundo Mancuso, existe um complexo sistema de relações sociais entre as árvores para valorizar o semelhante e competir com o diferente, em busca de espaço vital.

O transporte do néctar: inteligência vegetal

Segundo o Dr. Mancuso, entre seres vegetais e os insetos existe um “verdadeiro diálogo químico” para a solução de problemas. A finalidade desta comunicação é a reprodução, que acontece através do transporte do néctar. Segundo Mancuso, “é apurado que o néctar é produzido para esta única finalidade: ser usado para troca do transporte do pólen”.

Esta comunicação é originada por motivos de sobrevivência, em troca de uma substância doce, o animal deposita o néctar sobre as plantas da mesma espécie, em caso contrário, se o néctar fosse depositado em uma espécie não afim não serviria para reprodução, implicando a morte da espécie vegetal.

O professor Mancuso utiliza a expressão “fidelidade de bottinamento”:

[…] uma abelha se mantém fiel durante o dia inteiro com as flores da mesma espécie que visitou durante a manhã […] do ponto de vista de uma planta, esta fidelidade é de absoluta importância. Uma planta, não teria nenhum interesse em produzir néctar se seu “pólen” fosse desperdiçado. (MANCUSO; VIOLA, Sensibilidade e inteligência do mundo vegetal, p. 94). Este caso de fidelidade representa uma perfeita comunicação entre Seres diferentes.

Em definitiva, se existe comunicação entre um vegetal e um animal, e se o homem é uma espécie evoluída de animal, dotado de razão e inteligência, porque não pode existir comunicação entre um ser humano e um ser vegetal?

Considerações finais sobre a inteligência vegetal

A revolução científica, que encontrou no modelo mecanicista de Galileu o seu paradigma fundamental, atingiu todos os setores do saber humano. O progresso técnico aparece como o eixo mágico que orienta a direção da história, na linha do progresso tecnológico, na certeza da infalibilidade da razão moderna e do saber a serviço do fazer.

Na visão moderna do mundo, muda a relação do homem com a Natureza, o conhecimento humano não é mais apoiado na astrologia ou na Physis como para os antigos, mas está refém de uma nova ciência que se funda na doutrina da razão e no domínio absoluto da tecnologia. De fato, Galileu consagra a decadência do conhecimento religioso regedor do mundo, de exclusivo domínio da igreja. O poder religioso tinha consagrado a onisciência de Deus, como fonte do saber, da vida e inspiração da lei natural e eterna.

Deus era o centro do universo, causa primária e paradigma para fundamentar ideias, realidade e o próprio homem. Conhecer Deus era afinal conhecer o Ser enquanto imagem de Deus, fonte de verdade e conhecimento, o meio para a explicação do cosmos e da natureza.

A inteligência humana e a inteligência vegetal

Porém, segundo Hegel, “Galileu retirou a terra do centro do universo e colocou a inteligência do homem no centro do mundo”. Este foi o maior desacerto histórico: todos os paradigmas foram criados, definidos e limitados pela razão humana. O universo foi definido a partir do limitado e contingente saber humano.

Porém, se nosso horizonte cultural, social e econômico nos permite fazer experiências limitadas e condicionadas, se a nossa educação racional, é forjada dentro os paradigmas econômico-culturais-tecnológicos do ocidente, se o homem moderno é transformado em um “projeto jogado”, ocorre refletir sobre o que é real e verdadeiro e sobre o que é manipulado.

A sociedade moderna repousa na certeza de uma razão universal, as ciências são dependentes da econômica e da técnica, produzindo paradigmas, métodos, pesquisas e conceitos. Em razão disso houve a perda da aura da experiência e a perda do valor da Natureza em favor do progresso e do consumo.

A inteligência vegetal e a liberdade

Para os antigos a natureza tinha poder sobre a técnica. Por exemplo, o navio fende o mar, mas o mar logo se recompõe. O machado racha a terra, mas a terra logo se recompõe. O avião rasga as nuvens do céu, mas as nuvens logo retomam sua forma. Contrariamente, na época moderna o homem perde o sentido do limite e o bem comum é trocado pela liberdade e a barbárie.

Ora bem, a liberdade que a humanidade precisa não é a liberdade econômica, mas a liberdade da economia; não é a liberdade política, mas a liberdade da política, não é a liberdade tecnológica, mas a liberdade da tecnologia, não é apenas a liberdade para-si, mas a busca da verdade em-si.

A maior liberdade brota dentro do Ser: a liberdade psíquica. A liberdade e a verdade são um par inseparável. Só é verdadeiramente livre quem age inspirado pela verdade em-si.

A liberdade psíquica

Ora bem, se não existe liberdade psíquica, mas apenas o livre arbítrio, a pessoa, sob a ilusão ótica do progresso ilimitado, sente-se independente e livre, mas acaba cumprindo o fetiche do feiticeiro, relegando o ser a um mero acidente e não a um protagonista da sua própria história.

O maior luxo da vida é a liberdade psíquica

Luxo é conseguir a liberdade da dor e dos traumas do passado que impedem a vida de florescer, de ser uma vida ativa e plena e que possa dar frutos. SE VOCÊ neste momento está SOFRENDO e quer RENASCER para a VIDA, PROCURE AJUDA de um PSICANALISTA CLÍNICO preparado e engajado.

O Dr. Bonatti ajuda você a resolver todo tipo de problema e desafio na vida. Lhe convida a buscar a luz do autoconhecimento, da cura e a ler atentamente seus outros escritos publicados na revista IBPC (Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica, SP).

As árvores têm saúde psíquica

Hoje é evidente que a diferença entre as árvores e os animais não é qualitativa, mas quantitativa. Os animais usam a matéria e a energia produzida das árvores. As árvores, por sua vez, usam a energia solar produzida para a satisfação das próprias necessidades. Os animais dependem das árvores, as

árvores dependem do Sol. […] as árvores são as intermediárias entre o Sol e o mundo animal […] As plantas têm, portanto, uma função universal para a vida do Planeta. Os animais (incluindo o homem) não. (MANCUSO; VIOLA, Sensibilidade e inteligência do mundo vegetal, p. 135).

Os recentes estudos de Neurobiologia Vegetal, demonstraram, que precisamos considerar o Ser Vegetal, como um Ser evoluído e inteligente, capaz de memorizar informações, de comunicar com outros vegetais e animais, que possui um ápice radical que funciona como um cérebro e é capaz de livre escolha, entre solicitações externas e respostas voluntárias.

Uma evolução ecológica

Apenas uma revolução ecológica copernicana, que parta da consciência individual, permitirá acolher o Ser Vegetal, não simplesmente como um bem patrimonial, um simples objeto de direito, mas como um novo sujeito de direito, titular de direitos inalienáveis, como o direito à vida.

A mudança precisa investir todas as áreas epistemológicas, incluindo a Psicanálise Clínica, cuja missão será libertar o homem da prisão da razão conformista, dos modelos ideais do ego que ultrapassem uma visão antropocêntrica e abrace um modelo plural e global de convivência, redescobrindo metas e valores autênticos.

Segundo Einstein, “o pensamento tem um olho aguçado para os métodos e os instrumentos, mas é cego quanto a fins e valores”.

A inteligência vegetal e a humanidade

Hoje, a terra que acolheu a humanidade como uma verdadeira mãe (Pacha mama) precisa de cuidado e proteção exatamente como um filho (a) durante todas as fases do desenvolvimento de Freud. A relação afetiva de amparo, proteção e nutrição mãe (natureza) e filho (homem) hoje está invertida. Os filhos (às) precisam desenvolver a função materna com a própria natureza.

Qual filho (a) não cuidaria da agonia da sua velha mãe? Qual o tamanho da sua compaixão, gratidão e cuidado com sua mãe Natureza?A Natureza chama e Você é chamado a fazer uma escolha: suas ações, atitudes e pensamentos podem fazer a diferença. Você não está aqui apenas para ocupar espaço na terra ou para ser uma figura de fundo na história de outra pessoa, um espectador no teatrinho da vida.

Pense nisso: o mundo não seria o mesmo sem a sua presença. Cada lugar que você já pisou, cada pessoa com quem já se cruzou, tudo teria um impacto diferente com ou sem você. Nossa existência faz parte de uma rede invisível de conexões que moldam o universo. Somos todos interligados, e nossas escolhas, palavras e atitudes e até mesmo nossa simples presença no mundo (Dasein) têm o poder de transformar vidas ao nosso redor, para o bem ou para o mal.

A inteligência vegetal: vida é assim, cada escolha, uma consequência

Escolha não apenas ser diferente, escolha ser único e especial, escolha varrer os prejuízos, os preconceitos e as falsas categorias e certezas da sua mente. Escolha suspender o juízo até buscar o conhecimento e educar a mente para novos horizontes, saberes, decisões e valores.

Segundo Einstein: “Tudo aquilo que o homem ignora não existe para ele. Por isso que o universo de cada um, se resume no tamanho do seu saber”. Segundo Nicolau de Cusa, “somos doutos ignorantes”, ou seja, sabemos de não saber nada, mas pensamos e agimos querendo imitar e emular a Deus.

Contudo, o mistério do universo e a alquimia da Natureza permanece inconsciente e desconhecido para a consciência e o coração do Homo sapiens.

Artigo escrito por Dr. Marco Bonatti. Doutorado em Psicologia na Argentina; é Analista Reichiano do Corpo e do Caráter; Psicanalista Clínico, Hipnoterapeuta e colunista no IBPC de SP. O Dr. Bonatti ajuda você a superar todos os conflitos psíquicos e desafios da vida. Faça análise e terapia diretamente em videoconferência, no conforto da sua casa. EXPERIMENTE A PRIMEIRA SESSÃO GRATUITA! Escreva uma mensagem no WhatsApp explicando seu problema: +55 (85) 994263190 E-mail: [email protected] Telegram: DrMarcoBonatti

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