Olhar Psicanalítico

Um Olhar Psicanalítico e Cultural Sobre o Amor

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Hoje falaremos sobre o olhar psicanalítico. A psicanálise, com suas raízes profundamente fincadas nas teorias de Freud, vê o amor como um complexo entrelaçamento de desejos e transferências, onde o objeto amado é frequentemente idealizado e carregado de significados que transcendem a própria pessoa.

O olhar psicanalítico: Freud, em sua obra Narcisismo

Uma Introdução, sugere que o amor é um estado em que o sujeito se sente igual ao objeto amado, alcançando um ideal inatingível, uma busca incessante que molda a experiência humana do amor. No entanto, este ideal, muitas vezes, é uma projeção do narcisismo do indivíduo, uma tentativa de encontrar no outro aquilo que falta em si mesmo.

Segundo Freud, nossos primeiros relacionamentos afetivos, especialmente com os pais, moldam nossa capacidade de amar e ser amado. A psicanálise também destaca o papel dos processos inconscientes, como a transferência, onde sentimentos e desejos reprimidos são projetados em outras pessoas, muitas vezes influenciando nossas relações amorosas.

Além disso, a psicanálise sugere que o amor pode ser uma tentativa de satisfazer desejos inconscientes e de completar partes de nós mesmos que consideramos faltantes. Isso pode explicar por que, às vezes, nos sentimos inexplicavelmente atraídos por certas pessoas ou por que certos relacionamentos parecem predestinados.

O olhar psicanalítico e o inconsciente

A ideia de que opostos se atraem; pode ser vista sob a luz da psicanálise como uma busca inconsciente por características que nos complementam. A psicanálise também aborda o conceito de amor narcísico, onde o amor por outro é, na verdade, um reflexo do amor por si mesmo.

Isso pode levar a relacionamentos onde a preocupação com o outro é superficial e o foco está em como o outro serve para reforçar a própria autoimagem. Em contrapartida, o amor maduro, segundo a psicanálise, envolve reconhecer e aceitar o outro como um indivíduo separado, com desejos e necessidades próprias.

A neurociência, por sua vez, contribui para essa visão com a compreensão de que substâncias químicas como a dopamina, oxitocina e serotonina desempenham um papel crucial na sensação de prazer e felicidade associada ao amor.

A dopamina e o amor

A dopamina está relacionada à sensação de recompensa e motivação, a oxitocina é conhecida como o hormônio do amor e está associada ao vínculo emocional e à formação de laços afetivos duradouros, e a serotonina regula o humor e a ansiedade, influenciando nossas emoções durante o processo de apaixonar-se.

A psicanálise nos convida a explorar essas profundezas, a reconhecer as ilusões do amor e a enfrentar as verdades muitas vezes desconfortáveis que se escondem sob a superfície de nossos desejos mais profundos. Ao fazer isso, podemos começar a entender melhor não apenas o amor, mas também a nós mesmos e as forças inconscientes que nos movem.

O amor, então, é visto não apenas como um sentimento, mas como um campo dinâmico de fenômenos, onde as complexidades do eu, do outro e da cultura se entrelaçam de maneiras que continuam a fascinar e desafiar psicanalistas, psicólogos e pensadores de todas as disciplinas.

O olhar psicanalítico e o romantismo

A cultura influencia profundamente o modo como o amor é percebido e expresso, com cada sociedade moldando suas próprias normas e expectativas em torno desse sentimento tão universal. Em nossa cultura contemporânea, o amor é frequentemente romantizado, visto como uma força redentora e transformadora, capaz de superar obstáculos e unir pessoas de maneiras extraordinárias.

No entanto, essa visão pode às vezes obscurecer as realidades mais complexas e até mesmo dolorosas do amor, como a dependência, o medo da perda e a vulnerabilidade que acompanham a intimidade profunda. A cultura também afeta a dinâmica de poder dentro dos relacionamentos amorosos.

Em algumas culturas, há uma expectativa de que um parceiro desempenhe um papel dominante, enquanto o outro é mais submisso. Essas dinâmicas podem ser internalizadas desde cedo e influenciar a maneira como as pessoas se comportam e o que elas esperam de seus parceiros.

A música e a cultura

A música, em muitas culturas, é um veículo poderoso para expressar o amor. No Brasil, a diversidade rítmica e lírica da música popular reflete a rica mistura cultural do país, com letras que abordam temas de amor, saudade e festa, valores profundamente enraizados na identidade cultural brasileira.

Essas canções não apenas contam histórias de amor, mas também moldam a maneira como o amor é sentido e expresso. Os romances de amor, amplamente disseminados pela cultura pop, têm um impacto significativo na percepção do amor.

Eles muitas vezes idealizam relacionamentos e estabelecem padrões que podem influenciar as expectativas das pessoas sobre suas próprias experiências amorosas. As adaptações cinematográficas e as novelas e séries de TV e de streaming  perpetuam essas narrativas e podem reforçar a ideia de que o amor deve ser dramático e consumidor.

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    As emoções humanas no olhar psicanalítico

    Além disso, a visão biológica do amor, que tende a vê-lo como uma emoção humana básica, é contrastada por perspectivas culturais que sugerem que o amor é um fenômeno cultural, emergindo em parte devido a pressões sociais e expectativas.

    Isso implica que a maneira como experimentamos o amor pode ser profundamente influenciada pelo contexto cultural em que estamos inseridos.

    Esses exemplos ilustram como a cultura pode moldar o amor de maneiras específicas, influenciando não apenas as expressões de amor, mas também as expectativas e experiências subjacentes. Ao explorar essas influências culturais, podemos começar a desvendar as complexidades do amor e entender como ele é simultaneamente uma experiência pessoal e um fenômeno socialmente construído.

    A Psicanálise e as relações humanas

    A psicanálise não vê o amor apenas como uma emoção, mas como um complexo entrelaçamento de fatores biológicos, psicológicos, sociais e culturais. Ela nos convida a explorar as profundezas de nossos desejos e medos, e a entender como esses elementos inconscientes influenciam a maneira como percebemos e vivenciamos o amor.

    Ao fazer isso, podemos começar a entender melhor não apenas nossas próprias ações e reações, mas também as complexidades das relações humanas.

    Em suma, o amor na perspectiva psicanalítica é uma jornada de autoconhecimento e crescimento, onde cada experiência amorosa é uma oportunidade para descobrir mais sobre nós mesmos e sobre a natureza humana.

    Conclusão sobre o olhar psicanalítico

    A cultura molda nossa percepção do amor de maneiras complexas e multifacetadas. Ela não apenas define o que o amor significa para nós, mas também como buscamos, expressamos e sustentamos o amor em nossas vidas.

    Ao entender como a cultura influencia nossa percepção do amor, podemos começar a questionar e expandir nossas próprias definições e experiências desse sentimento tão poderoso e transformador.

    Artigo escrito por Julieta Pedrosa. Analista em formação. Graduada em Arquitetura e Urbanismo/UFRJ. Pós-graduada em Análise e Avaliação de Projetos/FGV. Formada em Gemologia e CAD/CAM pelo GIA-Gemological Institute of America, com diversos cursos nacionais e internacionais na área da Joalheria. Designer de joias no Julie Joias Brasileiras Atelier. Escritora, professora de História da Joalheria e de Gemologia. Livro: Pequenos Contos no Espelho https://www.amazon.com.br/Pequenos-Contos-Espelho-suspenses-descobrir-ebook/dp/B0CX89NTND/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&crid=2MDXM83ACCYG3&dib=eyJ2IjoiMSJ9.JvDEIw7alBwNkCsnCc55pmoC3kvvmNNLkekOadrsUl3GjHj071QN20LucGBJIEps.VIVyPvsPTetH6h6vq0iABN3yAHp_8SOLe9dv-kL0yfk&dib_tag=se&keywords=julieta+pedrosa&qid=1721843385&s=digital-text&sprefix=julieta+pedrosa%2Cdigital-text%2C264&sr=1-1

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