Perda familiar: como atua a Psicanálise

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Vivenciar a morte de um ente querido provoca alterações em nossa mente e comportamento. Resignamos os valores sobre a vida, bem como sobre a morte, revendo nossos conceitos sobre o papel em grupo. Entenda mais sobre a perda familiar segundo a Psicanálise.

Sobre a morte

Em seus estudos, Freud criou a conexão entre a perda, incluindo a perda familiar, com a morte. Segundo ele, a morte gera sentimentos ambíguos no ser humano, moldando a forma do luto que este viria a sentir. Cada morte teria efeitos diferentes nesse ente a depender de quem partiu.

Ele ainda ressalta que, por exemplo, a morte de algum inimigo seria muito mais aceita e compreendida. Isso porque o instinto de sobrevivência o fazia eliminar adversários para sobreviver. Contudo, a perda familiar seria muito mais sentida. Não só o ente partiu, mas a maior parte do que foi cultivado em conjunto foi levado.

Por conta disso, Freud afirmou que a humanidade passou a acreditar na existência após a morte. Isso daria continuidade àquela figura que causava afeto em nós. Não o bastante, também serviria para figurar a sua permanência, ainda que em outro plano de existência. Em suma, note que é mais fácil se desfazer de um inimigo que perder um ente familiar.

O luto

Continuando, Freud tinha a ideia de luto como uma reação, uma consequência à partida e perda de um ente querido. Isso também incluiria a perda de qualquer entidade abstrata que ocupou o lugar deste, como o ideal de liberdade ou o próprio país. A natureza do luto se configura por um desolamento profundo e doloroso que impede de se interessar pelo mundo ou novos objetos.

Contudo, embora seja difícil, é um período de reorganização libidinal. Aqui o sujeito realoca a energia em objetos e ações para realizá-las enquanto se adapta. A Psicanálise estuda o luto e atribui a ele um caráter singular. Dessa forma, consegue ser vivenciado de muitas maneiras, com perdas ligadas diretamente a uma morte ou perdas mais subjetivas.

Ainda assim, Freud afirma que há uma diferença entre o luto e a melancolia na perda familiar. O primeiro é visto como um trabalho de reconstrução necessário. A melancolia é vista como um abatimento psíquico doloroso, sem interesse pelo mundo externo e diminuição da autoestima. A diferença entre eles está nesse útlimo aspecto, só existente na melancolia.

Medo da morte

Indubitavelmente, a maioria das pessoas têm medo da figura da morte. Contudo, podemos observar que isso é um movimento irracional, pois esse é o único destino certo. Assim, podemos deduzir que o medo não reside na morte em si, mas no canal pela qual ela agirá. Ou seja, na forma como morreremos.

O mundo é um grande canal que nos bombardeia com informações a todo momento. Com isso, também vem os sinais de possível perigo. Segundo alguns psicanalistas, nós não percebemos o mundo como ele é de fato; o interpretamos. Interpretamos as nossas dores pelas perdas de acordo com as vivências que ele nos proporciona.

Quando ele procura a ajuda da Psicanálise para sanar a dor da perda familiar, tudo será dado por meio da palavra. Seu discurso será o caminho para o psicanalista entender a expressão dos seus sentimentos.

Consequências da perda familiar

Perder alguém na família vai além da morte do indivíduo. Com ele vai também uma grande parte nossa. Seria algo como amarrar uma corda a um peso e deixá-lo cair em um rio. Contudo, na outra extremidade estaria um indivíduo sentindo aquilo o arrastar.

Essa força que o puxa para baixo com o falecimento de um ente acaba por declinar a sua saúde. Algumas das consequências mais visíveis são:

Sensação de irrealidade

Custamos a acreditar que aquele indivíduo tenha partido, negando o fato ainda que apresente as provas. A sua essência permanece no mesmo ambiente, mas figurada como uma ausência. Por conta disso, acreditamos que o mesmo irá contrariar a opinião pública e retornar.

Depressão

Com a partida de um ente se cria uma aura de apatia. Mesmo que não tenha percebido, esse desinteresse pelo mundo abre as portas para a depressão. Em alguns casos está ligada com a ideia de honrar o familiar que se foi. Dessa forma, se não estou vivendo a vida, estou mais perto de quem partiu e honrando sua morte.

Culpa

Procuramos por todo o acontecimento da morte do familiar para entender as causas da partida. Quando encontramos algo, tomamos isso para a gente. Procuramos alguma justificativa para nos responsabilizarmos pela morte do familiar.

Raiva

A perda familiar é um catalisador natural para que sintamos raiva. Neste caminho, podemos odiar as causas que resultaram na morte, de outras pessoas por estarem bem e do próprio falecido. Isso porque, junto com a culpa que procuramos sentir, também atribuímos o acontecimento como responsabilidade do próprio falecido.

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    Receio da solidão

    A experiência de perder alguém nos coloca em uma situação de insegurança quanto a vida. Isso porque temos ali a prova de que ninguém pode ser poupado. Com essa clareza, percebemos que poderemos ficar sós a qualquer momento. A morte nos dá o medo do vazio e isso acaba conosco.

    Pulsão da morte

    Em contrapartida com o desejo da vida, chamado de Eros, há um impulso na direção contrária. É o impulso da morte, Thanatos, visto como uma caminhada a não-existência. O Thanatos busca a indução de impulsos destrutivos e agressivos, procurando a quebra da matéria e o retorno a um estado inorgânico.

    Quando perdemos um parente, podemos apresentar uma agressividade com os outros e até conosco. É um movimento bem singular, caracterizado por:

    Autodestruição interior

    Com a perda, nutrimos um forte sentimento desintegrador. Ele é capaz de evaporar as emoções e relações que nutrimos com o mundo exterior. A exemplo de outros parentes, podemos feri-los de alguma forma, verbal principalmente.

    Repetição

    O sofrimento aqui ganha um viés quase que sado-masoquista. Ainda que soframos a perda de alguém, tendemos a repetir o fato quantas vezes acharmos necessárias. É uma flagelação à própria mente. Contudo, ainda que machuque, não conseguimos nos liberar dela de imediato.

    Reclusão

    Os indivíduos buscam fugir da expansividade do impulso Eros, buscando diminuição do desejo sexual. Isso acontece porque busca um descanso dessa força aquele momento.

    Perder um parente pode ser desolador para qualquer pessoa, visto que parte de nós morre com ele. Os laços cultivados durante toda uma vida se desintegram sem a menor cerimônia, algo que provoca rachaduras em nossa estrutura com a perda familiar. De imediato, o impulso de segui-lo e resgatá-lo surge, mas acaba por nos prejudicar também.

    Ainda assim, devemos nos esforçar para nos libertar da sua partida. Aqui não está em questão esquecer o parente, de modo algum, mas honrar a sua memória continuando bem e vivos. Temos a chance que a ele foi retirada e devemos tirar o melhor proveito que podemos. A vida é um bem único: deve ser aproveitada enquanto vigente e respeitada quando acaba.

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