Nunca se viveu relacionamentos contemporâneos tão frágeis desde que o mundo é mundo. Nessa época contemporânea estamos pautados de relacionamentos opulentos de desconfianças, de falta de comunicação, desrespeito e até mesmo, traição.
Os relacionamentos contemporâneos
Em uma época em que o celular é a melhor companhia que o ser humano acha que pode ter, não tem como ser diferente. Nas últimas décadas as tecnologias tiveram muitos e grandes avanços no Brasil e no mundo, e veio trazendo inovações com impactos muito positivos como na área da saúde, na indústria, no campo, na educação, enfim.
A tecnologia vem revolucionando o mundo. Basta fazer uma pesquisa e verás por meio de livros, artigos científicos, sites, textos, entre outras fontes esse avanço e como ela vem transformando os cenários no mundo. Com o avanço da tecnologia, as mídias digitais ganharam um papel muito importante na sociedade, fazendo com que cada dia mais pessoas se apropriam delas para comprar, vender, para se comunicar em tempo real, para estudar e conhecer lugares.
Para PRADO ( 2015, p. 28) as mídias digitais “mediam as relações sociais por meio da conectividade”, ou seja, as mídias digitais tem um papel importante na sociedade, trazendo uma conexão com o mundo. No entanto, diante de tantos ganhos que a tecnologia nos trouxe, veio com ela, prejuízos.
Os relacionamentos contemporâneos e as mídias
Prejuízos causados devido ao seu mau uso, pois, enquanto pessoas usam para se beneficiarem, outras, usam de forma desacertada, onde passam boa parte do tempo procrastinando, deixando de aproveitar melhor seus momentos de lazer, de estar com a família ou amigos, para dar importância a algo que nem sempre é importante e talvez, até prejudicial para si próprio.
E isso, traz sérias consequências nas relações, principalmente, na relação conjugal. Pois, para que um relacionamento conjugal prevaleça, são necessários gatilhos como: afeto, comunicação e atenção, para que venha estar fortalecendo cada vez mais essa relação.
De acordo com Marques (2006), alguns estudiosos afirmam estarmos vivenciando o início de uma terceira revolução industrial que se caracteriza por “uma tríade revolucionária: a microeletrônica, a microbiologia e a energia nuclear”.
A dependências pelas tecnologias
Nessa afirmação de Marques, percebe-se, que a tecnologia ainda terá muitos grandes avanços, que ainda tem muito a criar e a oferecer, e com isso, a vida humana ficará cada vez mais dependente das tecnologias.
Diante de tais situações onde vem acontecendo tantas transformações, cabe cada vez mais as pessoas saberem usarem a tecnologia a seu favor, pois da mesma forma que ela favorece, pode também desfavorecer, pois, diante de seus avanços, os aplicativos de rede sociais (mídias digitais) atualizam, ganham novas ferramentas, isso, com o propósito de fazer que cada vez mais as pessoas se apropriem deles.
Contudo, é importante ter consciência quanto ao seu uso.
Filhos mimados, relações fragilizadas
Estamos vivendo em um mundo cada vez mais digital, onde as pessoas se falam menos (presencialmente), se olham menos e se abraçam menos. E isso, reflete nos relacionamentos perceptivelmente. As relações estão ficando cada vez mais virtuais, casais namoram a distância e quando se conhecem pessoalmente, logo terminam.
Seria o namoro virtual mais prazeroso, visto que, através da mídia a declaração de amor ou de paixão se torna mais facilitada, mais intensa e mais interessante? Diferentemente dos tempos atuais, em décadas passadas, a escolha para se relacionar se limitava ao encontro pessoal (ou, no máximo, às ligações telefônicas).
Com o namoro face a face surgia a interação, o toque, as trocas de afetos físicos, porém, surgiam também os desentendimentos e as discussões, levando assim, as frustrações no relacionamento. E o mundo atual está carregado de pessoas que não querem e nem conseguem serem frustradas. E é claro, o convívio físico com outra pessoa tem mais chance de ser submetido a uma frustração.
Os relacionamentos contemporâneos e a frustação
Para Rosenzweig (1976, p. 885) frustração é “algo que ocorre sempre que o organismo encontra um obstáculo, ou uma obstrução, mais ou menos insuperável, no caminho que conduziria à satisfação de uma necessidade vital qualquer”.
Então, como falar em relacionamento sem falar em frustração? A frustração faz parte da vivência do ser humano e da sua evolução. A frustração é relevante em nossa vida desde criança, pois, através dela que nos tornamos resilientes para lidarmos com os gargalhos na vida adulta.
É fundamental para o processo de desenvolvimento do ser humano que permita ao indivíduo, desde criança, viver frustrações, na medida de sua habilidade para assimilá-las. Nesse contexto, o indivíduo pode aprender a superar situações sociais, em vez de apenas manipulá-las para diminuir seus efeitos. (apud VAVASSORI, 2017, p.192, 193).
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A educação familiar
Diante da afirmação de VAVASSORI, vale refletirmos sobre o novo modelo de educação familiar atual, onde, a maior parte dos responsáveis pelas crianças se ausentam por algum motivo, terceirizando a educação dos mesmos, e negociam essa ausência com mimos, ou agradando de alguma outra forma.
Zelando dos momentos que estão presentes na vida delas para que nada as venham frustrá-las, valorizando muito o momento para compensar a sua ausência.
Daí, temos crianças satisfeitas e futuros adultos frustrados, sem saber lidar com situações desconfortáveis que surgem durante sua vida, pois, durante o processo de seu desenvolvimento não foram contrariadas, ou seja, não foram colocadas em situações de descontentamento, não experimentaram múltiplas emoções.
O que tem de errado nos relacionamentos modernos?
Na época dos nossos avós, os relacionamentos conjugais eram vistos como nos contos de fadas, onde, no final havia sempre a frase: “E se casaram e foram felizes para sempre!”
Hoje essa expressão praticamente caiu por terra, ninguém mais é tão inocente para acreditar nos contos de fadas. Através das informações midiáticas, as pessoas desde cedo sabe como estão as relações no mundo atual, pois, a mídia (rede sociais) dá muito enfoque na vida das pessoas do meio artístico, e volta e meia vê-se a publicação de um caso de separação de alguém.
E logo esse alguém surge com outro relacionamento onde logo é mostrado que já houve o término, e assim vai. Sem falar que as pessoas também estão entrando em um relacionamento sério mais tarde. Está saindo da casa dos pais mais tarde. E estão tendo filhos, cada vez mais tarde.
Conclusão sobre os relacionamentos contemporâneos
Outro fator que deve ser levado em conta, é a seletividade das pessoas que ocorre através das redes sociais, onde, em outros tempos a pessoa quando almejava conhecer a outra, marcava um encontro e ali começava um bate papo apreciando o ambiente, o jeito do outro falar, a forma do outro sorrir, buscava saber das suas preferencias, enfim.
Porém, na atualidade uma forma bem comum que está sendo usada quando uma pessoa julga a outra interessante, é a sua busca nas redes socias no intuito de conhecê-la através de suas postagens, como se imagens dissessem tudo sobre o outro: “Nem tudo é o que parece” (o sorriso de Monalisa). E, dessa forma, são iniciados muitos relacionamentos, sem nenhuma estabilidade.
Porém, as redes sociais são usadas por muitos como um grande e infinito catálogo, onde, mesmo já estando em um relacionamento, observa o catálogo a procura de algo melhor e mais perfeito. Diante de tanto, vale a pena refletir sobre o que é necessário para ter um bom relacionamento conjugal. A relação nasce desde o primeiro olhar, e para que ela cresça e floresça é preciso regar constantemente com carinho, amor, acolhimento, diálogo e atenção.
Artigo sobre “relacionamentos contemporâneos” escrito por Jaeyde Aparecida. [email protected]