Explore como as representações cinematográficas abordam transtornos mentais, estigmas e saúde mental nas telonas.

Representações Cinematográficas e Saúde Mental: Personagens, Transtornos e Estigmas nas Telas

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Neste artigo, exploramos as representações cinematográficas de diferentes transtornos mentais, analisando como o cinema retrata personagens com psicopatologias como esquizofrenia, transtorno bipolar, hipocondria, entre outros. A partir de filmes consagrados, refletimos sobre os estigmas, os limites da ficção e a potência da arte em ampliar o debate sobre a saúde mental.

O potencial do cinema na abordagem das psicopatologias

A sétima arte, com sua capacidade de espelhar a complexidade da condição humana, frequentemente se debruça sobre as nuances da saúde mental. Oferecendo ao público representações, ainda que ficcionais, de diversas psicopatologias.

Embora a fidelidade clínica destas representações seja passível de debate, é inegável o potencial do cinema em lançar luz sobre a realidade multifacetada dos transtornos mentais.

Esquizofrenia paranoide em “Uma Mente Brilhante”

No filme “Uma Mente Brilhante” (2001), o personagem principal apresenta sintomas de esquizofrenia paranóide. John Nash, matemático interpretado por Russell Crowe. O filme, baseado na vida do matemático ganhador do Prêmio Nobel, retrata sua luta contra a doença.

O personagem apresenta delírios e alucinações, frequentemente com temas persecutórios ou de grandiosidade, que fazem com que ele acredite estar envolvido em missões secretas do governo e ser alvo de conspirações.

Outros sintomas são

  • Alucinações visuais e auditivas (Nash interage com personagens que não existem na realidade, como seu colega de quarto, sua sobrinha e um agente do governo);
  • Pensamento desorganizado (em alguns momentos, seu raciocínio parece ilógico e desconexo);
  • Isolamento social (em decorrência de seus sintomas).

Transtorno cognitivo e amnésia anterógrada em “Amnésia”

Já o filme “Amnésia” (2000), apresenta um personagem com sintomas de transtorno cognitivo. Leonard Shelby, interpretado por Guy Pearce. Leonard sofre de amnésia anterógrada resultante de um trauma.

A amnésia anterógrada é um tipo de transtorno cognitivo que se caracteriza pela incapacidade de formar novas memórias após o evento que causou a amnésia.

Indivíduos com essa condição conseguem se lembrar de eventos que ocorreram antes da lesão ou trauma, mas têm grande dificuldade em reter novas informações.

Os sintomas de Leonard Shelby são:

  • Incapacidade de formar novas memórias (Leonard não consegue lembrar de eventos que aconteceram a mais de alguns minutos);
  • Memória do passado preservada (ele se lembra detalhadamente de sua vida antes do assassinato de sua esposa);
  • Dependência de anotações e fotografias (para tentar se orientar e lembrar de informações importantes, Leonard tira fotos e escreve bilhetes para si mesmo);
  • Desorientação temporal e espacial (sua dificuldade em formar novas memórias o leva a frequentes momentos de confusão sobre onde está e o que está acontecendo);
  • Isolamento (a amnésia anterógrada afeta profundamente a capacidade de Leonard de viver de forma independente e de construir novos relacionamentos).

Representações cinematográficas de hipocondria em “Melhor é Impossível”

A hipocondria também foi um transtorno representado no cinema. No filme “Melhor Impossível” (1997), o personagem principal possui sintomas de hipocondria.

Melvin Udall, interpretado por Jack Nicholson. Melvin, um escritor misantropo e obsessivo-compulsivo, demonstra uma preocupação excessiva com a própria saúde. Interpretando sensações corporais normais como sinais de doenças graves.

Os sintomas de hipocondria em Melvin Udall incluem:

  • Preocupação excessiva com a saúde (está constantemente atento a qualquer alteração em seu corpo, interpretando pequenas dores ou desconfortos como evidência de doenças sérias);
  • O medo irracional de doenças (ele tem um medo intenso de contrair germes e doenças, o que se manifesta em rituais de higiene elaborados e aversão ao contato físico com outras pessoas);
  • Ansiedade relacionada à saúde (sua preocupação com a saúde gera ansiedade significativa e interfere em seu funcionamento diário e em seus relacionamentos).

Transtorno bipolar em “O Lado Bom da Vida”

No filme “O Lado Bom da Vida” (2012), um personagem apresenta sintomas de transtorno bipolar. Pat Solitano Jr., interpretado por Bradley Cooper.

O filme acompanha Pat após ele ser liberado de uma instituição psiquiátrica, onde estava internado devido ao seu transtorno bipolar.

Os sintomas de transtorno bipolar em Pat Solitano Jr. incluem:

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  • Episódios de mania (Pat exibe períodos de humor elevado e expansivo pela fala acelerada, pensamentos acelerados, diminuição da necessidade de sono, aumento da energia e envolvimento em atividades de risco);
  • Também possui episódios de depressão (há momentos de profunda tristeza, perda de interesse, fadiga e isolamento que Pat experimenta, característicos da fase depressiva do transtorno bipolar);
  • Comportamento impulsivo (durante os episódios de mania, Pat demonstra impulsividade e dificuldade em controlar suas ações e palavras).

Fobia social em “Querido Evan Hansen”

A fobia, mais especificamente a fobia social, é retratada no filme “Querido Evan Hansen” (2021). O personagem Connor Murphy, interpretado por Colton Ryan, é adolescente com dificuldades de relacionamento, exibe um medo intenso de interações sociais.

Se manifesta de diversas maneiras:

  • Ansiedade intensa em situações sociais (Connor demonstra grande desconforto e nervosismo em ambientes sociais, especialmente com pessoas que não conhece bem);
  • Comportamento de esquiva (ele evita ativamente interações sociais, isolando-se e mostrando relutância em participar de atividades em grupo);
  • O medo de ser julgado ou rejeitado (Connor parece ter um medo significativo de ser avaliado negativamente pelos outros, o que contribui para sua ansiedade social);
  • Dificuldade em iniciar e manter conversas (ele luta para se comunicar com os outros e se sente desconfortável em situações de diálogo);
  • Sintomas físicos de ansiedade (em momentos de interação social ou diante dessas situações, o personagem apresenta sinais físicos de ansiedade, como nervosismo e agitação).

A arte como espaço para empatia e reflexão sobre a saúde mental

É importante notar que a representação de transtornos no cinema muitas vezes toma liberdades criativas e pode não ser uma representação clínica perfeitamente precisa de todas as nuances das doenças.

No entanto, os filmes podem oferecer uma visão parcial do impacto das psicopatologias na vida de um indivíduo e de seus esforços para lidar com a condição.

Estas representações podem ter um papel importante na desmistificação de estigmas e na promoção de uma maior compreensão sobre as condições mentais.

Através da arte, o público é convidado a confrontar suas próprias percepções e preconceitos, fomentando um diálogo mais aberto e empático sobre a saúde mental.

Este texto sobre personagens do cinema foi criado por FABRÍCIO BUENO BORGES DOS SANTOS, exclusivamente para o blog Psicanálise Clínica.

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