Neste artigo falaremos da importância do Tratamento de Ensaio no processo terapêutico.
As entrevistas preliminares são fundamentais para o sucesso terapêutico com indivíduo. É a partir delas que o terapeuta traz perguntas relevantes que servem como alicerce para a construção inicial da conexão com o paciente.
Essa conexão deve ser criada com solidez e segurança, bem como um alicerce de uma casa, já no processo analítico, é através de confiança e diálogos onde o analisando falará sobre a trajetória de sua vida.
Tratamento de Ensaio segundo a Psicanálise
O Tratamento de Ensaio, como Sigmund Freud chamava, costuma ser divididos em quatro partes:
- Entrevistas preliminares: servem para iniciar a visualização do processo de transferência e elaborar um possível diagnóstico.
- Entrevista Analítica: entender as demandas do paciente e encontrar a melhor forma de auxiliar o tratamento dos sintomas e causas.
- Formação do Contrato Psicanalítico: é o momento em que o analista vai formar um acordo com o paciente e as suas demandas iniciais, irá explicar o seu método, falar sobre horários, duração de consulta e também sobre os valores das sessões.
- Início do tratamento: onde o paciente começará a contar sua história e mostrará as suas problemáticas e fragilidades através da associação livre.
O analista consegue fazer a sondagem diagnóstica a partir da anamnese e, principalmente, dos diálogos iniciais, onde o analisando introduzirá a sua história e consequentemente as suas problemáticas irão surgir com o andamento das sessões.
Muitas vezes, essas questões iniciais são resolvidas na primeira sessão, porém, também pode ser discutido por algumas semanas, até que o analista consiga diferenciar qual estrutura psíquica mais se adequa ao analisando e seu discurso. As estruturas psíquicas auxiliam o analista a entender como e de que maneira o analisado se relaciona com a realidade e com os demais. Elas são divididas em três grupos: Neuroses, Psicoses e Perversões.
A identificação da principal estrutura psíquica existente no analisando auxilia e norteia significativamente o analista, para que dessa forma, ele consiga seguir determinada linha de tratamento.
O Primeiro Contato: sua relevância no tratamento de ensaio
É de suma importância ter um olhar crítico e muito atencioso para o primeiro contato com o paciente, pois é através dele que deixaremos a nossa primeira impressão. Essa primeira impressão, por muitas vezes, pode definir o sucesso ou o fracasso de todo um tratamento.
É nesse contato inicial que se deve conquistar o paciente, usando da anamnese e de uma rápida avaliação dos primeiros instantes da análise.
Por experiência própria, como terapeuta alternativo que atua diretamente em problemas de comunicação, vejo que os fundamentos da psicanálise se aplicam totalmente nas sessões com meus clientes.
No primeiro momento já me coloco como um observador, para buscar entender qual figura que aquela pessoa precisa que eu seja.
Muitas vezes é um amigo, um professor legal, um guru ou uma pessoa muito inteligente, o que se associa diretamente com o processo de transferência visto nos módulos anteriores deste curso de psicanálise.
Acredito que a transferência inicial que o paciente tem com o analista já começa desde os primeiros momentos que eles passam juntos. Então tudo é importante, o ambiente, a fala e o tom de voz do analista, assim como suas roupas, postura e expressões faciais.
A visão do Paciente no Primeiro Contato
Todos esses fatores influenciam diretamente na relação que irá se desenvolver – ou não – entre o analista e o paciente. É nesse início que o paciente vai pensar:
- Será que eu devo confiar nessa pessoa?
- Realmente posso me abrir e contar meus segredos para ele?
- Ele realmente não vai me julgar ou achar minhas questões irrelevantes comparadas às dos outros pacientes dele?
Esses tópicos são de grande relevância para o início de qualquer tipo de atendimento terapêutico, pois após eles o paciente irá definir se realmente deve ou não iniciar o seu tratamento.
A formação do Par Analítico
Isso também é essencial para o que Jacques Lacan mencionava como formação do par analítico (analista-analisando) e da relação transferencial.
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Nesta etapa, o analista deve mostrar domínio e notória inteligência para que o analisado se sinta seguro o suficiente para confiar no profissional, compreendendo que ele tem todos os entendimentos necessários para auxiliá-lo a resolver as suas demandas que muitas vezes parecem não ter uma solução.
É aí que o analista se torna uma figura de autoridade, que detém os conhecimentos e o dom de curá-lo, Lacan denominou essa questão com o termo de: sujeito suposto-saber.
Acredito que o paciente se sente mais confiante e confortável quando percebe que o profissional realmente está disposto e interessado nas problemáticas que rodeiam a sua vida.
Conclusão sobre o tratamento de ensaio
Vejo diariamente em minhas consultas com terapias alternativas que o discurso do paciente começa a ser muito mais fluido quando ele percebe que o terapeuta está envolvido, comprometido e dando a devida importância para o seu caso.
Realmente se esforçando para criar um espaço acolhedor e rico em conhecimento.
Dessa forma, o analisando consegue visualizar as suas problemáticas sendo resolvidas através da associação livre e das trocas com o analista.
Assim, consegue implementar as mudanças na sua vida prática, que, por experiência própria, é onde o paciente fica muito contente e vê que o processo terapêutico realmente é válido traz diversos resultados positivos em sua vida cotidiana e na relação com os demais.
Este texto sobre tratamento de ensaio segundo Freud e a Psicanálise foi criado por JONATHA BONFANTE, concluinte do Curso de Psicanálise.