Jacques Lacan (1901-1981) foi um grande psicanalista, sendo considerado um dos principais intérpretes de Sigmund Freud. Sua obra é considerada como complexa de se compreender. Ele fundou uma corrente psicanalítica própria: a Psicanálise Lacaniana.
Psicanálise de Lacan: uma síntese
Lacan apresentou invocações na psicanálise, tanto do ponto de vista teórico, como no ponto de vista prático. Segundo Lacan, a psicanálise tem apenas uma interpretação possível, que é a interpretação linguística.
Na psicanálise, o inconsciente é tido como fonte dos fenômenos patológicos. Sendo assim, conforme também defendido por outros psicanalistas, é uma tarefa descobrir as leis pelas quais se rege o inconsciente. Leis que são descobertas pelas manifestações do inconsciente, e assim, pode-se tratar essas patologias.
A Psicanálise Lacaniana constitui como um sistema de pensamento que promoveu diversas alterações em relação à doutrina e clinica propostas por Freud. Lacan criou novos conceitos, além de ter criado uma técnica de análise própria. Sua técnica diferenciada surgiu a partir de uma metodologia diferente de análise do trabalho do Freud. Principalmente, em comparação a outros psicanalistas cujas teorias divergiram de seu predecessor.
Jacques Lacan é considerado como o único dos grandes intérpretes de Freud que procurou retornar literalmente aos seus textos e à sua doutrina. Isto é, Lacan não apenas o estudou com o intuito de ultrapassar ou de conservar a sua doutrina.
Dessa forma, a sua teoria acabou se tornando uma espécie de revolução às avessas. Como se fosse uma substituição ortodoxa da doutrina preconizada por Freud. Um fator a ser relevado é que não se sabe se Lacan e Freud se conheceram pessoalmente.
A Complexidade da Obra de Lacan
Muitos estudiosos consideram a obra de Lacan complexa e difícil de compreender. Entretanto, pelo fato de sua obra ter partido da obra de Freud, isso acaba facilitando ou orientando sobre como estudá-la. Portanto, torna-se importante a compreensão da obra de Freud, para que então se possa compreender a obra de Lacan.
Uma das razões que dificulta na compreensão da obra de Lacan é o seu próprio modo de escrever. Ele escreve de uma forma que não leva a uma posição claramente definida. Seu estilo de escrita usualmente empregado, assim, acaba se diferenciado a sua obra da obra de Freud.
Dentro disso, as contradições acabam sendo frequentes na obra de Lacan. Ele afirmava que sua obra propunha um retorno à obra de Freud, como num movimento de retomada. Não obstante, por exemplo, ele se opunha claramente à ciência naturalista por Freud proposta.
Para Lacan, a psicanálise tinha uma única interpretação possível, que era a interpretação linguística. Dentro dessa concepção, ele dizia que o inconsciente tinha a estrutura de uma língua. Expressão essa que ficou muito conhecida em sua obra.
Jacques Lacan foi, além de psicanalista, crítico literário, estruturalista, filósofo, linguista, semiótico e também analista. Todas essas áreas acabavam se convergindo e se refletindo em sua obra. Assim como na sua forma de interpretação e no modo como ele descrevia as suas teorias psicanalíticas. Isso tudo contribui para a complexidade da compreensão de seu trabalho.
Características da obra psicanalítica de Lacan
Alguns fatores ou características importantes devem ser considerados para compreendermos a obra de Jacques Lacan. Primeiramente, devemos considerar que Lacan acreditava no inconsciente. Outro fator é que ele tinha um enorme interesse pela linguagem. Além disso, sua obra pode parecer simples e clara e, aos mesmo tempo, ela pode ser complexa e obscura.
Freud criou uma estrutura para se compreender a mente baseada em três elementos: o id, o ego e o superego. Lacan estabeleceu a sua trilogia, usando como elementos o imaginário, o simbólico e, às vezes, o real.
Ao afirmar que o mundo infantil é o alicerce à formação da identidade adulta, Lacan concorda com a teoria freudiana. Para Lacan, entretanto, as fantasias e a agressão presentes na consciência infantil misturam-se para formar o indivíduo, através da linguagem.
De acordo com a teoria de Lacan, não vivemos em um mundo de realidades. Nosso mundo é composto de símbolos e de significantes. O significante é algo que representa outra coisa.
Lacan não apenas afirma que o inconsciente é como uma língua. Ele também propõe que, antes da língua, não existe o inconsciente para o indivíduo. É apenas quando a criança adquire uma língua é que ela se torna um sujeito humano, isto é, quando ela passa a fazer parte do mundo social.
Diferenças entre as obras de Freud e Lacan
O pensamento de Lacan introduziu a fenomenologia à teoria de Freud. Isso com base em filósofos alemães, dentre eles Hegel, Husserl e Heidegger. Lacan, assim, acaba introduzindo a psicanálise ao campo da filosofia.
Outra característica exposta na obra de Lacan, e que o diferencia de Freud e de seus seguidores primários é algo por ele denominado de “A Fase do Espelho”. Nesta teoria, num primeiro momento, o bebê se encontra em uma fase desordenada. Sem saber onde ficam os seus limites físicos e emocionais. De repente, descobre uma imagem de si mesmo como um ser completo, um ser coerente e maravilhoso. Dessa forma, ele chega à idéia de si mesmo como uma identidade. Quando ele se vê no espelho, reconhecendo-se ou imaginando-se como um ser coeso.
Com relação aos sonhos, assunto muito abordado na obra de Freud. Freud alegava que os sonhos, de certa forma, representam a realização de um desejo. Já Lacan, considerava que o desejo de um sonho seria uma espécie de representação do “outro” de um sonhador, e não uma forma de desculpar o sonhador. Sendo assim, para ele o desejo seria o desejo desse “outro”. E a realidade é somente aos que não podem suportar o sonho.
Na análise, Jacques Lacan preferia que não houvesse interferência o discurso do paciente. Isto é, ele deixava que esse discurso fluísse, a fim de que a própria pessoa em análise descobrisse as suas questões. Já que, ao interferir no discurso, o analista poderia contaminá-lo com os seus significantes, com as suas interpretações.
Dessa forma, vemos que, apesar de ter declarado que a sua primeira intenção era retomar as teorias de Freud. Lacan acaba indo além da obra de seu predecessor. E, assim, a sua obra, em muitos momentos, acaba se diferenciando e progredindo em relação aos estudos freudianos.
13 thoughts on “Um resumo da psicanálise de Lacan”
Eu comecei a fazer um curso de pós graduação em psicanálise de crianças e adolescentes teoria e prática, embora eu tenha formação acadêmica em pedagogia. Esse resumo está sendo muito útil pra mim.
Onde vc está fazendo? Gostaria de fazer. Esse tema me fascinou.
Sou engenheiro, li esse artigo porque minha nora estuda psicologia e queria participar de conversas relativas a temas como esse mas acho esse povo muito doido, esse tal de Kacan inventou uma teoria só pra encher o saco do Freud, sua teoria é mais difícil que o curso de engenharia elétrica, credo, ô povo doido!!!
Boa noite meu caro Jovem. Por acaso encontrei um cara que talvez estudamos juntos em Carpina no Colegio Salesiano.
já têm assunto para debater sim, discorância de temas.Também faz parte da mente humana.
e ACREDITO QUE NENHUM, PSICANALISTA, NÃO SEI OS PSICÓLOGOS, SE OFENDERÃO AO SEREM CHAMADOS DE DOIDOS .
kkk. Mas a mente humana é mesmo uma doideira. Só não há doidos de verdade nesse meio.
Não… Lacan é um freudiano que foi além do mestre. E sua teoria sobre o imaginário, o simbólico e o real são bem compreensíveis… pelo menos mais ou menos compreensíveis. E seus estudos são ótimos porque conseguimos entender o homem como ser social, coletivo e não somente individual
Kkkk… rapaz estou estudando letras e vendo tudo isso e pensando, Senhor?
Cadê a gramática que ja era difícil o suficiente.
Tenho mestrado em Psicanálise. Me ajudou muito comigo mesma.
Cada vez me convenço mais que os discursos não se contradizem, se complementam. Mesmo no que pode parecer antagônico há uma construção. Estes dias estava falando com um amigo sobre dialética (tese, antítese,síntese) e chegamos ao PDCA do planejamento. De uma forma ou de outra parece haver uma tendência à complementaridade
, conteúdo bem apresentado contudo acho muito pouco e superficial, podendo aprofundar um pouco mais para melhor sedimentação do mesmo.
Todas às discussões sobre o imaginário, fertilizam a seara das fantasias. O elemento humano necessita de um norte para buscar prerrogativas___ainda que meramente imaginárias___, que satisfaçam um mínimo de realidade as fundamentaçoes do subconsciente. Transita em todas as esferas possíveis para encontrar algum conforto ao Espírito. Dessa forma, consegue dar alento as suas necessidades materiais. Após fustigar a alma em todas às dimensões possível, se convence de aceitar as premissas lógicas. Já pensadores e filósofos de todas as naturezas, preferem estabelecer suas teorias em complexos paralelos, ou seja; usam o teorema de Euclides. As paralelas infinitas EUCLIDIANAS. Assim, conseguem “esconder” [por não conseguir provar a verdade] nem encontrar um substituto para suas afirmações, das lógicas absolutas e reais da imaginação ( há menos que um dia as paralelas EUCLIDIANAS consigam se encontrar no infinito. Se isso ocorrer, o infinito deixou de existir, e as farsas escondidas deixarão de ser teoremas para serem possíveis verdades) até lá, veremos nascer defensores pseudo-categóricos de todas às imaginações possíveis do intelecto humano. É o esconderijo !!!
na verdade, o sonho nada mais é do que um desejo reprimido ou ainda,a realização de algo que esta por vir, ou a realização de um sonho realizado.