Um brinde ao que é vivido e não publicado

Um brinde ao que é vivido e não publicado

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A maioria das pessoas possui o costume de alimentar as redes sociais com momentos corriqueiros do cotidiano. Acontece que tipo de ação pode provocar um efeito de distanciamento da realidade. Pedimos que continue a leitura e faça um brinde ao que é vivido e não publicado.

Olhos coletivos

Atualmente, existe um impulso em que a maioria das pessoas não consegue desgrudar do próprio celular. É como se um momento somente existisse quando o clique da foto fosse feito e desse partida. Com isso, se cria um par de olhos coletivos onde uma pessoa inicia um movimento de exibição.

O resultado disso é a exposição de momentos íntimos, singulares e únicos com uma enorme facilidade. Não estamos dizendo que tirar algumas fotos é errado, mas é preciso haver um critério de quando elas devem ser tiradas e onde são tiradas.

O que vemos atualmente é a expansão de um movimento de exibicionismo gratuito para alimentar o próprio ego. A frase anterior fica reforçada quando observamos alguns conteúdos vazios e sem qualquer vantagem benéfica ao indivíduo. Embora não pareça, isso tem ditado o comportamento e a forma como o ser humano se coloca diante da realidade.

Limites à falta de limites

Infelizmente, as pessoas têm esquecido de fazer um brinde a vida real fora das redes. Os olhos naturais têm perdido a sua função e substituídos por uma câmera. Dentre todas as sequelas, isso tem afetado sentimental a sociedade conectada e sem educação virtual.

Por exemplo, no enterro de personalidades famosas, como o cantor Cristiano Araújo ou Gugu Liberato. No primeiro caso, o agente funerário fez um registro ao lado do cantor, sorrindo. Já com Gugu, uma mulher pediu uma selfie ao lado da família que estava em luto.

Mesmo que pareça uma demonização de smartphones, o uso incorreto deles tem nos afastado de uma sensibilidade social. Seguindo o exemplo acima, não seria melhor confortar a família pessoalmente e de forma menos expositiva? A tecnologia não deveria impedir de sermos humanos e solidários.

Consequências

Deixar de lado um brinde ao que é vivido e não publicado cria dores na mente do indivíduo hiper conectado. Nesse caminho, criamos um distanciamento da realidade que torna tudo que é externo ao celular estranho. Consequentemente, se dá origem à:

Ansiedade

Um indivíduo deixa de aproveitar o momento presente para fazer o registro perfeito para ter publicação. Por causa disso se cria uma ansiedade de como outras pessoas na internet vão receber. Por isso, em vez de ter feito um brinde ao que é vivido e não publicado, se ateve ao que não aconteceu ainda.

Frustração

O like é a resposta primária das postagens colocadas na internet. Contudo, o problema acontece quando se estipula um número mínimo de quantas curtidas te fará feliz. Caso não obedeça a isso, certamente sentirá frustração e até sensação de deslocamento ou irritabilidade.

Doenças psicológicas e comportamentais

Muitas pessoas se tornam dependentes do mundo virtual, afetando suas mentes e comportamento. Por exemplo, muitos casos de depressão e impulsos acontecem por causa do contato prolongado com a rede. A saúde mental é um item que precisa você guardar e passar por manutenção a fim de nos manter bem.

Riscos

As pessoas esquecem que podem se colocarem em risco fazendo postagens contínuas na internet. É como se elas criassem um mapa por onde tem circulado diariamente. Quando se posta em tempo real, você está dando uma localização sua para vários desconhecidos.

Se quer tanto publicar uma imagem, ao menos faça isso quando estiver já em casa. Ou não ative a localização do mapa do lugar onde você está. Qualquer ação que preserve o seu bem-estar terá consideração.

A valorização do que é real de forma real

Ainda que soe como saudosismo, fazer um brinde as vivências fora das redes era mais comum antigamente. Isso porque nós sabíamos melhor que tudo o que temos ao redor possui uma imagem única. Existe um prazer a mais em experimentar as coisas em sua forma mais pura sem a ajuda de recursos externos.

Graças a isso, alimentamos a cultura de criar um valor de identidade sobre algum momento. Ao invés de tirar várias fotos de um show e publicar incessantemente na internet, por que não somente aproveitá-lo? Apenas você mesmo precisa saber e sentir que está ali.

Educação às avessas

As crianças já estão se distanciando da ideia do que é um brinde ao que é vivido e não publicado. Desde novas se acostumam a terem um celular em mãos para jogarem ou mesmo tirarem fotos. Isso acaba por impedir que elas tenham uma infância sadia e com desenvolvimento de suas capacidades natas e aptidões.

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    Aliás, esse tipo de exposição ao mundo digital tem comprometido o relacionamento delas com o mundo. O que acontece é que muitos adultos têm se valido dos smartphones para substituírem seus papéis de pais. Se uma criança incomoda os pais, é silenciada com um dispositivo eletrônico para se acalmar.

    Mesmo que sejam atrativos, a utilização dos celulares devem ser feita com inteligência e limite às crianças, impedindo também sua exposição excessiva. Sendo o mais importante, não deve ser o principal canal por onde ela se educa. A boa educação dos filhos também merece um brinde ao que se vive fora das redes.

    Dicas

    Fazer um brinde ao que é vivido e não publicado deveria ser um lema a ser seguido. Porém, como a história não é assim, é preciso ser responsável ao pensar em tirar fotos. Nesse caminho, tente fazer avaliações e:

    • Registre apenas o necessário

    Fica difícil colocar em pauta quais momentos escolher para serem postados ou não. Mesmo assim, a sua prioridade deve ser sempre o momento em si, e não o seu celular. Pense se o momento é propício para que não cause desconforto nas pessoas próximas e em si mesmo.

    • Se possível, não leve o celular

    Certo, essa dica parece um tanto quanto absurda, mas será que precisa estar conectado o tempo todo? Pense que está dando um descanso à sua mente, para as emoções e ao seu corpo. Notará que há mais coisas a serem vistas e experimentadas de verdade quando estiver distante do celular.

    • Procure pensar nas coisas que perde por querer registrá-las

    Pegunte-se qual foi a última vez que viu algo em sua real forma, sem a ajuda de uma tela de celular. A memória humana é algo único pois preserva o momento e os sentimentos gerados por ele de forma pessoal. Por isso, uma foto digitalizada não tem o mesmo valor de uma experiência vida.

    Considerações finais sobre um brinde ao que é vivido e não publicado

    Com o passar do tempo, as pessoas foram se esquecendo de fazer um brinde ao que se vive fora das redes. Assim, graças ao reconhecimento imediato proporcionado pela internet, muitos estão deixando de viverem para serem vistos por outras pessoas.

    A fim de evitar uma existência mais vazia, passe a apreciar os bons momentos que registra. Com toda a certeza, isso vai dar um gosto melhor nas suas lembranças e relações envolvidas. Do contrário, se tornará um refém daquilo que poderia ser um aliado ao seu crescimento.

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    2 thoughts on “Um brinde ao que é vivido e não publicado

    1. Evangelista Damasceno Santos disse:

      Ótimas orientações a respeito do uso do celular, que hoje no meu entendimento virou um instrumento de distanciamento e separação das pessoas próximas e inclusive causador de doenças e mortes, devido ao seu mau uso.

    2. Mizael Carvalho disse:

      Desumanização está crescente! As pessoas não sabe mais se relacionar. Quando estão num eventos entre amigos, não conversam, não se interage. Ficam todos mexendo nos celulares! Parabéns pelo artigo!

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