Autocompaixão

Autocompaixão: significado linguístico e na psicologia

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Você é um praticante da autocompaixão? Talvez você nem tenha condições de responder essa pergunta porque não sabe o que o termo significa. Se for o caso, não se preocupe, pois este artigo foi escrito com o objetivo de explicar o que autocompaixão significa.

Além do significado literal da palavra, falaremos como diferentes teóricos da psicologia tratam do tema. Por fim, abordaremos algumas dicas para ajudar você a ser mais compassivo consigo mesmo. 

Para ficar por dentro de tantas informações importantes, não deixe de fazer a leitura até o final.

Para começo de conversa, o que é autocompaixão?

A autocompaixão é, em linhas muito gerais, o ato de tratar-se com gentileza. Assim, se a compaixão é a simpatia com o estado emocional de outra pessoa, a autocompaixão é a decisão de nutrir a mesma simpatia, só que consigo mesmo.

Ao passar por um momento difícil e sofrer com isso, você acolhe o seu sentimento ao invés de criticá-lo. 

Se você comete um erro, escolhe tratar a si mesmo com a mesma paciência e fé com que trataria a outra pessoa. 

Como se escreve autocompaixão: auto compaixão ou autocompaixão?

A grafia correta da palavra é autocompaixão, sem hífen e com as palavras unidas. Ao escrevê-la, lembre-se que o correto é escrever a palavra sem firulas, do jeito como é falada.

Por onde estudar a autocompaixão na psicologia?

Agora que você conhece a definição de autocompaixão, apresentamos versões mais aprofundadas sobre o conceito a partir de análises de psicólogos da contemporaneidade. Confira!

Kristin Neff – psicóloga pioneira da autocompaixão

A primeira profissional de quem falaremos é Kristin Neff, professora associada da Universidade do Texas, no departamento de psicologia educacional de Austin. Neff fez seu doutorado na Universidade da Califórnia em Berkeley, onde ela estudou sobre desenvolvimento moral.

Não poderíamos deixar de citá-la primeiro porque ela é considerada a pioneira na discussão da autocompaixão

Qualquer estudo sobre o tema faz referência aos trabalhos dela e Neff inclusive monetizou um programa autoral de 8 semanas para ensinar práticas de autocompaixão para o dia a dia.

Para Neff, a autocompaixão é até mesmo superior à autoestima, pois ela não depende de fatores externos para que você se sinta bem consigo mesmo.

Escala de afirmações de Neff

Boa parte dos estudos que Kristin Neff realizou envolviam uma pesquisa experimental em que os participantes precisavam classificar seu comportamento com relação a cada um dos itens em uma escala que vai de 1 (quase nunca) a 5 (quase sempre). 

Os itens são descritos abaixo:

  • tento ser gentil comigo mesmo quando estou sentindo uma dor emocional,
  • tento ver minhas falhas como parte da condição humana,
  • quando algo doloroso acontece, tento ter uma visão equilibrada da situação,
  • eu desaprovo e julgo minhas deficiências e insuficiências,
  • quando penso em minhas deficiências, tendo a me sentir mais separado e isolado do resto do mundo,
  • quando me sinto deprimido, tendo a ficar obcecado e me fixar em tudo o que está errado.

Com pesquisas em que estudantes precisavam se autoavaliar de acordo com a escala acima, Neff observou uma correlação positiva com transtornos mentais como depressão e ansiedade. 

Além disso, a pesquisadora também notou uma correlação negativa com a sensação de bem-estar e uma boa avaliação em questões de saúde mental. 

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    Quanto mais você concordar com as três primeiras afirmações e quanto menos concordar com as demais, maior é o seu índice de autocompaixão

    Como desenvolver a autocompaixão: O estudo científico de Juliana Breines e Serena Chen na Psicologia Social

    Serena Chen e Juliana Breines são profissionais que também trabalham com o tema autocompaixão. Nos trabalhos delas, o objetivo era verificar a relação entre a compaixão com que tratamos os outros e a habilidade de tratar-se com gentileza. 

    As pesquisadoras conduziram vários experimentos em que as pessoas eram instruídas a ajudarem alguém das seguintes maneiras: escrevendo sugestões para ajudar um amigo a se sentir melhor, recuperando lembranças de momentos divertidos com a pessoa que está sofrendo, e lendo sobre o sofrimento de pessoas. 

    Nesse contexto, o grupo que efetivamente deu apoio a quem sofria se avaliou com mais compaixão que os demais. Ou seja, a conclusão é que nos sentimos melhor quanto aos momentos difíceis que enfrentamos quando vemos outras pessoas passando por dificuldades de perto.

    Sara Dunne e a relação entre autocompaixão e proatividade

    Outra profissional da psicologia que estudou a autocompaixão é a psicóloga Sara Dunne, que trabalha na Universidade de Derby, no Reino Unido.

    Em suas pesquisas, a acadêmica se concentrou em encontrar relações entre a autocompaixão e comportamentos saudáveis.

    Como resultado, Dunne observou que pessoas com bons índices de autocompaixão são mais proativas. 

    Ou seja, essas pessoas são capazes de, com facilidade, buscar mudanças de forma espontânea, o que significa que não precisam de estímulos externos para se movimentarem.

    Afinal, é possível desenvolver mais autocompaixão? Confira algumas dicas 

    Observando todos os trabalhos que profissionais gabaritadas realizaram e realizam acerca do tema, a resposta é “sim”. A autocompaixão é um comportamento que você pode aprender. 

    Falamos sobre algumas estratégias para que você aprenda a ser mais compassivo consigo mesmo abaixo!

    1 – Acolha os seus sentimentos 

    Em primeiro lugar, aprenda a aceitar que você é um ser humano e pode reagir de forma emocional aos estímulos que a vida dá

    Ao sentir as suas emoções de forma mais vívida, não se condene, pois emocionar-se é humano.

    O importante, aqui, é desenvolver a inteligência emocional a fim de não se deixar levar pelas emoções a fim de reagir desproporcionalmente.

    2 – Procure se desvencilhar da aprovação dos outros 

    Para desenvolver a autocompaixão, é importante que você tenha os seus próprios critérios para ser gentil consigo mesmo.

    Ou seja, você não deve deixar a autocompaixão de lado só porque as pessoas não têm a mesma paciência com você.

    3 – Não absorva tudo o que falam sobre você 

    Se as pessoas não têm palavras gentis para se referirem a você, não absorva o que elas têm a dizer. O que você pensa sobre si mesmo? 

    4 – Invista no fortalecimento da sua identidade

    A autocompaixão vai fluir com mais facilidade se você souber quem é. Para isso, investigue as características inerentes à sua personalidade, quais são os seus talentos, e pontos fortes e fracos.

    5 – Perceba a sua gentileza ao ajudar alguém

    Lembre-se do que Juliana Breines e Serena Chen estudaram sobre a autocompaixão. 

    Observe o quanto é gentil com as dores e aflições dos outros e use esse mesmo critério nas situações em que vivencia.

    6 – Não faça generalizações negativas

    Evite ainda falar sobre suas características negativas como se elas fossem partes constitutivas de quem você é. Por exemplo, evite as seguintes afirmações:

    • SEMPRE estrago tudo,
    • SOU um idiota,
    • NUNCA consigo acertar.

    7 – Invista em autoconhecimento

    Por fim, se deseja exercitar a autocompaixão, invista em se conhecer melhor. Para isso, você pode buscar o auxílio de um psicólogo ou de um psicanalista, por exemplo.

    Considerações finais sobre a autocompaixão

    Nesse artigo, explicamos o que é a autocompaixão a partir de 3 pontos de vista distintos e ensinamos 7 maneiras de desenvolver esse comportamento, pois como defendemos, ele pode ser aprendido.

    Caso tenha se interessado pelo tema da autocompaixão, continue lendo os outros conteúdos sobre comportamento humano que estão disponíveis aqui no blog. Além disso, não deixe de conferir o que abordamos em nosso curso de psicanálise clínica 100% EAD para conseguir o certificado de psicanalista e aplicar os conhecimentos adquiridos na sua vida pessoal e no seu trabalho.

    One thought on “Autocompaixão: significado linguístico e na psicologia

    1. Mizael Carvalho disse:

      Muito bom texto, parabéns! Penso que para ter compaixão de alguém, tem que haver a autocompaixão.

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