vínculo terapêutico

O que é vínculo terapêutico entre terapeuta e paciente

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Você entende a importância do vínculo terapêutico entre um terapeuta e seu paciente? Caso ela não esteja muito clara para você, saiba que esse é o tema que está em pauta neste artigo!

Falaremos sobre o que é o vínculo terapêutico a partir de algumas perspectivas da psicologia e da psicanálise. Além disso, você ficará a par de 9 pilares importantes para que essa relação seja o mais idônea quanto possível. Confira!

O que é vínculo terapêutico?

Vínculo terapêutico é a relação de confiança que se estabelece entre o terapeuta e o seu paciente. Em psicologia e psicanálise, entende-se que este vínculo é importante para o paciente (também chamado analisando) possa se expressar de maneira mais livre e profunda em terapia.

O significado de vínculo no dicionário

No dicionário, vínculo é aquilo que une duas ou mais coisas, estabelecendo, dessa forma, algum tipo de relacionamento ou dependência.

Entre um casal há um vínculo, assim como os pais formam vínculos com os filhos, os irmãos têm vínculos entre si e os amigos constroem vínculos também.

Por que o vínculo terapêutico é necessário no consultório?

No contexto de uma psicoterapia, ou até mesmo para outras áreas de atuação em saúde e desenvolvimento pessoal, o vínculo terapêutico é necessário. Isso é importante principalmente em áreas como psicologia ou psicanálise para participar das sessões.

Lembre-se que ao entrar em contato com o profissional, você se dispõe a compartilhar com alguém suas experiências de vida mais secretas, seus pecados mais íntimos e a sua verdade. O estabelecimento desta confiança e o esclarecimento deste método é importante desde o início do tratamento em psicanálise ou psicologia.

Muitas vezes, não dividimos experiências tão íntimas nem mesmo com nossa família ou com nosso cônjuge, que é a pessoa que compartilha o leito conosco.

Assim sendo, como ter esse nível de confiança para a partilha se não há uma relação minimamente confiável entre o terapeuta e seu paciente?

Vínculo terapêutico e rapport são a mesma coisa?

Já que estamos falando sobre vínculo terapêutico, é importante distingui-lo de uma palavra que se popularizou bastante nos últimos anos: rapport.

Rapport é uma palavra de origem francesa (rapporter), que significa “criar uma relação” ou “relacionar-se”. Esse conceito vem justamente da psicologia, pois designa a técnica de o terapeuta criar uma ligação de empatia com seu paciente, a fim de que ele se comunique com menos resistência.

Como o rapport se popularizou, o termo também ganhou sentido em vários âmbitos profissionais e sociais designando estratégias de conexão para que a comunicação seja mais tranquila.

Conheça 9 pilares para o estabelecimento do rapport entre pessoas

Selecionamos algumas das principais técnicas de rapport para que você use no seu dia a dia. 

É possível que o seu terapeuta empregue algumas ou todas elas com você e outros pacientes, mas cada profissional escolherá as estratégias que julgar mais adequadas para cada perfil.

1 – Comunicação não verbal

A comunicação não verbal se dá por meio dos gestos que o terapeuta usará enquanto conversa com você. 

2 – Expressão facial

A expressão facial do terapeuta deve ser positiva e, em boa parte das interações, também deve ser agradável.

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    Estabelecer um vínculo terapêutico com uma pessoa carrancuda é bastante complicado, pois é possível extrair uma impressão de julgamento da expressão facial “errada”.

    3 – Comunicação verbal

    A comunicação verbal diz respeito ao cuidado com as palavras que o terapeuta escolhe para conversar. É importante, por exemplo, não usar expressões que classifiquem as pessoas.

    4 – Postura Corporal

    Outro ponto relevante para a construção do vínculo entre terapeuta e paciente diz respeito à postura corporal, pois ela também transmite tanto a mensagem de conforto quanto a de repreensão.

    5 – Volume

    A intensidade da voz é relevante porque obviamente é desconfortável conversar com uma pessoa que fala gritando ou sussurrando. 

    6 – Andamento

    O timing e ritmo da conversa também importam, pois você não quer correr com um tema relevante para você e nem quer conversar sobre algo que ainda não está pronto para ser conversado em uma sessão.

    7 – Equilíbrio emocional

    No tocante ao equilíbrio emocional, é importante que o terapeuta controle conscientemente suas palavras, olhar, expressão e postura a fim de tornar a interação com o paciente mais tranquila.

    8 – Tom de voz

    O timbre utilizado para conversar também é importante, pois ele comunica sensibilidade, firmeza, grosseria e acolhimento em uma situação em que é necessário estabelecer o vínculo terapêutico.

    9 – Contato visual

    Por fim, fica a critério do terapeuta a prática de olhar nos olhos do paciente por toda a sessão ou apenas em partes dela.

    Essas questões que o terapeuta escolhe como lidar durante seu protocolo são discutidas mais abaixo, pois diferentes terapeutas encaram o vínculo terapêutico de maneiras distintas.

    Conheça os teóricos da psicologia e da psicanálise que falaram sobre o vínculo terapêutico

    A aliança terapêutica entre terapeuta e paciente

    A aliança terapêutica é um termo usado por psicanalistas a fim de descrever o vínculo terapêutico. 

    De acordo com Sigmund Freud, “permanece sendo o primeiro objetivo do tratamento ligar o paciente a ele mesmo e à pessoa do médico”. 

    Logo, para o pai da psicanálise estabelecer esse vínculo chamado de transferência psicanalítica é central e uma condição sine qua non para o sucesso do tratamento de alguém.

    Contudo, esse vínculo pode ser construído sem o olho no olho. Por exemplo, Freud defendia o uso do divã como instrumento da Psicanálise, pois não encarar o terapeuta ajudaria o paciente a voltar-se para si mesmo, de modo que ele fale sem a interferência direta do psicoterapeuta.

    Harald W. Lettner e a relação entre vínculo terapêutico e o sucesso de um tratamento

    Para Harald W. Lettner, professor de pós-graduação da área de Psicologia Clínica da PUC/RJ, o sucesso da terapia está diretamente ligado à qualidade da relação terapêutica. Por essa razão quaisquer negligências nessa relação entre terapeuta e paciente poderiam levar ao fracasso do tratamento.

    Nesse contexto, se a percepção do cliente sobre essa relação é positiva, Lettner entende que o tratamento se torna mais efetivo.

    Ele postula ainda uma série de características que os psicólogos e terapeutas devem desenvolver nesse sentido. São elas:

    • Postura empática;
    • Compreensão;
    • Aceitação desprovida de julgamentos;
    • Autenticidade;
    • Autoconfiança;
    • Flexibilidade na aplicação das técnicas.

    Além disso, é ideal que os terapeutas sejam calorosos, amigáveis, comprometidos, tolerantes e interessados. De acordo com Lettner, essas são características relacionadas ao sucesso do tratamento também.

    Outros critérios a observar no estabelecimento do vínculo terapêutico para Lettner

    O professor sugere ainda que outras características estão relacionadas ao sucesso de um tratamento terapêutico. São elas:

    • Altas taxas de comportamentos gestuais do terapeuta;
    • Grande número de verbalizações do terapeuta e do cliente referentes a eventos privados;
    • Elementos advindos da história de vida do terapeuta;
    • Opção sexual entre terapeuta e cliente;
    • Questões socioeconômicas;
    • Postura diretiva por parte do terapeuta acarreta resistência;
    • Terapeutas experientes são mais bem avaliados pelos clientes do que iniciantes.

    Carl Jung e a interação entre sistemas psíquicos

    Por fim, trazemos algumas reflexões do psiquiatra Carl Jung acerca da relação entre paciente e terapeuta.

    Na concepção da teoria junguiana, a psicoterapia é um campo da terapêutica que consiste no maravilhoso encontro de Sistemas Psíquicos. Ou seja, o sistema psíquico do terapeuta interage com outro sistema psíquico, que é o do paciente. 

    Assim sendo, o contato com o paciente é muito importante. No contexto da Psicologia Analítica, o terapeuta age de acordo com o pressuposto de ajudar o paciente a elaborar os seus conflitos e, dessa forma, caminhar para a sua individuação.

    Considerações finais sobre o vínculo terapêutico entre um terapeuta e seu paciente

    Esperamos que essa discussão sobre vínculo terapêutico tenha esclarecido a importância de construir uma relação de confiança e abertura com o seu terapeuta. Sendo você o profissional, esperamos que os itens que apresentamos aqui ajudem você a se conectar com seus pacientes. Temos mais conteúdos exclusivos sobre a construção desse vínculo em nossa formação em psicanálise clínica online, então, para aprender mais, faça a sua matrícula!

    2 thoughts on “O que é vínculo terapêutico entre terapeuta e paciente

    1. Gestual em excesso, para mim, a pessoa quer dispersar o foco ou emitir resistência como uma funcionaria que me atendeu numa Assistência Técnica que presumo que olhar nos olhos, ela pensou estar fazendo uma “leitura dela”, não diferente do montador de móveis que além do gestual, ele falava alto e até meio agressivo, nesse caso, querendo evitar que eu comentasse sobre o que ele narrava! Percebo que as pessoas estão vivendo por viver, sem parar e refletir e, ai quando alguém conversa ou busca interagir, parece como que seja algum problema deles relatar vivências! Uma das minhas experiências singulares em consultório foi o médico que me atendeu ano passado ter dito que o problema neurológico na infância ficou naquela fase da vida! Depois quis saber do meu estrabismo que pode ser inerente a neurologia. Ainda quando percebeu a minha pouca força no braço esquerdo, frisei tenho neuropatia, que me pareceu ele se lembrou do que era! Uma fisioterapeuta que teve que parar a fisioterapia que me fazia, por causa do parto e licença maternidade, ao me perguntar como estava o tratamento com o colega, comentei da descontinuidade, ai ela concordou que toda terapia sem a confiança na técnica aplicada não surte efeito, aliado é claro, do terapeuta se mostrar Impessoal nas Sessões. É como não ter sabido “vender o peixe” como diz o sábio ditado popular!

    2. Mizael Carvalho disse:

      Muito bom artigo! O vínculo terapêutico com o paciente é importantíssimo, para o sucesso do tratamento analítico.

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