resumo de psicanalise freudiana

Psicanálise Freudiana: 50 principais conceitos resumidos

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A psicanálise freudiana é uma grande responsável por muito do que se sabe atualmente sobre o funcionamento da psique humana. Foi a partir das descobertas de Sigmund Freud que a psicanálise se transformou para abrigar uma abordagem de extrema relevância. Isso influenciou a psicologia e várias áreas do saber humano.

Por esse motivo, para qualquer pessoa que possui interesse em conhecer a psicanálise, os conceitos freudianos devem ser os primeiros da lista. Isso porque, de certa forma, são eles que fundamentam todos os estudos posteriores sobre o assunto, servindo até hoje como referência. Muitas vezes, mesmo para manifestar divergência, autores da psicanálise e da psicologia adotam a perspectiva freudiana como ponto de partida.

Dito isto, continue a leitura e confira principais conceitos resumidos da psicanálise, com base na obra de Sigmund Freud.

O que é psicanálise freudiana?

Para entender, afinal, como funciona a psicanálise de Freud, é importante sempre destacar que ela trabalha com o inconsciente.

Assim sendo, as sessões de psicanálise duram em média 45 a 50 minutos e costumam ser bastante dinâmicas, exigindo a participação ativa do paciente (também chamado de “analisando”). Contudo, as frequências das sessões, sejam elas diárias, semanais, quinzenais ou mensais, por exemplo, são definidas pelo psicanalista em conjunto com o analisando.

Com esses preceitos, a psicanálise freudiana é construída justamente para atender as diferentes necessidades de cada sujeito. Por isso, a abordagem é tão prestigiada entre profissionais e pacientes que se beneficiam com esse tipo de tratamento.

Principais conceitos da Psicanálise Freudiana

A partir daqui, listaremos cerca de 50 dos principais conceitos para entender a psicanálise freudiana.

Conceitos relativos aos métodos utilizados por Freud

  1. Sugestão hipnótica: usado na fase inicial de Freud; o analista coloca o paciente em estado hipnótico e sugestiona para que o paciente se recorde e supere dores psíquicas. Esta técnica foi posteriormente abandonada por Freud.
  2. Método catártico: uma variação da sugestão hipnótica, busca suscitar emoções e pressionar a testa do paciente (entre os olhos) para que ele se recorde e supere dores psíquicas. Esta técnica também foi abandonada por Freud.
  3. Associação livre: é o método definitivo da Psicanálise e da fase de maturidade de Freud. O paciente não é mais hipnotizado, mas sim fala espontaneamente tudo o que vem à cabeça, para que o psicanalista o ajude a criar correlações entre ideias que possam alcançar as causas inconscientes.

Conceitos da Primeira tópica ou Modelo topográfico

Nesta fase inicial dos estudos, Freud considerou a mente humana como dividida nas seguintes instâncias:

  1. Consciente: Na psicanálise, o campo consciente da mente é considerado a parte ciente do cérebro. Responde pelo lado racional, pela nossa mente atenta, por aquilo que estamos pensando agora, por aquilo que sabemos sobre nós mesmos (quando alguém nos pergunta “quem é você?) e pela nossa interação com a realidade externa.
  2. Pré-consciente: Este é o lar de tudo o que podemos lembrar ou recuperar de nossa memória. São informações em que não estamos pensando agora, mas que sobre elas não houve repressão ou recalque. Então, são informações que podem ser recuperadas. Por exemplo, se perguntarmos a você o significado de “indigestão”, esta informação não estava no seu consciente no exato momento antes de fazermos a pergunta. Estava no pré-consciente, foi trazida ao consciente após nossa pergunta.
  3. Inconsciente: é a maior parte de nossa mente, a parte submersa do nosso iceberg mental. No inconsciente, reside um repositório no nível mais profundo, capaz de impulsionar o comportamento, percepções, desejos. A ideia de inconsciente é a ideia mais importante dentro da psicanálise, segundo os autores Laplanche e Pontalis (“Vocabulário de Psicanálise”).

Conceitos da Segunda tópica ou Modelo estrutural

Mais tarde, Freud postulou um novo modelo da mente que coexistiu com suas ideias originais sobre consciência e inconsciência. Estamos nos referindo aos três elementos do aparelho psíquico, cujos nomes são conhecidos como: Ego, Id e Superego.

  1. Ego: é parte consciente e parte inconsciente. Na parte consciente, estariam nossas ideias sobre nós mesmos, as coisas que estamos pensando agora, as atividades que estamos realizando neste momento em relação ao mundo. No lado inconsciente, estariam os mecanismos de defesa do ego, que são ferramentas que buscam evitar que o ego tenha lembranças e ideias dolorosas a respeito de si. O ego será mediador entre o id (oferecendo um pouco de prazer) e o superego (oferecendo obediência às regras morais), instâncias que veremos a seguir.
  2. Id: o id é todo inconsciente e é a origem das pulsões; é a fonte dos impulsos que visam apenas suprir a necessidade de prazer. Para o id, não há certo ou errado, não há presente ou futuro, não há noção de espaço e não há uma linguagem verbal clara que nosso consciente possa capturar. É a dimensão da mente mais inconsciente e “selvagem”.
  3. Superego: o superego julga as ações impulsivas e pode causar sentimentos de reflexão e angústia sobre determinadas situações. Além disso, o superego é visto como a porção da mente em que residem os valores morais e os princípios sociais de conduta que impulsionam o indivíduo a se comportar de maneira socialmente aceita. Com isso, o indivíduo recebe as “benesses” da convivência social, como a divisão social do trabalho.

Conceitos relativos às estruturas psíquicas

Segundo Freud, as estruturas psíquicas são formas macro de pensarmos o mecanismo principal que dirige a vida psíquica de um sujeito. São três estruturas, cujos conceitos veremos a seguir. Conforme o indivíduo tenha uma tendência maior a uma delas, costuma-se dizer que é neurótico, psicótico ou perverso.

  1. Neurose: é a estrutura principal do ponto de vista da psicanálise; os principais psicanalistas concordam que são as neuroses aquilo que a psicanálise melhor consegue tratar. O sujeito neurótico tem uma tendência de pensar e se comportar de modo que é possível ele conseguir “olhar de fora” e perceber o seu problema, ou pelo menos desconfiar do problema, ainda que não seja fácil superá-lo. Por isso, a terapia psicanalítica consegue ajudá-lo, pois há brechas para uma autocrítica e um autoconhecimento. Um exemplo são os transtornos obsessivos. Todos somos, em alguma medida, neuróticos: o que varia é o grau de incômodo que nossas neuroses geram nos outros e, principalmente, em nós mesmos. Freud diferenciava dois grandes grupos de neuroses: as neuroses atuais e as psiconeuroses.
  2. Psicose: diferentemente do neurótico, o sujeito psicótico não desconfia que seu transtorno é de fato um transtorno. Acredita ser a própria realidade. Então, a psicose imerge o sujeito em uma chamada realidade paralela, com elementos de delírios, paranoias, alucinações e outras alterações mais severas da percepção. Sem um lugar para se “olhar de fora”, há quem questione se o método psicanalítico seria eficaz ao tratar o quadro psicótico. Claro que há tratamentos medicamentosos ou terapêuticos que atuam na psicose. Por sinal, em contrapartida, há psicanalistas que consideram a capacidade de a psicanálise contribuir com uma melhora deste quadro clínico. A teoria costuma identificar a esquizofrenia e a paranoia como formas da psicose.
  3. Perversão: na acepção inicial em psicanálise, perversão é qualquer manifestação de sexualidade que não seja a relação de coito “pênis-vagina”. Mesmo relações heterossexuais podem ter dimensões de perversão. São exemplos de perversão as chamadas parafilias, tais como: voyeuriusmo, exibicionismo, sado-masoquismo, fetichismo, frotteurismo, entre outras. Freud afirmava que “a predisposição às perversões era a predisposição original e universal da sexualidade humana”. O fato de que o sadismo e o masoquismo (duas das principais parafilias) tenham orientações voltadas à agressividade provavelmente é a causa para o conceito de perversão ter sido cada vez mais relacionado à ideia de crueldade, embora não exista este teor de agressividade na grande maioria das parafilias.

Conceitos relativos às Formações do Inconsciente

São as maneiras que o inconsciente encontra para realizar uma manifestação tangível. Em psicanálise, considera-se que o inconsciente é inacessível enquanto tal, mas que pode se manifestar indiretamente, por meio de representações que alcançam a mente consciente. Essas formas de manifestação são as formações do inconsciente e são passíveis de interpretação na clínica. Vejamos as quatro formações, segundo Freud:

  1. Sintomas: a psique não exclui totalmente uma experiência negativa ou difícil de lidar. Essa experiência é recalcada no inconsciente, mas retorna e repete-se na forma de sintoma mental ou até mesmo físico. Neste sentido, fala-se também em um retorno do recalcado. Por exemplo, um sintoma de ansiedade poderá ser o efeito de uma causa inconsciente recalcada. Cabe à terapia psicanalítica buscar identificar (ao menos em parte) esta causa. São exemplos de sintomas aqueles relativos às histerias, fobias, ansiedades, angústias e compulsões.
  2. Sonhos: o livro A Interpretação dos Sonhos (Freud, 1900) é considerado pelo próprio autor como um divisor de águas na fundação da psicanálise. Além do conteúdo manifesto (a narrativa ou “história” que contamos ao nos lembrar dos sonhos), há também nos sonhos o conteúdo latente, que (ao ser interpretado) revela as dimensões do desejo e do sofrimento do sujeito. Neste sentido, afirmou Freud que os sonhos são uma via régia ao Inconsciente.
  3. Chistes e atos falhos: são formas de “erro” que são cometidas ao se fazer humor, ou ao se trocarem palavras, ou ao se esquecer de alguma coisa, ou ao se cometerem atos físicos involuntários (como tiques ou “acidentes”). Em resumo, são formas entendidas como “sem querer”, mas revelam aspectos do inconsciente e padrões de comportamento do sujeito. Mais abaixo, veremos mais detalhes sobre estas formações. Além dos chistes e dos atos falhos, outras formas com que um elemento do inconsciente se manifesta é por meio dos sintomas e dos sonhos, como vimos acima.

As quatro formações acima são possíveis em função de dois mecanismos principais, que estão presentes nos sonhos, nos sintomas, nos chistes e nos atos falhos:

  1. Condensação: vários eventos da infância, desejos, insatisfações etc. podem condensar-se (resumir-se) em um complexo ou síntese que passa a marcar o sujeito. Assim, na vida psíquica, coexistem experiências sobrepostas, que não necessariamente foram vividas da maneira como foram condensadas.
  2. Deslocamento: um desejo, uma situação dolorosa ou uma condensação revela-se de maneira deslocada, ou seja, encontra outro representante manifesto. Por exemplo, uma inibição ao desejo de ordem inconsciente pode deslocar-se e manifestar-se como um sintoma (por exemplo, uma crise de ansiedade).

Conceitos relacionados aos atos falhos

Freud considerava que os atos falhos são equívocos linguísticos, físicos ou provocados por esquecimento. Nas palavras de Freud, esses erros são “acertos” do ponto de vista do inconsciente. É um “sem querer querendo” que pode revelar o que inconscientemente desejaríamos fazer. São quatro tipos de atos falhos, segundo Freud:

  1. Lapsos Linguísticos ou de Língua: são atos falhos de fala, de escrita ou de leitura, como quando trocamos uma palavra por outra.
  2. Lapsos de Esquecimento: quando nos esquecemos de nomes de pessoas, de palavras em outra língua, de intenções, de lembranças de infância; além disso, incluem-se também os esquecimentos que causam perdas ou danos.
  3. Lapsos de Ação: atitudes vistas como atrapalhadas ou acidentais, mas que podem ter uma razão inconsciente, como quando sem querer nos machumos ou quebramos alguma coisa.
  4. Lapsos por Erros: ideias conceituais e lembranças que juramos ser verdadeiras, mas que são (na verdade) distorções lógicas ou de memória.

Conceitos relativos ao funcionamento psíquico

São muitos os conceitos relacionados aos mecanismos psíquicos que aparecem na psicanálise freudiana. Vamos listar mais alguns abaixo, inserindo junto um link para você ler mais a respeito:

  1. Representação: há vários sentidos que Freud usou, mas o essencial é a representação como um elemento consciente que substitui um elemento inconsciente que fora recalcado. Ex.: um sintoma psíquico pode ser o representante de um trauma.
  2. Recalque, recalcamento ou repressão: há diferenças de sentido nesses termos, a depender de quem os aborde. Mas, de uma forma geral, entende-se como o processo em que uma experiência dolorosa à psique do sujeito é arremessada para o inconsciente e lá reste “esquecida”, evitando que a psique consciente reviva aquele fato.
  3. Racionalização: é um dos principais mecanismos de defesa do ego, em que nossa mente busca uma justificativa aparentemente lógica para continuar sendo o que é. Por exemplo, quando o paciente diz que “todas as pessoas são infelizes” como forma de se explicar por não tomar uma atitude contra a dor psíquica que lhe representa sua infelicidade.
  4. Narcisismo: em certa medida, o ego precisa se autoafirmar, pois assim haverá autoestima e diferenciação em relação ao mundo exterior. É um processo necessário. Entretanto, o ego exacerbado (exagerado) cria barreiras ao convívio social, ao aprendizado e ao reconhecimento de demandas psíquicas. Isso acaba aprisionando o sujeito, assim como Narciso (no mito grego que originou o termo) acaba se afogando, ao apaixonar-se por seu próprio reflexo nas águas de um rio.
  5. Ambivalência: é a mistura de sentimentos opostos, em especial: amor e ódio. Para Freud, todos temos a necessidade de estabelecer vínculos afetivos, mas também tempos impulsos instintivos de agressividade. Assim, é de certa forma natural à psique humana amar e odiar. Quando um familiar querido falece, muitas vezes nos culpamos por termos, em algum momento, lhe desejado um mal: este seria um exemplo de que a ambivalência vive em nós.
  6. Fases do desenvolvimento psicossexual: Freud elaborou uma teoria da sexualidade, que é também uma teoria do desenvolvimento psíquico. Por isso, essas fases são chamadas por vezes de psicossexuais. São elas: fase oral, fase anal, fase fálica, período de latência e fase genital.

Conceitos relativos aos mecanismos repressivos

Os conceitos a seguir relacionam-se a aspectos que dizem respeito às relações interpessoais e familiares.

  1. Sublimação: o ego cede ao superego em parte, ao aceitar converter a energia pulsional do id em algo socialmente útil, como trabalho ou arte. A satisfação pelo resultado profissional, financeiro ou artístico é uma contrapartida de satisfação que o ego entrega ao id.
  2. Complexo de Édipo: o menino apega-se à mãe e rivaliza com o pai. O complexo de Édipo é bem resolvido quando criança/adolescente torna-se mais autônomo. Isso significa destinar seu afeto a outros objetos diferentes da mãe (brinquedos, heróis, paqueras etc.) e a introjetar a impossibilidade de continuar seu antagonismo com o pai.
  3. Psicanálise social: A obra O Mal-Estar na Civilização (também traduzida como O Mal-Estar na Cultura) é um marco de como o superego e o Édipo agem em âmbito social, reduzindo a agressividade primitiva do Id em benefício da vida em sociedade.

Conceitos da relação entre analista e analisando

  1. Início do tratamento em psicanálise: Freud denominava também de entrevistas preliminares ou tratamento de ensaio. É o primeiro (ou primeiros) contato(s) entre analista e analisando, de modo que seja possível estabelecer um vínculo terapêutico, compreender a demanda de cura trazida pelo analisando e compartilhar com ele o funcionamento do método psicanalítico.
  2. Setting analítico (ou setting terapêutico): é o meio de interação entre analista e analisando pelo qual se desenvolve a terapia. Pode ser um meio físico, como um consultório com poltronas, divã etc. Pode ser um meio virtual, no caso de atendimento online.
  3. Atenção flutuante: na associação livre, o psicanalista deve abster-se de ideias fixas ou temas pré-definidos, bem como deve atenuar seus próprios preconceitos, para oferecer uma escuta atenta e propondo suas análises, enquanto o analisando livre-associa.
  4. Ego fortalecido: Costuma-se dizer que o narcisista tem (no fundo) um ego fragilizado. Afinal, busca se impor para evitar confrontar-se e crescer psiquicamente. Atualmente, reconhece-se como principal tarefa da terapia psicanalítica o fortalecimento do ego, para que o sujeito consiga lidar com as questões psíquicas e com a realidade externa. Este fortalecimento não é nem o esfacelamento egoico (falta de autoestima etc.), nem o narcisismo, mas sim o ego encontrar seu lugar, lidar com as demandas internas/externas, compreender e gerenciar os seus desejos, ressignificar sua trajetória e permitir a convivência com os “egos” de outras pessoas.
  5. Transferência: Para Freud, a relação transferencial é basicamente uma forma de amor transferencial entre analista e analisando. Isso é importante, dentre outros fatores, por estabelecer a confiança necessária para o analisando livre-associar. Para a psicanálise, há um momento do desenvolvimento da terapia em que o analisando passa a replicar seus processos psíquicos em direção ao analista. Por exemplo, o analisando pode começar a usar a mesma lógica de ação e fala que usaria contra seu pai (ou mãe) em relação ao psicanalista. É possível que a transferência tenha um aspecto positivo, pois este afeto dirigido ao analista permite a análise avançar, isto é, permite que se reflita sobre as causas deste comportamento.
  6. Contratransferência: é a transferência do analista em direção ao paciente, ou seja, é a resposta do analista à transferência do paciente. Costuma-se qualificar como favorável a contratransferência que seja uma reação emocional, controlada, consciente e adequada do terapeuta ao paciente. Por outro lado, é negativa a contranstranferência em que o psicanalista tente impor sua visão ideológica ao analisando, rompendo o aspecto da neutralidade que se espera do analista. Ou o analista mostre uma irritação exagerada contra algo que o analisando disse, como uma pergunta pessoal feita pelo analisando, ou um questionamento sobre a terapia que o analisando faça.
  7. Resistência: enquanto a transferência bem manejada pode mover a terapia adiante (trazendo novas elaborações), as resistências são quaisquer barreiras que dificultem o avanço terapêutico e impeçam o fortalecimento do ego. Por exemplo, pode ser uma resistência aquela explicação racional que o paciente oferece para culpabilizar outras pessoas por eventos em relação aos quais este paciente seria (co-)responsável. Quando manifestos em terapia, os mecanismos de defesa são exemplos de resistências.

Conceitos relativos aos períodos da Psicanálise

Pegamos emprestadas do psicanalista David Zimerman as definições abaixo. Para Zimerman, há três períodos da Psicanálise. Podemos pensar em termos de cronologia e também como macro-tendências ou macro-grupos de escolas. Assim, por exemplo, um psicanalista de hoje pode dizer-se de orientação ortodoxa.

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    1. Psicanálise Ortodoxa: análise dos conteúdos recalcados e os desejos reprimidos; diz-se também que um psicanalista é ortodoxo quando sua técnica é muito rígida e evita a expansão conceitual para outras áreas da psicologia e das humanidades.
    2. Psicanálise Clássica: foi ampliando novas formas de atendimento para além dos pacientes neuróticos mais severos; neuroses mais brandas e até mesmo a clínica da psicose e da perversão podem ser abordados, bem como aspectos relacionados à personalidade.
    3. Psicanálise Contemporânea: priorizam-se os vínculos entre o par analítico (relação paciente – analista). O rigor teórico e técnico acaba cedendo às demandas específicas do par analítico. O foco é no setting analítico (transferência, contratrasferência, e resistências) e na forma como o analisando define sua personalidade, seus problemas, suas demandas e suas ideias sobre a vida.

    Conceitos das escolas de psicanálise

    Escolas são tendências ou correntes de pensamento que marcam diferenciações significativas dentro de um campo de saber. Assim também ocorreu com a Psicanálise. A depender de quem faça esta classificação, uma linha de pensamento considerada distinguível em uma escola específica pode não ser tão importante ou tão diferente para tal destaque. Então, pessoas diferentes criarão listas diferentes. Vamos seguir abaixo as sete escolas de psicanálise propostas por David Zimerman.

    1. Escola Freudiana: segundo Zimerman, esta escola teve Sigmund Freud, Sandor Ferenczi, Anna Freud e Wilhelm Reich como precursores mais alinhados. São temas centrais o inconsciente (motor central das ações humanas), as pulsões de vida e de morte, o desenvolvimento da sexualidade infantil, o Édipo, os mecanismos de defesa e as resistências.
    2. Escola Kleiniana: nome de sua precursora, Melanie Klein. Também chamada de Escola das Relações Objetais. Klein baseou-se em Freud, mas propôs significativas diferenças. Seu foco é nas relações humanas, nas relações de afeto e na psicanálise infantil. Nesta teoria, os estudos fundamentam-se no comportamento do indivíduo desde o nascimento, acompanhando toda a infância e seu desenvolvimento social.
    3. Escola da Psicologia do Ego: Margareth Mahler, Heinz Hartmann e Otto Kernberg são alguns dos principais nomes. Concebem que o ego desenvolve-se a partir do id conforme o bebê vai fixando a diferença do seu corpo-mente em contraposição com mundo exterior. A atenção do bebê vai, então, se voltando para o seu “eu” (o seu ego). Consideram a divisão freudiana da segunda tópica: id, ego e superego. Funções psíquicas como afeto, memória, conhecimento e pensamento passam a ter um foco maior para a psicanálise. Esta escola aproxima a psicanálise de outros saberes da psicologia, filosofia, educação, sociologia e educação.
    4. Escola da Psicologia do Self: Heinz Kohut propõe que introspecção e empatia são instrumentos essenciais da psicanálise. Propõe a tese das “falhas dos self-objetos primitivos”. Nesta teoria, o psicanalista tem uma função de suprimir falhas empáticas parentais da trajetória do analisando, redimindo uma condição de identificação do indivíduo com seu pai e sua mãe.
    5. Escola Francesa: o principal nome é Jacques Lacan. Esta escola reconhece a importância da linguagem como forma constitutiva do sujeito (e não apenas forma de comunicação do pensamento) e de suas relações sociais. Ao criar os sentidos para as palavras, o sujeito também se cria. Então, o universo simbólico é, de certa forma, o próprio universo a se considerar na análise. Implicar o sujeito em sua fala torna-se uma tarefa central do analista, como ao dizer para seu analisando: “Você me disse que sofre de depressão, mas o que significa para você viver com depressão?”. Em seus Seminários, Lacan propôs vários novos conceitos, várias formas de (re)ver os conceitos freudianos, criando uma psicanálise inovadora, focada na materialidade do simbólico e das representações.
    6. Escola Winnicottiana: para o psicanalista e pediatra Donald Winnicott, a elaboração que o bebê faz de sua mente-corpo a partir principalmente da relação com a figura materna é fundamental para moldar sua psique, por toda a sua vida. Winnicott concebeu como central o papel da mãe suficientemente boa: nem superprotetora, nem negligente na criação do bebê. A mãe suficientemente boa realiza tarefas de holding (segurar o bebê), handling (manusear o bebê) e apresentação de objetos (apresentar brinquedos, outras pessoas e o mundo). Assim, o bebê poderá desenvolver-se pelos processos de integração (sentir-se inteiro em suas partes corpo-mente), personalização (saber distinguir-se das outras pessoas e do mundo) e realização (praticar ações sobre o mundo e testar relações como a de causa-efeito).
    7. Escola de Bion: Wilfred Bion teve como um de seus focos o fenômeno da identificação projetiva, que pode ser realista (quando estrutura a formação da criança) ou pode ser excessiva (quando adquire caráter patológico). No contexto da terapia, a identificação projetiva pode ocorrer sem que o cliente a perceba, cabendo ao psicanalista interpretar tais emoções, no sentido de nomear aquelas vivências e padrões que, antes, eram confusas ao paciente. Outro conceito importante para a psicanálise bioniana é o de mentalidade grupal, que busca refletir sobre a natureza inconsciente nos comportamentos de grupo.

    A inovação da psicanálise freudiana

    Durante as sessões realizadas em seu consultório, Freud focou em traduzir os sonhos e desejos proibidos dos pacientes, porém de uma forma não ameaçadora.

    Em suma, vale lembrar que as ideias em seu livro sobre os sonhos foram revolucionárias. Antes de Freud, os sonhos eram considerados divagações insignificantes e insensíveis da mente em repouso. Dessa forma, com sua teoria o seu livro, Freud despertou um novo nível de interesse em diversas áreas que continua até hoje.

    Outro aspecto inovador foi pensar o ser humano como dividido e na existência de uma mente inconsciente, que rege grande parte de nossa vida psíquica e acaba afetando nossos atos e relacionamentos no mundo. Freud atribui um novo valor ao que antes era visto como erro, e isso passa a ser incorporado como material da análise e elementos potencialmente reveladores do inconsciente: sintomas, sonhos, chistes, atos falhos etc.

    Psicanálise de Freud e as Artes

    O impacto da psicanálise freudiana não se deu somente no campo da psicologia, mas também na cultura, na arte, nos filmes, entre outras áreas.

    Além disso, vale destacar que os conceitos freudianos na psicanálise deixaram sua marca na literatura. Assim sendo, inspiraram obras de ficção que incorporam aspectos da psicanálise e de sua teoria.

    Entretanto, o impacto da psicanálise no cinema talvez seja ainda mais saliente do que seu efeito na arte e na literatura. A título de exemplos:

    • Cinema: o cinema surgiu praticamente na mesma época da psicanálise. Diversos filmes foram inspirados e influenciados pelo campo da psicanálise. De forma mais direta, podemos falar de filmes de cineastas como Buñuel, David Lynch e Hitchcock. De forma indireta, praticamente todos os filmes podem ser analisados pela ótica da psicanálise.
    • Artes visuais: movimentos artísticos do modernismo europeu e brasileiro (como o dadaísmo, o surrealismo e a arte bruta) são inspirações diretas da psicanálise freudiana.

    Considerações finais sobre conceitos de psicanálise freudiana

    Não há dúvidas de que Sigmund Freud é o fundador e a figura mais famosa da psicanálise, e também um dos pensadores mais influentes do século XX. No entanto, para entender seu legado e como se deu a sua passagem por esse campo, é importante começar com um olhar sobre sua biografia.

    É ao aprendermos mais sobre a história de Freud e os tempos em que ele viveu que desfrutamos de uma compreensão mais profunda dos conceitos da psicanálise freudiana.

    Além as descobertas de Freud na psicanálise, suas teorias foram fundamentais para o avanço da psicologia, das ciências humanas e para diversos diagnósticos psiquiátricos. Inúmeras outras escolas e abordagens da psicologia, da psicanálise, da sociologia, da pedagogia, das artes, da linguística, do direito etc. têm como pontos de partida as reflexões da psicanálise freudiana.

    As concepções freudianas contribuíram para trazer ainda mais informações sobre a psique humana e seu funcionamento.

    Este artigo sobre a psicanálise freudiana foi escrito por Paulo Vieira, gestor de conteúdos do Curso de Formação em Psicanálise Clínica. Deixe seu comentário com críticas, sugestões, elogios e complementos. Aproveite e nos diga: existe mais algum conceito que você considera essencial em psicanálise?

     

    18 thoughts on “Psicanálise Freudiana: 50 principais conceitos resumidos

    1. Maria Cláudia Assis Gadelha Dantas Coura disse:

      Excelente artigo. Muito esclarecedor!
      Recomendo a todos os colegas de Psicanálise Clínica.

      1. Marisa Chessa disse:

        Maravilhoso!!
        Texto claro e objetivo

    2. Mizael Carvalho disse:

      Muito bom artigo! Muito bem elaborado.

    3. María Dulcimar Batista Rodrigues Barbosa disse:

      Excelente artigo..bastante rico em informações. Indico aos colegas de Psicanálise Clínica.

    4. nara leda franco disse:

      O artigo traz de forma concisa e relevante os conceitos elementares, o que considero muito bom.

    5. A Didática não poderia ser melhor, a maneira simples de exemplificar os conteúdos é muito esclarecedora.

    6. Eliana Viana disse:

      Conteúdo enriquecedor! Vale a pena ler e aprender.

    7. Maria Neirismar Dias de Morais Souto disse:

      Conteúdo rico, sucinto e claro para os iniciantes da psicanálise.

    8. David Ferreira da Silva disse:

      Muito obrigado pelo artigo, Paulo e IBPC.

    9. Sulamita+Guimarães+Chaves+Santiago disse:

      Resumo bem esclarecedor e prático para entender a Psicanálise ,como também aguça à pessoas que se interessam pela profissão e o tratamento em si.

      1. Psicanálise Clínica disse:

        Olá, Sulamita, muito obrigado pela gentileza de suas palavras.

    10. Foi mt significativo eu rever os conteúdos
      estudados no curso de Psicanálise . Resumo didático, importante
      e pertinente a minha vida acadêmica. Conceitos sucintos e bem postos!
      Parabéns, Paulo! Obrigada .

    11. Alexsandro+Goldani disse:

      Ótimo texto, principalmente para os iniciantes na teoria freudiana.

    12. Romulo Caixa Ferreira disse:

      A psicanálise é uma ciência riquíssima porque a mente humana também é rica.

    13. Ailton Alves de Araújo disse:

      Excelente este material. Nos estimula à busca de mais e mais conhecimento sobre a Psicanálise ao passo que revisamos apreendendo o que ora aprendemos.

    14. Osmar Pereira de Araújo disse:

      Muito bom este artigo para ser lido com calma e tranquidade, e aos poucos refletindo sobre ele.

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