Ao analisarmos com atenção as patologias do mundo moderno nós podemos perceber que elas carregam um longo histórico. Ademais, fazendo um retorno às ideias freudianas, percebemos registros das primeiras manifestações documentadas das mais variadas neuroses. Para que você entenda melhor essa trajetória, hoje vamos explicar as psiconeuroses e neuroses atuais pela ótica de Freud.
O que é psiconeurose?
De acordo com o Dubois, se trata de afecções predominantemente psíquicas e passíveis de terapia. O termo é utilizado para casos neuróticos em que os sintomas se complicam por manifestações próximas da psicose. Especialistas utilizam esse termo em vez de neurose quando encontram uma raiz comum a qualquer alteração no comportamento humano.
Qualquer distúrbio indicado com o nome neurose acaba fazendo parte do grupo da psiconeurose. Por exemplo, a psicastenia, a neurastenia, as fobias, a histeria, a neurose de angústia, a hipocondria, as obsessões, etc integram esse grupo.
A psiconeurose é uma doença marcada pela frequência de conflitos intrapsíquicos na mente do paciente. Por meio deles que o comportamento social do indivíduo fica inibido, embora a doença em si não mude o sentido da realidade. A fim de a entendermos por completo, devemos nos atentar à:
- consideração da psiconeurose com relação à evolução do temperamento com base neurótica;
- transmissão por hereditariedade, de modo que a herança da família influencie no surgimento dela;
- hiperemotividade ou hiperexcitabilidade;
- oscilação de humor acentuada, indo do riso ao choro em segundos;
- labilidade vegetativa.
O que são as neuroses atuais?
Desde o começo dos estudos sobre o assunto, a escola de Freud percebeu duas ramificações de neuroses: transferência e neurose atual. As neuroses atuais conseguem afetar o funcionamento comum do corpo, alterando a função de determinado órgão. Por isso se mostra capaz de causar irritação, pressão intracraniana, dores, angústia e outras coisas.
Certamente é possível associar os sintomas acima com qualquer outra manifestação física que comprometa o corpo humano. Contudo, o próprio Freud entendeu que pacientes afetados pela neurose tinham a vida sexual limitada. Por isso que o nome acabou designando os novos meios neuróticos.
Já que o indivíduo estava descarregado sexualmente, dificilmente conseguiria repor uma boa recarga de mesma natureza. Os culpados desse esgotamento são o coito interrompido, demora do ato sexual ou preliminares muito longas. Por conta dessas situações que a libido se concentra no organismo, tornando a sua própria existência tóxica por acumulação.
Diferenças entre a psiconeurose e neuroses atuais
Freud apontou que a principal diferença entre a psiconeurose e as neuroses atuais é a etiologia, estudo sobre as causas das doenças. Assim, o fator que influencia o aparecimento de um transtorno em uma pessoa é diferente do que tem interferência em outra.
Quanto às neuroses atuais, elas acontecem em consequência do impedimento na satisfação sexual por interferência química. Já a psiconeurose era considerada consequência de desvios da libido e fixações na infância por intermediação psíquica.
Sintomas das neuroses atuais
Embora seja complicado de início, é possível entender por completo o significado de neuroses atuais pelos sintomas. Para Freud, tanto as psiconeuroses, quanto as neuroses atuais surgiam pelo uso incorreto da libido. Daí, surgiam sinais, como:
- pressão intracraniana;
- estado de irritação em determinado órgão;
- sensação de dores pelo corpo.
A manifestação acontecia tanto no corpo do indivíduo e, da mesma forma, no aspecto somático que ausenta os complicados mecanismos mentais conhecidos na origem. Por sua vez, as psiconeuroses apresentam manifestação dos distúrbios com influências psíquicas da função sexual.
A falta de simbolismo
No estudo das psiconeuroses e neuroses atuais notamos que os sintomas das neuroses fogem de uma interpretação simbólica. Já que não se vinculam a uma história, correspondem apenas às condições existentes da vida do paciente.
Em virtude dessa perspectiva, o tratamento se baseava nas orientações para a mudança na vida sexual do indivíduo. Dessa forma a libido seria descarregada, evitando que o seu acúmulo se tornasse prejudicial e tóxico ao paciente.
Antiga, mas não obsoleta
Atualmente a Psicanálise trabalha a complexidade dos quadros de psicopatologias que colocam em pauta a relevância da psicoterapia. Em suma, Freud criou um método investigativo, a Psicanálise, para tratar e investigar neuroses antigas, como fobias e histeria. Porém, esses mesmos quadros, aparentemente, não sustentam mais uma demanda clínica.
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Ademais, o crescimento das neurociências e da psiquiatria biológica acabam questionando se a Psicanálise tem espaço no século XXI. Não o bastante, questiona se a terapia do século XX ainda presente hoje se mostra tão eficaz quanto diz.
A fim de sanar esses questionamentos persistentes, é importante entender que a Psicanálise é a área em que se encontra as respostas necessárias para respondê-los. Quando voltamos aos estudos primários de Freud com a Psicanálise vemos que ele já estava bem familiarizado com diversos transtornos atuais. Assim que trazemos suas ideias ao presente, notamos o quanto a Psicanálise ainda é atual.
O alcance psicanalítico sobre as psiconeuroses
Freud sempre se mostrou otimista com a expansão da Psicanálise quando se via diante desses quadros de psiconeuroses. Ele mesmo afirmava que a cura analítica não podia esperar. Porém, uma melhora nos danos por meio do aumento da tolerância do indivíduos aos sintomas era garantida.
Entretanto, tal ideia perde o vigor nos próximos trabalhos de Freud. O psicanalista defendia que as neuroses atuais eram muito semelhantes aos episódios de intoxicação orgânica. Por conta disso a teoria psicanalítica e as ideias metapsicológicas tinham pouco espaço para se desenvolverem e elaborarem novas ideias.
De acordo com ele, os problemas das neuroses não dão nenhum espaço para a Psicanálise fazer outros estudos. Além de não conseguir esclarecer os problemas das neuroses, a Psicanálise deveria passar o manto para a Bioquímica. Assim, as neuroses atuais e psiconeuroses foram deixadas de lado por serem consideradas improdutivas, principalmente as primeiras.
Considerações finais sobre psiconeuroses
No estudo das psiconeuroses e neuroses atuais vemos que Freud não investe em fenômenos psíquicos para seu surgimento. Com isso, as ideias freudianas sobre as doenças devem ser guardadas para que outras mais completas expliquem melhor o fenômeno. Não que a Psicanálise seja ruim, nada disso, mas há outras respostas com acréscimos a essa questão.
Fica a idealização de como o mesmo debate seria caso a noção de doença psicossomática fosse melhor explorada em outras narrativas. Faria-se isso através de um alargamento intelectual que consideraria que qualquer distúrbio poderia ser incluído na etiologia direcionada aos fenômenos de ordem interpessoal. Ainda assim, a discussão é ampla, cabendo recursos ideológicos para a melhor defesa dos argumentos e teorias.
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