o que é sublimação

Sublimação: significado em Psicanálise e Psicologia

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Veremos o que é sublimação, significado deste conceito tão difundido da Psicanálise.

Para Freud, sublimação seria uma forma de transformar uma pulsão em algo socialmente aceito.

Por exemplo, quando trabalhamos, estamos transformando nossa libido ou nossa pulsão sexual ou de vida em algo “produtivo”.

Seria como se convertêssemos uma energia (interessante à pessoa) em outra (interessante à sociedade). Mas tem outras formas de saber o significado da Sublimação.

Vamos ver com mais exemplos? Então, continue lendo o nosso post!

Conceituando a Sublimação

Sublimação é o mecanismo que transforma algum desejo ou energia inconsciente em determinados impulsos que são bem vistos pela sociedade.

Ou seja, geram atitudes aceitas e úteis pela sociedade.

São meios que o nosso inconsciente usa para amenizar:

  • dor;
  • angústia;
  • frustração;
  • conflitos mentais.

Além do que falamos, são meios de lidar com o que leva a sentir angústia.

Isto é, pensamentos ou sentimentos provocados por impulsos indesejados e transformados em algo menos prejudicial.

Resumindo, o que pode ser peça construtiva de trabalho.

Podemos entender a Sublimação tanto como:

  • um dos mecanismos de defesa do ego: sublimamos para evitar olhar para nós mesmos e realizar o processo doloroso de reorganizar nossa vida psíquica. Por esta perspectiva, a sublimação transforma impulsos inaceitáveis em comportamentos socialmente aceitáveis e produtivos.
  • uma forma “normal”, não patológica e universal (todos os seres humanos) que usamos para transformar nossa energia psíquica e dosar e direcionar a maior parte de nossos impulsos e de nossa agressividade em favor de arte, trabalho, esportes etc.

Veremos estes dois aspectos da sublimação a seguir, neste artigo.

A etimologia ou origem da palavra vem do latim “sublimare”, que significa “elevar” ou “refinar”.

Nos estudos da mente, atribui-se seu a Freud a introdução do conceito de sublimação para a psicanálise no início do século XX.

Alguns autores podem usar como sinônimos: canalização, transformação, elevação, transmutação, redirecionamento, transposição, metamorfose e transubstanciação.

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    Um oposto à ideia de sublimação seria a indulgência. Sublimação canaliza impulsos de forma construtiva aos olhos da sociedade. Já a indulgência cede aos desejos sem controle.

    É importante lembrar que as seguintes grafias estão incorretas, pois não existem as palavras: sublimassão, sublimasão, sublimacão (sem cedilha) e sublemação.

    Funcionamento e os estágios da Sublimação?

    A sublimação pode ser entendida como o direcionamento da energia pulsional, sem representação aparente, para um investimento psíquico considerado produtivo para a vida em sociedade, como o trabalho, as artes e os esportes.

    Os estágios da sublimação são:

    1. Existe uma energia psíquica de natureza pulsional e inconsciente.
    2. Essa energia é pura vontade de realização imediata, sem distinção de certo e errado, e não aceita a negativa.
    3. Se manifestada como desejo puro, provavelmente se reverteria em agressividade ou outra forma de prazer imediato, inviável em contexto social.
    4. Surge a civilização, um pacto em que individualidades abrem mão de parte de seus desejos e impulsos, o que gera o “mal-estar necessário”.
    5. A energia não deixa de existir e é sublimada, ou seja, direcionada para algo socialmente útil, aceito e produtivo.

    Normal e patológico na vida psíquica e social

    A sublimação é entendida como um mecanismo de defesa que direciona a energia pulsional para tarefas como arte e trabalho.

    Para Freud, a sublimação não é necessariamente patológica, mas sim a base da civilização: ao invés de agir de forma agressiva, usa-se essa energia para uma ideia de coletividade.

    O excesso de sublimação, no entanto, pode ser patológico, como um superego muito rígido que leva a pessoa a apenas trabalhar, como uma forma de “escape” ou defesa para não lidar consigo mesma, sem conceder espaço para seu prazer ou para seu “id”.

    Então, em Freud, o limite entre normal e patológico é tênue.

    Do ponto de vista individual, a sublimação pode ter:

    • tanto o aspecto de normalidade: a sublimação é constitutiva da psique, relaciona-se especialmente com o ego (a forma como o sujeito se identifica em sua profissão ou vida familiar, por exemplo, “eu sou mãe e fisioterapeuta”) e o superego (os ideais e obrigações que a pessoa tem de viver em sociedade e “ganhar a vida”);
    • quanto o aspecto patológico: se pensarmos que a sublimação pode também ser entendida como um mecanismo de defesa, como no caso de uma pessoa  que se sinta mal por ser workaholic (trabalhar de forma compulsiva).

    Do ponto de vista social, a sublimação pode também ter:

    • tanto o aspecto de normalidade: a sublimação é um dos elementos fundantes da vida coletiva, pois o trabalho e a arte atendem (pelo menos em parte) uma divisão de tarefas benéfica também ao indivíduo;
    • quanto o aspecto patológico: se pensarmos que o sujeito pode abdicar demais de seu id, de sua agressividade e do que lhe dá prazer, gerando-lhe o que Freud chama de “mal-estar (individual) na (vida em) civilização”.

    A Sublimação pode se tornar algo patológico?

    Sim, a sublimação pode se tornar patológica quando o superego, excessivamente rígido, não permite nenhuma forma instintiva ou pulsional de prazer e satisfação.

    Por exemplo, o trabalho gratificante em doses certas é saudável, mas seu excesso, como no caso do workaholic, torna-se obsessão e pode gerar transtornos psíquicos, como a síndrome de burnout.

    Individualmente, a sublimação pode ser um mecanismo de defesa do ego, em que o excesso de trabalho, por exemplo, impede que o ego olhe para si mesmo de forma crítica e reconstrutiva, defendendo-se para continuar sendo o que é, evitando a “dor” de experimentar outros olhares sobre si.

    Quando o superego força uma situação para não admitir nenhum prazer, a sublimação extrapola seu papel e se torna patológica, pois não permite que a libido seja, ao menos em parte, prazerosa ao sujeito.

    A sublimação saudável redireciona potenciais atos destrutivos para algo criativo do ponto de vista social, promovendo o esquecimento de lembranças dolorosas, a realização pessoal e a normalidade da pessoa.

    Mas, em excesso, ela se torna patológica, quando o desejo sexual ou agressivo precisa ser transformado em algo produtivo.

    O inconsciente e o Ego

    O religioso descarrega o impulso com a substituição do cultural ou intelectual de forma desejável, sem deixar sofrimento na pessoa.

    Desviando o inconsciente, o ego satisfaz o id e a pressão do superego, e o inconsciente aceita a realidade e elimina a tensão.

    Porém a energia sublimada é para as pessoas muito útil. Ela transforma o princípio do prazer em benefício, libertação e construção para o trabalho.

    Por isso, pode as deixar livres de pensamentos incômodos.

    O inconsciente, o ego com aspiração codificada, se manifesta por meio de algo que reduz o desejo anterior.

    A libido, que é a base da vida e que faz a vida reproduzir por meio sexual, é uma força fundamental e vital.

    Se assim não fosse, voltaria à vida animal e não teria a crença na vida após a morte e nem a religião.

    Controlando o prazer

    O jogo é a energia canalizada que é a sublimação. Ela dá o desvio para o trabalho, pintura, pois são atos desviados.

    É uma força que domina o princípio do prazer, porém, obedece ao gozo pessoal, colocado sobre o princípio da realidade e sociedade.

    Além disso, dá lugar a civilidade, a segmentos da sociedade elencados nos tópicos abaixo:

    • trabalho;
    • cultura e arte;
    • atuação social/política;
    • lazer e diversão.

    Alguns filmes, músicas e livros trazem esta experiência de personagens que sublimaram. Vamos destacar alguns:

    • Filme “Frida” (2002): a artista Frida Kahlo utiliza a sublimação para transformar sua dor em arte.
    • Música “A Novidade” (Gilberto Gil e Herbert Vianna): a transformação do impulso sexual em arte e alimento.
    • Livro “O Lobo da Estepe” (Herman Hesse, 1927): a sublimação é tida como uma forma de lidar com conflitos internos.
    • Filme “A Sociedade dos Poetas Mortos” (1989): a sublimação é mostrada através do amor dos personagens por poesia e teatro.
    • Filme “Whiplash” (2014): ilustra a sublimação da ambição e obsessão pela perfeição na música.
    • Livro “O Retrato de Dorian Gray” (Oscar Wilde, 1890): explora a busca pela sublimação através da arte e da estética.
    • Música “Lose Yourself” (Eminem, 2002): retrata a sublimação da raiva e do sofrimento em música e sucesso.

    A busca da satisfação

    A sublimação inclina-se ao bem comum da sociedade, através de atividade sexual, do prazer reduzido com o objetivo da reprodução.

    Faz com que o homem se sinta útil como reprodutor e que as mulheres estejam livres da histeria psicossocial .

    Viver significa trabalhar a concorrência formal, controlar e transformar em algo bom e útil.

    Ou seja, é um elemento presente na vida de qualquer ser humano, na busca da satisfação entrelaçado ao recalque, à norma social.

    Ao se criar forças culturais, terá uma diminuição de adoecimento de pacientes neuróticos. Por isso, terá uma melhor presença da satisfação pulsional.

    Considerações finais sobre sublimação

    A sublimação é algo de certa inescapável: a vida em sociedade implica sublimar.

    Porém, há que se ver como esta sublimação atua, para não ser sempre o sacrifício do desejo em prol de um superego hiper-rígido.

    A análise individual que o sujeito faça com seu psicanalista poderá ajudar a verificar em que medida o seu desejo está sendo (ou não) o desejo que o outro desejou.

    E de que forma a sublimação desses desejos traz o desconforto de um superego hiper-rígido, que não permite a satisfação.

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    14 thoughts on “Sublimação: significado em Psicanálise e Psicologia

    1. Maria Soledad Briones disse:

      EXCELENTE EXPLANAÇÃO SOBRE ESTE MECANISMO DE DEFESA…ME AJUDOU MUITO A ENTENDER, PARA MEU TCC OBRIGADA!!

      1. Bem esclarecedor , trás a luz do entendimento do porquê muitos indivíduos se sentem e manifestam transformação quando praticam a religiosidade.

    2. Parabéns!
      Em um momento importante da minha vida fui ajudando por um psicanalista sobre o assunto, e fui surpreendido positivamente sobre o esse tema!

      Isso mostra como é sério o curso que estão oferecendo!

    3. Sergio Marques Simões Ferreira disse:

      Muito esclarecedor o texto. Gratidão

    4. Estava buscando justamente uma melhor compreensão do significado da sublimação. O texto é bastante esclarecedor. Obrigado!

    5. Adriana Ferreira Godinho Bitarães disse:

      Muito boa explicação do tema, sempre que tenho alguma dúvida leio o vocabulário da psicanálise e procuro aqui no blog que sempre saio com
      O conceito esclarecido.

    6. Gostei do texto, explica e ensina. obrigado.

    7. Adriana Ferreira Godinho Bitarães disse:

      Explicação clara e objetiva, sou aluna e aqui tenho todo o aporte para minhas dúvidas. Obrigada IBPC

    8. Mizael Carvalho disse:

      Obrigado por compartilhar seus conhecimentos!

    9. Olá, achei o post bem didático em relação às funções da sublimação, porém alguns tópicos parecem desconexos do resto do texto (a parte que menciona a religião sem nunhuma referência prévia, por exemplo – parágrafo, “O Inconsciente e o Ego”).
      Também achei levelmente tendêncioso, principalmente ao final. Concordo que a sublimação seja uma força motriz para a cultura e sociedade, mas daí a enaltecê-la quase que como “o caminho” a ser seguido, me parece um distanciamento da própria função de analista enquanto não-saber, afinal, é justamente contra a idéia de “um caminho” que a relação analítica pode se formar, não?

      1. Psicanálise Clínica disse:

        Clara, seu comentário é pertinente. De fato, a sublimação é algo de certa inescapável (a vida em sociedade implica sublimar), porém, há que se ver como esta sublimação atua, para não ser sempre o sacrifício do desejo em prol de um superego hiper-rígido.

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