Anna Freud foi uma figura importante na psicanálise e trouxe contribuições valiosas para o campo. Filha de Sigmund Freud, ela foi sua secretária, enfermeira e pupila.
Seus estudos foram essenciais para entender o desenvolvimento infantil e os mecanismos de defesa. Embora Freud desejasse um filho homem, o envolvimento próximo entre os dois fez com que Anna seguisse a mesma carreira.
Ao se tornar psicanalista, ela desenvolveu suas próprias teorias, que em alguns aspectos divergiram das de seu pai, expandindo os horizontes da psicanálise.
Vida de Anna Freud
Anna Freud, por ter vivido praticamente durante todo o século XX, pôde observar a transformação do mundo nesse século.
Ela também acompanhou as grandes mudanças da sociedade, e isso se refletiu em sua obra.
Ademais, ela nasceu em 1895, em Viena, quando Freud fez sua descoberta sobre o inconsciente e sobre o significado dos sonhos.
Após concluir seus estudos em Viena, Anna Freud se formou como professora e educadora.
Aos 22 anos, iniciou sua análise com o próprio pai, Sigmund Freud.
Assim, ela era movida pelo seu forte apego emocional ao pai, e também por suas preocupações acerca de sua sexualidade.
Aos 27 anos, Anna apresentou para a Sociedade Psicanalítica de Viena o seu primeiro artigo acadêmico.
Intitulado “Fantasias e Devaneios de Espancamento”, abordava a questão do incesto, tratando de um relacionamento amoroso entre pai e filha.
Portanto, ela fantasiou-o (pois ainda não tinha pacientes), declarando tê-lo baseado na suposta história de um paciente anônimo.
O artigo rendeu à Anna a sua admissão na Sociedade, além de ter sido bem recebido por Freud.
Além da Sociedade Psicanalítica de Viena, Anna Freud se tornou um importante membro da Associação Internacional de Psicanálise.
Nela, Anna sempre defendeu a sua posição ortodoxa a respeito da psicoterapia.
O seu trabalho mais conhecido é intitulado “O Ego e os Mecanismos de Defesa”.
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Durante a Segunda Guerra Mundial, Anna Freud se dedicou a ajudar crianças refugiadas e órfãs, criando a Hampstead War Nursery.
Nela, Anna expõe uma maior atenção à importância do ego (mente consciente) do que Freud costumava dar.
- Além de ‘O Ego e os Mecanismos de Defesa’, Anna Freud também escreveu obras importantes como ‘Introdução à Técnica da Análise Infantil’ e ‘Normalidade e Patologia na Infância’.
O Ego e os Mecanismos de Defesa para Anna Freud
Nessa obra, Anna demonstra o seu estudo da forma como o ego procurava se proteger das forças internas e externas. Por isso, ela dividiu essas forças em três tipos.
Primeiro, o poder dos instintos, segundo, o poder punitivo do superego. E, em terceiro, as ameaças causadas pelo ambiente externo. Ameaças, principalmente, no caso da criança.
A partir dessas forças, Anna Freud pontuou os seguintes movimentos de defesa. A
o analisar crianças, Anna Freud identificou mecanismos de defesa como negação, projeção e formação reativa, utilizando exemplos vívidos para ilustrar seus conceitos.
Por exemplo, ela descreveu um caso de uma criança que negava a morte de seu pai, criando uma fantasia de que ele estava viajando.
Os estudos desses pontos auxiliam a compreender sua obra:
- Anulação. É quando, por uma ação, busca-se o cancelamento da experiência prévia e desagradável.
- Formação reativa. Baseia-se na fixação de uma ideia, de um afeto ou de um desejo consciente. Desejo este que se opõe ao impulso temido advindo do inconsciente.
- Deslocamento. Ocorre por meio do redirecionamento de um impulso para um alvo substituto.
- Introjeção. É quando se visa resolver alguma dificuldade emocional do indivíduo, tomando para a própria personalidade certas características de outras pessoas. Assim, a introjeção está estreitamente relacionada com a identificação.
- Negação. Baseia-se na recusa consciente, a fim de se perceber fatos perturbadores. Portanto, a negação retira do indivíduo a percepção necessária para lidar com os seus desafios externos. Além disso, ela inibe a sua capacidade de valer-se de estratégias de sobrevivência adequadas.
- Projeção. Quando sentimentos próprios indesejáveis são atribuídos a outras pessoas.
- Racionalização. É a substituição do verdadeiro motivo do comportamento por uma explicação razoável e segura. Esse caso acontece quando o motivo é assustador.
- Regressão. Dá-se por meio do retorno a formas de gratificação de fases anteriores.
- Repressão. A partir da retirada de ideias, de afetos ou desejos perturbadores do consciente, pressionando-os para o inconsciente.
- Sublimação. É quando há o direcionamento de parte da energia investida nos impulsos sexuais à consecução de realizações socialmente aceitáveis. Por exemplo, a canalização desses impulsos ou energias para o desenvolvimento de atividades artísticas.
As diferenças ou divergências de Anna Freud com relação às teorias de seu pai
Anna Freud apresentou algumas diferenças em relação às teorias do seu pai. Enquanto Freud focava no inconsciente, Anna deu mais destaque ao papel do ego na formação da personalidade.
Ela também discordava de Freud sobre a importância da sexualidade infantil e do ambiente no desenvolvimento.
Anna expandiu as ideias do pai, destacando a função independente do ego em relação ao id. Em sua obra “O Ego e os Mecanismos de Defesa”, ela aprofundou o estudo sobre como o ego usa mecanismos de defesa para se proteger da ansiedade.
Curiosamente, algumas teorias atribuídas a Freud, como as relacionadas aos mecanismos de defesa, foram na verdade desenvolvidas por Anna.
Suas ideias influenciaram a psicologia do ego, que se tornou uma parte importante da psicanálise, destacando a adaptação e a saúde mental.
Essa influência é visível no trabalho de psicanalistas como Heinz Hartmann e Erik Erikson, principalmente em suas análises sobre crianças.
A psicologia do ego, liderada por Anna Freud, ajudou a integrar a psicanálise ao campo da psicologia científica, especialmente entre as décadas de 1940 e 1970, sendo a principal abordagem da psicanálise nos Estados Unidos.
A importância da psicanálise de Anna Freud para o mundo
Anna Freud e os neo-freudianos simplificaram e definiram em termos operacionais as noções freudianas. Dessa forma, eles estimularam a investigação experimental de hipóteses psicanalíticas. Isso contribuiu para a alteração da psicoterapia psicanalítica.
Além disso, Anna Freud contribuiu, com sua obra, para uma aproximação entre a psicanálise e a psicologia experimental acadêmica. Ela introduziu o seu método de sua observação detalhada como forma de investigação do desenvolvimento humano. Método esse, que passou a ser usado por outros psicanalistas.
As contribuições de Anna Freud para a psicanálise, especialmente no campo da análise infantil, a colocam como uma das figuras mais importantes da história dessa disciplina. Seu trabalho continua a influenciar psicanalistas e psicólogos até hoje. Assim como suas teorias contribuíram para maior compreensão do ser humano e, por conseguinte, da sociedade.
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2 thoughts on “Anna Freud: principais contribuições para a psicanálise”
É interessante, gostei muito de saber como a nossa personalidade funciona de acordo com os mecanismos de defesas do Ego.
Obrigado por acompanhar nosso site, Camillo!