Poucas pessoas conseguiram ir além em pilares que se acreditavam como completos. Wilfred Bion construiu um legado marcante dentro da Psicanálise, sendo lembrado por sua originalidade e ousadia. Nas próximas linhas veremos mais sobre sua vida e seu valoroso trabalho, entendendo os motivos de sua forte influencia.
Biografia
Desde criança, Wilfred Bion parecia destinado a uma vida onde deveria enfrentar desafios. Nascido na Índia, se mudou para a Inglaterra com 8 anos e começou a estudar em um internato. Ainda que se destacasse naturalmente dos demais alunos, sentia falta da segurança dos pais e da própria Índia onde nasceu.
Mais velho e já em formação, marcou sua presença nas duas guerras mundiais, tendo um papel voluntário na primeira. Por sua vez, a segunda marca sua entrada como psiquiatra, bem como contato com outras vertentes. Graças a isso, Bion ajudou milhares de soldados a lidarem com os horrores da guerra enquanto formulava o seu trabalho.
Em contato com de Melanie Klein, Donald Winnicott e Herbert Rosenfeld, Bion iniciou suas próprias teorias. Isso ajudou a elevar seu nome na comunidade Psicanalítica e alçar seu nome ao posto de presidente da Associação do país. Com isso, até os seus últimos anos, trabalhou arduamente para propagar suas teorias sobre a psicose pelo mundo.
A teoria dos grupos
Um dos principais trabalhos de Wilfred Bion visa a observação do modo de pensar de um grupo. Ao longo dos anos, o psicanalista aprimorou sua perspectiva em relação à atividade mental de diversos indivíduos. Ele identificou que isso facilita a interação nos participantes, de modo que passam a interagir e agirem melhor.
Assim, estabeleceu leis gerais direcionadas a cada configuração grupal, sendo elas:
Mentalidade grupal
Trata-se de uma ação mental desenvolvida dentro de um determinado grupo. Ainda que muitos não tenham consciência, acabam contribuindo para dar forma à ela. Com isso, a mentalidade criada se mostra mais como um equivalente de demandas pessoais ao invés de uma simples soma.
O conceito de ficar em um grupo revitaliza experiências relacionadas com fusão, encontro e discriminação. Assim, podemos observar nosso universo interno em relação a um grupo, bem como as impressões envolvidas.
Grupo de trabalho
Para Wilfred Bion, um grupo reconhecido como tal trabalha sobre o conceito de oposição e interação. Nesse caminho, o grupo se volta às atividades combinadas dos membros de forma mais consciente. Caso queiram fazer comparações individuais, se valem do Ego consciente agindo em nível secundário.
Valência
Nada mais é do que a disposição individual para se combinar com os demais indivíduos. Tudo isso se cruza com a vigência da diretriz básica de cada atividade proposta pelos membros. Assim que a predominância harmônica de valências cresce, dá mais força para que o grupo fique coeso. O termo deriva da Química para explicar seu processo.
Funcionamento psíquico
Ainda que realizasse um trabalho primoroso com grupos, Wilfred Bion também nos enxergava individualmente. O psicanalista indicava que, enquanto nos grupos, replicávamos processos psíquicos individuais e internos. Através de uma dualidade funcional, mas conectada, entregávamos aos grupos o que carregávamos em:
Nível consciente
Trata-se da parte mais racional de nossa consciência abraçada pela realidade interna e externa. Por meio dela, temos controle de nossas produções enquanto estivermos despertos. Analisando o trabalho de Bion, é afirmado que se trata de um processo secundário, uma ação específica e consciente.
Em suma, é buscada uma identidade psíquica com determinada experiência relacionada com a satisfação. O indivíduo busca mudar de forma consciente para se adaptar ao meio externo.
Nível inconsciente
Este trabalha diretamente a parte emocional do indivíduo, sendo regido pelo princípio voltado ao prazer. Além disso, se caracteriza pela utilização do princípio primário, fazendo deslocamento, deflexão e condensação. De modo semelhante ao nível consciente, o nível inconsciente visa evitar o desprazer no indivíduo.
O papel do terapeuta
Wilfred Bion era bastante claro em relação ao comportamento do psicanalista no trabalho. Segundo ele, o processo de transferência afeta de modo presente a postura do psicoterapeuta. O mesmo concluiu que o agora carrega uma força gigantesca que não pode ser manchada. Isso permite ao profissional trabalhar e se concentrar no agora.
Com isso, o psicoterapeuta não deve interferir na vida do paciente fora da sessão ou consultório. Nesse caminho, as intervenções em relação ao passado ou futuro devem ser feitas sem arrependimentos ou expectativas. O momento presente deve ser o único canal importante à terapia e merece a devida atenção para ser trabalhado.
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Se isso é respeitado, é possível esclarecer cada impressão que chega até nós no presente. Dessa forma, os questionamentos que surgirem encontrarão significados quanto ao que acabou de ser feito e dito. Em relação à memória, Bion creditava a ela uma falha ao distorcer os fatos. Já que é sensorial, a percepção atual pode ficar nublada.
Filtro contra a confusão
Cabe ressaltar que Wilfred Bion trabalhava diretamente em prol do seu público e do esclarecimento com eles. Isso porque se esforçava para que a população enxergasse o controverso como algo útil. Assim, qualquer pessoa, mesmo com pouca formação, passou a entender melhor o trabalho da psicoterapia. Isso incluía também o lado místico.
Ademais, Bion nos incitava a nos desprendermos do mundo para caminharmos em nosso ambiente interno. Fugindo de rotas tão lineares, podemos achar mais respostas de modo flexível e simples. Em suma, o psicanalista indicava que precisávamos abrir mão do andar em linha reta e acompanhar nuances conforme necessário.
A escuridão interna diminui quando carregamos uma fagulha da coragem e sede em se conhecer.
Considerações finais sobre Wilfred Bion
Observando o trabalho de Wilfred Bion, podemos considerar ele um grande libertário psicanalítico. Por meio do seu trabalho, a Psicanálise passou a ser mais recebida por grupos doutrinados a repudiar o alternativo. Com isso, enxergaram as melhoras que podiam alcançar com a compreensão e assimilação de novas propostas.
Dessa forma, podemos creditar a Bion o entendimento coletivo da natureza humana. Com esse mapa, discussões públicas a respeito de nossa conduta ficaram mais ricas e esclarecedoras. Assim que entendemos os caminhos pelos quais pisamos, os catalisadores podem ser achados e as consequências medidas em nossas vidas.
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One thought on “Psicanalista Wilfred Bion: biografia e teoria”
Pertinente e esclarecedor, o olhar psicanalítico de Bion, sobre a Psicanálise em grupo e em especial no mundo do trabalho.