A brincadeira é mais do que apenas diversão para as crianças. É um canal essencial para o seu desenvolvimento emocional e psíquico.
No desenvolvimento infantil, é muito importante que as crianças tenham a oportunidade de brincar e conviver com outras pessoas. Você conhece quem foi e a história de Melanie Klein? Já ouviu falar sobre a Técnica de Brincar? Não?
Então continue a leitura! Neste artigo, exploraremos a vida e as contribuições de Melanie Klein, uma das figuras mais importantes da psicanálise infantil.
Quem foi Melanie Klein?
Klein nasceu em 1882, na Áustria. Klein teve uma infância difícil, marcada pela perda de seus pais em tenra idade. Essa experiência influenciou profundamente seu trabalho com crianças.
Em 1916, teve seu primeiro contato com a psicanálise e fez análise com um psicanalista. Assim, a partir de 1919, passou a se dedicar à psicanálise e se inscreveu na Sociedade de Psicanálise de Budapeste.
Com sua dedicação e estudos, em 1924, Melanie Klein apresentou seu trabalho sobre “A técnica da análise de crianças pequenas” no VIII Congresso Internacional de Psicanálise.
Melanie Klein lançou as bases e desenvolveu as técnicas de análise de crianças, possibilitando uma nova visão do desenvolvimento infantil. Ademais, foi ela também a responsável por estender o campo da psicanálise clínica, possibilitando o atendimento a pacientes psicóticos, borderlines e autistas, o que até então era desaconselhado por Freud e seus seguidores.
As descobertas da psicanálise de Klein demonstram que, já nos primeiros anos de vida, as crianças experimentam não só os impulsos sexuais e angústias, como também sofrem profunda desilusões.
Quem começou os estudos da psicanálise para as crianças?
O início da análise infantil não se dá de fato com Klein, mas sim com Freud. Assim, a primeira análise realizada com uma criança foi a do pequeno Hans, e teve grande importância por demonstrar que os métodos psicanalíticos podiam ser aplicados também a crianças pequenas. Este caso clínico, no entanto, não provém da observação direta de Freud.
Coube a ele assentar as linhas gerais do tratamento que foi efetuado pelo próprio pai do menino. Na opinião de Freud, ninguém mais poderia persuadir uma criança a falar sobre o que sentia, acreditando que as dificuldades técnicas em uma análise com um paciente tão jovem seriam incontornáveis.
Os estudos de Klein sobre a psicanálise para crianças
Anos se passaram e a análise infantil permaneceu inexplorada sem que nenhuma técnica fosse desenvolvida. Isso aconteceu até que Anna Freud, por um lado , e Melanie Klein, por outro, modificaram a técnica clássica, elaborando seus métodos e iniciando, cada qual a seu modo, a análise de crianças propriamente dita.
Ao iniciar o trabalho com crianças e bebês na década de 1920, Klein desenvolveu um novo instrumental de trabalho e , como ocorre frequentemente no desenvolvimento científico, a estas novas descobertas seguiu-se o uso de novas ferramentas.
No caso da análise de crianças, a nova ferramenta foi a técnica do brincar. O caráter primitivo do psiquismo infantil exigiu uma técnica analítica específica, e essa foi encontrada na técnica lúdica.
A técnica do brincar envolve a observação e interpretação das brincadeiras da criança, que são consideradas como uma forma de comunicação simbólica.
Diferenças entre outras técnicas e a Técnica do Brincar
A diferença entre esse método e o da análise de adultos é puramente de técnicas e não de princípios. Assim, estando em conformidade com as mesmas normas e alcançando os mesmos resultados. A única diferença é que o processo foi adaptado ao psiquismo infantil.
Melanie Klein observou que o brincar da criança poderia representar simbolicamente sua ansiedade e fantasias. E, visto que não se pode exigir de uma criança pequena que faça associações livres, tratou o brincar como equivalente a expressões verbais, isto é, como expressão simbólica de seus conflitos inconscientes.
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A importância dada por ela e seus seguidores ao primeiro ano de vida do bebê, bem como suas descobertas sobre os mais primitivos estágios de desenvolvimento, acabaram por gerar, em anos recentes, inúmeros projetos e formas de atendimento paralelas, fora do âmbito da clínica propriamente dita.
Por exemplo, alojamento conjunto de bebês e suas mães na maternidade, presença dos pais nas enfermarias pediátricas, intervenção precoce nas relações pais-bebê, projeto “canguru”. Enfim, um maior cuidado e valorização da tenra infância têm por pano de fundo ensinamentos kleinianos.
A Técnica do Brincar
Em seu trabalho com crianças, Klein foi levada a descobrir que tanto o complexo de Édipo como o Superego já estão bastante evidentes em uma idade muito mais remota do que se presumia. Tendo isso em vista, estabeleceu-se as bases da psicanálise Kleiniana e a essência de suas contribuições, que se resumem a três descobertas fundamentais:
- A existência de um complexo de Édipo precoce
- A existência de uma forma arcaica de superego
- A possibilidade de existência de uma transferência na análise de uma criança por mais jovem que seja, desde a primeira sessão.
No que concerne ao atendimento clínico, Klein desenvolveu então sua técnica de brincar particular. Por isso, notou que as brincadeiras das crianças, os seus jogos, as histórias, encenações que inventam, os desenhos que fazem, tudo, enfim, podia ser visto e escutado como se fosse o falar do adulto.
A Técnica do Brincar: como a criança expõe suas questões
Assim, Melanie propôs que desde que possamos falar com a criança em sua linguagem e de forma compreensível, as interpretações dadas a ela podem produzir um efeito profundo em seu psiquismo. Portanto, proporcionando significativa melhora em sua vida social, emocional e intelectual.
A meta é que a criança alcance, por meio da técnica do brincar na análise e de suas interpretações, o domínio da angústia que o aflige. Ou seja, aquilo que lhe rouba a maior parte de sua energia psíquica e lhe causa sofrimento.
Qual a função do analista focado em crianças?
A função do analista de crianças, segundo as proposições Kleinianas, seria poder ir ao encontro da angústia, mobilizá-la, recebê-la e, em seguida, ser capaz de formulá-la para a criança, decodificando em palavras o que ela demonstra.
Assim, abrindo espaço para a simbolização e o pensamento. Ademais, algumas vezes é pelo avesso que a angústia aparece, por intermédio das defesas.
Nesses casos, será necessário nomear e interpretar as defesas para se ter acesso às ansiedades soterradas e às fantasias inconscientes que as originaram.
Conclusão
Neste artigo, vimos como Melanie Klein foi pioneira na psicanálise infantil e desenvolveu a técnica do brincar, uma ferramenta essencial para o tratamento de crianças com dificuldades emocionais.
A psicanálise infantil pode ajudar as crianças a superar seus problemas emocionais e desenvolver uma vida mais saudável e feliz.
A tríade composta pela angústia, defesa e fantasia inconsciente constitui o fio condutor da análise Kleniana. O intenso prazer que as crianças encontram em seus jogos ocorre não somente por estes gratificarem seus impulsos de realização de desejos, mas porque o brinquedo permite o domínio da angústia.
Gostou do artigo? Qual sua opinião sobre a análise psicanalítica das crianças? Deixe um comentário! Quer aprofundar seus conhecimentos sobre a psicanálise? Então não perca essa oportunidade e se inscreva no melhor curso on-line de Psicanálise Clínica! Transforme-se em um psicanalista de sucesso, capaz de atender adultos e crianças!
6 thoughts on “Melanie Klein e a técnica do Brincar”
Muito interessante.
Muito bom o texto bem explicativo, claro e coerente, tive a oportunidade de conhecer as teorias de Melaine Klein, parabéns
Excelente, parabéns!!!!
Excelente Texto. Sou psicóloga especialista em atendimento infantil e faço uso da Técnica de Melanie Klein. É bem isso mesmo. Parabéns, Maravilha.
Sou iniciante na área e meu maior desejo é trabalhar com crianças…então tudo que diz respeito a elas me encanta. Excelente matéria!!
Muito bom comentário, parabéns!