bissexualidade para freud

Bissexualidade para Freud e a Psicanálise

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Todos nós temos medo de alguma coisa, seja por trauma ou uma ideia negativa formulada a respeito daquilo que tememos. Entretanto, precisamos sempre buscar conhecimento e superação das adversidades.

Sendo assim, no texto de hoje, saiba mais sobre o significado da bissexualidade em seu aspecto social e, também, em definições psicanalíticas. A orientação sexual do indivíduo não o torna menos ou mais capacitado que outrem.

Desta forma, a bissexualidade é algo comum, um caminho a seguir, como outro qualquer, com um adicional de felicidade e autoconhecimento. Acompanhe nosso post e foque na sua felicidade!

O que é bissexualidade?

A bissexualidade é uma orientação sexual caracterizada pela capacidade de atração sexual ou romântica por mais de um gênero, não necessariamente homem e mulher, ao mesmo tempo, da mesma maneira ou na mesma frequência.

Assim, o número de indivíduos que apresentam comportamentos e interesses de teor bissexual é maior do que se suporia à primeira impressão.

Tal impressão é devida à pouca discussão desta situação tanto em âmbito acadêmico, como em meio popular, mantendo a tendência geral para uma ideia de orientação sexual como somente heterossexual ou homossexual.

Heterossexual ou homossexual?

A bissexualidade vai além desta visão simplória acerca da homo ou heterossexualidade, conforme exposto anteriormente.

Porém, aprofundando um pouco mais no tema, encontramos a necessidade de uma explicação científica para entendermos, de uma maneira mais assertiva, o que é essa escolha e se ela acontece consciente ou inconscientemente.

Sendo assim, encontramos em Freud alguns apontamentos científicos que ajudam a sociedade, num todo, a entender melhor para viver melhor.

Sobre o nascimento bissexual do indivíduo

É uma ideia de Wilhelm Fliess (um pastor luterano que trocava correspondências com Freud) que o ser humano é bissexual inato (isto é, surgido no nascimento).

Ou seja, uma dimensão biológica que depois é desenvolvida no convívio social. Em 1930, Freud escreveu que “… a teoria da bissexualidade contém ainda numerosas obscuridades”.

Antes que as mentes mais conservadoras se arrepiem com esta informação, considere o contexto.

Será que um recém-nascido teria uma libido desenvolvida como nós adultos julgamos, em relação a uma sexualidade externa? Não teria!…

Então, essa questão de homossexualidade / bissexualidade nos recém-nascidos pode ser pensada dentro de um contexto de uma possível indefinição, sobre o que será amadurecido depois na vida psíquica do sujeito.

Isso condiz com a ideia freudiana das fases de desenvolvimento psicossexual, sendo as primeiras: oral e anal… Ou seja, sem relação propriamente com uma sexualidade externa do que adultos entenderiam como “sexualidade normativa”.

Daí, a ideia de Freud de que crianças são “perversas polimorfas” ou “polimórficas”. Isto é:

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    • perversão = sexualidade não normativa;
    • polimorfa = de múltiplas fontes ou formas erógenas, como boca etc.,

    Assim são as crianças em especial nos primeiros anos de vida, que antecedem à fase fálica. Além disso, a primeira paixão do infante (a criança na fase em que ainda não fala) será a mãe, tanto para meninos quanto para meninas. Isso porque a criança está em seu começo de diferenciação e desenvolvimento. É natural que o amor se volte para a pessoa com quem a criança mais teve contato e que traz a gratificação tanto da zona erógena “oral” quanto da nutrição.

    Veja que o menino tem uma paixão pela própria mãe, como se define no Complexo de Édipo. Só depois a criança desenvolverá a proibição do incesto (tabu). Então, da mesma forma podemos pensar que não seja uma questão a um recém-nascido definir-se como heterossexual, ou homossexual, daí a ideia de Fliess de que a bissexualidade é um aspecto inato.

    Veja que não estamos falando em bissexualidade como “opção” (o que é algo bem questionável). Nem estamos entrando no mérito dessa discussão na idade adulta dos sujeitos. O que queremos dizer é que, mesmo aqueles mais conservadores quanto à heterossexualidade teriam, na infância, vivenciado uma bissexualidade ou uma sexualidade polimórfica, nas concepções de Fliess e Freud.

    Entender melhor para Viver melhor

    Diante de tudo isso, é necessário entender melhor para vivermos em harmonia, haja visto somos todos iguais em direitos e deveres. Há sempre uma fobia ou preconceito por de trás deste tema e uma vertente que denomina essa situação como Bifobia.

    Sobre isso, uma face da bifobia se dá quando, certos homossexuais, consideram a bissexualidade pouco mais que um meio-termo confortável entre a heterossexualidade estabelecida e a identidade homossexual pela qual lutam por estabelecer.

    Por fim, este preconceito também causa certos julgamentos prévios sobre o indivíduo bissexual como a promiscuidade, inconstância, tendência à infidelidade, porte de doenças venéreas, ou mero modismo.

    Bissexualidade: mero modismo?

    Em termos históricos, o comportamento bissexual foi aceito e até encorajado em determinadas sociedades antigas, especificamente, entre outras, na Grécia, e em determinadas nações do Oriente Médio.

    Assim, não se trata de uma situação criada recentemente ou uma forma de impor ideologias contemporâneas e passageiras, descaracterizando a hipótese de um mero modismo.

    Sendo assim, Freud define, de maneira muito concisa, esta situação bissexual e suas características, sob a visão da psicanálise, de maneira surpreendentemente clara e que nos ajuda enquanto sociedade.

    A definição segundo Freud

    Conforme já fora dito, somos todos iguais em direitos e deveres, mas a nossa psique é particular, individual, intransferível. Não é possível limitar a história de um indivíduo a um determinismo linear entre passado X presente.

    Algumas vertentes psicanalíticas definem que todo o destino do homem estaria decidido desde a vida intra-uterina. Porém, Freud acentua que há uma dinâmica a posteriori, relacionada aos acontecimentos passados, que muta ao longo da vida.

    Portanto, segundo Freud, o nosso mecanismo psíquico se estabelece por estratificação: os materiais presentes sob a forma de traços mnésicos sofrem de tempos em tempos, em função de novas condições, uma reorganização, uma reinscrição.

    Traços Mnésicos

    Os traços mnésicos podem ser compreendidos como uma marca deixada por uma informação no sistema nervoso central.

    Ademais, essa informação pode ser permanente ou temporária.

    Em síntese, estes traços podem ser explicados segundo a teoria da representação; a relação entre os tipos de representação formam associações contidas nas representações de objeto.

    A reorganização, uma reinscrição

    Na sequência, não é o vivido que é remodelado a posteriori, mas o que não pôde integrar-se plenamente no contexto significativo. O modelo dessa vivência é o acontecimento traumatizante.

    Essa remodelação é acelerada pelo aparecimento de acontecimentos e de situações, ou por uma maturação orgânica, que vão permitir ao sujeito o acesso a um novo tipo de significações.

    Portanto, a evolução da sexualidade favorece, pelas defasagens temporais que implicam no homem, o fenômeno do a posteriori.

    A soma dos fatos: o recalque histérico

    Freud identifica que este recalque incide, preferencialmente, sobre a sexualidade e extrai dois princípios importantes:

    O primeiro é constituído por uma cena sexual (sedução por um adulto) e que não possui ativação ou significado sexual para uma criança.

    O segundo apresenta analogias com o primeiro, somando-se o despertar sexual da puberdade, que pode ser ligado pela recordação do primeiro.

    Trata-se de uma escolha consciente ou inconsciente?

    Freud adota o conceito de bissexualidade como uma disposição psíquica inconsciente, própria de toda subjetividade humana, uma vez que ela se fundamenta na diferença sexual.

    Na sequência, se fundamenta no que leva cada pessoa a fazer uma escolha sexual, seja pelo recalque de um dos dois componentes da sexualidade (masculino e feminino); pela aceitação desses dois componentes; ou pela renegação da diferença sexual.

    Em suma, é nesta acepção que Freud incorpora, posteriormente, a bissexualidade como o resultado de identificações masculinas e femininas do Eu e que irá intervir no destino do Complexo de Édipo (Jorge, 2005; Mezan, 2006).

    Fliess e Freud sobre a bissexualidade biológica

    Fliess tornou-se pesquisador e defensor da bissexualidade junto a Freud.

    A teoria da bissexualidade fundamenta-se, em primeiro lugar, em dados da anatomia e da embriologia. Em todo indivíduo, macho ou fêmea, encontram-se vestígios do aparelho genital do sexo oposto. Desses fatos anatômicos, decorre a noção de um organismo bissexual na sua origem.

    Contudo, Freud aproximou-se mais da teoria bissexualista biológica, mas não definiu francamente a sua posição sobre o problema; ele próprio reconhece em 1930 que “… a teoria da bissexualidade contém ainda numerosas obscuridades.

    Bissexualidade Masculina e Feminina

    Por fim, para conclusão deste post, há a possibilidade da bissexualidade numa origem masculina ou numa feminina. Em ambos os casos, uma pessoa bissexual pode ter relacionamentos longos com homens ou mulheres, com homo ou heterossexuais.

    Nesse caso, haverá apenas casos e relações curtas com os dois sexos. Porém, uma relação curta não quer, necessariamente, dizer que aquilo seja apenas um fetiche. O assunto exige mais autoconhecimento.

    Concluindo, A busca pelo verdadeiro Eu não deve parar, em hipóstese alguma, e os valores de cada um devem prevalecer sobre qualquer tipo de orientação sexual.

    É preciso que a sociedade (principalmente os homens) tenha outra visão da relação bissexual. Bissexuais merecem ter suas opções sexuais respeitadas. As mulheres e os homens não merecem ser vistos como um objeto sexual. Os seres humanos devem exercer a sua própria liberdade sem o consentimento ou a participação masculina ou feminina.

    A falta de relacionamento social transforma medos comuns em verdadeiros monstros no cotidiano. Devemos ser empáticos uns com os outros, não reduzindo a sua existência ou ignorando suas dificuldades.

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    3 thoughts on “Bissexualidade para Freud e a Psicanálise

    1. Percebo que relativo às mulheres, a Bissexualidade (homo com outra mulher), seja ao marido ou namorado, mas uma forma de aproximação/atração: feminina, já que se elogiam no corpo e/ou traje, culturalmente aceito pela sociedade! Já entre homens, na minha situação, década de 90, ser iniciado por homem ex-noivo de mulher e na casa dos pais dele, sem querer me elogiar e a ele, mas fomos bem amadurecidos: afinal além de iniciar-me homossexual eu estava iniciando minha vida sexual e, ele a questão de manter-se viril por um corpo masculino e homem cisgenero! E namoro durou durante todo curso da faculdade, mais devido ao futuro profissional que cada um decidiu, tanto que depois tivemos por um tempo ai relações fluidas!

    2. João Lúcio Teixeira disse:

      Nem Freud e nem Fliess citados no artigo acima, afirmam que as pessoas nascem bissexuais. Fliess faz referência ao fato de haver semelhanças nos aparelhos genitais masculino e feminino, o que pode induzir a ideia de bissexualidade inata. Freud diz que a teoria da bissexualidade contém numerosas obscuridades. Fica evidente que sexo é biológico macho e fêmea e sexualidade é o modo de cada indivíduo obter prazer na atividade sexual. Quem não aceitar a verdade de que sexo é imutável e que nada tem a ver com sexualidade, vai cometer o mesmo erro de nunca explicar as situações inerentes ao tema. Ninguém muda de sexo nem mesmo os que se submetem a cirurgia de amputação do pênis. Continua com o corpo masculino, portador de cromossomos XY, mas agora mutilado, podendo ser equiparado ao cachorro com o rabo cortado cujo corpo nada mudou a não ser a impossibilidade de abanar a cauda. Um homem que não se conforma em ser apenas homossexual, o que a sociedade aceitaria naturalmente, e quer ser visto e aceito como mulher, pode estar vivendo um transtorno de personalidade e em permanente surto delirante. Meu comentário pode parecer grotesco e sem fundamento, mas quem se detiver atentamente ao seu conteúdo mais profundo vai conseguir compreender.

    3. Existem sim bissexuais, mas também existem monossexuais (que sentem atração por um só sexo). Eu acho que o maior erro das pessoas ao analisar o ser humano é achar que a gente é extremamente maleável e que nós funcionamos na base do 8 ou 80 (ou ama ou detesta, ou é um ou é outro, ou gasta 100% daquilo, ou não gosta nada), sendo que o ser humano é extremamente complexo e individual. Cada um tem um complexidade própria, o grande problema é generalizar. Seja as pessoas que falam que todo mundo pode ser bissexual, quando na verdade não é toda pessoa que vai passar a gostar do outro sexo também; seja as pessoas que falam que não existem pessoas bissexuais. Os termos hetero, bi, gay, lesbica e assexual são termos genéricos para simplificar o gosto de alguém, até porque duas pessoas hetero podem gostar, desgostar ou ser indiferente a coisas completamente diferentes, porque a única coisa que a palavra hetero diz é a o r i e n t a ç ã o sexual. Por isso eu acho importante respeitar o gosto do outro e não generalizar as pessoas, porque nada é unânime na humanidade

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