boa aparência

Por que o nosso ego deseja manter a boa aparência?

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Neste artigo falaremos sobre como o nosso ego deseja manter a boa aparência diante da sociedade, sobre o anseio de aparentar ser bom de acordo com o conceito de bom estabelecido pela comunidade na qual se está inserido ou quer fazer parte. As pessoas em geral costumam dividir o mundo entre bom e mau, certo e errado, herói e vilão, entre outras dicotomias valorativas.

Entendendo sobre a boa aparência

Estas separações são feitas levando em conta critérios particulares e subjetivos. Sendo assim, o indivíduo tenta se moldar aquilo que é considerado bom em seu grupo específico, seja esse grupo a escola, a família, a igreja, entre outros. Cada um desses sistemas tem valores próprios do que é considerado certo ou errado e cabe ao sujeito decidir se quer seguir esses valores e se integrar ao grupo.

A espécie humana sobreviveu ao longo dos anos em meio a perigos, a predadores com maior força e capacidade, a desastres naturais catastróficos, e o Doutor em Ciências Pedro Calabrez afirma que isso se deu à colaboração entre os humanos, que se agrupavam para se defenderem em conjunto. Por isso somos considerados seres sociais, nos desenvolvemos e chegamos até aqui através da ajuda mútua, e da composição de comunidades de cooperação. Sem esses agrupamentos provavelmente a nossa espécie teria sido extinta.

Sendo assim, no nosso inconsciente coletivo temos cravado que precisamos do outro para viver, que precisamos pertencer a um grupo, porque assim estaremos protegidos dos perigos externos. Nessa busca por pertencimento, fazemos o necessário para sermos aceitos e prestigiados pela comunidade da qual queremos fazer parte.

A boa aparência e a aprovação

A busca por aprovação e por aceitação é algo que perpassa pela vida de todos, alguns mais e outros menos, mas ninguém escapa desse desejo. Em algum momento da vida há de se manifestar com menor ou maior intensidade. Essa busca costuma ser maior nas crianças que não sabem claramente o que é melhor para elas, então precisa que alguém com maior experiência de vida lhes diga o que é certo ou não fazer.

As crianças também podem buscar serem aceitas por seus pais, muitas vezes fazendo o que eles pedem ou se parecendo com eles, assim elas sentem que receberão amor de seus pais e não serão abandonadas. Os adolescentes na construção da própria identidade, em meio à dúvida de saber quem realmente são ou quem querem ser no futuro, vivem o ápice da busca por aprovação ao desejar pertencer a algo maior.

Embora a busca por aceitação  e boa aparência seja mais comum em crianças e adolescentes, ela também pode estar presente nos adultos. Pessoas de várias idades afirmam que sofrem e se sentem aprisionadas nesse desejo constante de ser aprovado e de ser bem visto pela sociedade. Esse desejo proveniente do ego alimenta a vaidade que permeia o anseio por querer ser visto como bom pelos outros, e de querer ser admirado por todos.

O nosso interior e a boa aparência

O maior medo do ego (nosso eu interior) é a rejeição, e ele nos levará a evitá-la a qualquer custo, podendo até nos levar a criar uma falsa imagem nossa só para sermos aceitos e não sermos desprezados. O ego tem a função de nos proteger de qualquer coisa que possa nos desestabilizar emocionalmente, nos ferir ou nos magoar.

Logo, o ego tenta nos preparar para que evitemos entrar em contato com críticas, comentários negativos sobre quem somos, reprimendas, porque o ego entende que isso nos deixará tristes, abalará nossa autoestima, destruirá a boa imagem que temos sobre nós mesmos ou que gostaríamos de ter. A maneira que o ego encontra de nos proteger é criando uma imagem nossa com filtros para ser apresentada às pessoas.

O psicanalista Carl Jung desenvolve uma teoria sobre as máscaras sociais que dissimulam as interações humanas, ele explica a diferença entre o que realmente somos, e o que queremos mostrar ao outro. Ele afirma que ao usar máscaras sociais buscamos por prestígio social, aceitação e pertencimento. Queremos gerar um impacto positivo no outro, ainda que aquilo que estamos sendo seja só uma mera teatralização e que não corresponda ao nosso eu verdadeiro.

O ego e a boa aparência

É aí que está o perigo de sermos conduzidos unicamente pelo nosso ego. Ele pode nos levar a trilhar um caminho pelo qual nos distanciaremos de quem realmente somos só para agradar à uma comunidade da qual queremos ser pertencentes.

Ele também é insaciável de certo ponto, pois quanto mais buscamos por aprovação externa para satisfazer a necessidade do ego, mais nos sentimos insatisfeitos conosco, porque estamos deixando de atender às nossas demandas para atender às demandas sociais, a fim de que recebamos em troca amor e aceitação. Quando nos deixamos ser dominados pelo ego, somos levados a reprimir nosso verdadeiro eu em nome das aparências. Fazemos tudo que é necessário só para sermos validados.

Posto isso, as sociedades possuem seus próprios conceitos de uma pessoa considerada “bem-sucedida”, não há agrupamentos destituídos de valores. Se o valor da sociedade é o dinheiro, ou seja, quem é bom e valorizado é quem tem dinheiro, a pessoa dominada pelo ego vai viver em busca de conquistas materiais e de acúmulo de bens para ser aceito por essa sociedade.

Obras de caridade

Se o valor supremo do grupo é fazer obras de caridade, a pessoa dominada pelo ego, vai fazer doações frequentes, vai ajudar os mais pobres, se envolver em causas sociais no intuito de ser vista como uma pessoa boa, e de ser elogiada por isso. Se o valor supremo é ter muitos seguidores no instagram, a pessoa regida pelo ego vai buscar a tão sonhada conquista dos milhões de seguidores e do sinal de verificado, só para se sentir amada, querida e aceita.

Quando somos controlados pelo ego, todas as nossas ações são contaminadas, não conseguimos fazer o bem porque queremos realmente o bem do outro, mas porque queremos ser aceitos, porque queremos receber elogios e por causa da nossa vaidade de querer parecer melhor do que somos. O ego tenta esconder e guardar a sete chaves todos os nossos defeitos, e tende a mostrar para as pessoas aquilo que temos de melhor, mas as nossas qualidades não representam o todo de quem somos.

Ninguém é só bom, assim como ninguém é só ruim, somos bons e ruins ao mesmo tempo, a bondade e a maldade está em nós, às vezes uma mais do que a outra. Mas a realidade é que não somos sempre bons, belos e generosos, temos um lado obscuro, repleto de problemas que não deve ser ignorado ou reprimido como se não existisse.

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    O sentimento de frustração

    Algumas pessoas na tentativa de suprimir seu verdadeiro eu, reprimem quem são, usam máscaras sociais, fazem aquilo que é esperado delas, e como numa peça de teatro passam anos de suas vidas encenando um personagem que não existe pelo medo de revelar quem realmente são e serem rejeitadas. Ao sair de casa, usam suas máscaras de pessoas perfeitas, bem-sucedidas, cheias de beleza e bondade, e ao voltar para casa, finalmente podem arrancar a máscara e respirar, não tendo que manter a postura das boas aparências.

    Ninguém é perfeito, e ninguém nunca será bom o suficiente. Queremos brincar de ser deuses, quando somos só criaturas, e na tentativa de sermos heróis sucumbimos ao sentimento de frustração, porque internamente somos mais parecidos com os vilões da história. Precisamos assumir que não somos bons o tempo todo, que existe maldade em nosso coração, e que temos de aprender a lidar com isso. Não podemos nos deixar ser levados pelos maus desejos que há em nós, mas também não podemos fingir que eles não existem.

    O primeiro passo para fazermos as pazes com nosso eu interior é admitir que não somos tão bons quanto gostaríamos de ser, mas que podemos buscar ser melhores a cada dia. O segundo passo é buscar o autoconhecimento para entender quais valores gostaríamos de seguir genuinamente e nos agrupar às pessoas que comungam dos mesmos valores.

    Conclusão sobre a boa aparência

    Por fim, devemos desejar a bondade não para sermos vistos, celebrados ou aceitos, mas porque queremos contribuir e enriquecer a vida do outro com nossa generosidade e amor. Há uma célebre frase de Freud que diz assim: “Nós poderíamos ser tão melhores se não quiséssemos ser tão bons”. Ao invés de tentar parecer bons, deveríamos apenas ser bons, independente se a nossa bondade está sendo vista ou se seremos recompensados por ela.

    Este artigo sobre a busca do ego em manter uma boa imagem do ego foi escrito por Ivana Oliveira. Contato: [email protected].

     

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