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Definição de Histeria para a Psicanálise

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Qual o conceito ou definição de Histeria para Psicanálise e para Freud? No final do século XIX, a psicanálise foi nomeada por Sigmund Freud como método de investigação dos processos inconscientes. Um dos primeiros temas elaborados por Freud, ainda na sua fase inicial com Charcot, foi o tema da Histeria, que abordaremos neste artigo.

Para Freud, a Psicanálise derivava da Hermenêutica, que é o campo do saber que visa a interpretar o que é latente, implícito.

Os níveis da Psicanálise

Segundo Laplanche e Pontalis (1996) a psicanálise possui três níveis:

  • Método investigativo: uma forma de analisar pessoas, comportamentos e sociedade.
  • Método psicoterápico: um método analítico ou terapêutico.
  • Um conjunto de teorias: uma forma de interpretar e reconstruir o saber humano.

Portanto, foi construída a partir da experiência clínica, investigativa e terapêutica, que também encontra um lugar como um saber que pode ser útil na leitura social.

A histeria como ponto de partida da psicanálise

O ponto de partida da psicanálise foi a histeria, que ocorre devido a um trauma que faz com que a lembrança do incidente saia do consciente e vá para o inconsciente.

Mas, a lembrança no inconsciente ocasiona sintomas, pois as ideias inconscientes lutam por expressão e são capazes de modificar o pensamento e a ação do indivíduo.

Freud e os primeiro contatos com a hipnose

Freud encontrou dificuldade ao atender pacientes acometidos pela histeria, ao estagiar com o médico neurologista Jean Martin Charcot, que acreditava que distúrbios mentais eram conseqüências de anormalidades no sistema nervoso e pela hipnose era possível mudar o estado de consciência do paciente.

Freud passou a utilizar a hipnose, realizando uma análise entre as conexões e condutas dos pacientes que poderiam indicar alguma ligação com o sintoma apresentado por ele. Porém, sentiu-se imaturo na técnica, decidindo aliar-se a Joseph Breuer, que fazia uso da hipnose, de maneira distinta.

Desde o primeiro momento de seus estudos sobre a mente, Freud se deparou com casos de histeria e de mulheres histéricas, resultado de uma estrutura social que reprimia o sexo, a fala terapêutica e a mulher.

A cura pela fala

Breuer, médico e fisiologista austríaco, ao contrário de Charcot, que procurava induzir os pacientes, inclusive histéricos, por meio da sugestão direta, procurou deixá-los relatar seus sintomas de maneira livre, a fim de encontrarem alívio durante o processo de reencenação.

O método foi denominado de catártico, em que a atenção do paciente era direcionada para a cena traumática, e Freud e Breuer esforçavam-se para localizar o conflito mental, bem como para liberar a emoção que estava reprimida. A descarga desse afeto foi chamada de Ab-reação.

Trocando a hipnose pela concentração

Mas, ao longo do avanço da técnica, pontos em divergência surgiam entre Freud e Breuer, especialmente devido ao destaque dado por Freud em relação às memórias e conteúdos sexuais da infância.

Freud largou a hipnose e passou a usar a técnica da concentração, na qual solicitava que seus pacientes se concentrassem em um determinado sintoma e buscassem lembranças que serviriam de auxílio na compreensão da origem do mesmo. Freud aprimorou a técnica, utilizando-se da pressão feita na testa do paciente, para trazer ao consciente conteúdos inconscientes.

O tratamento da histeria e de outros transtornos psíquicos vai deixando de ter um foco na hipnose e se transferindo para o diálogo acordado (a associação livre no diálogo entre terapeuta e paciente) e nos lapsos, chistes e sonhos.

A Atenção flutuante como regra fundamental

Freud passou a aprimorar suas técnicas, chegando a Associação Livre, no qual o paciente falava abertamente, para que ele pudesse investigar, analisar e interpretar. Tais técnicas se apoiam na Atenção flutuante, no qual o terapeuta deve proporcionar condições para que se estabeleça comunicação de inconsciente para inconsciente (Zimerman, 1999).

Da mesma maneira que o paciente fala abertamente, o terapeuta como aquele que o escuta deve esquivar-se de qualquer desejo de selecionar, a priori, o que dará maior relevância na fala do paciente.

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    Inconsciente, Pré-consciente e Consciente

    A primeira tópica do aparelho psíquico trás a concepção de inconsciente, pré-consciente e consciente. Segundo Freud, há três feridas narcísicas na humanidade. A primeira foi quando descobriu-se que a Terra e o homem não eram o centro do universo; a segunda foi a investigação de Charles Darwin, que tirou a superioridade do homem por se sentir-se uma criação especial.

    Já a terceira ferida foi a construção do inconsciente, que sugere que as ações do homem são influenciadas por uma instância que foge ao entendimento racional. (Freud, 1917).

    A formação dos sonhos

    A histeria é um sintoma por causa dos conteúdos censurados, que não se tornam conscientes, apenas geram sintomas. Uma forma de alcançar o nível inconsciente é por meio dos sonhos.

    No inconsciente habitam conteúdos reprimidos por censuras internas. No pré-consciente, há conteúdos de fácil acesso ao consciente, mas que não pertencem a ele. No consciente encontram-se conteúdos relacionados aos estímulos provenientes do mundo externo e interno, sendo responsável pela percepção, atenção e raciocínio.

    O impulso à formação dos sonhos é encontrado por Freud no inconsciente. Neste processo, os desejos ligam-se aos pensamentos oníricos, próprios dos pré-consciente e consciente, e procuram uma maneira de acesso à consciência.

    A criança e a sexualidade

    Umas das grandes descobertas de Freud foi acerca do desenvolvimento psicossexual infantil. A sexualidade exposta pelo psicanalista não parte da idéia reprodutiva, mas inclui desejos e anseios que podem envolver toques, olhares e palavras.

    Segundo Laplanche e Pontalis, a histeria pode definir-se como doença psicogênica em que os sintomas são expressados através de símbolos de um conflito que tem como origem a infância.

    O desenvolvimento da personalidade

    Freud entendia que a personalidade desenvolvia-se durante estágios na infância em que as energias que buscam prazer são canalizadas em determinadas áreas erógenas. Os estágios são: oral, anal, fálico, latente e genital.

    Essas fases não são lineares e estanques, e não acontecem em períodos exatos, embora tenha-se uma ideia do período em que pode ocorrer. As conseqüências provenientes de cada fase deixam marcas no funcionamento psíquico do indivíduo.

    O complexo de Édipo

    O complexo de édipo é um comportamento simbólico da criança. O menino tem como objeto de desejo a mãe, enxergando seu pai como rival. A menina passa pelo mesmo processo, de maneira inversa, denominado como Complexo de Édipo feminino por Freud e Complexo de Electra por Jung.

    A pulsão e os Mecanismos de defesa

    Freud propôs alguns conceitos para a compreensão do funcionamento psíquico, como: Pulsão e Mecanismos de defesa. A Pulsão é um processo que impele o organismo em direção a um meta. Segundo Freud, é um conceito que localiza-se na fronteira entre a mente e corpo.

    A relação com o mundo externo e interno pode gerar angústia. Assim, o psiquismo cria mecanismos de defesa para poder sobreviver. Existem diversos tipos de mecanismos de defesa, incluindo o recalcamento, formação reativa, regressão, projeção etc.

    Id, ego e superego

    A segunda estrutura do aparelho psíquico trás os conceitos de Id, ego e superego. O Id é um vasto reservatório de energia psíquica e está sobre o princípio do prazer. O ego está sobre o princípio da realidade, tendo como função equilibrar as descargas de excitações. O superego está sobre o princípio do dever, surgindo a partir de conteúdos de regras apresentados pelos pais.

    Grandes autores contribuíram para o desenvolvimento da Psicanálise. Dentre eles: Carl Gustav Jung, Melanie Klein, Donald Winnicott, Wilfred Bion e Jacques Lacan. Zimerman (1999) acrescentou novos conceitos na Psicanálise, separando-a como: Ortodoxa, Clássica e Contemporânea.

    O psicanalista hoje, procura uma formação mais diversificada, com o intuito de atender da melhor forma a demanda dos pacientes. Muitos transtornos hoje são analisados além da histeria, mas, sem dúvidas muitas das bases da histeria se manifestam também em outras formas de angústias e ansiedades.

    Autor: Leonardo Alves (para o blog Psicanálise Clínica).

    5 thoughts on “Definição de Histeria para a Psicanálise

    1. Maura Alessandra disse:

      Muito bom o contexto sobre a histeria e a tudo que está além desse transtorno com outras formas de manifestações como ansiedade, amgústias,medos etc. Excelente texto . Obrigada.

    2. Marta Maria Dupas Gião disse:

      Entender o processo da histeria é de grande valia para a psicologia que trabalha com diversos casos em que para serem tratados necessitam de muitos estudos, e Freud é essencial.

    3. Juliana Carvalho disse:

      Excelente texto! Muito informativo e didático!!!

    4. Terezinha R P Varizi disse:

      Durante esse período de estudo aqui nessa plataforma ouvi algo e acrescento aqui por esse conteúdo enriquecedor; ” não julgue o adulto senão conheceu quando criança”, sim quantas vezes não somos levados ao extremo por simplesmente não sermos levados a avaliar a situação em si, julgamos pelo que nem ao menos entendemos, falta de conhecimento

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