prisma da Psicanálise

O delito(crime) cruel sob o prisma da Psicanálise

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Neste artigo de opinião, vamos abordar, sob o prisma da Psicanálise, um tema muito solicitado, que versa sobre o delito (crime) cruel praticado com requinte, de forma impiedosa, a sangre frio, sem remorso e culpa, na sociedade e nas pequenas comunidades.

Realizaremos o exame das questões problemas listadas e, na conclusão, iremos ofertar uma resposta à problematização formulada.

Entendendo sobre o prisma da Psicanálise

O presente artigo de opinião tem como objetivo central sob a ótica da Psicanálise, examinar uma questão muito polêmica, requisita por pessoas do tecido social (sociedade e comunidades) que desejam compreender a motivação psíquica que está ocorrendo, notadamente no caso brasileiro, porém, tem repercussão global.

Esta questão vem sendo examinada por vários prismas possíveis. O crime (delito) cruel praticado com requinte, maldade, sem remorso e de forma impiedosa, a sangue frio, onde sequer os autores admitem culpa tem sido algo proeminente no Brasil.

Vamos abordar de forma concatenada, por passos e etapas, com foco na Psicanálise, este tema que é muito polêmico, através dos seguintes tópicos.

Prisma da Psicanálise: Questões-problemas pré-selecionados:

O desenvolvimento padrão social das pessoas, chamado por Sigmund Freud (1856-1939) de psicossexual; a formação da carga psíquica dos indivíduos; como parametrizar (medir ou metrificar) o tanatos no id; a crise dos valores na pós-modernidade; o peso do paradigma que estrutura a vida social; a busca dos substratos das condutas humanas; as considerações sobre o método e discussão do tema; e por fim, na conclusão, vamos ofertar uma resposta indagação formulada:

“Qual é a origem, sob o ângulo psicanalítico, da pessoa cruel, que pratica crimes graves no âmago da sociedade contemporânea pós-moderna?” Pré-selecionamos as questões problemas para exame e vamos, como ponto de partida, iniciar examinando o desenvolvimento psicossexual das pessoas.

O desenvolvimento psicossexual das pessoas

A Psicanálise sistematizada por Sigmund Freud (1856-1939), como conhecemos a teoria atualmente, só foi possível após ele publicar seus trabalhos escritos e deixando um grande legado expondo e provando a teoria do inconsciente, a teoria da pulsão e a teoria do desenvolvimento psicossexual das pessoas, tanto homens como mulheres.

Todas as pessoas, de forma universal, independente de sexo, nível material, equipamento social, raça, cultura, formação, latitude, enfim, passa pelo desenvolvimento psicossexual, ou seja, pela fase oral, do 0 ano a 1 ano ou 12 meses de vida; fase anal, dos 1 ano aos 3 anos; fase fálica, dos 3 a 5 ou 6 anos; a fase latência, dos 5 ou 6 anos até puberdade, que chega aos 13 ou 15 anos até 18 a 20 anos; a fase genital, da puberdade a vida adulta.

Não é um processo rigoroso e linear, pois cada pessoa é uma singularidade e tem a sua marcha existencial. Após, essas fases, vem a maturidade e o declínio com a velhice e finalmente, o óbito, a finitude. É um processo generalizado e mundial pois, ninguém escapa dessas etapas.

O prisma da Psicanálise e os processos sexuais

O que pode ocorrer é o óbito prematuro, por várias razões e a pessoa não enfrentar todas as fases naturais do processo biopsicossocial sexual, que é um processo aberto, dialético e em construção. Durante o transcorrer dessas fases, a ‘catexis’ que é energia ou libido vai fluir chegando num ponto da escala psicossexual chamado de complexo de Edipo/Electra, onde a pessoa vai se resolver.

Se esta energia se fixar numa dessas fases e não fluir, a pessoa irá herdar as características daquela fase. Por isso, é muito importante o desfecho no complexo de Édipo ou Electra. Dentro desta perspectiva psicanalítica a pessoa vai estruturar o psíquico em três instâncias, o Id, ego e o superego formando o inconsciente, o consciente e o subconsciente.

Deste processo irá emergir o indivíduo com a sua respectiva carga psíquica e suas tendências, evidente que vinculados a suas culturas e meios onde convivem. Pesa sobre a pessoa, como indivíduo singular, o equipamento social, o papel da cultura dos pais, a educação que vai receber, os rituais sociais e sua qualidade de vida ou classe social, aspirações e projetos, contudo a pessoa terá a sua carga psíquica.

A formação da carga psíquica dos indivíduos

Antes do nascimento, a criança, na condição de bebê, no ventre (útero) da mãe, ela irá formar um a carga psíquica, resultado de uma batalha entre o ‘eros’ versus o ‘tanatos’, ou seja, a força de energia psíquica vinculada a impulsos de vida e amor e as forças vinculadas aos impulsos, pela busca da morte ou ódios. Não raro, muitos bebês se enforcam no cordão umbilical por não desejarem abandonar o útero e enfrentar o sofrimento do mundo.

Está percepção todas as crianças, na fase bebê, já no útero, possuem no momento que se funde o ‘eros’ com o ‘tanatos’ e surge o ‘id’. O ‘id’, portando, é a composição e fusão do eros com o tanatus. Importante salientar, que os instintos de vida vão se confrontar ou polarizar ainda no útero da mamãe com as forças dos instintos de morte, raiva e ódio.

A pulsão de vida equivale a toda a demanda interna que nos leva a buscar o prazer e mais tarde, esse processo vai continuar pelos desejos via pulsão, o que vai impulsionar as pessoas para realizar os projetos de vida, um deles, a busca da felicidade. Neste momento da fusão do eros com tanatos, a carga psíquica será determinante nas futuras posturas e ações da pessoa.

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    Sobre Tanatos

    Se a pessoa tiver uma carga forte de tanatos tenderá sempre a pratica de atos considerados pelo superego como maldosos na cultura humana. A chave então, para entender a pessoa sob a ótica da Psicanálise está na análise da composição psíquica do id com relação a carga de eros e a carga de tanatos.

    De dentro do id, vai se despreender depois, aos poucos, o ego e do ego, emergirá o superego, a parte moral. Entretanto, cabe destacar bem que está subparte ética e moral que integra o superego será evidente resultado também influenciado pela cultura onde está o indivíduo inserido.

    A pessoa vai introjetar a sua cultura, o seu meio, seus ritos. Geralmente, os indivíduos que possuem uma alta carga de tanatos no id, estão ligados a atos graves da vida cotidiana, porque ficam cruéis, impiedosos, não possuem remorso. Isto se observa muito em criança que começam desde pequenos a praticar atos insanos, como matar animais, pintos, galinhas, gatos, cachorros.

    O prisma da Psicanálise e as ciências Psi

    A observação atenta do operador das ciências Psi, em especial o psicanalista, já antevê um tanatos proeminente. Praticar perseguições, sofismas (mentir muito) armações e até crimes hediondos é o forte critério indicador. Muitas são levadas a psiquiatras e medicalizadas algumas com diagnósticos diferenciais, na esperança de remissão parcial ou total. Porém, dentro do Id, o tanatos já está formatado e se manifesta por pulsões.

    Como parametrizar o a carga de tanatos no id ?

    Quando falamos em ‘parametrizar’ é porque buscamos um rumo, sentido e direção em estabelecer uma forma ‘métrica’ segura e confiável com parâmetros, padrões e modelos, com vista a comparar e ter uma escala de escores. Entretanto, até ao presente momento é impossível medir o ‘quantum’ de ‘tanatos’ tem a pessoa na composição de seu ‘id’ em relação ao ‘eros’.

    Não existe ainda um meio de aferir isso, não temos marcadores biológicos e nem uma máquina que seja capaz de metrificar e expor o resultado. Tem sido usual por alguns operadores das ciências Psi, como recurso, tentar colocar a situação em formato percentuais por prática de observações acuradas das posturas, condutas e correlações.

    A pessoa que tem mais de 60% ‘tanatos’ alojado no seu ‘id’ tenderá sempre a se inclinar para a sociopatia ou psicopatia, por práticas de atos negativos, ilícitos e até crimes. A pessoa cruel, considerada pelo senso comum, no jargão pop, como malvada, raivosa e que odeia, com excesso de sofismas (mentira patológica), enganos, armações, sem escrúpulos, sem remorso, que pratica delitos graves, a sangue frio, que nega culpa, ela possui ‘em tese e a priori’, uma carga superior a 70% de ‘tanatos’ no seu ‘Id’.

    O inconsciente

    E isto está geralmente no seu inconsciente. Existe a crítica de especialistas em especial Neurociências de que o tema é empírico, porém, muitos conceitos de Freud só foram provados após um elenco de observações pragmáticas pelo olho clínico. Não existe!

    Portanto, uma forma ainda eficaz de medir a real composição do eros e tanatos na fusão do id. E nem como localizar no cérebro a posição do id, do ego e superego com exatidão. E muito menos, saber como o espírito se liga ao corpo via cérebro e mente. Ou seja, ainda é um mistério.

    A mente seria em tese, uma parte abstrata do espírito ou o abstrato dos neurônios, uma espécie de plasma oculto, em interação no cérebro via correntes elétricas. Não temos ainda meios tecnológicos de superar isso. O foco diante da impotência humana tem se voltado mais fortemente para o lado psicossocial, em considerar uma crise de valores sociais que vamos examinar.

    A crise dos valores na pós-modernidade

    Nos tempos atuais, considerado época contemporânea, vivemos o que alguns analistas contextualizaram como sendo uma era denominada de pós-modernidade dos tempos líquidos com uma crise forte de virtudes, que são considerados valores, além de uma ética e moral colocados em xeque e com dúvidas profundas. Esta crise de valores vem provocando grandes mudanças sociais e transformações que são aceleradas pela tecnologia abrindo espaços para novas ideologias, invertendo culturas.

    Emergiram conceitos diferencias onde dois deles estão provocando mal-estar social, o novo normal e a pós-verdade. O argumento social dispara no sentido de que ou aceitamos o novo normal ou vamos gerar novos conflitos das relações humanas e uma crise mais profunda. E que, em tudo, temos que vislumbrar existe em teoria, embutido, mas oculto, uma nova verdade, que se revelada demonstra que os caminhos eram errados.

    Tudo começa a ser revisado porque teria uma pós-verdade em si, para si e para terceiros. Quanto ao novo normal, argumentam movimentos de diversas linhas, que temos que aceitar uma nova cultura, suportar o insuportável e admitir que regras passadas precisam ser flexibilizadas.

    Um contraponto sobre o prisma da Psicanálise

    Algumas delas, casamento gay, o poliamor, a liberação das drogas, o ateísmo, fim dos hospitais psiquiátricos, troca de sexo, entre outros, chamados de movimento social libertário. O contraponto é que são coisas libertinas e promiscuas.

    Regras sociais passaram a ser revisadas e mudadas. Para muitos pesquisadores e analistas, a propalada crise de valores seria uma nova cultura florescendo. Entretanto, nada é pacífico e convergente. Instaurou-se a divergência social, as polarizações, muitas posições ficaram extremadas, criaram as esquerdas e direitas, os conservadores versus os progressistas, um jogo de ideologias com muitos discursos e retóricas.

    Colocaram em xeque quase mate tradições, rituais, adoram outras formas de viver. Aprofundou-se opressões, dominações, com facções. Surgiu a crise psíquica e suas formas de suportar o momento, via psicofármacos. E houve uma expansão da crueldade.

    Conflitos

    Os conflitos afloraram, muitos crimes graves emergiram no tecido social. Exemplificando, podemos citar o jovem que armado, ataca outro, pede o celular e a senha e as joias, anéis, correntinhas senão dá um tiro na cabeça ou rosto da vítima, corta o dedo para tirar a aliança e vai embora.

    Tal pessoal tem um perfil de tanatos muito forte no seu id. Várias novas modalidades de delitos apareceram baseado nisso, na composição do tanatos no id. A crise mostrou uma das camadas, mas o miolo remete ao peso dos paradigmas que nos regem.

    Peso dos paradigmas que estruturam a vida social

    A crise que, em teoria, muitos argumentam no tecido social (entenda-se como o conjunto da sociedade e comunidades) na realidade se constitui uma batalha de teses, premissas e proposições onde, de um lado, relatam que temos uma situação espiritual quase anulada pelas pessoas, que perderam confiança e esperança e estão cada vez mais tecnológicas e reféns de uma marketing puxadas e empurradas pelo celular; e, de outro lado, pessoas que não acreditam mais em nada.

    Perderam seus referenciais e ficaram céticas, descrentes, sem esperança vivendo o aqui-e-agora e o já-provisório. Não existe mais tempo para esperar nada. Para muitos Deus não existe, é uma ilusão, uma ficção. O materialismo tomou posição e muitos estão se rendendo a uma nova forma de pensar.

    Nessa situação, as pessoas que tem um tanatos forte tomaram rédeas ou estão encorajadas praticando atos cruéis, insanos, sem remorso e sem culpa. E muitos alegam transtorno mental para justificar posturas. A sociedade passa a enfrentar os diversos processos de demências. É o novo normal do ‘homo demens’.

    Busca dos substratos das condutas humanas

    Muitos crimes graves aparentemente sem explicação sociológica mas, sob o prisma da Psicanálise, mostram um substrato, que está ligado ao inconsciente e ao ‘id’. Para Psicanálise são sujeitos subjetivos singulares com sua carga psíquica onde o tanatos é superior ao eros.

    Quando o tanatos é muito forte a pessoa se revela cruel, sem remorso, mata de forma impiedosa, não deixa imputarem a culpa, não existe arrependimento. A espiritualidade está amorfa, quase morta dentro da pessoa. Não tem impulsos para o amor.

    Guardam dentro de si, no inconsciente, as razões e o tanatos em relação ao eros é proeminente formando um id ligado a pulsão de morte, ódio, raiva, sem sentimentos. O delito se torna um negócio. Isso explica porque vem ocorrendo uma grande quantidade de delitos cruéis delicados.

    O prisma da Psicanálise e outras percepções

    Basta ligar televisão para ver o noticiário onde o autor de um crime de forma fria, preso, acaba quase sempre argumentado, ‘olha, mandei me dar senha do celular, se negou, resolvi dar um tiro na cara e cancelar o CPF do vagabundo num papo reto’; muitas vezes a vítima é um estudante, um trabalhador, uma pessoa com projeto em desejo em marcha; isso gera um mal- estar e silêncio ou o meliante sorri e ainda expressa, ‘não dá nada’; como de fato, se nada tivesse acontecido.

    A insensibilidade e falta de percepção da gravidade frente a terceiros. O sujeito está inserido numa sociedade que se autointitula pós-moderna, da alta tecnologia e que vale mais é ter dinheiro para viver e parecer, mesmo que precise tomar com violência de outros ou praticar golpes.

    A sociedade que estamos vivenciando configurou o ‘homo demens’, aquele que não tem Deus no coração, nega sua existência e que vive o aqui-e-agora e que se for preciso matar, matará. Vai efetivar delitos sem remorsos eximindo-se de qualquer ato de culpa ou piedade.

    Considerações sobre o método de prospecção do tema e o o prisma da Psicanálise

    As questões-problema acima examinadas foram pré-selecionadas em tópicos com base em consultas de noticiários, textos produzidos e publicados na rede social e com uso do método ‘post fato’, com a avaliação de algumas fontes esparsas. Também, foi usado o método da pesquisa psicanalítica sobre os fatos sociais e fenômenos humanos. Ainda, foi utilizado a teoria da pulsão, do inconsciente e do desenvolvimento psicossexual. 

    Diante de tudo o que acima foi exposto, por passos e etapas, de forma concatenada, nos tópicos, com base em algumas fontes e com o respaldo da metodologia usada, e com base no questionamento:

    “Qual é a origem, sob o ângulo psicanalítico, da pessoa cruel, que pratica crimes graves no âmago da sociedade contemporânea pós-moderna?”, entendemos, salvo melhores e superiores juízos, em tese e a priori, sob o prisma da Psicanálise, que são pessoas com uma carga psíquica de ‘tanatos’ muito elevada no ‘id’ que acabam praticando crimes com ausência de remorso, de culpa, sem piedade, e argumentam que não se lembram do que fizeram, argumentando que são oprimidas, por classes de rendas e que, não existe o mundo espiritual, ou seja, a metafísica. Refutam e repelem a metafísica.

    Um ambiente materialista e o prisma da Psicanálise

    Vale destacar que tais pessoas vivem contextualizadas num ambiente materialista, onde o que vale é o dinheiro e o bem-estar. Uma sociedade em crise, com a formação do ‘homo demens’ ou seja, sem a visão e percepção de Deus, com uma linha que nega veementemente a metafísica ou esfera espiritual.

    Para tais pessoas inexiste esfera espiritual, elas perderam totalmente o medo de Deus. Para tais pessoas que tem tanatos proeminente, a vida é algo passageiro e uma ilusão, roleta da sorte, se acham frutos do acaso, sem projeto e esperança, o substrato do ‘homo demens’.

    Era o que havia a expor e segue para o crivo social avaliar e refletir.

    Artigo escrito pelo Edson. Formado em Psicanalise. PG em Psicanálise; PG em Neuropiscanálise e Esp Filosofia Clínica cert A.

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