Quando uma pessoa se encontra em um quadro de dependência emocional, é como se tivesse entregado o controle remoto da própria vida a outra pessoa. Ela perde o comando das próprias decisões, fazendo com que tudo o que faz ou pensa gire em torno do outro.
Esse indivíduo se torna refém da aprovação e validação alheia para qualquer ação ou escolha que queira tomar. Sua autoestima é deixada de lado, já que sua única preocupação passa a ser o bem-estar do outro, a ponto de renunciar aos seus próprios sonhos e desejos em função das necessidades dessa pessoa.
Comportamentos do dependente emocional
A pessoa dependente emocionalmente pode adotar comportamentos de submissão, aceitando todas as demandas do outro e tendo dificuldade em dizer não. Concorda com atividades que não deseja, apenas para evitar conflitos, e reprime suas opiniões por medo de ser abandonada.
Esse medo do abandono é tão intenso que a faz acreditar que não conseguirá viver sem o parceiro ou parceira. Sua baixa autoestima a impede de imaginar que é capaz de atrair um relacionamento saudável, no qual possa ser quem realmente é, manifestar sua opinião e lidar com frustrações, como o término de um relacionamento, de maneira mais equilibrada.
Por outro lado, o dependente emocional pode também desenvolver um comportamento controlador. Ele busca monitorar cada passo do parceiro, dedica-se exclusivamente ao relacionamento e negligência suas próprias atividades e hobbies.
A dependência emocional e a vida social
Constantemente rastreia redes sociais e mensagens do outro, às vezes com explosões de ciúmes quando encontra algo que considera uma traição. Esse perfil controlador não admite que o outro tenha amigos ou vida social, acreditando que isso aumenta o risco de abandono.
Em ambos os casos, fica evidente a dificuldade de lidar com rejeições e com o término de ciclos – uma parte natural da vida.
Relacionamentos abusivos e dependência emocional
Quando o dependente emocional se envolve com uma pessoa de perfil abusivo, o desequilíbrio é ainda maior. O abusador se aproveita da fragilidade e insegurança do dependente para exercer controle sobre sua vida, muitas vezes expondo-o a humilhações e situações que o deixam ainda mais vulnerável.
Ciente da insegurança do dependente, o abusador pode intensificar o sofrimento ao não responder mensagens, manter uma vida social ativa ou adotar outras atitudes que o deixam cada vez mais inseguro. Essa dinâmica disfuncional de relacionamento traz grande sofrimento ao dependente, que pode acabar se sujeitando a violência física ou verbal.
Como tratar a dependência emocional?
O primeiro passo para o dependente emocional é reconhecer que precisa de ajuda e que seu comportamento não é saudável. Buscar o apoio de familiares ou amigos de confiança pode ser uma boa forma de começar a enxergar o problema por outros ângulos e encontrar alternativas para lidar com a situação.
A terapia é um instrumento fundamental nesse processo. Por meio dela, o dependente emocional pode trabalhar as causas da sua baixa autoestima e os sentimentos de desvalorização. Muitas vezes, esses padrões estão relacionados a traumas ou vivências da infância.
Ao ressignificar sua história, ele pode quebrar esses ciclos de comportamento, recuperando aos poucos sua autoestima e aprendendo a se posicionar de forma mais assertiva nos relacionamentos. Com o tempo, será capaz de enfrentar o fim de ciclos disfuncionais e construir relações mais saudáveis e equilibradas.
Artigo escrito por Vera Rocha. Psicanalista e terapeuta, trabalhando questões como dependência emocional, ansiedade, crenças limitantes, insegurança, autoconhecimento, carreira, relações afetivas e outras questões trazidas pelo cliente. Atendimento online ou presencial. Contato: [email protected]