dipsomania

O que é dipsomania? Significado do transtorno

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O contato com a bebida pode se manifestar de maneiras variadas e surpreendentes de indivíduo para indivíduo. Mesmo quando não se conscientiza disso, uma pessoa que continua refém dos seus desejos gera consequências graves para a sua vida. Nesse contexto, entenda o significado de dipsomania e como ela se manifesta a seu próprio tempo.

O que é dipsomania?

Dipsomania se trata de uma sede alcoólica incontrolável e episódica, surgindo de maneira aleatória no cotidiano. O dipsomaníaco pode levar uma vida relativamente comum até o ponto em que esse transtorno se manifesta. Isso porque ela vai parar tudo o que estiver fazendo para manter um contato prolongado com a bebida.

Acompanhando a etimologia de dipsomania, a tradução literal do grego aponta para a “compulsão por beber” produtos etílicos. Embora muito confundam com o alcoolismo, a natureza de cada um é particular e diferente em relação ao outro. Até aqui não foram apontados estudos que comprovem a existência influenciadora de um sobre o outro.

O termo é creditado ao médico alemão Christoph Wilhelm Hufeland em 1819 segundo registros posteriores. De acordo com ele e von Bruhl-Crammer, o problema é contínuo, intermitente e periódico de diversos modos. Em suas origens, foi colocado em um lugar para tentar descrever o alcoolismo no interior dos circuitos médicos como psicopatologia.

Alcoolismo X Dipsomania

Existe uma associação contínua entre o alcoolismo e a dipsomania, dada à natureza dos dois e o vínculo em comum. Contudo, eles são problemas distintos, carregando uma identidade própria no que diz respeito a patologias. Mas como o dipsomaníaco possui uma compreensão mais difícil, é associado aos alcoólatras para melhor entendimento.

Historicamente o conceito da dipsomania amadureceu com o tempo, tornando mais clara a nossa percepção sobre ele. De início o próprio Hufeland não parecia tão compromissado a fazer grandes diferenciações com outros problemas semelhantes. Até aqui o conceito de alcoolismo ainda não havia sido definido por completo.

Foi no fim do século XIX que o termo criado pelo médico vai ganhar a forma mais aproximada do momento presente. Isso porque o ato periódico característico do problema ajudou a dar imagem e diferenciar dos outras formas semelhantes. Em suma, esse problema e o alcoolismo não são a mesma coisa.

Características da dipsomania

De modo geral, a dipsomania é um território com meia exploração e pouca certeza sobre sua verdadeira matriz. Todavia, possui algumas características bem distintas e que ajudam a levantar um diagnóstico mais elaborado. São elas:

Repetição do ato

O dipsomaníaco pode ceder em alguns momentos onde passa longos períodos ingerindo bebida alcoólica. Após isso, é comum que retome as suas atividades e por vezes sem lembrar de nada do que aconteceu. Daí retorna à bebida, repetindo o ciclo vicioso enquanto, aparentemente, controla a própria vida.

Tolerância

Existe uma certa resistência em relação à bebida que se mantém quase imóvel com o passar do tempo. Usando outras palavras, o indivíduo pode beber tanto quanto antes sem sentir perdas significativas de suas funções vitais. Nota-se que há um padrão em que o paciente não evolui em quantidade ingerida, se mantendo estável em seus hábitos.

Episódios

Ao contrário do alcoolismo que é um comportamento contínuo, a dipsomania ocorre em episódios fechados que se prolongam. Com isso, a pessoa pode sofrer com ele nesse instante, passar horas ou dias bebendo e parar. Ele “retorna” ao momento anterior à bebida, ficando limpo por alguns dias antes de retornar ao vício.

Enquadramentos

Até os dias atuais existe uma discussão a respeito de como enquadrar e construir um quadro de dipsomania nos pacientes. Isso perdura porque muitos acabam desconsiderando a inexistência da dependência dentro do problema clínico do indivíduo. Não há como prever certamente quando a próxima manifestação vai ocorrer, descaracterizando dependência.

Em relação aos lapsos temporais, eles são vistos por muitos como simples distorções amnésicas. Continuando, o indivíduo, segundo a premissa, não vai se lembrar de ter iniciado alguma de suas crises. Por conta disso que deixa de recorrer ao álcool, já que perde o contato imediato com ele.

Para muitos esses são pontos incoerentes, pois, em vez de dependência, existe um uso nocivo. E mesmo esse contato capaz de causar amnésia não vai ser o responsável pela falta de ocorrência no seu uso contínuo. A própria síndrome possui essa estrutura de não ser repetitiva em espaços de tempo determináveis como outros problemas semelhantes.

Limites

Observando essa patologia é curioso observar que os especialistas não defendem a sua evolução para a dependência. Mesmo com o abuso eventual, o quadro clínico é capaz de ser estabilizado sem continuidade ou expansão. Caso essa seja a situação em que a pessoa se enquadre, não vai aumentar a um quadro clínico claro sobre o alcoolismo.

Nisso, o indivíduo passa a ser categorizado como um dipsomaníaco típico, algo mais incomum que outros pacientes. Indicamos que existe até uma “normalidade” em sua postura, de modo que não se desgaste como os demais. Como bem sabe, o uso contínuo do álcool acaba deteriorando a aparência e funções vitais.

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    Mesmo assim, é difícil fazer uma diferenciação laboral que consiga comprovar quais áreas do cotidiano são diretamente afetadas. Lembre-se que o descontrole sobre um vício é extremamente prejudicial a qualquer âmbito do seu dia a dia. Todavia, esse transtorno em específico se manifesta de maneira própria e com as mais diversas reações pelos pacientes.

    A busca pelas causas

    Fica discutido também os fatores que acabam contribuindo ao surgimento da dipsomania nas pessoas. Por um lado apontam a estrutura de insanidade que se manifesta sobre esse descontrole etílico. Ainda que não seja psicótica, alimenta um estado mental transitório e de alteração profunda das funções cerebrais.

    Além disso, estudiosos apontavam a um elemento envolvendo a hereditariedade entre os casos. A transmissão genética ajudaria na construção dessa herança, repassando o problema através das gerações. Sem contar também que já foi associada com os hábitos das classes mais altas, decorrente desse estilo de vida.

    Em relação aos dois últimos indícios, não existe estudos científicos que ajudem na comprovação da transmissão genética. Ademais, fica infundado também ser um problema apenas da classe mais rica enquanto o alcoolismo acontece com os menos avantajados. O que continua válido é a natureza súbita e impulsiva de ingerir álcool.

    Sequelas da dipsomania

    Quanto às consequências fica difícil fazer um mapa exato do que pode acontecer. Como não deriva do alcoolismo e tem essência própria, fica quase que imprevisível entender quais sequelas pode deixar. Dentre as mais prováveis e já vistas, colocamos:

    Beber sem parar

    Do dia para a noite pode surgir uma maratona em que o indivíduo passa a beber sem parar. Em muitos casos isso pode durar mais de 1 dia, dificultando o controle normal de suas ações nesse período.

    Ausência

    Graças ao item acima, o indivíduo pode se ausentar dos seus compromissos e obrigações diárias. A exemplo, trabalho, passeio com a família, encontro com amigos ou qualquer atividade importante e que necessite de sua presença.

    Estados alterados de consciência

    A sua percepção em relação ao mundo pode mudar completamente e ele se transformar em outra pessoa. Com isso, pode se mostrar mais violento e praticar algum tipo de agressão.

    Considerações finais sobre dipsomania

    A dipsomania ainda se mostra um mar escuro onde a luz da ciência ainda não mergulhou por completo. Sua natureza distinta a separa dos problemas parecidos e dificulta um pleno conhecimento a respeito.

    Em relação ao tratamento, o mesmo consiste no “desmame” do paciente para que consiga desapegar da bebida. Tal ação é protegida e guiada pela psicoterapia a fim de lidar com as reações resultantes do problema. A terapia comportamental também pode ser útil para reeducar o indivíduo para que tenha mais controle de seus impulsos.

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