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Disfunção sexual: de desejo, excitação e orgasmo

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Neste artigo, traremos um resumo sobre disfunção sexual ou transtorno sexual, de acordo com a Psicanálise. Falaremos especificamente dos três principais tipos de transtornos ou disfunções sexuais, relacionados:

  • ao desejo sexual
  • à excitação sexual
  • ao orgasmo.

A reformulação da teoria do ciclo sexual

Freud foi o grande inovador ao publicar Os Três Ensaios em 1905. Apesar de causar grandes contradições, ele não conseguiu despertar o interesse pela sexualidade humana no meio científico.

Freud demonstrou que a sexualidade é parte do desenvolvimento da pessoa, desde o começo de sua existência, mas por séculos foi tratada com indiferença, talvez por preconceitos, medos ou insegurança. Assim, a sexualidade só era tratada se não estivesse atendendo um fim reprodutivo.

No final dos anos 70 Helen S. Kaplan reformulou a teoria do ciclo sexual, tornando o conceito no que hoje se entende por “o ciclo do funcionamento sexual humano”.

Neste texto, descreverei o modelo trifásico da resposta sexual de Kaplan (1979), que foram classificados em disfunção sexual ou transtorno do desejo, da excitação e do orgasmo.

A disfunção social como um processo evolutivo incompleto

A sexualidade, como Freud a definiu, envolve não apenas a genitalidade, mas a transcende.

Enquanto a genitalidade é uma função dos órgãos genitais, um fenômeno fisiológico, a sexualidade envolve um contexto de valores, sobrepondo-se aos limites do impulso genital para a afetividade, o prazer, a fantasia, a emoção e a comunicação.

Assim o comportamento sexual de uma pessoa depende de múltiplos fatores ou variáveis, tais como: foco de atenção, distração, expectativa de desempenho e ainda fatores orgânicos.

Segundo Freud, uma pessoa que tem uma disfunção sexual, não completou o processo evolutivo normal até o ajustamento adulto saudável. A permanência de ameaça infantil inconsciente de castração pelo pai ou a separação da mãe oferece um campo aberto para o desenvolvimento desses transtornos”.

1. Disfunção sexual do desejo

Crenças relacionadas à performance sexual podem gerar transtornos sexuais no sujeito. O homem tem expectativas altas sobre seu desempenho sexual, levando-o às vezes ao consumo desnecessário de medicamento. Nas últimas décadas tem sido cobrado da mulher uma atitude mais participativa (na iniciativa, no desempenho e na satisfação).

O ato sexual fica marcado por uma preocupação em se observar e avaliar até que ponto a performance sexual se desenvolve de acordo com os padrões. Cada um assume o papel de expectador, seu e de seu parceiro.

Crenças negativas relacionadas à fantasia sexual:

  • inibem pensamentos eróticos;
  • promovem a rigidez de comportamento,
  • influenciam negativamente o desejo e da excitação.

A motivação feminina para o sexo nem sempre ocorre em função do desejo sexual espontâneo, mas diversas situações de carícias e de carinho podem levar as mulheres a se engajarem em situações sexuais.

As três categorias dos transtornos do desejo

As disfunções sexuais ou transtornos do desejo estão subdivididos em três categorias: desejo sexual hiperativo, desejo sexual hipoativo e as aversões sexuais. O desejo sexual hiperativo (compulsão pelo sexo) ocorre nos casos quando há falta de controle sobre os impulsos sexuais. Este compromete a vida profissional e social do sujeito.

O desejo sexual hipoativo refere-se a deficiência ou ausência de fantasias sexuais; o transtorno passa a ser distinguido por gênero. Esta disfunção sexual pode ser leve ou grave, persistentes ou recorrentes.

Deve-se levar em conta, para sua caracterização, fatores a idade, o contexto social e tratamento medicamentoso, além das crenças, mitos, desinformação, religião etc.

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    Ele é o problema principal e não secundário em relação a outras dificuldades, por trazer mais dificuldades para a iniciativa da atividade sexual.

    A disfunção sexual do desejo pode ser:

    • total: nunca sente prazer no coito;
    • parcial: quando só apresenta desejo ocasionalmente;
    • circunstancial: a disfunção do desejo está ligada a momentos, parceria inadequada, local inapropriado, traumas etc.

    Características das aversões sexuais

    As disfunções ou transtornos de aversões sexuais são caracterizadas por aversão extrema e persistente ou recorrente a contatos sexuais genital com parceiro, provocando sofrimento ou dificuldades interpessoais significativas.

    Essas podem ser:

    • primárias – existirem por toda a vida;
    • adquiridas – iniciadas após um evento ou situação traumática e
    • generalizadas – independem de um parceiro ou situação específica.

    2. Disfunção sexual Transtorno de Excitação Sexual

    No homem, é caracterizado pela disfunção erétil no ato sexual ou quando a ereção ocorre somente com a masturbação, ou com uma parceira diferente ou ainda durante o sono. Geralmente está ligada a causas psicológicas.

    A ansiedade atua como inibidor da resposta sexual, porém as emoções características de ausência de afeto positivo (humor deprimido) apresentam influência negativa maior do que a ansiedade.

    Segundo Rowland 1995, a diferença entre sujeitos disfuncionais dos funcionais é a ausência de emoções positivas (prazer, interesse) e não a presença de emoções negativas (ansiedade, irritação, vergonha, preocupação).

    Em sujeitos disfuncionais a atenção já se encontra nas preocupações relacionadas às exigências de desempenho, à monitoração da própria resposta.

    Difíceis diagnósticos de excitação sexual feminina

    A excitação sexual funcionaria como um facilitador desse foco, minimizando a atenção disponível para os estímulos eróticos e afetando negativamente a resposta sexual.

    Em mulheres, o desejo e a excitação sexual coexistem e são despertados em resposta a estímulos sexuais adequados. Os critérios para a disfunção do desejo/excitação sexual feminino levam em consideração que ambas as dificuldades ocorrem de forma simultânea. O problema mais comum é a falta de lubrificação vaginal.

    As causas são variadas: orgânica, emocional, psicológica, cultural, religiosa, além das relacionadas ao casal (causas diásticas).

    Estas disfunções da excitação sexual nas mulheres são difíceis de se diagnosticar; a psicanálise pode ser associada a outras terapias para a promoção do autoconhecimento e do conhecimento sobre a sexualidade do parceiro.

    3. Disfunção sexual ou transtorno do orgasmo

    No homem estes transtornos incluem a anorgasmia, que é a dificuldade ou impossibilidade de atingir o orgasmo e a ejaculação precoce. Esta se configura como dificuldade ou impossibilidade de o homem retardar a ejaculação por tempo suficiente para manter uma relação sexual satisfatória.

    • A ejaculação retardada: pode ocorrer apenas durante o coito, não acontecendo na masturbação.
    • A ejaculação precoce: é a clássica disfunção sexual pela demanda de uma nova ordem sexual.

    Atualmente há mais preocupação em satisfazer a parceira por meio de penetração vaginal, exigindo um bom controle ejaculatório.

    Homens e mulheres possuem aspectos fisiológicos sexuais de respostas diferentes

    Segundo Kaplan, ocorre a ejaculação precoce se a ejaculação acontece antes, durante ou logo após a penetração, e antes que o indivíduo o deseje.

    As mulheres não se detém tanto nos aspectos fisiológicos da resposta sexual quanto os homens. Para elas a sexualidade envolve dimensões subjetivas de uma relação afetiva e assertiva. A anorgasmia feminina continua ligada a mitos e preconceitos.

    O fato de uma mulher não ter orgasmo pela penetração, mas obtê-lo, pela masturbação, não caracteriza uma disfunção orgástica, mas uma variação normal e frequente, da resposta sexual feminina.

    Conclusão

    Qualquer disfunção sexual do orgasmo tem geralmente causas mais superficiais e pode ser resolvida com o tratamento cognitivo-comportamental.

    Conhecer as razões conscientes, inconscientes e morais que afetam a sexualidade é uma tarefa da Psicanálise. Se você se interessa pelo tema, recomendamos que você faça o Curso de Formação em Psicanálise Clínica, 100% on-line.

    O presente artigo sobre disfunções sexuais de excitação, estímulo e orgasmo foi desenvolvido por Maria Lenita Batista, exclusivamente para o nosso blog Psicanálise Clínica. Deixe suas dúvidas, sugestões e comentários, abaixo! Ajude-nos a construir um blog cada vez mais completo!

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