Energia psíquica, segundo a American Psychological Association (APA, 2023), é “a força dinâmica por trás de todos os processos mentais”. A energia psíquica também é chamada de energia mental. (APA, 2023)
Entendendo a energia psíquica
Energia psíquica ou mental é um termo utilizado em várias áreas da psicologia e da psiquiatria para descrever a energia mental ou psicológica que uma pessoa possui. Esta energia pode ser vista como uma espécie de combustível para as atividades mentais e emocionais.
De acordo com algumas teorias psicológicas, como a psicanálise, a energia psíquica é considerada uma força motivacional que impulsiona o comportamento humano. Essa energia pode ser canalizada para várias atividades, como o pensamento, a memória, a aprendizagem, a criatividade e as emoções.
Ela também é frequentemente associada ao conceito de libido, que se refere à energia que impulsiona o comportamento sexual e outras formas de atividade prazerosa. Segundo a psicanálise, a libido não é apenas uma energia sexual, mas também uma energia psíquica mais ampla que se manifesta em outras áreas da vida.
Catexia de energia psíquica
Catexia é o investimento de energia em um item, um conceito ou uma pessoa. No entanto, como o id não consegue distinguir entre uma imagem mental e a realidade, é possível que não leve a uma ação direta para satisfazer um desejo.
Em vez disso, o id pode apenas construir uma imagem do item necessário que satisfaça a demanda no curto prazo, mas não no longo prazo. Por exemplo, em vez de comer, um indivíduo faminto pode evocar uma imagem mental do alimento desejado.
Como resultado, o ego é capaz de absorver parte da energia que o id dispersa. Uma catexia do ego ocorre quando essa energia se une a uma ação relacionada ao ego. Essa distribuição de energia pode incluir a busca de atividades relevantes para a demanda. Quando está com fome, uma pessoa pode, por exemplo, comprar um livro de receitas ou assistir a um programa de culinária na televisão.
Energia psíquica segundo Freud
De acordo com Sigmund Freud, as fontes básicas dessa energia são os instintos ou pulsões que se localizam no id e buscam a gratificação imediata de acordo com o princípio do prazer.
A partir de “Estudos sobre a Histeria”, Sigmund Freud estabeleceu o conceito de uma propensão “para manter a excitação cerebral em um nível constante”, um princípio de constância que se tornaria a base sustentando o equilíbrio entre prazer e desprazer.
No “Projeto para uma Psicologia Científica” (1950 [1895]), ele introduziu pela primeira vez o conceito de energia psíquica em uma forma neuronal; em “A Interpretação dos Sonhos” (1900), o modelo neurofisiológico foi abandonado e a energia psíquica foi incorporada a uma teoria da mente.
A libido
A equiparação da energia com a libido foi fortalecida por Freud pela noção de pulsões; a libido, portanto, compreendia a essência da energia psíquica. Ele desenvolveu a noção de um ego e um id em seu livro, “O Ego e o Id”, “energia deslocada que, embora de natureza neutra, pode ser unida a um desejo sexual ou destrutivo qualitativamente distinto de aumentar toda a sua catexia”. Essa energia deslocável e neutra parece vir da reserva narcísica da libido – que é dessexualizada, Eros.
Existem três fatores importantes para entender um fenômeno dentro da metapsicologia: o tópico, o dinâmico e o econômico. O econômico foca em nossa energia e em nossos impulsos mais íntimos.
O trabalho de Melanie Klein começou com foco nos estágios de desenvolvimento da libido; eventualmente, a importância que ela atribuiu à imaginação inconsciente e à relação objetal a fariam abandonar totalmente a perspectiva econômica. A libido e a energia mental seriam rejeitadas por Jacques Lacan, que substituiu as pulsões por “desejo” e se referiu à teoria da libido como um “mito astral”; ele não deixou espaço para o ponto de vista econômico.
Energia psíquica segundo Jung
Carl Jung também acreditava que existe um reservatório de energia psíquica, mas se opôs à ênfase de Freud na gratificação prazerosa dos instintos biológicos e enfatizou os meios pelos quais essa energia é canalizada para o desenvolvimento da personalidade e a expressão de valores culturais e espirituais. Jung tentou articular uma teoria convincente do que poderia ser precisamente a energia psíquica.
Sua teorização sobre a energia psíquica decolou na monografia de 1912, “Psicologia do Inconsciente”, que, quatro décadas depois, foi levemente revisada como “Símbolos da Transformação”. Buscando a explicação psicológica apropriada para os sintomas dos pacientes, ele argumentou que a noção freudiana de libido como energia sexual é inaplicável à demência precoce, uma vez que a doença está associada à geração de um mundo de fantasia e não à sexualidade intensificada. Esse argumento o colocou em uma linha de teorização que culminou na teoria dos arquétipos.
A psicologia de Jung
A suposição de energia psíquica percorre toda a psicologia de Jung em geral. Sua diferenciação entre introvertidos e extrovertidos é baseada nisso, e é central para sua teoria dos complexos autônomos e como os complexos se formam em torno de núcleos arquetípicos (resumidos no seu ensaio de 1928: “On Psychic Energy”; em português: Na Energia Psíquica).
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Neste ensaio, Jung afirmava que a energia psíquica teria sido descoberta pela primeira vez pelo filósofo russo Nikolaus Grot. Mais tarde, a teoria da psicodinâmica e o conceito de “energia psíquica” foram desenvolvidos por Alfred Adler e Melanie Klein.
Jung propôs a ideia de que a energia psíquica é composta por duas polaridades opostas, conhecidas como energia pessoal e energia coletiva. A energia pessoal é a energia psíquica individual que cada pessoa possui, enquanto a energia coletiva é a energia psíquica compartilhada pela humanidade como um todo.
A auroexploração
Segundo Jung, a energia psíquica pode ser usada para a autoexploração e o autoconhecimento, levando à integração de aspectos fragmentados da personalidade e ao desenvolvimento de um senso mais completo de identidade. Ele também enfatizou a importância de equilibrar a energia pessoal e a energia coletiva para uma vida mental e emocional saudável e equilibrada.
Além disso, Jung acreditava que a energia psíquica podia ser simbolizada e expressa por meio de imagens arquetípicas, como o Self, o ego, o inconsciente coletivo e os arquétipos universais, e que esses símbolos poderiam ser usados para compreender melhor a natureza da psique humana e suas dinâmicas internas.
Conclusão
Um princípio crucial da teoria psicanalítica é a existência da energia. Está em toda parte, desde as teorias da sexualidade até as teorias dos sonhos, ansiedades, impulsos e teorias dos efeitos.
Em resumo, a energia psíquica é um conceito que se refere à força mental e emocional que uma pessoa possui e que impulsiona o comportamento humano em várias áreas da vida.
Este artigo sobre energia psíquica segundo Freud, Jung e a Psicanálise foi escrito por Jorge Gilberto Castro do Valle Filho (instagram: @jorge.vallefilho). Médico Radiologista, membro titular da Associação Médica Brasileira e do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem. Especialista em Neurociência e Neuroimagem pela Johns Hopkins University – Maryland/EUA. MBA em Gestão de Pessoas pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Gestão de Cuidados da Saúde pela Miami University of Science and Technology (MUST University), Flórida/EUA. Formação e Certificação em Inteligência Emocional, Mentalidade de Alta Performance e Gestão de Emoções pelo Instituto Brasileiro de Coaching – IBC. Formando em Psicanálise pelo IBPC.
One thought on “Energia Psíquica segundo a Psicanálise”
Cada vez me entusiasmo em aprender mais sobre psicanálise ! Obrigado por compartilhar seus conhecimentos!