esquizofrenia paranóide

Esquizofrenia Paranóide no filme Coringa: análise psicanalítica (parte II)

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Hoje continuaremos a falar sobre a esquizofrenia paranóide. Continuação da Parte I, publicada aos 16/05/2023

Narrativa comentada sobre a esquizofrenia paranóide (parte II)

Ademais, Arthur não possui só esta síndrome. Revelou-se também que ele possui sintomas de depressão (é visível e notório o momento em que Arthur pensa sobre a morte e isolamento, por algumas vezes) – além de também sofrer de psicose ilusória. Arthur parece não viver a realidade; e por muitas vezes deixa-nos à pauta da sua condição alucinatória: Arthur vê a si próprio, num mundo paralelo e vivendo uma vida (ou vidas) desencontrada com a vida que possui.

Estes delírios são uma constante, e ele se vê confortável nestas situações – até porque viver “fora da realidade” (ou fugindo da mesma) é uma busca que muitos de nós mesmos fazemos. Está aí a nossa “imaginação”, que mesmo em sendo inocente, nos leva a lugares muito mais agradáveis que inúmeras situações do nosso próprio cotidiano. Arthur possui um diário.

Quer se tornar comediante; anota piadas (entre outros apontamentos, como, por exemplo, alguns sentimentos, ou emoções repreendidas para como tal ele é, em desacordo com a personalidade cada vez mais atormentada). Ele já foi internado algumas vezes – onde dissera que sentia-se melhor: no sanatório.

A esquizofrenia paranóide no filme do Coringa

Embora os medicamentos melhoram a concepção química nos neurônios, por muitas vezes os remédios já parecem sequer fazer algum efeito, temos como análise o fato de que o uso constante denota uma incapacidade de efeito satisfatório. Os remédios, como qualquer droga, acabam por “viciando” o seu usuário, o que o faz tomar doses cada vez maiores, ou ingerir remédios cada vez mais fortes.

“Arthur volta para casa de ônibus, onde vê um garotinho e procura brincar com ele. A mãe do garoto indaga sobre ele perturbar o filho. Arthur ri novamente, explica que é um distúrbio onde ele ri de forma incontrolável.” Arthur procura ainda socializar, ele busca agradar a outrem. Neste momento, tenta (e consegue, mesmo com a mãe do menino o restringindo) fazer o menino rir, e o menino até gosta da sua brincadeira.

Mas como já outrora dissemos, a sociedade cada vez mais desperta uma repulsa em Arthur. Cada vez mais, ele percebe que o mundo não é um bom lugar para viver – o sanatório talvez fosse muito melhor! Pelo menos, lá ele encontrava e convivia com outros congêneres.

A obsessão

“Termina seu trajeto a pé. Sobe as escadas. Chega em seu apartamento, onde a mãe (Penny) pergunta sobre correspondências. Ela novamente fala, desta vez sobre Thomas Wayne, com o qual tem certa ‘obsessão’. Thomas Wayne seria candidato a prefeito. Começa o programa do Murray Franklin, que Arthur adora. Ele o assiste com muita atenção da sua parte, imagina-se presente na plateia, imagina-se chamado por Murray. Arthur fala sobre sua mãe.

Diz, entre outras coisas, que sua mãe sempre o motiva a ‘sorrir’ e ‘fazer sorrir’ – porque ele veio ao mundo para trazer alegria e risos. Desce ao palco, Murray fala com ele – Arthur abraça Murray.” A mãe de Arthur também demonstra ter passado por crises existenciais, depressão, e transtornos mentais.

Ela sofre esperando por notícias de Thomas Wayne – parece levar uma vida à sua espera. Ela faz Arthur acreditar que Thomas é o pai dele, de quando ela teve um caso no tempo em que trabalhava para os Wayne. E esse é um dos muitos motivos que fazem Arthur se tomar pela raiva, um ódio mortal até mesmo pela sua própria mãe – em cenas posteriores,

A esquizofrenia paranóide e a adoção

Arthur procura documentos onde Penny foi internada, o que prova ele ter sido adotado. Arthur vê no aparelho televisor, o programa de Murray Franklin – um “ídolo” para ele. Tem seus delírios, imagina-se no programa, onde o próprio Murray o chama ao palco. Fala mais uma vez sobre “sempre sorrir”, e que este é o seu destino. Arthur demonstra sempre que – apesar da sua síndrome onde o riso é descontrolado – ele gostaria que o mundo fosse um lugar mais “feliz”, onde as pessoas normalmente rissem mais.

“Vimos na cena seguinte, como Arthur é extremamente magro (está sem camisa), onde também observamos que está machucado devido às agressões do dia anterior. Ele está na ‘agência’ para onde trabalha, fala sobre o que houve com os colegas. Recebe uma arma, um revólver, de Randall, que o convence a ficar com o revólver, visto que o mundo está ‘perigoso lá fora’. Fazem piada com o outro colega anão, Arthur ri descontroladamente, depois para de rir.

Vai ao escritório, Hoyt (o seu chefe), fala com ele. Diz que, apesar de Arthur ser estranho, gosta dele. Recebeu queixa da loja, pelo fato de a placa não ter sido devolvida – o que Arthur prontamente explicou ter sido roubado e agredido.” Visível como as agressões marcaram o corpo magro de Arthur.

Uma forma desumana

Na agência, Randall dá a ele um revólver – claro, o mundo está cada vez mais perigoso! Mais uma vez, ele é massacrado – agora pelo seu chefe. Os bandalheiros roubaram e destruíram a placa (assim como quase destruíram Arthur), mas seu chefe não demonstra nenhuma preocupação com ele, é de uma forma bastante desumana o seu tratamento (ou destratamento, melhor dizendo).

Mais motivos para que a sua crescente raiva pelo mundo tenha bastante combustível. “Ele está nervoso, chuta coisas. Desce as escadas, volta para casa. Vê se tem correspondência, entra no elevador, alguém pede para segurar a porta. É sua vizinha com a filha. Ela ‘puxa’ conversa, falando sobre o prédio ser horrível. Dá o seu boa noite ao Arthur, ele faz uma pequena brincadeira com ela.

Ela entra em seu apartamento, e ele no seu. Arthur dá banho em sua mãe, pergunta sobre o “interesse” da sua mãe em Thomas Wayne. Ela tenta explicar que se Thomas Wayne soubesse, a vida deles seria melhor – onde Arthur diz que será um comediante de ‘Stand-Up’, e que ganharia dinheiro suficiente para dar uma vida melhor à mãe.”

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    Uma bomba-relógio

    Arthur sente a si próprio como uma crescente bomba-relógio. Ele chega ao seu prédio, vê a sua vizinha Sophie com a filha. Ele não sabe muito bem o que fazer – talvez tivesse mil pensamentos, mas ficou sem nenhuma reação diante dela. Faz uma brincadeira de muito mau gosto, que não agradaria ninguém mesmo. Deixa-a bastante desconfortável, apesar de ser esta a intenção de Arthur, mesmo sem perceber.

    Arthur já demonstra cada vez mais ser perturbador, alguém totalmente não-sociável. “Televisão ligada; Arthur brinca e dança com o revólver em punho. Acaba por atirar sem querer, aumenta o volume da televisão, diz à mãe que o barulho veio do filme que estava assistindo.” Indício de uma suposta brincadeira com a arma?

    Arthur começa a dar a si ainda mais motivos para que numa situação de confronto real, ele usaria o revólver? “Arthur observa sua vizinha com a filha. Segue sua vizinha no metrô. Depois nas ruas. Mais tarde, vai assistir a um show de stand-up. Ele ri sozinho, em meio às pessoas que também assistem ao show. Faz anotações em seu diário. Uma das anotações é sobre ‘doença mental’.” A personalidade abalada e psicótica de Arthur o faz perseguir Sophie. Depois, em meio a um show de stand-up, faz anotações, no mínimo bastante estranhas, em seu diário.

    “A pior parte de ter uma doença mental é que as pessoas esperam que você se comporte como se não fosse.”

    Este artigo sobre a esquizofrenia paranóide no filme Coringa foi escrito por César Samblas Boscolo([email protected]), 48 anos. Capivari – SP. Chefe da Divisão de Controle Imobiliário, Município de Capivari. Consultor Imobiliário, Psicanalista Clínico, Administrador de Empresas. Músico, Arranjador Musical; já foi Relações Públicas para eventos/shows/apresentações musicais. Bom leitor, adora artes como cinema e música. “Curioso” e sempre pesquisando um pouco sobre tudo que interesse, sem futilidades. Apreciando a vida!

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