filme o poço

Filme O Poço: uma visão sócio-filosófica

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A exibição do filme o Poço, da plataforma de filmes e séries “Netflix” veio trazer a tona uma série de realidades que muitas das vezes são notadas, mas não percebidas em detalhes, afinal é muito comum apenas as pessoas assistirem filmes ou séries ou outra exibição e apenas terem em mente o usufruto de um momento de entretenimento e de lazer.

Entendendo sobre o filme o poço

Isso é algo totalmente normal e compreensível, mas há aquelas exibições que muitas das vezes podem nos levar a pensar em contras realidades que muitas das vezes vão nos trazer um entendimento mais profundo não somente em relação ao filme em questão ou outra película cinematográfica que seja, mas vai nos fazer mergulhar no que chamamos de entendimento humano.

O mesmo embasado nos questionamentos que são pertinentes a toda e qualquer pessoa e com isso temos uma sólida percepção que o filme em questão nos leva a entender que cada pessoa, cada ser humano é uma realidade revelada em “O Poço”. Somos seres necessitados explicitamente para viver da Alimentação, e no filme há um retrato claro e central que a alimentação que é fundamental a todo ser humano passa a ser o determinante para todas as atividades ali presentes.

Traz consigo uma chamativa que deve ser evidente a cada um de nós, que é justamente o ser humano que se torna como que um “bicho” no sentido de satisfazer seus apetites, suas paixões desenfreadas, independente de quem seja essa pessoa, que no afã de sobreviver pode fazer qualquer coisa, pode ser bom, mas ao mesmo tempo pode ser maldoso, pode ser egoísta, individualista ao extremo. Assim já há uma demonstração de que os seres humanos podem se tornar seres coisificados não se preocupando com o outro, mas apenas querendo satisfazer seus instintos mais primitivos e isso deve ser um recorte a cada pessoa que por acaso tenha contato ou teve contato com o filme.

O filme o poço e personalidades humanas

Nós seres humanos podemos perder toda nossa personalidade, todo nosso senso educativo e com isso deixamos de lado tudo aquilo que nos possibilita uma vida em sociedade. É preciso então levar em consideração que tanto a Filosofia, quanto a Sociologia tem um grande repertório que pode ajudar a cada um a se perceber no filme e ao mesmo tempo trazer uma vasta gama de percepções a respeito da vida humana, da vida em sociedade, do entendimento de si e do outro.

Faz-se necessário com isso que mesmo que não tenha acontecido um contato com o filme em si, cria-se uma aura de pertencimento ao que é exibido, pois de fato ali encontraremos um pouco de nós, de nossas mazelas, de nosso egoísmo exagerado que faz com que muitas das vezes tenhamos um esquecimento do outro e nós mesmos.

O poço

Toda e qualquer reflexão primeira que temos com relação a um poço, independente de onde seja da sua profundidade, de algo não descoberto por nós, já que em certos graus de profundidade não se pode ter outra noção, mas ao mesmo tempo somos cercados de medos ou angústias caso um acidente, uma queda em tal local geraria de certo modo um grande desespero.

O desespero em si é algo que está em cada ser humano, pois em dados momentos de nossa existência podemos ser conduzidos a essa fatalidade da alma, assim é possível enxergar de certo modo o desespero, o que está presente no histórico da humanidade. É preciso levar essa situação do desespero em grande relevância na nossa atualidade, fazendo uma associação no próprio filme em que se desenrola toda uma sequência de cenas em que fica claro esses pontos do desespero humano, e não podemos nos furtar a isso.

A cada momento diante de diversas falas ou daquilo que absorvemos podemos se conduzidos a crer que o desespero é a regra, quando na verdade temos que perceber os potenciais que cada um de nós podemos ter, ou não nos deixar conduzir por aquilo que apenas ouvimos sem de fato fazer uma reflexão criteriosa. Vivemos em instantes onde a ideia reflexiva é furtada pelo imediato, pelo instantâneo e com isso vamos deixando levar ou estamos imersos em consequências inerentes a essa voluptuosidade pelo desespero como fossemos seres fadados a isso, a não obtermos de fato uma solução factual e construtiva.

A ideia do filme o poço

O Poço é de fato levar o espectador nesse momento a perceber que se estivesse em tal situação poderia ser tomado de várias nuances desesperadoras por inúmeros motivos. No início do filme nos é apresentado um diálogo entre os personagens Goreng e Trimagasi em que é travada uma série de situações ligadas todas as obviedades o segundo. Fica evidente o ar de desespero, na chegada da plataforma de comida, onde Trimagasi se serve da comida com avidez, com desespero, ficando claro que quando se perde as esperanças tudo se torna óbvio.

Em vários momentos de nossa vida as situações óbvias vão se construindo ao acaso, sem ser fruto de uma reflexão aguda e quando não nos permitimos esse uso do nosso raciocínio podemos nos deixar levar por momentos, por instantes, por obviedade e isso certamente esse trecho primeiro do filme quer revelar ou desenhar em nossos pensamentos.

Pois quando não paramos para refletir em nossos atos, os mesmos podem ser apenas construções repetitivas de uma ‘plataforma’ que chega até nós, mas apenas nos levando a agir sem analisar nossas atitudes ou imersos em nossos instintos apenas.

Questionamentos

Os questionamentos dos dois personagens são os nossos também diante de tantos quadros que se nos apresentam isso certamente deve reverter em nós várias certezas, somos seres que questionamos em busca de várias respostas, pois não nos contentamos somente com o óbvio, mas queremos aprofundar o que nos é dado, essa deve ser a premissa básica de todo ser humano.

Trimagasi parece querer provocar a cada um de nós, quando diante das perguntas de Goreng, já tem o “óbvio” no decorrer de suas respostas, isso com certeza é um chamado a que não sejamos tão óbvios nas nossas respostas ou aceitar as respostas que nos são postas como algo já pronto e acabado, pois quando somos levados a pensar, somos naturalmente levados a questionar tudo que nos cerca.

Isso nos diferencia de todos os outros seres da natureza, nós e somente nós seres humanos temos essa relevância que deve ser usada com primor e com muita perspicácia pois é isso que possibilitará a sermos de fato além de seres pensantes, seres questionadores. Mas é preciso ter claro, não um questionamento vazio ou sem sentido, mas sim embasada em certezas que nos vão sendo apresentadas.

A filosofia do filme

E isso a Filosofia se propõe, de trazer uma infinidade de questões que vão levantando novas questões e com isso chegamos àquela máxima socrática que é a de “parir ideias”, ou seja, de sermos de fato seres pensantes que não se deixam conduzir por obviedades taciturnas e prontas. Um aspecto chamativo é quando Goreng tenta reter uma maçã em sua posse, para poder se servir da mesma em outro momento, mas isso não é permitido nas regras do poço, deve devolver ou ele e seu companheiro serão tostados pode-se assim dizer até a morte.

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    Ponto crucial é que nada pode ser retido no poço, nas nossas próprias existências pode-se dizer, pois se nada temos, nada levaremos, ou reteremos em nossa posse. Há aqui uma chamativa a essa tendência toda nossa de querer reter coisas, querer guardar esconder dentre tantas outras limitações presentes em nós que nos fazem acreditar que somente somos o que somos quando retemos algo, ou quando essa posse pode nos trazer certa segurança, mas fica claro em O Poço que esse tipo de atitude pode nos levar a não somente nos saciar, independente do que seja para reter em nosso domínio aquilo que de fato pode pertencer a outro.

    Na nossa vida queremos reter de tudo um pouco e podemos estar nos esquecendo de que nada pertence nesse jogo, nessa dinâmica que pode ser perversa chamada O Poço.

    Este artigo sobre o filme O Poço foi escrito por Anderson (e-mail: [email protected]), professor da Rede Estadual, é formado em Filosofia e Ciências Sociais. Experiência em palestras e trabalho em grupo, no sentido do ensino, mas também da potencialização da Pessoa Humana.

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