Entenda sobre a neurose da vida moderna. A busca atual por qualidade de vida esbarra em um construto psíquico conhecido por neurose. Apesar de serem comuns a todos, a neurose pode gerar problemas na vida pessoal, manifestando-se por meio de fobias, obsessões e compulsões, podendo causar depressão. Cada uma dessas dinâmicas se torna mais perene em virtude da ansiedade causada pela vida moderna.
Entendendo a neurose da vida moderna
Sigmund Freud, médico vienense, postulou a neurose como sendo uma proteção contra ideias que o ego considera insuportáveis. Apesar de ser comum a todos, a neurose gera problemas na vida pessoal agindo por meio de fobias, obsessões e compulsões, todas essas seriam formas de o Ego aliviar o que está errado.
Além disso, a neurose não é caracterizada por uma fissura com a realidade, como no caso da esquizofrenia, uma forma de psicose. O ego, incapaz de lidar com o conflito que o alcança, avança para estados neuróticos por meio da ansiedade, depressão, melancolia e outros transtornos.
É mister analisar a depressão no contexto da neurose. Além disso, Freud propõe a diferença entre neurose e psicose.
Entendendo a diferença entre neurose e psicose
Na neurose, o sujeito tem dificuldade em lidar com ideias insuportáveis, ou seja, sua luta é contra seus pensamentos, enquanto que a psicose é uma doença mental, marcada por distorções na forma como o sujeito percebe a realidade, é uma luta entre o Ego e o Id onde o Ego sai derrotado e é afastado da realidade.
O indivíduo neurótico não possui uma linguagem nem ferramentas para transformar aquilo que lhe afeta.
O indivíduo tem traumas e conflitos inconscientes e tem dificuldade em lidar com isso, logo, o comportamento neurótico pode ser visto no indivíduo de duas formas: Primeira, na intensidade do comportamento e segundo na incapacidade do indivíduo em lidar com seus conflitos de modo eficiente.
Depressão: a neurose da vida moderna
Acredita-se que a depressão é o mal do século. Essa forma de neurose pode alcançar a todos, desde crianças até idosos. A depressão é um distúrbio mental que se estende por no mínimo de duas semanas, manifestando-se em extrema melancolia e angústia.
O indivíduo depressivo tem baixa ou nula frequência do sentimento de bem estar. Seu vocabulário está rodeado por palavras de cunho negativo como “incapaz”, “incapacidade”, norteados por uma visão distorcida de si mesmos. Esse distúrbio tem sido agravado pela alta taxa de solidão.
Para ser considerado depressivo, o indivíduo precisa manifestar os seguintes sinais:
- Baixo prazer nas atividades diárias
- Transtorno de humor
- Desmotivação
- Insegurança
- Apatia
- Falta de apetite
- Dificuldade de concentração
Manifestações de quadros severos de depressão
Em sua forma severa, o indivíduo depressivo pode apresentar:
- Desânimo na maioria dos dias e na maior parte do dia (em adolescentes e crianças há um predomínio da irritabilidade).
- Falta de prazer nas atividades diárias.
- Perda do apetite e/ou diminuição do peso.
- Distúrbios do sono — desde insônia até sono excessivo — durante quase todo o dia.
- Sensação de agitação ou languidez intensa.
- Fadiga constante.
- Sentimento de culpa constante.
- Dificuldade de concentração.
- Ideias recorrentes de suicídio ou morte.
- Começa a se preocupar com os pequenos problemas da vida.
Causas da depressão, neurose da vida moderna
Obviamente, não há uma causa única para a depressão, que pode ter inúmeras causas como fisiológicas, psíquicas, genéticas e ambientais. Na modernidade, a depressão pode ser rapidamente desenvolvida pelo abuso das mídias sociais.
A pressão por corpos esbeltos, ou a necessidade de participar desse ou daquele grupo tem contribuído para um ambiente de solidão. As telas e as redes, ao passo que unem as pessoas, também as distanciam. Isso se dá pois há um padrão de aceitabilidade.
O discurso, a forma de se vestir e a quantidade de “likes” que uma postagem precisa ter para ser aceita e curtida, tornam a vida absurda e banal.
A depressão e as mídias sociais
A ansiedade promovida pelo uso abusivo das redes somada a indivíduos que recorrem a essas como um alívio psicofísico para seus transtornos imediatos, somam ainda mais casos de depressão. Esse processo tem atingido muitos que querem ser “influencers”, desde a criança até o adulto, impedindo a atividade de contemplação e reflexão.
As altas taxas de consumo de mídias sociais, reduzem o nível de prazer do indivíduo nas coisas mais simples e corriqueiras que são vistas como alvo de chacotas. A baixa aquisição de prazer leva a um consumo maior e maior conduzindo a psique a um estado de baixa libido.
QUERO INFORMAÇÕES PARA ME INSCREVER NA FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE
A falta de aceitação gera um indivíduo solitário, onde o mesmo nutre processos mentais que vão acelerar o desencadeamento da depressão. Sem pertencer ou participar desse ou daquele grupo o indivíduo leva consigo uma marca de que é incompatível com o mundo se fechando em si, abandonando a existência.
Conclusão
Essa atitude gera o agravamento do problema
O indivíduo gera a ideia insuportável de que quem ele/ela é não é suficiente.
O cuidado e o tratamento da depressão é primordial para que o sujeito alcance uma resolução satisfatória dos conflitos que o levaram a essa situação neurótica que requer cuidado e atenção.
Este artigo sobre a depressão, neurose da vida moderna, foi escrito por Rafael Moreno([email protected]), Mestrando em educação, graduado em Letras, Teologia e Administração, Pós graduado em docência, filosofia e teologia.
4 thoughts on “Neurose da vida moderna: Depressão”
Muito lesgau o teu texto.
Muito bom seu artigo! Infelizmente trocaram o relacionamento físico pelo relacionamento virtual (frio), gerando assim a depressão!
infelizmente. E o virtual não satisfaz nossa necessidade do outro.
Por você eu largo tudo: carreira, ouro, canudo. Assim vejo o sintoma da depressão.