Hoje falaremos sobre evolução ou neurose. Com os avanços da tecnologia, na sociedade e na ciência da atualidade, se faz indiscutíveis os números e relatos das taxas de ansiedade, depressão e outros distúrbios emocionais, atingindo diversos pontos da nossa esfera social e econômica, ou seja:
Não há um perfil claro, pois conseguimos detectar jovens, adultos, idosos, pessoas com alto ou baixo poder aquisitivo. Gerando o questionamento diário: Estamos evoluindo ou estamos, nos tornando mais vulneráveis emocionalmente?
A evolução ou neurose
A perspectiva de Freud, sobre a psique humana e a civilização pode, nos proporcionar ferramentas valiosas para refletir sobre esse dilema contemporâneo. Para ele, a civilização exige que o indivíduo reprima seus impulsos (ID) em nome da ordem e do convívio social.
Essa repressão, embora necessária para o funcionamento em grupo, acaba criando um mal-estar psicológico. As pulsões reprimidas não desaparecem, mas encontram outras formas de manifestação, muitas vezes sob a forma de sintomas neuróticos, como ansiedade, fobias e compulsões. No contexto atual, essas dinâmicas psíquicas parecem intensificadas.
As redes sociais, por exemplo, funcionam como vitrines de vidas perfeitas, estimulando comparações constantes e expectativas irreais. Em uma era em que todos parecem estar sempre bem e bem- sucedidos, a pressão para alcançar um ideal de felicidade e sucesso se torna esmagadora.
Vida moderna, evolução ou neurose
Além disso, o ritmo acelerado da vida moderna, marcado por constantes demandas de produtividade, valoriza o desempenho em detrimento do bem-estar emocional. Embora ele tenha desenvolvido conceitos em épocas diferente, alguns contextos continuam presentes no século XXI.
Com algumas particularidades e inovações tecnológicas, mas que seguem as mesmas lógicas de seus estudos e teorias. O grande acesso a globalização e acesso incansável a internet e suas redes sociais, aumentaram o fluxo de informações, o que, por um lado, facilita o acesso ao conhecimento, mas por outro, gera uma sobrecarga mental (atualmente, está cada vez mais constante os relatos de pessoas com Burnout e outros transtornos envolvendo o cansaço mental).
Pois, com o foco na geração de lucro na sociedade capitalista, aumenta-se cada vez mais a pressão por se manter atualizado constantemente, trazendo a sensação de inadequação. Podendo correlacionar com as angústias, citadas por Freud em alguns estudos.
A dopamina
Outro fator relevante é o excesso de Dopamina que recebemos em nosso cérebro, graças a necessidade do prazer imediato, que recebemos muitas vezes, por uma simples visualização de “reels” e “storys”, ou pela compra disponibilizada através das “fast fashions”, sites de compras facilitadas como SHEIM, SHOPEE, etc.
Ou seja, a PERFEITA definição para a mercantilização da felicidade. Onde, tratamos a felicidade, como um produto a ser adquirido, algo que pode ser comprado com dinheiro ou alcançado através do consumo de bens materiais. Isso cria um ciclo interminável: quanto mais as pessoas buscam o prazer imediato e a satisfação de seus desejos, mais experimentam um vazio existencial.
Esse vazio, por sua vez, amplia os sintomas de ansiedade e depressão, gerando um estado de constante insatisfação. As tecnologias modernas também têm desempenhado um papel significativo.
Ego, evolução ou neurose
Fenômenos como o hate e as fake News, podem ser vistos como manifestações de pulsões reprimidas que encontram um espaço de expressão no anonimato virtual. Na era digital, as pessoas frequentemente se escondem atrás de telas, o que lhes permite externalizar impulsos primitivos sem as consequências que seriam impostas em uma interação face a face.
Essas manifestações seriam um reflexo da dificuldade do ser humano em equilibrar seus desejos mais primitivos (ID) com as exigências de uma vida civilizada (Super Ego). Mesmo com o potencial de oferecer oportunidades para a evolução psíquica.
Como o acesso a recursos de autoconhecimento, plataformas, consultas onlines, facilidade em pesquisas, indica uma maior disposição das pessoas para enfrentar seus conflitos internos ao invés de reprimi- los. Mas, afinal qual seria a fórmula mágica para obtermos uma sociedade mais saudável?
Acesso ao conhecimento
Com o estudo da psicanálise, acesso do conhecimento (pessoal e social, com foco nos pontos á melhorar e fortes, além da facilidade e quebra de pré-conceitos da terapia para amplas escalas da sociedade), podemos desenvolver uma visão construtiva, para lidar com o sofrimento.
Considerando-a um sintoma, que pode ser compreendido e trabalhado, através do reconhecimento das fontes de mal-estar, como as pressões sociais e as demandas externas, é o primeiro passo para construir uma sociedade mais equilibrada emocionalmente.
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Não abrindo mão, do tema: “Autocuidado e a busca por uma harmonia entre produtividade e bem-estar”. As pessoas precisam aprender a priorizar o cuidado consigo mesmas e a valorizar momentos de pausa e introspecção.
Conclusão sobre a evolução ou neurose
Além disso, é crucial promover espaços de reflexão e discussão sobre as tensões da vida moderna, incentivando a sublimação. A sublimação é uma das formas mais eficazes de canalizar a energia psíquica, reprimida em projetos produtivos e socialmente benéficos.
Ao percebemos que o progresso da nossa sociedade e a neurose estão intimamente conectados. O avanço das estruturas sociais e tecnológicas, traz consigo desafios para a saúde mental, mas também oferece a oportunidade de repensar e transformar as estruturas que geram sofrimento.
Como Freud destacou, é enfrentando nossos conflitos internos que crescemos enquanto indivíduos e sociedade. Sabendo que o processo não é simples e muito menos fácil, como costumo parafrasear o filósofo contemporâneo Mário Sergio Cortella: “Transformar, dói!”.
Texto escrito por Letícia Lima, professora, analista comportamental, administradora e estudiosa de psicanálise Clínica. E-mail: leticialima.profgestao@gmail.