No dia 18 de maio nós relembramos o quão importante é combate à exploração sexual infantil. Esse é um assunto que deve ser debatido e combatido constantemente, até que não seja mais necessário falar sobre isso. Por muito tempo, esse tema era algo que não era discutido, sabia disso? Era como uma mancha na sociedade que deveria ser abafada: acontecia, mas ninguém falava nada.
Dessa forma, enquanto a sociedade agia assim, milhares de crianças foram abusadas. Além disso, muitas delas foram mortas. Assim, fica evidente que o problema é uma marca profunda que a sociedade leva por causa de sua inércia, que durou tempo demais. Com isso, muitas e muitas vítimas foram feitas a cada dia, e elas são as responsáveis por carregar o maior peso dessa história.
Por meio deste artigo, queremos contribuir para o seu entendimento sobre o tema, além de mostrar como combatê-lo. Para isso, é preciso entender o que é a exploração sexual infantil. No que diz respeito ao combate e ao tratamento das vítimas, mostraremos como a psicanálise pode ajudar.
O que é a exploração sexual infantil
O aliciador
A exploração sexual infantil é o uso de crianças ou adolescentes para obter lucro de qualquer espécie. À pessoa envolvida nesse tipo de negócio, chamamos ‘aliciador’. É ele quem irá coagir ou persuadir a criança ou o adolescente a se submeterem ao abuso. O aliciador faz promessas, seduz, suborna e incentiva a revolta do menor de idade contra quem pode protegê-lo.
É necessário dizer ainda que esse aliciador é um profissional que está acostumado a lidar com o público infantil. Assim sendo, trata-se de uma pessoa especializada e que sabe como convencer suas vítimas. Essa pessoa pode ainda estar envolvida ser uma rede de tráfico de pessoas, de pornografia infantil, ou de turismo sexual.
Dessa forma, percebe-se o quanto é perigoso para a criança ser vítima. Além dos traumas causados pelo abuso, ela pode ainda ficar presa em uma rede sem saída, trabalhando para adultos perversos.
Tipos de crime associados à exploração sexual infantil
A exploração pode ser ligada a vários tipos de delito. Assim, pode configurar como exploração do comércio do sexo, pornografia infantil e exibição de meninos e meninas em espetáculos sexuais, como shows eróticos.
Visto que há uma confusão muito frequente, cabe aqui fazermos uma distinção. Apesar de na exploração sexual infantil ocorrer o abuso sexual, os dois não são a mesma coisa. No abuso sexual, as crianças ou adolescentes são usados por um adulto para a satisfação sexual do mesmo. Porém, nele, o agressor não visa remuneração ou o comércio sexual.
Assim sendo, esse tipo de crime pode ocorrer dentro ou fora do ambiente familiar, mas sempre acontece quando a criança está sozinha com o adulto. Nesses casos, é possível que o criminoso seja alguém em que a criança confia, que ela conhece e que ela ama.
Dados alarmantes
De acordo com a Unicef, no Brasil há mais de 250 mil crianças vítimas de exploração sexual infantil. Assim, apesar de hoje a conscientização ser muito maior, ainda é necessário combater essa violência com as nossas crianças. Muitas delas ainda estão sofrendo.
Todos os dias muitas crianças e adolescentes desaparecem, não só Brasil, mas no mundo como um todo. Muitas delas somem depois de irem a encontros marcados pela Internet, o que mostra quão simples pode ser o acesso do aliciador.
Assim sendo, é preciso tomar muito cuidado com esse meio de comunicação, afinal, muito aliciadores se aproveitam disso para se aproximar das crianças. Se você tiver filhos ou for responsável por crianças, conscientize-as. Ensine sempre que possível que não se deve aceitar convite de estranhos, falar com estranhos ou passar informação pessoal para desconhecidos.
Como combater a exploração sexual
Falando sobre o assunto
A primeira coisa que deve ser feita para combater a exploração sexual infantil é falar sobre isso. Como dissemos lá no início, esse tema tem sido reforçado como um tabu por séculos. Para se ter uma noção, estima-se que apenas 10% dos casos de violência sexual sejam informados no Brasil.
Ademais, apesar de o Brasil ter uma legislação sobre o assunto e mobilizações de combate contra isso, o Governo ainda não consegue ter um controle de dados, por exemplo. Essa falta de controle interfere na coleta e análise mais segura do que está acontecendo para que medidas efetivas possam ser tomadas. Sem esse controle, o combate não é eficaz. É como se tivéssemos os dados e as leis, mas nada fosse feito com isso.
Engajando-se em causas que visem à informação e desenvolvimento das classes desfavorecidas
Também importante destacar que uma criança pode ser abusada independente de sua classe social. No entanto, a exploração sexual infantil está muito ligada à pobreza. No geral, a maioria dos casos que são divulgados na mídia ocorrem em famílias de origem humilde, que em geral têm menos acesso a bens materiais.
Isso não significa que os aliciadores sejam aliciadores porque são pobres, muito pelo contrário. Os aliciadores são, em geral, pessoas astutas que conhecem os lugares de vulnerabilidade de suas vítimas. Eles sabem que há muitas crianças que fariam qualquer coisa por um prato de comida, e se aproveitam disso.
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Você imagina quão difícil seria para o aliciador convencer uma criança a se submeter a qualquer situação de abuso se ela tivesse todas as suas necessidades supridas? Não é só de comida que estamos falando aqui. Trata-se de informação, educação, estrutura. Assim sendo, trabalhe para que essa seja a realidade das crianças brasileiras, estando elas ou não perto de você.
Prestando atenção nas crianças mais próximas
É preciso ficar atento as crianças e adolescentes que conhecemos. Nos casos em que se descobre casos de abuso sexual ou exploração sexual infantil há algumas ações que devem ser tomadas:
- Não critique nem duvide de que a vítima está faltando com a verdade. Investigue;
- Busque incentivar a criança, ou o adolescente a falar sobre o ocorrido. Porém não o force a falar, pois a pressão pode fazer com que a criança se retraía;
- Evite que a criança se sinta constrangida ou seja interrompida. Para isso, busque lugares mais isolados para conversar com ela;
- Deixe claro para a vítima que ela não é culpada pelo abuso. A culpa nunca é da vítima.
- Não exponha o assunto para pessoas que não podem ajudar;
- Trate a vítima com compaixão e não pena, pois esse último pode afastar a criança de você;
- Nunca desconsidere os sentimentos da vítima;
- Seja simples e claro durante a conversa para que a criança entenda o que você quer saber e o que aconteceu também. Nem sempre a criança entende a gravidade do que ela sofre, por isso você precisa ser claro;
- Denuncie o caso e procure ajuda de profissionais. Além da questão legal, a criança precisará de acompanhamento psicológico. Afinal, essa situação causará muitos traumas e só com ajuda que ela poderá tratar isso. Além disso, a criança precisa de ajuda para externalizar o que aconteceu e a denuncia ser eficaz.
O papel da Psicanálise
Aproveitando que estamos falando de tratamento, é importante que você saiba que os psicanalistas estão preparados para atuar nessa situação. A Psicanálise, com seus próprios método e manejos clínicos, nos possibilita considerar aquilo que o sujeito diz para além do que está dizendo.
Isso é importante, pois a criança muitas vezes tem dificuldade de ser clara. Além disso, situações próprias da infância, como a dificuldade de entender as relações, pode influenciá-la de modo a não expressar bem as experiências vividas. A psicanálise é uma ótima ferramenta a ser empregada nesse momento.
Caso você esteja interessado em aprender mais sobre o assunto, te convidamos a adicionar mais uma ferramenta à sua formação. Torne-se psicanalista fazendo o nosso curso de Psicanálise Clínica EAD! Com ele, você poderá utilizar os conhecimentos primeiramente transmitidos por Freud na área em que você já atua ou pode mudar de profissão.
Além disso, mesmo que você não queira usar esses conhecimentos a nível profissional, eles só enriquecerão você como pessoa. A compreensão de seus relacionamentos, das pessoas, e de como funciona o comportamento humano te ajudarão em seu desenvolvimento. Dessa forma, trabalhando como psicanalista ou não, fazer o curso é uma boa opção. Considere!
Prevenção
Por fim, é preciso falar sobre como prevenir a violência sexual. Há algumas atitudes práticas que você deve adotar se for pai ou mãe:
- Cuide de seu filho: dê a ele toda a atenção que puder;
- Saiba sempre onde eles estão, com quem estão e o que estão fazendo com quem estão;
- Conheça os amigos deles;
- Ensine seus filhos a não aceitar coisas de estranhos. Isso inclui convites, dinheiro, favores e comida;
- Crie um ambiente familiar tranquilo e de confiança, em que ele sinta liberdade para conversar;
- Fique de olho nas redes sociais e sites que ele visita na internet;
- Oriente a criança não falar com estranhos na internet, mandar fotos ou informações.
Caso você perceba algo errado com uma criança que conhece, você pode fazer sua denuncia dos casos de exploração sexual infantil por telefone ou e-mail:
Por telefone:
Ligue para o número 100, do Disque Denúncia Nacional, subordinado à Secretaria de Direitos Humanos do Ministério da Justiça. A ligação é gratuita e o serviço funciona diariamente das 8h às 22h, inclusive nos finais de semana e feriados. As denúncias recebidas são analisadas e encaminhadas aos órgãos de defesa e responsabilização, num prazo de 24h.
Por e-mail:
Envie uma mensagem para a Secretaria Especial dos Direitos Humanos no e-mail: [email protected].
É de extrema importância falar e combater a exploração sexual infantil. Não se omita nesses casos e seja a rede de apoio da vítima. Seja você responsável, familiar ou desconhecido, não negue ajuda a quem você sabe que precisa.