Cada vez mais, as pessoas estão em busca da felicidade. Até mesmo a “felicidade interna bruta” de um país passou a ser medida. Mas, o que psicanalistas como Freud nos têm a dizer sobre encontrar o caminho da felicidade?
Fazer terapia ou mesmo estudar Psicanálise (por exemplo, por meio do Curso de Formação EAD em Psicanálise Clínica) ajuda-nos no autoconhecimento. Além disso, ajuda-nos a ter mais ferramentas para ajudar outras pessoas.
A Felicidade é possível de alcançar quando legitimamente a buscamos, e quando a buscamos dentro de uma dimensão alcançável, não idealizada. Não há um sentido único de Felicidade: duas pessoas buscar a felicidade de um jeito diferente, e ambas serem felizes.
A busca da felicidade idealizada traz riscos psíquicos
Ser feliz se tornou uma verdadeira obsessão, transformou em um “dever de felicidade” – uma ideologia característica da cultura contemporânea que avalia tudo sobre a ótica do prazer.
A busca da felicidade perfeita, muitas vezes se torna frustrante, por ser inatingível, levando esse sujeito a uma tristeza ou até mesmo um vazio. Esse sentimento de tristeza e vazio deve ser observado e analisado, pois poderá estar relacionado com uma depressão.
Seguindo o pensamento de Roudinesco (2000), a depressão é uma das patologias psíquicas mais freqüentes. Ela ainda relata que “Vivemos em uma sociedade depressiva”.
Depressão: um problema presente em todas as idades e classes
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os transtornos depressivos ocupam a quarta posição entre os maiores causadores de mortes, razão pela qual tem sido considerada uma verdadeira doença social, atingindo não somente adultos e jovens, mas crianças também. A depressão apresenta um campo vasto de sintomas que se manifestam:
- no físico;
- nas emoções;
- no cognitivo;
- na linguagem;
- no sono;
- no apetite;
- na atividade sexual;
- no relacionamento interpessoal, social e laboral.
A angústia e a tristeza costuma se fazer presente na maioria dos quadros, mas isso não é uma regra.
O cuidado com a depressão sem tristeza aparente
A depressão pode estar encoberta e até mesmo ser compensada por atividades profissionais ou esportivas exageradas, atrás de um transtorno alimentar, uso de álcool exagerado ou drogas. Nesse caso o analista deve ficar muito atento à irritabilidade, que poderá ser o únicosintoma indicativo da depressão.
Seguindo o pensamento de Costa (2015), as depressões acompanhadas de tristeza são as que melhor respondem, tanto ao tratamento psicoterapêutico, quanto ao medicamentoso (tratamento em conjunto).
Entretanto, o analista deve ficar atento a um grupo cuja depressão não tem sintomas de tristeza, mas sim de apatia – uma falta ou perda do calor vital, um estado em que a alma se torna insensível à dor e a qualquer sofrimento.
A depressão relacionada com a falta de um registro psíquico afetivo no início da vida
Costa (2015, p.186) afirma que o ponto de partida dessas depressões parece surgir de uma falha na capacitação da afetividade nas primeiras semanas de vida, devido à falta de um outro empático capaz de sentí-la. Nesse caso, o estímulo não é processado e o afeto transborda ou se mantém diminuído, ficando, assim, sem registro psíquico.
No lugar do sentir, parece a apatia, tornando-se a expressão de uma dor que carece de qualidade afetiva. Na vida pulsional desses pacientes, predomina uma tendência a se deixar morrer, identificada com a apatia, e sua defesa mais consistente é o repúdio do afeto, o qual compromete os fundamento da subjetividade.
Essa depressão trata-se, portanto, de uma depressão arcaica, relacionada a uma mãe não empática – “mãe morta”. Quando a depressão tem sintomas de tristeza, existe subjetividade, circulação da libido e comunicação intersubjetiva, destacados por Freud em “luto e melancolia”.
O cuidado com o Paciente que está em busca da Felicidade
Nessa relação terapêutica, o analista deve ter cuidado. Ficar muito atento com a contratransferência, pois corre o risco de se deixar contaminar pelo desânimo e pela apatia do paciente, ou entrar em um estado de impaciência no anseio de sair e tirar o paciente da passividade.
Esse lamentável acontecimento, ou seja, esse vínculo improdutivo levará o paciente a um estado cada vez mais retraído, devido ele não conseguir responder ao analista.
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Todo caso deve ser estudado e analisado pelo analista com muito cuidado, por isso, sempre afirmo que o início de uma análise não começa nas entrevistas preliminares, mas sim desde quando esse possível paciente te procura, por exemplo, na primeira ligação – se foi o paciente ou um terceiro e como se deu essa procura.
A importância do olhar experiente do analista acerca da situação do seu paciente
O analista deve estar muito atento desde o início e nunca acreditar em coincidências, porque na psicanálise sempre tem uma razão que vem além do contexto.
Falar de sintomas na depressão é muito singular e não acredito que devemos generalizar os casos, como por exemplo no DSM. O analista poderá ter vários casos com diagnósticos de depressões encaminhados por psiquiatras, mas deverá ficar atento na dinâmica psíquica desse paciente, como foi citado acima do texto.
Desde esse começo devemos ficar atentos em como esse paciente atua na sua vida diária, como ele dá respostas às suas vivências, como é feita a suas repetições, e tudo isso é realizado com um longo trabalho de análise.
A necessidade de uma relação de confiança entre as partes da Análise
Ser um facilitador na vida desse paciente, ajudando o mesmo a reconstruir suas vivências, experiências que muitas vezes não foram sentidas, para que estas possam ter significações na relação analítica, é muito gratificante.
É uma tarefa que ultrapassa as dificuldades habituais de uma análise, exigindo muito desse analista, incluindo vitalidade, persistência, genuíno interesse pelo paciente e uma tolerância à frustração.
Eu acredito que deve-se iniciar esse tratamento com a máxima transparência possível entre paciente, analista e familiares. É bom explicar o quanto esse processo pode ser doloroso, não apenas para o paciente, mas também para seus familiares que desejam uma resposta rápida a suas dores.
Conclusão: é válida a Busca da Felicidade?
A atitude de buscar a felicidade é o primeiro passo para que o tratamento possa ter uma resposta positiva.
Então, buscar o melhor para si sugere uma maior autoestima do paciente. É algo, portanto, a ser valorizado.
O indivíduo precisa entender que a busca da felicidade deve ser pautada nas possibilidades reais e não numa fonte perfeita e idealizada de felicidade. E esse é um dos benefícios que o tratamento vai proporcionar.
Este artigo sobre a Busca da Felicidade foi criado pela autora Deyse Rocha, exclusivamente para o Curso de Formação em Psicanálise Clínica. Deixe seu comentário: você é uma pessoa feliz? O que lhe falta? Como é a procura da felicidade para você?
1 thoughts on “O que é a busca da Felicidade?”
Infelizmente a sociedade exige que todo indivíduo seja feliz.Entâo tem essa procura alucinada pela a felicidade contate.