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Psicose e Depressão: o que nos diz a Psicanálise?

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A Psicanálise atribui um estreito vínculo entre Psicose e Depressão. A depressão poderia disparar a psicose em pessoas já predispostas. No caminho inverso, uma pessoa psicótica pode ter uma angústia extremada que a levaria à depressão.

Psicose e depressão: doenças originadas de conflitos inconscientes não resolvidos

Na psicanálise os termos psicose e depressão configuram resultados de conflitos não resolvidos e traumas inconscientes. O psicodiagnóstico não é simples, exigindo que se façam anamnese (isto é, análise do caso e de seus sintomas) bem detalhada com o histórico de vida do paciente.

Os psicóticos apresentam delírios, alucinações, hábitos bizarros, perda da referência do “eu”. Os pensamentos passam a não pertencer mais ao indivíduo e ele passa a identificar estes pensamentos como sendo de outras pessoas.

Esse cenário caracteriza a paranoia, ocorrida através da projeção.

Diferenças no comportamento dos indivíduos psicóticos e neuróticos

Para Freud, a psicose é a eterna luta entre o Eu e o mundo externo. É a luta do Eu com o Id, em que o Eu é o derrotado e assim, afastado da realidade.

No caso da esquizofrenia (um tipo de psicose), é a perda total da relação com o mundo externo. Durante muito tempo afirmou-se que a esquizofrenia seria o resultado da criação repressora da mãe para com seu filho.

O certo é que, segundo a psicanálise, um neurótico nunca deixa de ser neurótico, como um psicótico também nunca deixa de ser psicótico.

Tratar um psicótico parece impossível, já que no caso dos neuróticos eles procuram um psicanalista para que ele possa explicar sobre seus conflitos internos. No caso dos psicóticos, eles não têm dúvidas sobre o que diz ou o que faz.

A religião no tratamento da psicose

É importante relatar que estudos mostram que a cura da esquizofrenia feita através de atos religiosos tem tido um volume muito grande de recaídas, voltando com quadros bem mais graves.

Porém, a religião também é de grande ajuda com relação às questões emocionais.

Depressão: definição e fatores de risco

O transtorno depressivo é um distúrbio que podemos chamar simplesmente de depressão. Na maioria das vezes é percebido pelo estado prolongado de cerca de duas semanas de grande tristeza.

Os fatores que levam a este estado podem ser:

  • genético;
  • ambientais e psicológicos;
  • histórico familiar;
  • uso de drogas e medicamentos.

Ao contrário da tristeza momentânea, a depressão é tratada com medicamentos antidepressivos e aconselhamento psicoterapêutico. Porém, em alguns casos, a pessoa pode se tornar um perigo a si mesmo.

Nestes casos o internação hospitalar pode ser a melhor alternativa de tratamento.

O diagnóstico de um transtorno psicótico

Outro fato importante com relação à depressão é que nos dias de hoje ela é a segunda maior causa de afastamento das atividades laborais. É mais comum entre as mulheres.

Quando o paciente está acometido de delírios depressivos ele passa a ter em geral um sentimento angustiante e excessos de punição, de culpa, de ruína e delírios niilistas, chegando a ouvir vozes, choros de defuntos, ameaças de demônios. Essas reações levam ao diagnóstico de um transtorno psicótico.

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    A depressão atualmente vem sendo classificada como um episódio depressivo, quando se trata do primeiro episódio ocorrido com aqueles indivíduos.

    Os seis tipos de Depressão

    Já quando observamos pelo lado didático, podemos dividir em seis tipos:

    • a depressão maior;
    • a distimia;
    • a depressão atípica;
    • a depressão pós-parto;
    • a tensão pré-menstrual;
    • o pesar ou luto.

    Conceituando a Psicose

    Psicose é a denominação comum de qualquer doença mental caracterizada pelas distorções na percepção da vida real do indivíduo.

    Trata-se de um estado mental patológico, que leva o indivíduo a apresentar comportamento antissocial. A psicose tem como núcleo estruturante central a prevalência do princípio do prazer sobre o princípio da realidade.

    Freud, em 1924, em seu escrito “A perda da realidade na Neurose e na Psicose”, permite entendermos a psicose como um distanciamento do ego (a serviço do id) da realidade, com predomínio do id (e não o princípio da realidade) sobre o ego em si.

    O desligamento da realidade pelo indivíduo psicótico

    Ele estabeleceu a existência de duas fases para o desenvolvimento de uma defesa psicótica diante um estímulo.

    Inicialmente, o distanciamento do ego para muito além da realidade do estímulo apresentado; em seguida, uma possibilidade de tentar reparar o dano provocado pelo distanciamento, por meio do restabelecimento dos contatos do indivíduo com a realidade que o cerca, mas à custa do id.

    A psicose se caracteriza por momentos de descontrole, agitação e também de agressividade. É um quadro de doença mental em que o indivíduo tem dificuldade de se relacionar com todos em sua volta, criando ideias fantasiosas em seu contato com a sociedade.

    Psicopatia e psicose

    A psicopatia, em um sentido restrito, não é sinônimo de psicose. A psicopatia é o estado mental patológico caracterizado por desvios de comportamento, que leva o indivíduo a atitudes antissociais.

    • Psicopatia: o psicopata é a denominação dada ao indivíduo que não tem apreço ao sentimento de outras pessoas, ou seja, “atua” em sociedade para tirar das pessoas proveito para si mesmo. A psicopatia é um traço de comportamento social, muitas vezes uma decorrência exagerada de um quadro narcisista ou sociopata. Apesar disso, nem todo narcisista ou sociopata são psicopatas, sendo que a psicopatia é vista como uma condição mais severa e com maior potencial de danos aos relacionamentos.
    • Psicose: a psicose é um transtorno mental relacionado a sintomas de natureza esquizofrênica, paranoica, alucinatória. Além disso, a psicose é também vista como uma estrutura psíquica, ao lado de neurose e perversão. Então, além de ser um conceito usado no diagnóstico psicopatológico, a psicose é uma expressão usada também como definidora de perfis de personalidade.
    Leia Também:  Transferência como resistência no processo analítico

    Um psicótico pode ter legítimo sentimento de empatia por outras pessoas, o que mostra que psicose não resulta em psicopatia. Uma pessoa psicopata não é necessariamente psicótica. Afinal, essa o psicopata pode ser:

    • Psicopata Neurótico: transtornos decorrentes da neurose, que é o tipo de transtono mais tratado pela psicanálise, como as neuroses atuais e as psiconeuroses; o neurótico consegue olhar-se de fora e desconfiar que há uma tensão psíquica que lhe incomoda.
    • Psicopata Psicótico: transtornos decorrentes da psicose, que é manifesta por alucinações, esquizofrenia e paranoia, um quadro de grande ruptura em relação à realidade externa, diferente da neurose, pois o psicótico não consegue perceber o seu problema durante os quadros psicóticos.
    • Psicopata Perverso: transtornos decorrentes da perversão, representada por parafilias e que, para alguns estudiosos, relaciona-se a um quadro de impor ou sofrer crueldade a outras pessoas, animais etc.

    A associação de fatores sociais, biológicos e psicológicos podem contribuir para o desenvolvimento de uma psicose

    Com relação ao pensamento, no psicótico acontece o que podemos chamar de clivagem, isto é, o pensamento delirante primário não se reprime nem fica embutido, o que o possibilita agir com uma normalidade aparente.

    Como seu pensamento é prisioneiro, ele não possui o prazer de pensar nem liberdade e autonomia para elaborar novos pensamentos.

    Acredita-se que fatores sociais, como a vida nas grandes cidades, abuso de drogas e isolamento social possam estar direta ou indiretamente associados à psicose. Uma provável interação entre esses fatores sociais com fatores biológicos e psicológicos, produziria uma reação em cadeia, resultando, assim, no desenvolvimento do quadro psicótico.

    Além disso, o psicanalista Donald Winnicott considera que a psicose pode ter como origem uma falha nos cuidados com a criança. Isto é, a função materna não é suficientemente boa no handling, holding e apresentação de objetos, o que resultaria em um desencaixe do bebê-sujeito com a realidade externa.

    A estrita relação entre psicose e depressão

    A condição maníaco-depressiva é uma doença psiquiátrica caracterizada por alterações do comportamento ora depressivo ora hiperativo. Hoje, este tipo é denominado “transtorno bipolar”. Ou seja, é nítido nesse caso a coexistência da psicose e depressão.

    Para Freud (1974; 1976), as forças que impulsionam a arte têm origem nos mesmos conflitos que levam sujeitos a desenvolver neuroses. Assim, a arte estabelece “um domínio intermediário entre a realidade, que nos nega o cumprimento de nossos desejos, e o mundo da fantasia, que procura sua satisfação”.

    Sintomas de uma psicose

    O indivíduo, por meio de suas expressões artísticas (escultura, pintura, poesia…), é capaz de reproduzir seu mundo interior, seus desejos, anseios e frustrações. A arte permite articular o íntimo mais obscuro com a realidade externa.

    Os principais sinais e sintomas de psicose são muito diversos e podem ser percebidos por meio de mudanças de características pessoais do indivíduo, como o humor, e também no modo de pensar e no comportamento.

    Os sintomas são:

    • Pensamento confuso;
    • Delírios;
    • Alucinações;
    • Alterações nos sentimentos;
    • Comportamento alterado.

    Os sinais de uma psicose afetam diretamente no desempenho da pessoa no trabalho e nos estudos, além de impedi-lo de exercer algumas atividades básicas do dia a dia com eficiência.

    Conclusão: sobre psicose e depressão

    Em suma, pacientes diagnosticados com algum tipo de psicose e depressão têm dificuldade para viver normalmente e muitas vezes são incapazes de cuidar de si mesmos. Se as doenças não forem tratadas, eles até podem se machucar mesmo machucar outras pessoas.

    A psicose demanda uma grande energia psíquica do sujeito para criar e enfrentar os quadros do transtorno. Assim, muitas vezes a psicose se associa à depressão. Quando o indivíduo tem uma breve melhora do quadro psicótico, pode relatar que está triste em demasia, o que pode representar a depressão.

    Então, é importante tratar por meio de terapia psicanalítica e medicamentos. Pode ocorrer que o gatilho que dispara os episódios psicóticos tenham uma base em comum com as causas da depressão. Por isso, uma abordagem mais completa, envolvendo psiquiatria e psicologia ou psicanalista, é primordial.

    10 thoughts on “Psicose e Depressão: o que nos diz a Psicanálise?

    1. João Tavares disse:

      Queria apontar um erro que encontrei ao ler o vosso artigo, há uma altura que queriam se referir a psicoses e usam o termo psicopatia que se refere a outra patologia que não aquela referida.

    2. Izaias Bitencourt Moraes disse:

      Não localizei o erro apontado pelo João Tavares. Gostaria de saber a resolução.

    3. Tulio Pascallyn disse:

      Se tem algo que o psicopata não tem é doença mental… Muito pelo contrário, e não entendi o termo psicopata perverso, pois o psicopata já é um perverso…

      1. Nádia Aparecida de Camargo Basílio disse:

        Em psicanálise, perverso (melhor termo seria pervertido) não tem a conotação de cruel; eles simplesmente não aceitam o sexo normal pênis-vagina, antes utilizam objetos para seu prazer sexual: sapatos, peças de roupa, etc..

    4. José Francisco dos Santos disse:

      estou muito feliz em esta vendo estes conteúdo , sei que mais tarde vou poder ajudar alguém!

    5. Poliana Falcão disse:

      “Para Freud, a psicose é a eterna luta entre o Eu e o mundo externo. É a luta do Eu com o Id, em que o Eu é o derrotado e assim, afastado da realidade.” (NEUROSE…)Faltou informação aqui…

      Fiquei com uma dúvida: Esse artigo foi escrito por aluno ou por professor? Até porque ele consta como leitura para realizar provas e, notoriamente tudo que aqui está descrito, já tem no material do módulo 6 (em questão).
      Gostaria de sugerir que, qualquer artigo, fosse revisado pelos nossos mestres do curso e depois pela equipe responsável pelo editorial.

    6. Rodrigo Felix da Silva disse:

      O trecho abaixo está incorreto, quando afirma que a esquizofrenia e o transtorno bipolar são exemplos de psicopatias. Na verdade, são exemplos de PSICOSES. E no caso da bipolaridade, ela não é totalmente psicótica, mas tem aspectos.

      1. Psicanálise Clínica disse:

        Rodrigo, obrigado pelo apontamento. Fizemos a correção no trecho apontado.

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