Falaremos sobre filho autista. Hoje em dia é muito comum ouvir, em conversas informais de porta de escola, que há um autista na família. Para contextualizar o tema deste artigo, transcrevo abaixo um pouco do início do diagnóstico do autismo.
Sobre o autismo e o meu filho autista
O termo autismo foi dado pelo psiquiatra Plouller em 1906, porém só foi disseminado por volta de 1911.
O primeiro diagnóstico conhecido de autismo ocorreu no início do século XX, em 1938 e foi feito pelo psiquiatra austríaco Leo Kanner, que diagnosticou Donald Triplett, um garoto de 3 anos, com a condição de “autismo infantil”. O médico publicou um artigo com base em suas consultas e estabeleceu padrões para o diagnóstico.
Em 1944 o médico austríaco Hans Asperger aponta o autismo como sendo mais prevalente em meninos. Ele publicou o artigo “A psicopatia autista na infância”, no qual descreveu as características de mais de 200 crianças com autismo. Entre as características estavam: Falta de empatia, Baixa capacidade de fazer amizades, Conversação unilateral, Foco intenso em um assunto, Movimentos descoordenados.
Visão do autismo: filho autista
A Dra Lorna Wing , psiquiatra inglesa, foi uma das pioneiras na visão do autismo como espectro, que afeta pessoas em diferentes níveis. Isso se deve ao fato de que sua filha nasceu autista. Após o nascimento de sua filha a Dra Wing se envolve em pesquisas sobre distúrbios do desenvolvimento, particularmente os que se relacionavam ao espectro autista. Junto aos pais de autistas ela fundou o NAS (National Autistic Society), em 1962.
Antes de 1980 o TEA , Transtorno do Espectro Autista, era definido por características rígidas e considerado raro. Era tratado como uma doença psíquica, e seu surgimento era associado à relação entre mães e filhos. Como era tratado de forma equivocada como doença psíquica era muito difícil aos pais obterem o diagnóstico.
Hoje em dia o TEA é entendido como um conjunto de sintomas com implicações genéticas e neurológicas e por este motivo há mais casos conhecidos de diagnósticos.
O diagnóstico TEA
Agora que já temos um pouco da história do diagnóstico TEA vamos falar sobre os cuidadores dos diagnosticados. Sim, aqueles pais e mães e parentes que se dedicam a transformar a vida destes seres humanos em algo um pouco menos dependente, menos difícil dentro de uma sociedade.
Normalmente o foco acaba ficando em oferecer qualidade de vida e tratamento físico e psicológico para a criança que tem o diagnóstico de TEA, mas não é raro ver o cuidador (pai, mãe, irmãos, parentes e amigos) com aparência de cansaço e com sintomas de esgotamento físico e psicológico.
Os cuidadores de pessoas com TEA podem se beneficiar de apoio emocional, informações e oportunidades de networking de organizações comunitárias e grupos de defesa, onde haja acompanhamento psicológico, fazendo com que os cuidadores possam oferecer qualidade de tempo, atenção e carinho aos que necessitam de cuidados especiais.
Filho autista e terapia
Cabe ao terapeuta (psicanalista, psicólogo, etc…) dar suporte psicológico, oferecendo tempo de qualidade para o cuidado do indivíduo cuidador.
A tendência de quem cuida é esquecer-se de cuidar-se e isso ocasiona stress, dores físicas em seu corpo, desânimo e tristeza, além de muita culpa por não conseguir dar-se 100% ao diagnosticado de TEA.
Quando se vê tirando uma hora por semana para seu próprio cuidado o cuidador tende a sentir-se culpado, pelo menos no início da terapia, porém quando percebe que este tratamento está trazendo benefícios psicológicos e, consequentemente, físicos, e que estes benefícios o ajudam a suportar e dar suporte, o mesmo segue sem culpas buscando estar melhor.
Não existe ainda uma fórmula mágica, um passo a passo, para cuidar dos cuidadores, somente o fato de escutá-los e direcioná-los ao auto-conhecimento e aceitação de sua condição humana, onde não há perfeição, já os estimula a seguirem cuidando dos que necessitam de seus cuidados.
Conclusão sobre filho autista
Algumas formas de autocuidado para os cuidadores são os hobbies, as atividades físicas, a terapia, tirar um tempo para si, tempo de qualidade.
Torna-se muito importante que os cuidadores possam reconhecer que o autocuidado não se transcreve em egoísmo, mas sim em parte essencial para que sejam cuidadores eficazes e tragam qualidade de vida a si próprios e , consequentemente, aos que são cuidados.
QUERO INFORMAÇÕES PARA ME INSCREVER NA FORMAÇÃO EM PSICANÁLISEErro: Formulário de contato não encontrado.
O cuidado de pessoas com TEA normalmente é fisicamente e emocionalmente desgastante, por este motivo é essencial que os cuidadores reconheçam a importância de cuidar de si mesmos.
Artigo escrito por Adriana Gobbi. adriana70.psicanalista@gmail.