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Florestan Fernandes: vida, textos e ideias

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A estrutura política, social e crítica do Brasil talvez não fosse a mesma se alguns nomes importantes tivessem feito outras escolhas. Nesse contexto, Florestan Fernandes se mostrou bem decidido da contribuição que daria ao sistema vigente no Brasil. Vamos conhecer um pouco da sua história, bem como do seu rico legado.

Identidade e origens

Florestan Fernandes é visto como o fundador da Sociologia Crítica brasileira, carregando extrema relevância no meio por sua contribuição intelectual. O mesmo assumiu posto como sociólogo e ensaísta, fundamentando a sua teoria a respeito da realidade local. Posteriormente, se filiou ao Partido dos Trabalhadores como deputado federal.

Fernandes nasceu em São Paulo no dia 22 de julho de 1920. Contudo, por pouco, não se tornou o profissional tão importante que é. Sendo filho único da portuguesa imigrante Maria Fernandes, não teve a oportunidade de conhecer o seu próprio pai. Porém, foi criado pela madrinha Hermínia Bresser de Lima, grande incentivadora de que crescesse através dos estudos.

Transitando entre a casa da madrinha e o cortiço, deixou os estudos para ajudar a própria mãe em diversos trabalhos. Contudo, e felizmente, recebeu apoio para retornar aos estudos quando alcançou os seus 17 anos. Dado o seu empenho e capacidade, completou em 3 anos o equivalente a 7 anos de estudos.

Formação e autoridade

No ano de 1941, Florestan Fernandes ingressou na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP). Lá, ele conseguiu se tornar bacharel em Ciências Sociais, fazendo sua licenciatura no ano seguinte. Em 1943, iniciou a sua colaboração com jornais reconhecidos e encontra com Hermínio Sacchetta, que o levaria ao PSR.

Entre os anos de 1944 e 1946, fez sua pós-graduação em Sociologia e antropologia. Isso enquanto atuava como pesquisador e professor assistente. Sua dissertação A organização social dos Tupinambá deu a ele o título de mestre em Ciências Sociais na Escola Livre. Neste trabalho, ele refez e relatou a realdade do índios tupis-guaranis exterminados no século XVI, recebendo o Prêmio Fábio Prado.

Seu título de doutor em Sociologia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP chegou em 1952. Foi graças a tese A Função Social da Guerra da Sociedade Tupinambá que a nova patente foi conquistada. Ademais, na década de 50, Florestan se tornou reconhecidamente ativo na campanha a favor da escola pública.

Bloqueios da ditadura e reflexo da construção social do país

No regime militar de 1964, Florestan Fernandes acabou afastado de suas atividades acadêmicas graças à perseguição e logo foi preso. Porém, não ficou muito tempo detido por conta da repercussão da carta aberta que conseguiu enviar à impressa. “Se a grande virtude do militar era a disciplina, a do intelectual era o espírito crítico”.

Em anos posteriores, Florestan deu início a uma série de palestrar em vários estados a fim de proteger e democratizar a sociedade. Assim, sendo, acabou se afiliando ao Partido dos Trabalhadores em 1986, se elegendo como deputado na Assembleia Nacional Constituinte. Acabou se reelegendo a um novo mandato no ano de 1990.

Todo o esforço que empregou ajudou a transformar o pensamento social dos brasileiros. Assim, se firma uma nova maneira de investigação sociológica guiada por um senso analítico e crítico. Fernandes veio a falecer em 10 de agosto de 1995.

Pilares de estudo

As ideias de Florestan Fernandes estruturam com segurança sua força de atuação e ponto de vista sobre o país. Assim, seus textos e participação pública sempre exploraram maneiras de desestruturar os bloqueios ao crescimento social. Vemos isso em:

Relações raciais

Juntamente com a ONU, Fernandes trabalhou no Programa de Pesquisas sobre as Relações Raciais no Brasil. Por meio dessa pesquisa, acabou desmentindo a ideia de que não havia descriminação e preconceito no Brasil. Isso ajudou em parte a se fazer um estudo e quebrar a mítica negativa em torno dos negros.

Os negros não são o problema

No ano de 1955, surge “Negros e Brancos em São Paulo”, trabalho feito juntamente com Roger Baptiste. Inverte-se a ideia do negro ser um problema social para que seja possível afirmar que a sociedade é quem fazia mal à população afrodescendente. Dessa forma, se dilui o mito de que existia a democracia racial tanto defendida pelas elites.

Acessibilidade

Em A integração do Negro na Sociedade de Classes são levantados questionamentos sobre a modernização e o capitalismo moderno brasileiro. Assim, Fernandes expõe as desigualdades de acesso dos negros e ao mercado de trabalho. Isso se mostra como intenso obstáculo para que possamos ser uma sociedade democrática de verdade.

Expansões culturais e sociais

Florestan Fernandes acabou se tornando assistente catedrático, um livre docente e professor de Sociologia, substituindo Roger Baptiste. Foi ajudado pela tese A integração do negro na sociedade de classes, avaliando a inserção da sociedade brasileira na civilização moderna. Isso configurou um programa para desenvolver a sociologia brasileira.

Nesse caminho, guia diversas dissertações sobre processos de mudança social e industrialização, além de teorizar sobre subdesenvolvimento. Os debates giravam sobre as reformas de base e deram margem a avaliações sobre a educação e a universidade pública. Após isso, identificou obstáculos que bloqueavam o crescimento da cultura e ciência no Brasil capital monopolista.

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    Florestan chegou a lecionar fora do país quando foi aposentado compulsoriamente pela ditadura em 1969. Foi professor titular na Universidade de Toronto, Visiting Scholar na Universidade de Columbia e Visiting Professor em Yale.

    Obras mais reconhecidas

    Ao longo de sua carreira Florestan Fernandes escreveu mais de 50 livros oficialmente, sem contar as centenas de artigos. Os mais destacados são:

    • Organização social dos Tupinambá (1949);
    • A função social da guerra na sociedade Tupinambá (1952);
    • A etnologia e a sociologia no Brasil (1958) (resenhas e questionamentos sobre a produção das Ciências Sociais no Brasil, até os anos 50);
    • Fundamentos empíricos da explicação sociológica (1959);
    • Mudanças sociais no Brasil (1960) (nesta obra Florestan faz um panorama de seu trabalho e retrata o Brasil);
    • Folclore e mudança social na cidade de São Paulo (1961);
    • A integração do negro na sociedade de classes (1964) (estudo das relações raciais no Brasil);
    • Sociedade de classes e subdesenvolvimento (1968);
    • Capitalismo dependente e Classes Sociais na América Latina (1973);
    • A investigação etnológica no Brasil e outros ensaios (1975) (reedição em volume de artigos anteriormente publicados em revisas científicas e dedicados à produção recente da antropologia brasileira);
    • A revolução burguesa no Brasil: Ensaio de Interpretação Sociológica (1975);
    • Da Guerrilha ao Socialismo: A Revolução Cubana (1979);
    • O que é Revolução (1981);
    • Poder e Contrapoder na América Latina (1981).

    Fruto do seu legado

    Além do seu extenso e valoroso trabalho no meio científico e social, Florestan Fernandes também foi muito valorizado como pessoa. Isso fica bem claro no reconhecimento obtido em diversas frentes pessoais e profissionais. Dessa forma, seu trabalho se tornou conhecido por muitas pessoas de áreas diferentes!

    Associação

    Seu nome é o primeiro ligado à pesquisa sociológica dentro do Brasil e América latina. Assim, ele é visto como padrão intelectual.

    Amizade

    Fernando Henrique Cardoso tinha um laço afetivo grande com Florestan. Ademais, é possível até dizer que ele guiado por seu trabalhos acadêmicos.

    Homenagem

    A biblioteca da USP mudou o seu nome para Florestan Fernandes em homenagem a ele. Dessa forma, fica evidente o respeito que a instituição tem por seu aluno.

    Universidade Federal de São Carlos

    A universidade renomeou o nome do seu teatro do campus-sede com o nome dele. Sem contar que o sétimo andar guarda os livros que Florestan deixou em casa após falecer, um rico acervo literário.

    Considerações finais sobre Florestan Fernandes

    Graças a Florestan Fernandes, conseguimos estruturar uma postura questionadora em relação as falhas sociais. O mesmo se mostrou ativo lidando com os aspectos bases de como os problemas sociais eram construídos. Assim, estudá-lo é uma maneira extremamente acertada de fortalecer o senso crítico frente aos tempos em que vivemos.

    Até no presente o acadêmico continua no posto de figura de referência.. Dessa forma, ela continua influenciando novos pensadores e mudando a forma de olhar para o Brasil. Ele era humano e simples. Porém, para além disso, era gigante em sua capacidade de reinvenção e determinação para a mudança.

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