Você sabia que a relação entre Freud e a educação é bastante estreita na pedagogia? Muito do pai da psicanálise se aproveita no ensino de crianças e adolescentes. Neste artigo, falamos sobre 9 ideias de Freud que fazem a diferença na educação!
O que Freud e a educação tem a ver um com o outro?
A relação entre Freud e a educação não parece muito óbvia, não é?
De modo geral, as pessoas entendem que o pai da psicanálise trabalhou de maneira limitada ao estudo do comportamento humano, focando apenas no tratamento de neuroses e outros distúrbios.
No entanto, muito do que está nos fundamentos da psicanálise afeta a educação. Na verdade, as ideias de Freud como o desenvolvimento humano se dá desde a tenra infância contribui com muitos insights para a área do ensino.
Assim, levando isso em consideração, entendemos que é possível trazer algumas considerações de Freud sobre crianças e adolescentes para modelos de ensino.
Dessa forma, a educação se torna mais humanizada e consciente das necessidades dos alunos.
Conheça 9 ideias da psicanálise que a pedagogia aproveita em suas práticas!
Para mostrarmos como a relação entre Freud e a educação se dá na prática, trouxemos 9 ideias presentes na psicanálise freudiana que é possível aproveitar no ensino. Confira!
1 – Compreensão do desenvolvimento de crianças e adolescentes
Em primeiro lugar, não podemos deixar de considerar o mais óbvio. Freud trouxe muitas informações relevantes sobre como se dá o desenvolvimento comportamental do ser humano na infância e na adolescência.
Questões como o Complexo de Édipo, castração, inconscientes, sonho e fala são extremamente relevantes na infância.
No entanto, sem saber direito como lidar com essas necessidades infantis, muitos modelos de ensino acabam tolhendo a criatividade e o desenvolvimento natural a toda criança saudável.
Por exemplo, não é toda escola ou professor que sabe lidar com a sexualidade na infância. Assim sendo, essa ignorância pode culminar em problemas graves no futuro de cada criança.
2 – Importância da relação entre professor e aluno
Um outro ponto em que a associação entre Freud e a educação é relevante se dá na relação entre professor e aluno.
Na infância e na adolescência, Freud mostra como a relação entre as crianças e seus genitores é de grande importância para o desenvolvimento delas.
Portanto, uma vez que as crianças começam a ter contato com outros adultos e crianças, é necessário observar como lidar com processos de transferência na escola.
Transferência
Aqui vale lembrar em que implica a transferência: uma exigência intensa de amor, atenção e reconhecimento que Freud apontou na relação entre paciente e psicanalista.
No entanto, ela não é relevante apenas nos processos de “cura pela fala” no divã. É possível observar esse mesmo movimento de busca por atenção na relação entre professor e aluno, que merece uma administração sábia.
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Nem todos os professores sabem lidar com a carência emocional de crianças e adolescentes. Portanto, aqui fica bastante evidente a importância do estudo da psicanálise com aplicação na pedagogia.
3 – Transmissão de conhecimento pelo inconsciente
Um ponto relevante a destacar na aplicação da psicanálise de Freud à educação tem a ver com o inconsciente infantil.
Sabemos que, para Freud, aí está um material riquíssimo para análise de problemas. Ademais, na educação, também é interessante entender o inconsciente infantil como fonte de riqueza.
Ao valorizá-lo, incentiva-se a manifestação livre das fantasias, da sensibilidade, da história, da individualidade de cada ser humano, entre outras questões importantes para a construção do ser humano.
4 – Importância de dar espaço ao potencial narrativo do aluno
Este é um ponto que se comunica bastante com o que comentamos mais acima, já que o inconsciente é um dos lugares por excelência para que o ser humano extraia sua criatividade.
A psicanálise requer bastante do potencial narrativo dos pacientes a fim de trazer a cura para problemas mentais, emocionais e físicos. Por que ignoraríamos a riqueza da narrativa das crianças, tolhendo sua criatividade?
É necessário, sim, ensiná-las a lidar com o fantasioso e o real. Porém, direcionando-as com sabedoria a alocar suas narrativas nas categorias certas. Dessa forma, os professores devem se colocar na posição de orientadores, não repressores da individualidade.
5 – Escola como lugar do desenvolvimento criativo de sujeitos singulares
Um dos principais pontos de conexão entre Freud e a educação está na valorização da singularidade de cada um. Além de sermos todos pessoas únicas, passamos por experiências de vida singulares.
Em muitas escolas, crianças e adolescentes precisam se submeter a um processo de uniformização de quem são. Trata-se, infelizmente, de um processo mentiroso, que força indivíduos completamente diferentes a se enxergarem como iguais.
Aqui faz sentido lembrarmos do videoclipe da música “Another brick in the wall” (Outro bloco na parede), de Pink Floyd. Ele exemplifica bem como uma educação uniformizadora pode ser prejudicial e cruel.
Há pessoas que nunca conseguirão pertencer a um modelo, enquanto outras se esforçarão para isso e outras tirarão vantagens de se encaixarem facilmente. Nenhuma das alternativas é desejável porque todas trazem problemas de vida.
6 – O cuidado na interferência de manifestações de sexualidade
Voltando à discussão sobre a infância tal como Freud a explica, é necessário que professores e pedagogos se preparem para lidar com as manifestações de sexualidade da criança.
Tomamos como exemplo o ato da masturbação infantil, que muitos enxergam até hoje como uma ação perversa. Para Freud, é uma manifestação do processo de desenvolvimento psicossexual humano.
Nesse contexto, tratar uma criança como uma criminosa capaz de subverter princípios religiosos ou morais também é cruel. No entanto, essa atitude contra seres humanos em formação ainda existe em muitos ambientes escolares.
É uma circunstância infeliz, uma vez que escolas são locais que frequentamos para aprender.
7 – Direcionamento dos instintos sexuais à sublimação
Com relação ao que discutimos acima, entendemos que uma das consequências desejáveis de entender a relação entre Freud e a educação é ajudar crianças e adolescentes a direcionarem seus instintos sexuais à sublimação.
Em linhas gerais, a sublimação é o processo de transformação de comportamentos socialmente inaceitáveis e comportamentos que a sociedade aceita. Trata-se de um mecanismo de defesa gentil.
Ademais, é uma postura de intervenção mais útil que punir a criança por algo que ela nem entende direito.
8 – Identificação dos professores como modelos
Voltando ao conceito de transferência, é importante tomar cuidado ao lidar com a necessidade de atenção que as crianças e adolescentes podem projetar na figura do professor.
Contudo, nada impede que professores se comportem como modelos ao ensinarem alguns valores. Entre eles, destacamos:
- empatia,
- gentileza,
- escuta,
- criatividade,
- prazer.
9 – A ambivalência de sentimentos na adolescência
Por fim, destacamos como consequência desejável de relacionar Freud e a educação a capacidade de ensinar adolescentes a lidarem com a ambivalência de sentimentos.
Sabemos que trata-se de um período difícil por vários motivos. A psicanálise fala sobre alguns deles, inclusive porque o desenvolvimento psicossexual do ser humano perpassa a adolescência também.
Porém, essa é também a fase por excelência dos sentimentos conflitantes. Infelizmente, nem todos os adolescentes têm a oportunidade de encontrar pessoas em suas vidas que os ajudem a entender e processar tais sentimentos.
Como professores e pedagogos, é importante incentivá-los a falar. Afinal, a psicanálise implica também na “cura pela fala”. Isso não vale apenas para as doenças e pode preveni-las.
Considerações finais sobre Freud e a educação
Neste artigo, trouxemos nove ideias para que você entenda como Freud e a educação caminham juntos rumo a um modelo de ensino humano e com foco na individualidade do ser humano. Caso seja professor ou pedagogo, nosso curso de Psicanálise Clínica 100% online ajudará você a aplicar tudo o que leu acima. Matricule-se!
1 thoughts on “Freud e a Educação: 9 ideias de psicanálise em pedagogia”
Excelente artigo! Penso que o poder público, tinha que incluir os psicanalistas no seu quadro de profissionais da EDUCAÇÃO, para que pudessem tanto ajudar os alunos e os professores,que tanto carecem de atenção.