O tema Freud e a Segunda Guerra Mundial é nebuloso a priori, posto que o exílio deste se deu antes desta, tendo deixado sua terra e continente natais por conta de seu credo então perseguido pelo regime ditatorial que engendrou o conflito entre as potências do Eixo versus as dos Aliados.
Já a Primeira Guerra Mundial, também alvo do presente artigo, com a Tríplice Entente contra a Tríplice Aliança e que levou, além de a milhões de desfalecidos em combate ou não, a um rearranjo geográfico principalmente na Europa e ao findar de impérios como o Otomano e o Austro-Húngaro, ora terra de origem de Freud e de sua Viena, foi por este vivenciada de forma mais próxima.
Breve aparte
-Áustria, em seu original em alemão, significa terra ou reino do oriente – isso visto do ponto de vista da Europa Ocidental, em um eixo imaginário abarcando França e Reino Unido.
– Österreich seria o termo em sua língua nativa.
Freud e a Segunda Guerra Mundial – reflexões e visões
Retomando o mote inicial, filmes retratam ambos os conflitos de escala global, a começar pelo atual Nada de Novo no Front, alemão, acerca da primeira G. G. (grande guerra).
Tendo como protagonista um soldado jovem do Reich – depois vertido a república (Weimar) -, as agruras e o absurdo do conflito feérico e tétrico, sem sentido, que é a praça de guerra, onde poucos metros significam uma luta encarniçada, são evidenciados na tela e geram reflexões sem fim sobra desnecessidade e, ao mesmo tempo, a recorrência na história da humanidade, como num revolver da terra e dos limites geopolíticos, e segundo Nietzsche, da alma aristocrática.
Freud não se envolveu diretamente no conflito, mas dele fez parte como parte elementar, de compreensão do que leva a tais extravasamentos e cornucópias, um devir narcísico-patológico levado às últimas consequências, um impulso do id sem a mesura do ego ou do superego, em especial de comandantes e líderes de países a declararem guerra sem pestanejar e elegerem nações lindeiras como inimigas mortais prontas a sentirem pólvora e extermínio em potencial.
Freud e a Segunda Guerra Mundial e motivação
Algo que se mostra no presente momento, no conflito russo-ucraniano, com suas inerentes mazelas e que seriam igualmente incompreendidas e apenas trazidas à luz em sua motivação humana ou basilar por meio do facho de luz, além da sociologia e da história, da psicanálise, que a tudo vê e a tudo remonta, tendo por base as pulsões e o inconsciente, indivíduo ou coletividade.
A compreensão de Freud sobre as guerras
Guerras podem começar por uma afronta, ou um assassinato, tal qual o do arquiduque da Áustria-Hungria, Francisco Ferdinando, por um extremista sérvio, em Sarajevo, nos idos de 1914. Eis que se entende a origem por vezes pontual de algo que se deflagra como o fogo e toma a tudo e a todos, numa escalada desproporcional, incontida, desditosa, e, como disse Hanna Arendt nos estertores da segunda guerra e numa tentativa de interpretá-la à luz do julgamento de Nuremberg e dos seus algozes, típica da “banalidade do mal”.
Algo que assustou por mostrar que não se tratou de monstro ou algo do tipo, monstruosidade, mas de um humano, ou conjunto de humanos, sob ordens, sistemas legais enviesados e perversos e comando idem, mas que encontraram amparo em corações e mentes, inclusive pela figura do pai, ou do líder, que por vezes cega e enternece, viabilizando sistemas ditatoriais ao se internalizá-los nos âmagos de seus cidadãos – inconscientes ou não.
Isso a reboque de anseios de pertencimento e sentido, algo caro à psicanálise, de figuras de autoridade e modelos, de superegos institucionalizados, e de id verbalizados e implementados, numa crua e lacerante vontade de potência e de conquista e de subjugar vizinhos até então cordatos e respeitosos entre si, países, populações, mundos que se dialogavam e comerciavam e que passam, de súbito, a combater, como no descarrilar das emoções que afligem uma única alma, mas em escala outra, incontida e reverberante.
Retomando a história de Freud e a Segunda Guerra
Eis o absurdo do teatro da guerra, que macula e sangra almas por gerações e gerações e trazem, se muito, um ensinamento sobre qual caminho se evitar, a começar pela despersonalização das vítimas ou alvos de um dado regime, ou de minorias – algo que hoje é trazido como mote às avessas como uma forma de reparar o mundo e recuperar sua alma e sentido de comunidade, a começar pelo movimento do Black Lives Matter.
Assim, uma interpretação de fatos históricos como as duas grandes guerras devem ser feitas também à luz da psicanálise, com vista a se entender os mecanismos psíquicos que geram o impulso para tanto. E que devem ser contornados e evitados em um sistema civilizatório e regramento de direitos humanos.
Mas também no bojo das guerras individuais contra si e contra os outros, que toma mentes, por exemplo, com explícitos ou latentes transtornos psíquicos e conflitos inerentes e as levam a agir no mundo, por vezes modificando-o – algo a ser desvelado e trabalhado no mundo que queremos para o século XXI, como fora feito por Freud, Arendt e outros no século XX, daí demonstrando o importante papel da ciência psicanalítica na busca de um mundo melhor.
Este artigo foi escrito por Max (Instagram: @neversettle2049), moto entusiasta e também entusiasta das palavras.
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5 thoughts on “Freud e a Segunda Guerra Mundial”
falou falou e nao diz nada ,ja tivemos uma guerra a pandemia em pleno seculo 21,aonde o ser humano demonstrou o pior de si, se pudessem queimar as pessoas que nao se vacinaram, que saiam de casa tentar trabalhar e ganhar seu pao ou seja nao evoluimos nada .
Uma distopia bozonazista, ponto final.
Pegando o gancho “Guerras e Psicanálise”, percebo que as duas grandes guerras sangrentas foram substituídas por manipulações e torturas mentais! Aquela “máxima”: “causar insegurança de si mesmo”! Quantas controvérsias sobre a Covid-19 nos são/foram repassadas nestes últimos três anos (todos os anos de 2020 a 2022)! Até de vírus a bactéria rara, a “genética” da patologia vem sendo trazida! O que dizer de grupo de pessoas esclarecidas – odontóloga a servidor de laboratório de mecânica – terem firmado contrato de compra e venda de imóvel de herança, que Não preenche a todos os requisitos legais que validam a celebração do Contrato! Que uma ou outra pessoa não se atenha aos aspectos que validam um Contrato, tudo bem, mas próximo de 10 pessoas!
Parabéns, pelo artigo! Hoje a guerra é patrocinada pelo MEDO!
Isso mesmo, patrocinado pelo MEDO.