Teoria das Pulsões

A Teoria das Pulsões segundo a Psicanálise

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Antes de entendermos a teoria das pulsões existentes, precisamos, obviamente, definir o que é pulsão do ponto de vista da psicanálise.

Conceitos Fundamentais sobre a teoria das Pulsões

Nós temos uma linha tênue sobre o que é instinto e o que é pulsão. Desta forma, faz-se necessário o bom esclarecimento através da determinação de fronteiras que separam os dois conceitos. Buscando na origem, quando Freud se refere à instinto, ele chamará de Instinkt (em alemão). Já pulsão, chamará de Trieb (também em alemão).

A diferenciação é feita a partir das seguintes explicações dos dois conceitos:

Instinto (Instinkt) refere-se ao comportamento animal intrínseco, derivado da necessidade evolutiva, e, portanto, o instinto é hereditário.

Pulsão (Trieb) é uma força (pressão ou energia) que guia o indivíduo em direção a um objetivo. Portanto, é um processo dinâmico, que se encontra no limite entre o psíquico e o somático. A pulsão também pode ser definida a partir da sua função como representante psíquica dos estímulos exteriores (tensões), internalizando-os e produzindo uma resposta (a propensão, ou inclinação, a um determinado objetivo)

Teoria das Pulsões

Feita a distinção, focaremos no que mais nos importa nesse texto: As pulsões. Sim, trataremos no plural pois Freud traz uma dualidade acerca desse tema. Segundo ele, existem duas categorias de pulsões: Pulsões de Vida (Eros) e Pulsões de Morte (Thanatos).

As Pulsões de Vida: A força de Eros

As Pulsões de Vida podem ser definidas através do conceito de Vontade de Potência (em Nietzsche), ou Potência de Agir (em Espinosa), ou, ainda, uma força que nos impele em direção à algo.

As Pulsões de Vida são como rios caudalosos que desembocam na realização da própria pulsão, descarregando a tensão que traz em si. O objetivo final das Pulsões de Vida sempre será a conservação da própria vida, garantindo a sobrevivência do indivíduo.

A descarga de tensão

No caso da não satisfação da pulsão (descarga da tensão), existem cinco destinos mensuráveis, segundo Freud: a volta (ou reversão) ao seu oposto, a sublimação, a repressão, a passagem da atividade para a inatividade (ou passividade) e a reversão da tensão acumulada, pela pulsão não realizada, contra o próprio sujeito.

Podemos, a partir desse momento, trazer as quatro formas principais de manifestação das pulsões de vida, segundo Freud; O princípio do prazer, a pulsão da repetição (no aspecto adaptativo), a sexualidade e a autopreservação.

A figura de Eros é associada a Pulsão de Vida pela sua representação, através do mito, fértil e amorosa. Sendo assim, em resumo, as pulsões de vida estão presentes nos comportamentos que visam a preservação da vida, mas também estão relacionadas a comportamentos criativos, ao desejo, ao erotismo e aos sonhos. Evitando a dor, e tudo aquilo que, possivelmente, possa nos desagradar. A força das Pulsões de Vida é diretamente ligada ao comportamento de sobrevivência.

As Pulsões de Morte: A força de Thanatos

É impossível, para mim, não associar essa teoria a teoria científica da entropia. Todos os sistemas têm uma tendência à desordem, ao caos. Isso é facilmente observável no macrocosmos – e no microcosmos também. Das galáxias à células embrionárias.

Há impulsos de destruição, violência e agressividade, soltos por aí, eles estão presentes na sociedade, nos animais, no planeta, e estão dentro de todos nós. A isso, damos o nome de Pulsões de Morte. As Pulsões de Morte trabalham através da repetição, através dos encontros “ruins” com a realidade. Através do trauma e do silêncio.

Há uma certa compulsão à repetição, não como forma de causar mais sofrimento, trabalhando justamente pelo oposto, preza-se pela extinção do sofrimento, a escapatória da dor. A pulsão de morte busca pelo esvaziamento de todas as tensões. No entanto, isso, poderia supor alguém, deve formar um indivíduo envolvido pela própria inércia.

Teoria das Pulsões e a realidade

Nada poderia estar mais distante da realidade. A Pulsão de Morte traz outras faces, como a pulsão à destrutividade, à agressividade e até um modo de desafiar as formas existentes. Aqui, um lugar especial deve ser dado para tratar sobre os caminhos trilhados por essa pulsão de destruição. Pode haver, em um primeiro momento, um desejo pela destruição ativa do outro, o que pode provocar um certo senso de satisfação e prazer.

Entretanto, depois das tentativas de destruição do objeto, observa-se uma tendência à tentativas de autodestruição. Tomemos um caso, infelizmente, cada vez mais comum nos dias de hoje: tentativas de suicídio. Observa-se uma maior força da pulsão de morte (destruição) do que da pulsão de vida (preservação).

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    Muitas pessoas preferem, simplesmente, esquecer dos momentos em que a pulsão de morte as invadiu, de uma tal maneira a obrigá-las a agir. Outros caminhos podem ser tomados, ainda seguindo a linha base das pulsões de morte. Pode-se aliviar as tensões (impulsos) através da arte, de maneira geral, fantasias, pesadelos etc.

    A presença da pulsão

    Em todo o ser humano, vivo, existirá essa pulsão – seja mais ou menos ativa – que é negada, reprimida, recalcada. Esse fascínio pela morte pode existir de diversas formas, mas encontra-se, sempre (ou quase sempre), na estranheza, no horror, no primitivo, no bruto, no vazio da própria existência.

    Considerações Finais

    A pulsão de vida faz com que o indivíduo sinta uma força que o impulsionará a realizar suas vontades, buscando prazer, satisfação e autopreservação. A pulsão de morte faz com que o indivíduo se lance a um eterno retorno, através de uma compulsão repetitória, uma tentativa de eliminar o sofrimento, e o desejo de destruição – motivado pelo prazer.

    Todo ser humano possui, em si, os dois instintos – e os alimenta de acordo com atos, experiências e pensamentos durante a própria existência. Inevitavelmente, o impulso de morte vencerá. Mas, isso não quer dizer que nos daremos por vencidos. Até que a foice da própria morte nos leve a vida, lutaremos por ela – satisfazendo, também, as pulsões de vida.

    Realizando, assim, o alívio da tensão das pulsões de vida e de morte através do instinto organizado, implantado por uma consciência social através do ego. Destruir é tão necessário quanto criar. A ideia, aqui, é criar um equilíbrio entre essas duas forças primordiais. E esse é o trabalho de uma vida inteira. 

    O presente artigo foi escrito por Samuel Soares ([email protected]). Terapeuta e hipnólogo, cursa Licenciatura em História e Filosofia. É apaixonado pela mente e pelo comportamento humano, o que o levou a fazer uma formação em Psicanálise Clínica pelo Instituto Brasileiro de Psicanálise (IBPC).

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